O cálice da vitória
Mourinho reflecte cada vez mais um tique muito especial. O tique do sucesso mal assimilado, do sucesso mal resolvido, do sucesso mal relativizado.
No FCPorto encontramos um fenómeno muito próprio do alcoolismo: quem sofre deste “vício” basta-lhe uma pinguita para ficar bêbedo; aos do FCPorto basta-lhes também uma pequena contrariedade para assumirem uma posição absoluta, extremada e patética de valorização do seu sucesso. Encapotada da nobre estratégia de “ fingir perseguido para melhor prosseguir “.
Os “meus” lagartos, por exemplo, andaram uma carrada de anos à míngua, e acabaram por ganhar um campeonato sem estar à espera, lá fizeram a sua festarola e pronto: Partiram para outra - disparate claro, mas não ficaram a “remoer” na vitória. Depois ganharam outra vez, disseram-lhes que foi o Jardel que ganhou sozinho, mas olha ...gozaram a vitória, repetiram a festarola e partiram para outra – disparate claro, mas sem dramas, sem nostalgias folclóricas, sem bacocas psicologias de galvanização.
Esta vertigem “tripeira” do sucesso, comummente associada ao afã-desmedido-de-vencer-próprio-dos-grandes-campeões-dos-quais-rezará-a-história, mais me parece agora o exibicionismo de um falso complexo de superioridade, que procura esconder o tal profundo e envergonhado complexo de inferioridade. O eros e thanatos do bulhão.
A competência não é sinónima de bem-estar, nem de estar-bem. Competência é apenas competência. Um purgatório, não um paraíso.
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lagartinagem
Deprimidos !? Só se formos parvos.
A correr fora das premissas do post anterior aparece o extraordinário episódio do “psiquiatra de bibi”. Trata-se de algo que nem deve ser humorizado, porque só se ia estragar a sua virgínia beleza : O suposto médico psiquiatra foi arranjado pelo advogado de bibi, porque se conheciam das reuniões de condóminos. Solícito, prestou-se de forma graciosa e de «grande elevação moral», a ajudar desvendar os lugares mais recônditos da psique do arguido.
Põe-se agora em causa a sua verdadeira especialização em psiquiatria. Pura falsa questão. Parece que o portentoso especialista teria diagnosticado “amnésia lacunar”. Trata-se dum equívoco: a sua especialidade é ginecologia e o mal encontrado é a, também frequente, “ amnésia la-conar “.
Eu gosto deste país. E muito. Os que estão deprimidos podem ir andando. Só atrapalham isto.
A correr fora das premissas do post anterior aparece o extraordinário episódio do “psiquiatra de bibi”. Trata-se de algo que nem deve ser humorizado, porque só se ia estragar a sua virgínia beleza : O suposto médico psiquiatra foi arranjado pelo advogado de bibi, porque se conheciam das reuniões de condóminos. Solícito, prestou-se de forma graciosa e de «grande elevação moral», a ajudar desvendar os lugares mais recônditos da psique do arguido.
Põe-se agora em causa a sua verdadeira especialização em psiquiatria. Pura falsa questão. Parece que o portentoso especialista teria diagnosticado “amnésia lacunar”. Trata-se dum equívoco: a sua especialidade é ginecologia e o mal encontrado é a, também frequente, “ amnésia la-conar “.
Eu gosto deste país. E muito. Os que estão deprimidos podem ir andando. Só atrapalham isto.
Silogismos do real
Primeiro grupo avulso de premissas:
1º Um presidente da república tem de vir dizer que não confunde velhas amizades com as suas responsabilidades. Não afirmou quais são as suas responsabilidades
2º A provedora da instituição do estado que é guardiã de crianças desprotegidas, tem de ser posta no lugar – e bem – por um advogado que defende um pedófilo assumido
3º O procurador-geral da república e o bastonário da ordem dos advogados jogam à bisca lambida com cartas abertas sobre o amor à verdade (porque a justiça não pode ser amada)
4º Os jornalistas queixam-se de que querem transformá-los nos bodes expiatórios das crises do regime (actualmente são apenas bodes marradores)
5º Certo juiz terá dito a um criminoso homicida que “você não devia existir”. Não se sabe a opinião do criminoso.
6º Um deputado em exercício é arguido de um processo de pedofilia. Mas não tem multas de trânsito por pagar.
Segundo grupo de premissas a granel:
Presidir, prover, procurar, bastonar, informar, ajuizar e parlamentar são os suportes essenciais dum tal de regime democrático, sufragista e representativo.
Preparação de conclusão:
Quando os suportes estão neste estado tão baixo, o tampo da mesa acabará por ficar muito rente ao chão. O pessoal para se servir vai ter que se agachar muito, senão mesmo ajoelhar-se.
Conclusão definitiva:
Face ao exposto, o cidadão comum, já que está nessa posição incómoda e arreliadora para as artroses, deve aproveitar mesmo é para rezar e solicitar ao criador que abra mão das graças que tem estado a conceder – aparentemente – de forma um pouco envergonhada.
Entretanto...Estaline podes vir andando, e traz a madre Teresa para o que der e vier.
Primeiro grupo avulso de premissas:
1º Um presidente da república tem de vir dizer que não confunde velhas amizades com as suas responsabilidades. Não afirmou quais são as suas responsabilidades
2º A provedora da instituição do estado que é guardiã de crianças desprotegidas, tem de ser posta no lugar – e bem – por um advogado que defende um pedófilo assumido
3º O procurador-geral da república e o bastonário da ordem dos advogados jogam à bisca lambida com cartas abertas sobre o amor à verdade (porque a justiça não pode ser amada)
4º Os jornalistas queixam-se de que querem transformá-los nos bodes expiatórios das crises do regime (actualmente são apenas bodes marradores)
5º Certo juiz terá dito a um criminoso homicida que “você não devia existir”. Não se sabe a opinião do criminoso.
6º Um deputado em exercício é arguido de um processo de pedofilia. Mas não tem multas de trânsito por pagar.
Segundo grupo de premissas a granel:
Presidir, prover, procurar, bastonar, informar, ajuizar e parlamentar são os suportes essenciais dum tal de regime democrático, sufragista e representativo.
Preparação de conclusão:
Quando os suportes estão neste estado tão baixo, o tampo da mesa acabará por ficar muito rente ao chão. O pessoal para se servir vai ter que se agachar muito, senão mesmo ajoelhar-se.
Conclusão definitiva:
Face ao exposto, o cidadão comum, já que está nessa posição incómoda e arreliadora para as artroses, deve aproveitar mesmo é para rezar e solicitar ao criador que abra mão das graças que tem estado a conceder – aparentemente – de forma um pouco envergonhada.
Entretanto...Estaline podes vir andando, e traz a madre Teresa para o que der e vier.
O nosso equilíbrio interior também está prenhe de equívocos. O novo dicionário não ilustrado continua a arriscar nestes meandros, mantendo-se inquietantemente afastado das empolgantes entrevistas políticas com que somos brindados.(entradas 246 a 252)
Auto-estima – Estado de alma hiper valorizado. O recurso exagerado a esta excitação, emanada das revistas de psicologismos afrodisíacos vendidos ao quilo, produz efeitos enganadores. A Nandrolona parece açúcar mascavado comparado com este doping de almanaque.
Espírito Crítico – Engrenagem automática das personalidades mais débeis, que não conseguem encontrar a genuína força na lúcida, serena e incondicional credulidade. Crer desmedidamente é o caminho que dá mais probabilidades de chegar a acreditar nas coisas certas. Desconfiar é uma vergonha da nossa condição.
Paz de consciência – Estado de vigília que deixa o paciente com uma espécie de gnose epidural: ou seja, enquanto lhe vão à carteira ele pensa que lhe estão a limar os calos.
Valorizar os bons argumentos – Inconsciência de registo militante e com tendência massificadora e maçadora. Produz, não raramente, torcicolos mentais, como resultado da permanência exagerada nas posições de aparente comodidade a que um silogismo bem esgalhado conduz.
Convicções inabaláveis – Ferrolho da alma que nos limita a ser quase meras anémonas que, presas ao substrato, apenas têm músculo para deslizar, e nunca poderão desfrutar convenientemente nem das marés nem das correntes. Desovaremos sempre como sedentários atrofiados.
Sermos nós próprios – Expressão credora das maiores alarvidades do superficialismo militante. Aguarda a devida canonização na área da decoração de interiores, enquanto vai afagando corações despedaçados por galinhas-de-amor mal depenadas. É totalmente incompatível com o desejo dos nossos pais em que “sejamos alguém”.
Direito ao bom-nome – Mais uma das falácias artificialmente gerada pelos mecanismos de defesa face à incontinência dos media. O direito à nossa reputação só pode significar que não nos contentamos apenas com uma rapidinha com a puta São e exigimos repetir a dose.
Auto-estima – Estado de alma hiper valorizado. O recurso exagerado a esta excitação, emanada das revistas de psicologismos afrodisíacos vendidos ao quilo, produz efeitos enganadores. A Nandrolona parece açúcar mascavado comparado com este doping de almanaque.
Espírito Crítico – Engrenagem automática das personalidades mais débeis, que não conseguem encontrar a genuína força na lúcida, serena e incondicional credulidade. Crer desmedidamente é o caminho que dá mais probabilidades de chegar a acreditar nas coisas certas. Desconfiar é uma vergonha da nossa condição.
Paz de consciência – Estado de vigília que deixa o paciente com uma espécie de gnose epidural: ou seja, enquanto lhe vão à carteira ele pensa que lhe estão a limar os calos.
Valorizar os bons argumentos – Inconsciência de registo militante e com tendência massificadora e maçadora. Produz, não raramente, torcicolos mentais, como resultado da permanência exagerada nas posições de aparente comodidade a que um silogismo bem esgalhado conduz.
Convicções inabaláveis – Ferrolho da alma que nos limita a ser quase meras anémonas que, presas ao substrato, apenas têm músculo para deslizar, e nunca poderão desfrutar convenientemente nem das marés nem das correntes. Desovaremos sempre como sedentários atrofiados.
Sermos nós próprios – Expressão credora das maiores alarvidades do superficialismo militante. Aguarda a devida canonização na área da decoração de interiores, enquanto vai afagando corações despedaçados por galinhas-de-amor mal depenadas. É totalmente incompatível com o desejo dos nossos pais em que “sejamos alguém”.
Direito ao bom-nome – Mais uma das falácias artificialmente gerada pelos mecanismos de defesa face à incontinência dos media. O direito à nossa reputação só pode significar que não nos contentamos apenas com uma rapidinha com a puta São e exigimos repetir a dose.
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dicionário não ilustrado
O novo dicionário não ilustrado tem mesmo que fazer um parêntesis na futilidade dos factos e avançar para a angustiosa, mas heróica e virtuosa vida interior. O homem é que é um bordel de inevitabilidades morais. Mas ficam mal numa capa de revista. ( entradas 238 a 245 )
Preguiça in (acordar e levantar-se da cama)– Momento em que descobrimos que não é o sonho que comanda a vida, e em que desconfiamos que o valor da gravidade é muito superior àquele que nos andaram a vender.
Sofrimento in (levar os filhos a fazer cocó numa casa de banho pública)– Momento empolgante da vida dos pais que os leva a reflectir na procriação e a chegar à conclusão que é uma realidade a exigir reformas profundas. O homem deveria alegar incompatibilidades.
Responsabilidade in (tomar consciência que a filha anda a namorar)– Situação de peculiar nervosismo, que nos leva a oscilar entre as medidas de prisão preventiva ou a escuta telefónica; mas geralmente ficamo-nos pela acolhedora ignorância do segredo de justiça, própria das fases de instrução.
Generosidade in (ter de despedir um empregado que é pai de família)– Situação de confrangedor misticismo, em que o mal encarna a figura de um anjo da guarda, que sendo o guardião da economia da salvação, lê o responso do deficit ao mártir que encomendou nos saldos.
Humildade in (perceber que afinal não tínhamos percebido nada)– Momento em que temos de nos convencer que apenas possuímos um pensamento de marca branca. Acabaremos sempre por ter de pôr o nosso génio singular em ralenti e voltarmos a engrenar nos livros infantis.
Sobriedade in (ter sempre de dizer qualquer coisa)– Quando se vive no registo ansio-vertiginoso de ser ouvido, respeitado e venerado, o ventriloquismo seria uma bênção de deus. Incógnitos, testaríamos o efeito do fraseado. Mesmo assim existem alguns “massajadores da moral” que são especializados em provocar o pudico espanto da boca aberta, mas também acabam por viver dependentes da pele eriçada da clientela.
Paciência in (o electrodoméstico enervantemente avariado)– Este elemento do atribulado imaginário doméstico serve para se partir, estragar, mas pelo menos raramente se perde. Vê-se bem que as teorias mecanicistas tiveram sucesso antes da invenção do frigorífico encastrável. E nenhuma consciência tranquila se pode “ficar a cagar” para um autoclismo a pingar constantemente.
Temperança in (não ser capaz de viver sem satisfazer a comezinha curiosidade)– Esta curiosidade é uma das pulsões mais negadas, mas também das mais reprimidas. Muitas vezes disfarçamos exercitando regularmente. À força de tanta repetição pode aparentar experiência científica. Ou mesmo lei da república.
Preguiça in (acordar e levantar-se da cama)– Momento em que descobrimos que não é o sonho que comanda a vida, e em que desconfiamos que o valor da gravidade é muito superior àquele que nos andaram a vender.
Sofrimento in (levar os filhos a fazer cocó numa casa de banho pública)– Momento empolgante da vida dos pais que os leva a reflectir na procriação e a chegar à conclusão que é uma realidade a exigir reformas profundas. O homem deveria alegar incompatibilidades.
Responsabilidade in (tomar consciência que a filha anda a namorar)– Situação de peculiar nervosismo, que nos leva a oscilar entre as medidas de prisão preventiva ou a escuta telefónica; mas geralmente ficamo-nos pela acolhedora ignorância do segredo de justiça, própria das fases de instrução.
Generosidade in (ter de despedir um empregado que é pai de família)– Situação de confrangedor misticismo, em que o mal encarna a figura de um anjo da guarda, que sendo o guardião da economia da salvação, lê o responso do deficit ao mártir que encomendou nos saldos.
Humildade in (perceber que afinal não tínhamos percebido nada)– Momento em que temos de nos convencer que apenas possuímos um pensamento de marca branca. Acabaremos sempre por ter de pôr o nosso génio singular em ralenti e voltarmos a engrenar nos livros infantis.
Sobriedade in (ter sempre de dizer qualquer coisa)– Quando se vive no registo ansio-vertiginoso de ser ouvido, respeitado e venerado, o ventriloquismo seria uma bênção de deus. Incógnitos, testaríamos o efeito do fraseado. Mesmo assim existem alguns “massajadores da moral” que são especializados em provocar o pudico espanto da boca aberta, mas também acabam por viver dependentes da pele eriçada da clientela.
Paciência in (o electrodoméstico enervantemente avariado)– Este elemento do atribulado imaginário doméstico serve para se partir, estragar, mas pelo menos raramente se perde. Vê-se bem que as teorias mecanicistas tiveram sucesso antes da invenção do frigorífico encastrável. E nenhuma consciência tranquila se pode “ficar a cagar” para um autoclismo a pingar constantemente.
Temperança in (não ser capaz de viver sem satisfazer a comezinha curiosidade)– Esta curiosidade é uma das pulsões mais negadas, mas também das mais reprimidas. Muitas vezes disfarçamos exercitando regularmente. À força de tanta repetição pode aparentar experiência científica. Ou mesmo lei da república.
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dicionário não ilustrado
Jornalistas. Têm muito jeito e põem-se muito a jeito.
Uma das garotas de ipanema do jornalismo – helena matos – encheu-se de graça e ontem terá escrito a coisa mais linda de que «os jornalistas já têm de zelar pelo direito de informar, não podem estar também a zelar pelo cumprimento do segredo de justiça»
Eu, escravo da civilização dos deveres, agora já me sinto libertado!
Não me podem acusar mais de sujar a tampa da sanita! Então se já tenho que zelar por esvaziar a atormentada, impaciente e cheia de direitos bexiga, queriam ainda que cuidasse de acertar o meu irrequieto e ácido jacto naquele assimétrico e desconchavado buraco!?...
E tenho eu que zelar por gerir os direitos dos accionistas, e agora ainda me exigem que arranje dinheiro para pagar os ordenados, e por cúmulo que os transfira para a conta dos empregados!
A natureza – que nunca se engana – de facto já tinha dado um lamiré, quando demonstrou que a quem se incumbe de zelar por fornecer o espermatozóide, não se lhe exige a maçada de garantir o leitinho da amamentação.
Os jornalistas serão os primeiros santos a subir para o altar pelo próprio pé.
Os milagres, provados e cientificamente indemonstráveis, são as audiências.
Uma das garotas de ipanema do jornalismo – helena matos – encheu-se de graça e ontem terá escrito a coisa mais linda de que «os jornalistas já têm de zelar pelo direito de informar, não podem estar também a zelar pelo cumprimento do segredo de justiça»
Eu, escravo da civilização dos deveres, agora já me sinto libertado!
Não me podem acusar mais de sujar a tampa da sanita! Então se já tenho que zelar por esvaziar a atormentada, impaciente e cheia de direitos bexiga, queriam ainda que cuidasse de acertar o meu irrequieto e ácido jacto naquele assimétrico e desconchavado buraco!?...
E tenho eu que zelar por gerir os direitos dos accionistas, e agora ainda me exigem que arranje dinheiro para pagar os ordenados, e por cúmulo que os transfira para a conta dos empregados!
A natureza – que nunca se engana – de facto já tinha dado um lamiré, quando demonstrou que a quem se incumbe de zelar por fornecer o espermatozóide, não se lhe exige a maçada de garantir o leitinho da amamentação.
Os jornalistas serão os primeiros santos a subir para o altar pelo próprio pé.
Os milagres, provados e cientificamente indemonstráveis, são as audiências.
Sexo
O notíciolítico
O sexo simula a nossa condição. Não foi concebido para ser percebido, é banal, dissimulado, óbvio e provincianamente misterioso.
Está ali, na berma da estrada, pode funcionar como escapatória, mas também rende bem como “vomitatório”, GNR de turno, estação de serviço ou via sem saída.
Dar-lhe um rumo parece torná-lo redondo e redundante, mas a doutrina católica e o “Freudianismo” colocaram-no nos dois extremos da barricada. “Os dias que correm” servem-se dele para vender cacofonias paramentadas de letra de imprensa, drageias, teorias, congressos e acórdãos de tribunal.
Deixa-me desconfortavelmente indiferente a “pornografização” dos sentidos, mas quase me revolta a “terapeutização” sexual dos sentimentos. De qualquer forma, passo ao lado da sua banal ridicularização e da sua ridícula demonização. Ou seja, estou inutilmente à toa. Sem Descartes. Como todos.
O sexo, infelizmente só é ambíguo na sua simbologia. A sua tão flagrante “obviedade” baralha-nos: nada pode ser assim tão simples. Toca então a abafar conceitos e... ou dá ejaculação precoce, ou clítoris desinteressado, ou recalcamento bem amanhado, ou desordem moral, ou flor de lótus, ou complexos sofisticados, ou jogos de sedução, ou best-sellers. Já raramente nos ficamos pela simples constatação do tipo “porque a gaja é boa como o milho”, ou “porque tenho a mulher lá em casa à minha espera”.
Fala-se agora da sexualização do real. Certamente para vender palavreado a metro. O real não é sexual porque é impenetrável; porque não é orgásmico (antes constantemente sensaborão); porque não ejacula (vive em carrocel fechado); porque não tem latejamentos pélvicos (o fluxo de sangue é sempre reduzido), porque não tem rituais de acasalamento (é solitário e hermafrodita)
Tendemos pois, ou para as receitas de padrão ostensivo-dominador, ou científico-dependente, ou tímido-negligenciador, ou fantasioso-lírico-alegórico, ou satírico-depressivo, ou meramente “noticiolítico”. Raramente somos aqueles que apenas fornicam copularmente, quando querem, podem e devem.
Deus bem podia ter deixado isto mais bem explicado antes do juízo final.
Bem,...que se foda. (também era melhor se eu não acabasse desta forma previsível)
O notíciolítico
O sexo simula a nossa condição. Não foi concebido para ser percebido, é banal, dissimulado, óbvio e provincianamente misterioso.
Está ali, na berma da estrada, pode funcionar como escapatória, mas também rende bem como “vomitatório”, GNR de turno, estação de serviço ou via sem saída.
Dar-lhe um rumo parece torná-lo redondo e redundante, mas a doutrina católica e o “Freudianismo” colocaram-no nos dois extremos da barricada. “Os dias que correm” servem-se dele para vender cacofonias paramentadas de letra de imprensa, drageias, teorias, congressos e acórdãos de tribunal.
Deixa-me desconfortavelmente indiferente a “pornografização” dos sentidos, mas quase me revolta a “terapeutização” sexual dos sentimentos. De qualquer forma, passo ao lado da sua banal ridicularização e da sua ridícula demonização. Ou seja, estou inutilmente à toa. Sem Descartes. Como todos.
O sexo, infelizmente só é ambíguo na sua simbologia. A sua tão flagrante “obviedade” baralha-nos: nada pode ser assim tão simples. Toca então a abafar conceitos e... ou dá ejaculação precoce, ou clítoris desinteressado, ou recalcamento bem amanhado, ou desordem moral, ou flor de lótus, ou complexos sofisticados, ou jogos de sedução, ou best-sellers. Já raramente nos ficamos pela simples constatação do tipo “porque a gaja é boa como o milho”, ou “porque tenho a mulher lá em casa à minha espera”.
Fala-se agora da sexualização do real. Certamente para vender palavreado a metro. O real não é sexual porque é impenetrável; porque não é orgásmico (antes constantemente sensaborão); porque não ejacula (vive em carrocel fechado); porque não tem latejamentos pélvicos (o fluxo de sangue é sempre reduzido), porque não tem rituais de acasalamento (é solitário e hermafrodita)
Tendemos pois, ou para as receitas de padrão ostensivo-dominador, ou científico-dependente, ou tímido-negligenciador, ou fantasioso-lírico-alegórico, ou satírico-depressivo, ou meramente “noticiolítico”. Raramente somos aqueles que apenas fornicam copularmente, quando querem, podem e devem.
Deus bem podia ter deixado isto mais bem explicado antes do juízo final.
Bem,...que se foda. (também era melhor se eu não acabasse desta forma previsível)
Diálogos de barriga aberta
- Aquele rapaz, o nelo carrilho, acho que escreveu uma carta aberta
- Bem o pessoal dos correios agora não tem mãos a medir
- Ele bastava ter telefonado ao ferro, que a sic depois punha aquilo num texto com pontuação certa e tudo
- Deixa-me que eu agora estou mas é aqui “à coca”, a ver o que é que os gajos do PS vão dizer
- Acho que vão fazer um documento de “solidariedade contida”
- Se calhar já estão a reter líquidos !?
- Nã, esses tipos da sic já sabem é tudo o que vai acontecer
- Parecem uns abutres ali à espera....
- Bem, mas os abutres também fazem parte do equilíbrio natural....
- Pois é, acho que senão os mortos fediam e eram um foco de bactérias
- É que o estômago desses bichos produz uns ácidos tão fortes que, vê lá tu, até dão cabo do antrax
- Ah ! Então se calhar então foram eles que chegaram ao Iraque antes dos americanos, e arrasaram com as armas bacteriológicas!...
- Abençoados abutres, e a gente que não lhes dava o devido valor!
- Benditos sejam pois os jornalistas que também nos livram dos maus e nos preservam os bons. Sigam o vosso caminho. Cuidado com as hienas.
- Quem?
- Os comentadores. Acho que nem precisam de estômago. Mastigam e cospem fora.
- Aquele rapaz, o nelo carrilho, acho que escreveu uma carta aberta
- Bem o pessoal dos correios agora não tem mãos a medir
- Ele bastava ter telefonado ao ferro, que a sic depois punha aquilo num texto com pontuação certa e tudo
- Deixa-me que eu agora estou mas é aqui “à coca”, a ver o que é que os gajos do PS vão dizer
- Acho que vão fazer um documento de “solidariedade contida”
- Se calhar já estão a reter líquidos !?
- Nã, esses tipos da sic já sabem é tudo o que vai acontecer
- Parecem uns abutres ali à espera....
- Bem, mas os abutres também fazem parte do equilíbrio natural....
- Pois é, acho que senão os mortos fediam e eram um foco de bactérias
- É que o estômago desses bichos produz uns ácidos tão fortes que, vê lá tu, até dão cabo do antrax
- Ah ! Então se calhar então foram eles que chegaram ao Iraque antes dos americanos, e arrasaram com as armas bacteriológicas!...
- Abençoados abutres, e a gente que não lhes dava o devido valor!
- Benditos sejam pois os jornalistas que também nos livram dos maus e nos preservam os bons. Sigam o vosso caminho. Cuidado com as hienas.
- Quem?
- Os comentadores. Acho que nem precisam de estômago. Mastigam e cospem fora.
Mas ele há gente para tudo...
A maioria das mães daria a vida pelos seus filhos
A maioria dos polícias não é corrupta
A maioria das amas não bate nas crianças
A maioria das famílias não se vê ameaçada pelas redes de prostituição
A maioria dos políticos não é artista de cinema
A maioria dos filhos dos ministros entra para a universidade sem cunhas
A maioria dos árbitros não foi ao Brasil com a conta paga pelo F.C.Porto
A maioria dos Presidentes da república não é parva
A maioria dos crentes reza todos os dias pelo PS
A maioria dos caixotes do lixo não tem acórdãos da relação
A maioria das empresas vende com factura
A maioria dos livros escolares não foi inspirada no bigbrother
A maioria dos apresentadores de televisão não pinta o cabelo de louro
A maioria dos juízes não manda os jornalistas à merda
A maioria dos helicópteros dos bombeiros não anda em serviço turístico
A maioria dos deputados não está presa
A maioria dos padres acredita em deus
A maioria das conversas telefónicas não aparece nos telejornais da sic
A maioria dos adidos culturais não tem fadiga crónica
A maioria dos jornalistas da Time ainda não foi ao elefante branco
A maioria dos filhos respeita os pais
Só temos que ir engrossando a maioria.
Como?
Esfregando-a. Delicada e progressivamente. Mas sempre no sítio certo.
A maioria das mães daria a vida pelos seus filhos
A maioria dos polícias não é corrupta
A maioria das amas não bate nas crianças
A maioria das famílias não se vê ameaçada pelas redes de prostituição
A maioria dos políticos não é artista de cinema
A maioria dos filhos dos ministros entra para a universidade sem cunhas
A maioria dos árbitros não foi ao Brasil com a conta paga pelo F.C.Porto
A maioria dos Presidentes da república não é parva
A maioria dos crentes reza todos os dias pelo PS
A maioria dos caixotes do lixo não tem acórdãos da relação
A maioria das empresas vende com factura
A maioria dos livros escolares não foi inspirada no bigbrother
A maioria dos apresentadores de televisão não pinta o cabelo de louro
A maioria dos juízes não manda os jornalistas à merda
A maioria dos helicópteros dos bombeiros não anda em serviço turístico
A maioria dos deputados não está presa
A maioria dos padres acredita em deus
A maioria das conversas telefónicas não aparece nos telejornais da sic
A maioria dos adidos culturais não tem fadiga crónica
A maioria dos jornalistas da Time ainda não foi ao elefante branco
A maioria dos filhos respeita os pais
Só temos que ir engrossando a maioria.
Como?
Esfregando-a. Delicada e progressivamente. Mas sempre no sítio certo.
Hoje o novo dicionário não ilustrado vai enrebanhar um pouco – pra desenjoar. Pelo menos que seja por uma causa inútil. ( entradas 232 a 237 )
Pedreiro – Profissão fornecedora de alegres mitologias em torno das mãos calejadas. Revela a sua moral no respeito alquímico da mistura de cinco de areia com uma de cimento. A perfeição atinge-se no espatulado de fino reboco que afaga o tijolo e acolhe a tintura. Muitos já se consolam se as paredes fizerem esquadria.
Escritor – Profissão cliente de todas as mitologias que fermentam em torno de mentes delicadas. A moral deve viver suspensa, para que a mistura das palavras não redunde numa cartilha de avulsos pudores, enxertada de previsíveis rancores. A perfeição atinge-se no fino fraseado que consola o ego e acolhe o aplauso. Muitos já se contentam com o prefácio dum génio de circunstância.
mas já que estamos nisto...
Comentador – Profissão manipuladora das mitologias mais frágeis. A sua moral encontra-se no deixar algumas migalhas para os que têm a triste sina de chafurdar na ingrata realidade (os comentados). Estes parapolíticos da 4ª geração atingem a sua plenitude quando com uma sibilina previsão provocam uma brutal colisão. Muitos já se satisfazem com uma inversão de marcha.
Jornalista – Profissão banalizadora das mitologias mais importantes e catalizadora das mitologias mais banais. A sua moral apenas se adivinha em não fazer a necrologia dos parentes mais chegados. A perfeição da profissão é alcançada quando se tornam os “guardiães das setas” nas colunas do “sobe e desce”. Muitos já se contentam em olhar para o próprio nome impresso em bold.
Juiz procurador – Profissão de pastorícia das mitologias. A sua moral está em deixar o rebanho em suspenso para a eventualidade da chegada do lobo. A perfeição atinge-se quando todos nos sentimos pilha galinhas. Muitos já de contentam em fazer uma gola com a pele da raposa.
Psiquiatra – Profissão de engomador de mitologias. A sua moral revela-se na vergonha que têm de não poder ter uma moral bem vincada. O clímax é atingido quando produzem um inconsciente de betão, através da mistura de cinco doses de trauma e uma de obsessão, sem ser preciso juntar muita água. Muitos já se contentam em garantir uma maquilhagem que não derreta (nem com as câmaras...) ou então uma consciência que seja um sonho de alvenaria.
Pedreiro – Profissão fornecedora de alegres mitologias em torno das mãos calejadas. Revela a sua moral no respeito alquímico da mistura de cinco de areia com uma de cimento. A perfeição atinge-se no espatulado de fino reboco que afaga o tijolo e acolhe a tintura. Muitos já se consolam se as paredes fizerem esquadria.
Escritor – Profissão cliente de todas as mitologias que fermentam em torno de mentes delicadas. A moral deve viver suspensa, para que a mistura das palavras não redunde numa cartilha de avulsos pudores, enxertada de previsíveis rancores. A perfeição atinge-se no fino fraseado que consola o ego e acolhe o aplauso. Muitos já se contentam com o prefácio dum génio de circunstância.
mas já que estamos nisto...
Comentador – Profissão manipuladora das mitologias mais frágeis. A sua moral encontra-se no deixar algumas migalhas para os que têm a triste sina de chafurdar na ingrata realidade (os comentados). Estes parapolíticos da 4ª geração atingem a sua plenitude quando com uma sibilina previsão provocam uma brutal colisão. Muitos já se satisfazem com uma inversão de marcha.
Jornalista – Profissão banalizadora das mitologias mais importantes e catalizadora das mitologias mais banais. A sua moral apenas se adivinha em não fazer a necrologia dos parentes mais chegados. A perfeição da profissão é alcançada quando se tornam os “guardiães das setas” nas colunas do “sobe e desce”. Muitos já se contentam em olhar para o próprio nome impresso em bold.
Juiz procurador – Profissão de pastorícia das mitologias. A sua moral está em deixar o rebanho em suspenso para a eventualidade da chegada do lobo. A perfeição atinge-se quando todos nos sentimos pilha galinhas. Muitos já de contentam em fazer uma gola com a pele da raposa.
Psiquiatra – Profissão de engomador de mitologias. A sua moral revela-se na vergonha que têm de não poder ter uma moral bem vincada. O clímax é atingido quando produzem um inconsciente de betão, através da mistura de cinco doses de trauma e uma de obsessão, sem ser preciso juntar muita água. Muitos já se contentam em garantir uma maquilhagem que não derreta (nem com as câmaras...) ou então uma consciência que seja um sonho de alvenaria.
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Pleuresias incompletas
Encharcada
No princípio era a separação de poderes
Decretada pela tradição
Mas havia uma atracção,
fatal,
e dois poderes acabaram por trocar olhares
logo ficaram juntinhos
Chegam a roçar-se levianamente
Um terceiro poder enciúma-se
e espraia-se um ambiente tenso
Alguns risinhos
Meio malandros
Meio nervosos
Meio desconfiados
Mas com três meios....
extravasa o copo!
Derrama-se poder para o chão,
num charco,
e não há quem drene...
Tudo chapinha
todos se enojam
mas todos gostam
e vão dando gritinhos.
É como brincar ao quarto escuro.
Encharcada
No princípio era a separação de poderes
Decretada pela tradição
Mas havia uma atracção,
fatal,
e dois poderes acabaram por trocar olhares
logo ficaram juntinhos
Chegam a roçar-se levianamente
Um terceiro poder enciúma-se
e espraia-se um ambiente tenso
Alguns risinhos
Meio malandros
Meio nervosos
Meio desconfiados
Mas com três meios....
extravasa o copo!
Derrama-se poder para o chão,
num charco,
e não há quem drene...
Tudo chapinha
todos se enojam
mas todos gostam
e vão dando gritinhos.
É como brincar ao quarto escuro.
Não arranjo como fugir disto. O novo dicionário não ilustrado deixou-se apanhar pelo polvo do burgo. Só que, como não podia deixar de ser, cortado aos bocadinhos e em vinagrete. ( entradas 224 a 231 )
Crime – Termo que só ganha valor poético nos manuais de direito. Na boca do povo parece uma cárie tão irreversível, que nem com uma placa nova de recurso aparentamos ter dentes d’albarran.
Indícios – Na era dos sinais, na era do famoso retorno às simbologias, os indícios são peões de um jogo de bombeiros: dum lado os do “fogo posto”, e do outro os do “fogo de vista”.
Investigação – Termo que se refere à busca incansável da verdade dos factos; tem como padrão o seguinte: a verdade dos factos não existe, quem corre por gosto é que não se cansa, e quem busca são os cães. É neste forno que se cozem os ingredientes do “fast-jail”
Contraditório – Extraordinária faculdade de alguns humanos em ver o cu onde apenas aparentam umas calças. Prevendo essa visão radiológica, o outro – não menos perspicaz – encolhe pudicamente o nadegal e procura realçar outras partes mais excitantes. No entanto, esta farsa apenas produz os eunucos da verdade. Ninguém aproveita.
Provas – Figura repelente do mundo do pronto-a-vestir, que foi transformada numa deusa no Olimpo da justiça. Basta correr o cortinado e pedir o número acima, que o empregado de turno há-de arranjar qualquer coisa que sirva.
Inocência – Pura ilusão de consciência. Aparece quando o relativismo é levado ao colo até ao patamar da moral. Dela sorvem sofregamente os mendigos do nobre sentimento da culpa. E quando sai à rua é tão apalpada, que já só veste calças roçadas.
Pena – Conceito de basta ambivalência. Tanto protege o acelerado colibri, como enobrece o pavão, como dá manto às aves de rapina. E sem ela, aparentemente, a justiça não flutuaria no ar, antes viveria em constante ilusão térmica.
Justiça – Técnica da ancestral forja moral que faz com que numa balança os pratos nunca pesem o mesmo, nem quando estão vazios.
Crime – Termo que só ganha valor poético nos manuais de direito. Na boca do povo parece uma cárie tão irreversível, que nem com uma placa nova de recurso aparentamos ter dentes d’albarran.
Indícios – Na era dos sinais, na era do famoso retorno às simbologias, os indícios são peões de um jogo de bombeiros: dum lado os do “fogo posto”, e do outro os do “fogo de vista”.
Investigação – Termo que se refere à busca incansável da verdade dos factos; tem como padrão o seguinte: a verdade dos factos não existe, quem corre por gosto é que não se cansa, e quem busca são os cães. É neste forno que se cozem os ingredientes do “fast-jail”
Contraditório – Extraordinária faculdade de alguns humanos em ver o cu onde apenas aparentam umas calças. Prevendo essa visão radiológica, o outro – não menos perspicaz – encolhe pudicamente o nadegal e procura realçar outras partes mais excitantes. No entanto, esta farsa apenas produz os eunucos da verdade. Ninguém aproveita.
Provas – Figura repelente do mundo do pronto-a-vestir, que foi transformada numa deusa no Olimpo da justiça. Basta correr o cortinado e pedir o número acima, que o empregado de turno há-de arranjar qualquer coisa que sirva.
Inocência – Pura ilusão de consciência. Aparece quando o relativismo é levado ao colo até ao patamar da moral. Dela sorvem sofregamente os mendigos do nobre sentimento da culpa. E quando sai à rua é tão apalpada, que já só veste calças roçadas.
Pena – Conceito de basta ambivalência. Tanto protege o acelerado colibri, como enobrece o pavão, como dá manto às aves de rapina. E sem ela, aparentemente, a justiça não flutuaria no ar, antes viveria em constante ilusão térmica.
Justiça – Técnica da ancestral forja moral que faz com que numa balança os pratos nunca pesem o mesmo, nem quando estão vazios.
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Pleuresias incompletas
Eu claudico
-Antes, como qualquer parvo, falava com os meus botões,
-agora falo para o blog.
-Do botão para a pantalla...
-Será uma evolução?
-Ou será que ainda vou ter um blog em madrepérola?
-Falar de nós é o maior risco.
-Atirar aí para a frente a nossa irrelevância.
-E ficar a olhar para ela...
-A esperar que a baba escorra
-E porra...
-Então e aquela coisa de nos devermos encontrar a nós próprios?
-Se calhar é tanga?
-E se não temos nada na manga!?
-Ficamos aí à mercê
-E a indiferença ainda pode ser a maior graça
-Antes isso que ser apregoado na praça
-Como um sacana dum safio, safa...
Eu claudico
-Antes, como qualquer parvo, falava com os meus botões,
-agora falo para o blog.
-Do botão para a pantalla...
-Será uma evolução?
-Ou será que ainda vou ter um blog em madrepérola?
-Falar de nós é o maior risco.
-Atirar aí para a frente a nossa irrelevância.
-E ficar a olhar para ela...
-A esperar que a baba escorra
-E porra...
-Então e aquela coisa de nos devermos encontrar a nós próprios?
-Se calhar é tanga?
-E se não temos nada na manga!?
-Ficamos aí à mercê
-E a indiferença ainda pode ser a maior graça
-Antes isso que ser apregoado na praça
-Como um sacana dum safio, safa...
Regras imortais
Garcia de Resende dizia ao seu amigo Potas ( Rui de Figueiredo ), descrevendo-lhe uma regra hipócrita da vida ascética:
“ Nunca rir no mosteiro.
Diurnal, breviário, contas pretas e rosário sempre à mão, mas sem rezar a nenhum santo do calendário!
Disciplinas rijas às escuras e no chão.
Muitos suspiros, fingir que anda adoentado, para escapar à reza do coro.
No refeitório, jejuar à grande.
No quarto, comer bem.”
Parecia um post para ser dedicado ao quarto dos pulhas, mas eles agora andam mais sensíveis e.... lembrei-me que podia antes dedicá-lo ....a todos nós!
A hipocrisia é a religião do in(?)consciente, que tem o seu deus no limbo da razão.
Há que viver à grande e trazer a consciência protegida dos ventos fortes.
Garcia de Resende dizia ao seu amigo Potas ( Rui de Figueiredo ), descrevendo-lhe uma regra hipócrita da vida ascética:
“ Nunca rir no mosteiro.
Diurnal, breviário, contas pretas e rosário sempre à mão, mas sem rezar a nenhum santo do calendário!
Disciplinas rijas às escuras e no chão.
Muitos suspiros, fingir que anda adoentado, para escapar à reza do coro.
No refeitório, jejuar à grande.
No quarto, comer bem.”
Parecia um post para ser dedicado ao quarto dos pulhas, mas eles agora andam mais sensíveis e.... lembrei-me que podia antes dedicá-lo ....a todos nós!
A hipocrisia é a religião do in(?)consciente, que tem o seu deus no limbo da razão.
Há que viver à grande e trazer a consciência protegida dos ventos fortes.
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A fatal futilidade dos factos - Pedologias
O PS, que já sabia que tinha que fazer uma bela caminhada com um pedroso no sapato, não aguentou, e tratou de aliviar o incómodo desatando aos tiros. Conclusão: aqueles pés ficaram desfeitos em buracos, e a única coisa que ficou a dar sustentação ao rabiosque foi um calcanhar de Aquiles. A esperança é agora... uns pés de barro.
O PS, que já sabia que tinha que fazer uma bela caminhada com um pedroso no sapato, não aguentou, e tratou de aliviar o incómodo desatando aos tiros. Conclusão: aqueles pés ficaram desfeitos em buracos, e a única coisa que ficou a dar sustentação ao rabiosque foi um calcanhar de Aquiles. A esperança é agora... uns pés de barro.
Os homens são o que são. Mas podem ser o que ainda não são. O novo dicionário não ilustrado arrisca mais uma vez. Deixando-se levar pelo caminho incerto das palavras. Apenas isso. ( entradas 216 a 223 )
Culpa – Fenómeno confrangedor de natureza muito híbrida ( ou plástica ), que geralmente é sustentado por equilíbrios de encolhida masculinidade com agressiva feminilidade. Algumas arquitecturas financeiras ajudam igualmente a aplacar e camuflar este fenómeno também ele demolidor.
Perdão – Estado da natureza de características redentoras, experimentado por almas raras e de poucas falas, e muito apregoado por almas com taras e de falas baratas . As almas que pretendem ser meramente sérias evitam a questão.
Inveja – (Já tratada em tempos num texto autónomo). A maior das virtudes de fronteira. Vilipendiada pelos artistas da dissimulação, e bem manejada belos malabaristas da palavra. No circo da opinião é a palavra mais bem amestrada
Ciúme – Fenómeno relativamente mal explorado por ter alegorias de encantar a mitificá-la em excesso. O encontro com “o terceiro” é sempre mais difícil que o encontro com “o outro”. Quando se vai perdendo o controlo das variáveis, a equação do “relacionamento” gera – alarvemente - incógnitas uma atrás das outras. Só que geralmente – ao contrário da matemática – não se tende para o infinito, mas sim para a ruptura.
Vingança – Fenómeno mal compreendido. Deveria ser banalizado, porque assim ganhar-se-ia a calma necessária para o poder “demonizar” nos casos devidos . A pequena vingança interior, seguida da oração reparadora, é muitas vezes a único remédio – não santo - para uma vida sem glamour nem amour.
Vaidade – Estranhamente valorizada e negligenciada. É o caso mais flagrante de sucesso pós-shakespeariano e pré-apocalíptico. Mostra à saciedade que “não se cai no ridículo” mas sim que se “sobe no ridículo”. Mas como o topo somos nós próprios, acabamos por não subir muito.
Remorso – Fina arte de lidar com a nossa intimidade. Pouco explorada pelas psicoterapias ( julgo...), acabamos geralmente por privar a economia do consciente deste condimento. A fealdade da palavra retira-lhe as hipóteses nas poesis de circunstância e os manuais da política não a cheiram, nem nas notas de pé de página.
Vergonha – Estado de alma que se calhar já reverteu a pó antes do seu tempo. A mumificação foi talvez a opção tomada pelos caçadores de tesouros da vida moderna. Mas quando se embalsama o passado sem o bálsamo da vergonha, ficam os chifres da presa sempre a roçar-nos na cabeça. E um dia, o calor da lareira virará em chispas. Vá de retro.
Culpa – Fenómeno confrangedor de natureza muito híbrida ( ou plástica ), que geralmente é sustentado por equilíbrios de encolhida masculinidade com agressiva feminilidade. Algumas arquitecturas financeiras ajudam igualmente a aplacar e camuflar este fenómeno também ele demolidor.
Perdão – Estado da natureza de características redentoras, experimentado por almas raras e de poucas falas, e muito apregoado por almas com taras e de falas baratas . As almas que pretendem ser meramente sérias evitam a questão.
Inveja – (Já tratada em tempos num texto autónomo). A maior das virtudes de fronteira. Vilipendiada pelos artistas da dissimulação, e bem manejada belos malabaristas da palavra. No circo da opinião é a palavra mais bem amestrada
Ciúme – Fenómeno relativamente mal explorado por ter alegorias de encantar a mitificá-la em excesso. O encontro com “o terceiro” é sempre mais difícil que o encontro com “o outro”. Quando se vai perdendo o controlo das variáveis, a equação do “relacionamento” gera – alarvemente - incógnitas uma atrás das outras. Só que geralmente – ao contrário da matemática – não se tende para o infinito, mas sim para a ruptura.
Vingança – Fenómeno mal compreendido. Deveria ser banalizado, porque assim ganhar-se-ia a calma necessária para o poder “demonizar” nos casos devidos . A pequena vingança interior, seguida da oração reparadora, é muitas vezes a único remédio – não santo - para uma vida sem glamour nem amour.
Vaidade – Estranhamente valorizada e negligenciada. É o caso mais flagrante de sucesso pós-shakespeariano e pré-apocalíptico. Mostra à saciedade que “não se cai no ridículo” mas sim que se “sobe no ridículo”. Mas como o topo somos nós próprios, acabamos por não subir muito.
Remorso – Fina arte de lidar com a nossa intimidade. Pouco explorada pelas psicoterapias ( julgo...), acabamos geralmente por privar a economia do consciente deste condimento. A fealdade da palavra retira-lhe as hipóteses nas poesis de circunstância e os manuais da política não a cheiram, nem nas notas de pé de página.
Vergonha – Estado de alma que se calhar já reverteu a pó antes do seu tempo. A mumificação foi talvez a opção tomada pelos caçadores de tesouros da vida moderna. Mas quando se embalsama o passado sem o bálsamo da vergonha, ficam os chifres da presa sempre a roçar-nos na cabeça. E um dia, o calor da lareira virará em chispas. Vá de retro.
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Fátinha Felgueiras, no Brasil, continua a seguir com deslumbramento os acontecimentos da terra donde Cabral saiu, também ainda inocente. Paulinho ( não o dos magalas ) foi inspirador.
Ela tinha mesmo que falar urgentemente com Paulinho Pedroso. Viu-se à rasca. O pessoal do PS agora troca de nº de telefone com mais frequência do que os ministros do governo dão galgas. Mas lá chegaram à fala e ....
Dada a extraordinária performance demonstrada por ambos a lidar com o fenómeno da prisão preventiva : um – “no antes” - a evitá-la, o outro – “no depois” – a empoleirar-se nela, não foi difícil estabelecerem uma estratégia comercial para oferecer os seus serviços à população em geral.
Tudo se basearia no originalíssimo sistema dos pacotes:
Pacote escapadela : Ideal para todos os presumidos culpados. Voucher completo com nome falso, documentos sem rasura, e fanfarra de desagravo na estância de acolhimento. Inclui a pulseirinha - não electrónica – correspondente à pensão completa. O passeio aos corais é opcional.
Pacote “sempre em festa” : Ideal para saídas apoteóticas. Inclui beijinhos demorados de namorada fiel e um beberete no local de trabalho. A maquilhagem é feita com produtos naturais e não testados em animais nem em reclusos. O ligeiro lacrimejar é garantido por assistentes camuflados de deputados do circulo eleitoral. A presença do chefe dos bombeiros é opcional.
Pacote comunicação social : Recomendado para qualquer tipo de situação. Fátinha propõe um pacote com conferência de imprensa seguida de entrevista exclusiva com a Judite (mas a de Sousa ). Paulinho propõe uma versão com vários directos, entrevistas de rua e ar informal. Na primeira opção o bónus é o arraial de porrada num deputado, na segunda opção é garantido o incenso grátis duma comissão de ética. Em qualquer dos casos não está incluída nenhuma referência orgásmica do Eduardinho Prado Coelho.
Pacote “advogado com sotaque” – É entendido como um pacote quase obrigatório. Ter um advogado que não se exprima com uma “música” especial é quase vexatório para o prestígio de um para-recluso. O perdigoto é opcional. As séries de televisão americanas já garantiram a importação exclusiva deste pacote. A próxima estrela será Bruce Willis, que fará as suas boquinhas da praxe enquanto envia o Quim d’Almeida para Alcatraz com o aplauso generalizado das associações de espectadores. Este pacote traz como bónus o facto do advogado parecer mais culpado que o réu, o que deixa o Juiz com uma carrada de nervos.
Pacote “ sempre ao dispor “ – Já se tornou um best-seller. Vem acompanhado de interpretações do código penal retiradas da SIC notícias. É absolutamente essencial a presença de figurantes acenando firmemente com a cabeça, enquanto o para-recluso se mostra sempre disponível para ser confrontado por terríveis testemunhas pouco abonatórias. O Kit de “frases enigmáticas” é opcional.
Pacote “ ajuda para as provas globais “ – Ter em carteira um conjunto de colegas de cela que passaram nas provas globais, e que entraram na universidade sem nenhum requerimento especial, recorrendo apenas às explicações do recluso cliente é a principal característica deste pacote. É um pacote de pura filantropia e geralmente vende bem nos saldos do Natal. Opcional é a versão em que os reclusos rezam os terço juntos. Fátinha oferece o bónus de dar catequese na favelas.
Pacote fiscal – Pacote da mais fina engenharia financeira, que se destina a clientes reclusos que logram assim continuar a receber o seu vencimento incluindo o subsídio de alimentação. Dado a afastamento temporário do lugar de residência são também garantidas as ajudas de custo de lei ( ao nível dos servidores do estado ). Opcional é a obtenção de facturas relativas às refeições consumidas na prisão, que assim poderão ser descontadas como despesas de representação.
Pacote “presunção de inocência” – Especialmente pensado para clientes arguidos que tenham sido detidos em flagrante delito. Inclui uma versão do código penal escrita para crianças por Maddona, com ilustrações de Julio Pomar. Como opcional tem um cd com versos de Margarida Rebelo Pinto recitados por Pinto da Costa.
Pacote “simulação global” – Este é o pacote mais sofisticado. Dirige-se a clientes que não têm pendente qualquer processo de natureza penal com a justiça ( não inclui multas de trânsito ), mas que também querem usufruir das prerrogativas que esse facto conferiria. Inclui a opção “condenação e fuga simulada” e a opção “condenação e libertação simulada”. Está totalmente proibida a sua venda a elementos das praxes universitárias. Foi garantida a presunção de inocência depois de um acordo celebrado entre a SIC e a TVI, que passam a deter concomitantemente os direitos televisivos. As declarações da procuradoria geral da república são opcionais ( geralmente os clientes dispensam-nas depois de saberem a posição favorável das televisões e dos comentadores de turno)
Ela tinha mesmo que falar urgentemente com Paulinho Pedroso. Viu-se à rasca. O pessoal do PS agora troca de nº de telefone com mais frequência do que os ministros do governo dão galgas. Mas lá chegaram à fala e ....
Dada a extraordinária performance demonstrada por ambos a lidar com o fenómeno da prisão preventiva : um – “no antes” - a evitá-la, o outro – “no depois” – a empoleirar-se nela, não foi difícil estabelecerem uma estratégia comercial para oferecer os seus serviços à população em geral.
Tudo se basearia no originalíssimo sistema dos pacotes:
Pacote escapadela : Ideal para todos os presumidos culpados. Voucher completo com nome falso, documentos sem rasura, e fanfarra de desagravo na estância de acolhimento. Inclui a pulseirinha - não electrónica – correspondente à pensão completa. O passeio aos corais é opcional.
Pacote “sempre em festa” : Ideal para saídas apoteóticas. Inclui beijinhos demorados de namorada fiel e um beberete no local de trabalho. A maquilhagem é feita com produtos naturais e não testados em animais nem em reclusos. O ligeiro lacrimejar é garantido por assistentes camuflados de deputados do circulo eleitoral. A presença do chefe dos bombeiros é opcional.
Pacote comunicação social : Recomendado para qualquer tipo de situação. Fátinha propõe um pacote com conferência de imprensa seguida de entrevista exclusiva com a Judite (mas a de Sousa ). Paulinho propõe uma versão com vários directos, entrevistas de rua e ar informal. Na primeira opção o bónus é o arraial de porrada num deputado, na segunda opção é garantido o incenso grátis duma comissão de ética. Em qualquer dos casos não está incluída nenhuma referência orgásmica do Eduardinho Prado Coelho.
Pacote “advogado com sotaque” – É entendido como um pacote quase obrigatório. Ter um advogado que não se exprima com uma “música” especial é quase vexatório para o prestígio de um para-recluso. O perdigoto é opcional. As séries de televisão americanas já garantiram a importação exclusiva deste pacote. A próxima estrela será Bruce Willis, que fará as suas boquinhas da praxe enquanto envia o Quim d’Almeida para Alcatraz com o aplauso generalizado das associações de espectadores. Este pacote traz como bónus o facto do advogado parecer mais culpado que o réu, o que deixa o Juiz com uma carrada de nervos.
Pacote “ sempre ao dispor “ – Já se tornou um best-seller. Vem acompanhado de interpretações do código penal retiradas da SIC notícias. É absolutamente essencial a presença de figurantes acenando firmemente com a cabeça, enquanto o para-recluso se mostra sempre disponível para ser confrontado por terríveis testemunhas pouco abonatórias. O Kit de “frases enigmáticas” é opcional.
Pacote “ ajuda para as provas globais “ – Ter em carteira um conjunto de colegas de cela que passaram nas provas globais, e que entraram na universidade sem nenhum requerimento especial, recorrendo apenas às explicações do recluso cliente é a principal característica deste pacote. É um pacote de pura filantropia e geralmente vende bem nos saldos do Natal. Opcional é a versão em que os reclusos rezam os terço juntos. Fátinha oferece o bónus de dar catequese na favelas.
Pacote fiscal – Pacote da mais fina engenharia financeira, que se destina a clientes reclusos que logram assim continuar a receber o seu vencimento incluindo o subsídio de alimentação. Dado a afastamento temporário do lugar de residência são também garantidas as ajudas de custo de lei ( ao nível dos servidores do estado ). Opcional é a obtenção de facturas relativas às refeições consumidas na prisão, que assim poderão ser descontadas como despesas de representação.
Pacote “presunção de inocência” – Especialmente pensado para clientes arguidos que tenham sido detidos em flagrante delito. Inclui uma versão do código penal escrita para crianças por Maddona, com ilustrações de Julio Pomar. Como opcional tem um cd com versos de Margarida Rebelo Pinto recitados por Pinto da Costa.
Pacote “simulação global” – Este é o pacote mais sofisticado. Dirige-se a clientes que não têm pendente qualquer processo de natureza penal com a justiça ( não inclui multas de trânsito ), mas que também querem usufruir das prerrogativas que esse facto conferiria. Inclui a opção “condenação e fuga simulada” e a opção “condenação e libertação simulada”. Está totalmente proibida a sua venda a elementos das praxes universitárias. Foi garantida a presunção de inocência depois de um acordo celebrado entre a SIC e a TVI, que passam a deter concomitantemente os direitos televisivos. As declarações da procuradoria geral da república são opcionais ( geralmente os clientes dispensam-nas depois de saberem a posição favorável das televisões e dos comentadores de turno)
Pleuresias incompletas
Fados ladrados
Estamos “mal fadados”
Com as casas das músicas
E das orquestras
E das óperas
Filhas de pautas demasiado orgulhosas
Que se enfeiram em vaidades
de maestros mal amestrados
Só que os verdadeiros donos da música
tocam instrumentos com cordas especiais
Quando fogem do tom
Basta-lhes mudar de corda
Não se dão ao trabalho de tentar afinar
Chegam a escolher
Rouxinóis amaneirados e roucos
e domesticados
Para disfarçar
a falta de instrumentos
e as letras mal amanhadas
E assim ficamos entretidos
Com o folclore
Que sempre tem cores mais vistosas
E com o chilreio
que sempre é menos cansativo que o solfejo
Aparentemente, não temos fôlego
Para muito mais que sacudir o rabo
Como alguns cães
Fados ladrados
Estamos “mal fadados”
Com as casas das músicas
E das orquestras
E das óperas
Filhas de pautas demasiado orgulhosas
Que se enfeiram em vaidades
de maestros mal amestrados
Só que os verdadeiros donos da música
tocam instrumentos com cordas especiais
Quando fogem do tom
Basta-lhes mudar de corda
Não se dão ao trabalho de tentar afinar
Chegam a escolher
Rouxinóis amaneirados e roucos
e domesticados
Para disfarçar
a falta de instrumentos
e as letras mal amanhadas
E assim ficamos entretidos
Com o folclore
Que sempre tem cores mais vistosas
E com o chilreio
que sempre é menos cansativo que o solfejo
Aparentemente, não temos fôlego
Para muito mais que sacudir o rabo
Como alguns cães
O recorrente uso de K. Popper para nos reavivar o racionalismo democrático e liberal é um esforço válido. O contra-a-corrente no passado dia 6 de Outubro brindou-nos com uma dança de conceitos Poppianos, que nos pode fazer mirrar o espírito se não for descodificada. O novo Dicionário não ilustrado, que aprendeu com K. Popper que “ninguém sabe o suficiente para ser intolerante”, vacilou mas avançou :( entradas 208 a 215 )
Estado (A necessidade do) – A tímida e camuflada mentalidade utilitarista olha para os conceitos com a pala da necessidade para se proteger da luz. Com este “grilhão”, o estado fica preso ao inútil critério de ser preciso. Depois, se é um bem ou um mal, escolhe-se conforme as rimas mais de feição.
Ditadura e democracia – A distinção entre estes dois conceitos, quando baseada na apreciação do método afecto a cada um deles para “aliviar a sociedade do seu governo”, induz-nos na conclusão de que, na democracia não nos desembaraçamos do governo nem com sangue, e na ditadura quando o sangue escorre, o governo nem embaraçado fica. Em qualquer caso, o novelo da sociedade deve ser tricotado por quem tem mãos de fada.
Distribuição de beneplácitos – Nas ditaduras os benefícios são atribuídos a eito mas com jeito, nas democracias são entregues aos “ésses”, por isso chamam-se benesses.
Instituições democráticas ( inofensivas e radicadas na tradição) – Aparentemente, na democracia há um seguro contra todos os riscos à borla desde que existam instituições de “pedra”. Tudo radicaria na força estatística da tradição, ou seja: o que aconteceu, tem forte probabilidade de ter acontecido. Portanto, se um leão nunca comeu um choco, há fortes probabilidades de um tubarão nunca comer uma gazela. O mundo democrático é dos chocos e das gazelas e está a salvo das instituições predadoras.
As Instituições e os indivíduos – Aparentemente ligados pelos insuspeitos valores individuais, verifica-se – tradicionalmente também – que esses vínculos, muitas vezes têm apenso um cartão de crédito, um motorista, e outros “valores”. De facto, as instituições por si só não bastam, por isso é que se inventaram as “ajudas de custo” para quando é preciso ir espairecer delas.
Restrições da liberdade individual – “Repartidas e reduzidas” lê-se no pregão. As boas “práticas quotidianas” ajudam a interpretação dos “princípios gerais” e ilustram o dito pregão liberal. As “generalidades e as abstracções” sempre foram boas para as indústrias tipográficas e editoriais, e más para o artesanato. A revolução industrial ainda anda aí. Só que com esse nome já não vende.
Convicção evolucionista (Liberalismo de) – Claro que os macacos não sabem o que ainda lhes espera. E nós sabemos que não podemos voltar para trás. Não sei quem está melhor. Bem... somos nós, porque somos nós que visitamos os “gajos” e os nossos amendoins já vêm com picante. O evolucionismo liberal bem pode ser um reducionismo revolucionário envergonhado.
Tradições (que corporizam o sentido de justiça e decência) -Corporizar, se for com as mãos, chama-se manipular. Ora se manipular, for massajar com decência, espero que façam justiça à massagista.
Diz a tradição que estamos nas mão de Deus : o Supremo Massagista. A democracia vai para a bicha como os outros.
Estado (A necessidade do) – A tímida e camuflada mentalidade utilitarista olha para os conceitos com a pala da necessidade para se proteger da luz. Com este “grilhão”, o estado fica preso ao inútil critério de ser preciso. Depois, se é um bem ou um mal, escolhe-se conforme as rimas mais de feição.
Ditadura e democracia – A distinção entre estes dois conceitos, quando baseada na apreciação do método afecto a cada um deles para “aliviar a sociedade do seu governo”, induz-nos na conclusão de que, na democracia não nos desembaraçamos do governo nem com sangue, e na ditadura quando o sangue escorre, o governo nem embaraçado fica. Em qualquer caso, o novelo da sociedade deve ser tricotado por quem tem mãos de fada.
Distribuição de beneplácitos – Nas ditaduras os benefícios são atribuídos a eito mas com jeito, nas democracias são entregues aos “ésses”, por isso chamam-se benesses.
Instituições democráticas ( inofensivas e radicadas na tradição) – Aparentemente, na democracia há um seguro contra todos os riscos à borla desde que existam instituições de “pedra”. Tudo radicaria na força estatística da tradição, ou seja: o que aconteceu, tem forte probabilidade de ter acontecido. Portanto, se um leão nunca comeu um choco, há fortes probabilidades de um tubarão nunca comer uma gazela. O mundo democrático é dos chocos e das gazelas e está a salvo das instituições predadoras.
As Instituições e os indivíduos – Aparentemente ligados pelos insuspeitos valores individuais, verifica-se – tradicionalmente também – que esses vínculos, muitas vezes têm apenso um cartão de crédito, um motorista, e outros “valores”. De facto, as instituições por si só não bastam, por isso é que se inventaram as “ajudas de custo” para quando é preciso ir espairecer delas.
Restrições da liberdade individual – “Repartidas e reduzidas” lê-se no pregão. As boas “práticas quotidianas” ajudam a interpretação dos “princípios gerais” e ilustram o dito pregão liberal. As “generalidades e as abstracções” sempre foram boas para as indústrias tipográficas e editoriais, e más para o artesanato. A revolução industrial ainda anda aí. Só que com esse nome já não vende.
Convicção evolucionista (Liberalismo de) – Claro que os macacos não sabem o que ainda lhes espera. E nós sabemos que não podemos voltar para trás. Não sei quem está melhor. Bem... somos nós, porque somos nós que visitamos os “gajos” e os nossos amendoins já vêm com picante. O evolucionismo liberal bem pode ser um reducionismo revolucionário envergonhado.
Tradições (que corporizam o sentido de justiça e decência) -Corporizar, se for com as mãos, chama-se manipular. Ora se manipular, for massajar com decência, espero que façam justiça à massagista.
Diz a tradição que estamos nas mão de Deus : o Supremo Massagista. A democracia vai para a bicha como os outros.
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dicionário não ilustrado
Pleuresias incompletas
Chicos Hispanos
Deu-se um golpe de teatro
A espanha desinteressou-se de nós.
Ficou aberta uma brecha para nós avançarmos
Avançámos
Demos conta deles.
A água agora já corre de cá para lá
Andorra passou a ser na serra da estrela
Estamos a dominá-los
A peseta já só vale 5 tostões
Mas não existe peseta
Não faz mal : A EDP corta-lhes a luz
Desesperados, eles
Prometem vassalagem eterna
Desconfiamos
Pelo sim pelo não
Pomos um corta vento
e não casamos com os gajos(as)
Eles desesperam
Nós temos pena deles
Ligamos o disjuntor
Falta-nos o fôlego para dominar
Eles aproveitam
Atacam de TGV
Fomos abafados outra vez
Atraiçoados pelo nosso bom coração
O pulmão também não ajudou
Chicos Hispanos
Deu-se um golpe de teatro
A espanha desinteressou-se de nós.
Ficou aberta uma brecha para nós avançarmos
Avançámos
Demos conta deles.
A água agora já corre de cá para lá
Andorra passou a ser na serra da estrela
Estamos a dominá-los
A peseta já só vale 5 tostões
Mas não existe peseta
Não faz mal : A EDP corta-lhes a luz
Desesperados, eles
Prometem vassalagem eterna
Desconfiamos
Pelo sim pelo não
Pomos um corta vento
e não casamos com os gajos(as)
Eles desesperam
Nós temos pena deles
Ligamos o disjuntor
Falta-nos o fôlego para dominar
Eles aproveitam
Atacam de TGV
Fomos abafados outra vez
Atraiçoados pelo nosso bom coração
O pulmão também não ajudou
Crises... venham elas
Está criada a ideia de que o pais não beneficia com estas crises políticas : falso ! Pode beneficiar, sim senhor !
Aqueles a que nós convencionámos chamar “ os portugueses” continuam excessivamente resignados a ser considerados os bombos da festa.
Mantemos colado na nossa débil “consciência colectiva” que só quem tem poder , dinheiro e amigalhaços é que tem direito a rir-se com o palhaço rico.
No circo da justiça, da saúde, da segurança, da educação, dos impostos, o cidadão comum sente que há trapezistas com redes mais fortes e outros com redes mais frágeis. Este sentimento generalizado é o claro sinal do nosso “atraso de cidadania”. Mas firmemente baseado nos factos e nos seus esgares.
Estas crises, e a sua “manipulação”, constituiriam uma das boas oportunidades para quem está no poder de demonstrar que não será assim.
Para ver se as pessoas começam a ter condições para pensar que:...
A D. Idalina que continua a sair de Massamá às 6.00, e continua a pôr a filha no infantário na Buraca, e continua apanhar o comboio para ir conferir facturas no escritório de uma multinacional de cornflakes, e...
Muito bem,...ela até nunca irá comprar as malas na Louis Vuitton, nem irá passar férias aos molhos em Cancun, mas ...ela irá sabendo que :
quando estiver na bicha da caixa nenhuma filha de nenhum cabo de esquadra lhe passará à frente, e..
quando estiver a ser inspeccionada pelo IRS, a chateiam tanto por causa da factura do creme para as verrugas que ela endrominou, como chateiam o enteado do chefe de gabinete por causa das mais valias que não declarou
quando a filha estiver para ir para o liceu, pode não ir para o liceu Francês, mas na escola dela os professores ensinam bem e não estão de baixa a dar explicações por fora
E “arrisco” mais ainda, a pequena sensação de vingança que pode assolar a Idalina, por ver que um ministro também foi apanhado na curva, também é boa! Ela cresce no “são orgulho” de que, no tal “estado-nação” onde ela está enfronhada, os privilégios são só os que vêm na lei.
E quem pensa: ela quer lá saber disso, ela se puder ir almoçar fora todos os fins de semana, suporta bem os ministros corruptos...quem pensa assim... merece ir viver para Massamá
E ainda acrescento – à borla - quem é vítima não é o ministro que vai para casa, nem sequer a filha, a vítima é a “alma” da Idalina, que podia ter visto quem “mexe os cordelinhos” actuar imediatamente, sem hesitações, e sem falsificar companheirismos e “sentidos de estado”.
Fica até a dúvida .... se o Pedroso tivesse sido libertado ontem de manhã, será que Martins da Cunha se teria demitido ? Ou ainda o aguentavam mais um bocadinho a ver como paravam as modas das notícias...
Está criada a ideia de que o pais não beneficia com estas crises políticas : falso ! Pode beneficiar, sim senhor !
Aqueles a que nós convencionámos chamar “ os portugueses” continuam excessivamente resignados a ser considerados os bombos da festa.
Mantemos colado na nossa débil “consciência colectiva” que só quem tem poder , dinheiro e amigalhaços é que tem direito a rir-se com o palhaço rico.
No circo da justiça, da saúde, da segurança, da educação, dos impostos, o cidadão comum sente que há trapezistas com redes mais fortes e outros com redes mais frágeis. Este sentimento generalizado é o claro sinal do nosso “atraso de cidadania”. Mas firmemente baseado nos factos e nos seus esgares.
Estas crises, e a sua “manipulação”, constituiriam uma das boas oportunidades para quem está no poder de demonstrar que não será assim.
Para ver se as pessoas começam a ter condições para pensar que:...
A D. Idalina que continua a sair de Massamá às 6.00, e continua a pôr a filha no infantário na Buraca, e continua apanhar o comboio para ir conferir facturas no escritório de uma multinacional de cornflakes, e...
Muito bem,...ela até nunca irá comprar as malas na Louis Vuitton, nem irá passar férias aos molhos em Cancun, mas ...ela irá sabendo que :
quando estiver na bicha da caixa nenhuma filha de nenhum cabo de esquadra lhe passará à frente, e..
quando estiver a ser inspeccionada pelo IRS, a chateiam tanto por causa da factura do creme para as verrugas que ela endrominou, como chateiam o enteado do chefe de gabinete por causa das mais valias que não declarou
quando a filha estiver para ir para o liceu, pode não ir para o liceu Francês, mas na escola dela os professores ensinam bem e não estão de baixa a dar explicações por fora
E “arrisco” mais ainda, a pequena sensação de vingança que pode assolar a Idalina, por ver que um ministro também foi apanhado na curva, também é boa! Ela cresce no “são orgulho” de que, no tal “estado-nação” onde ela está enfronhada, os privilégios são só os que vêm na lei.
E quem pensa: ela quer lá saber disso, ela se puder ir almoçar fora todos os fins de semana, suporta bem os ministros corruptos...quem pensa assim... merece ir viver para Massamá
E ainda acrescento – à borla - quem é vítima não é o ministro que vai para casa, nem sequer a filha, a vítima é a “alma” da Idalina, que podia ter visto quem “mexe os cordelinhos” actuar imediatamente, sem hesitações, e sem falsificar companheirismos e “sentidos de estado”.
Fica até a dúvida .... se o Pedroso tivesse sido libertado ontem de manhã, será que Martins da Cunha se teria demitido ? Ou ainda o aguentavam mais um bocadinho a ver como paravam as modas das notícias...
Vírus falante
Atravessa o linguarejar do poder político que o referendo sobre a constituição europeia é fundamental para legitimar o “sim” !...
Terei ouvido bem ?
Então, mas essa coisa das eleições não serve para a populaça poder escolher "sim" ou "não"? ...
Claro, depois de termos sido superiormente esclarecidos- como Sampaio manda – com o amplo debate abrilhantado pelos comentaristas de turno.
Ah!.. está bem, democracia era só aquela coisa dos gregos. Agora é a endémicocracia. Somos governados pelos vírus bem falantes, que parasitam criteriosamente espalhados no corpinho da plebe mal imunizada.
Atravessa o linguarejar do poder político que o referendo sobre a constituição europeia é fundamental para legitimar o “sim” !...
Terei ouvido bem ?
Então, mas essa coisa das eleições não serve para a populaça poder escolher "sim" ou "não"? ...
Claro, depois de termos sido superiormente esclarecidos- como Sampaio manda – com o amplo debate abrilhantado pelos comentaristas de turno.
Ah!.. está bem, democracia era só aquela coisa dos gregos. Agora é a endémicocracia. Somos governados pelos vírus bem falantes, que parasitam criteriosamente espalhados no corpinho da plebe mal imunizada.
Como terminar o calvário dos políticos
Tentando ir ao encontro das legítimas "ansiedades" do Liberdade de Expressão, penso que a única hipótese de safar isto é consagrar em sede de "lei de primeira categoria", o seguinte :
Por definição não há políticos nem desonestos, nem com honra
Os políticos só são obrigados a prometer o que não podem cumprir
Os políticos não devem ter responsabilidades, apenas habilidades
Os políticos podem avisar antes de dizer a verdade
Os políticos devem ser apenas reeleitos, não precisam de ser eleitos
O eleitor devia pagar propinas para votar. Os políticos podem conceder bolsas de voto.
A posição alcançada pelas elites deve ser protegida por deus. Na sua ausência, pela SIC.
Os políticos devem ter nomes de santos. Também não devem ser invocados em vão.
E retenho : "A forma mais sofistidada de populismo é o anti-populismo". Em cheio.
Tentando ir ao encontro das legítimas "ansiedades" do Liberdade de Expressão, penso que a única hipótese de safar isto é consagrar em sede de "lei de primeira categoria", o seguinte :
Por definição não há políticos nem desonestos, nem com honra
Os políticos só são obrigados a prometer o que não podem cumprir
Os políticos não devem ter responsabilidades, apenas habilidades
Os políticos podem avisar antes de dizer a verdade
Os políticos devem ser apenas reeleitos, não precisam de ser eleitos
O eleitor devia pagar propinas para votar. Os políticos podem conceder bolsas de voto.
A posição alcançada pelas elites deve ser protegida por deus. Na sua ausência, pela SIC.
Os políticos devem ter nomes de santos. Também não devem ser invocados em vão.
E retenho : "A forma mais sofistidada de populismo é o anti-populismo". Em cheio.
Ainda sobre importância das coisas e as portas que se abrem.
Quando foi da ofensiva no Iraque, o comando militar americano informou a dado momento que as forças americanas já estavam capazes de atacar os “alvos de oportunidade”
Esta estratégia militar reflecte uma situação simultaneamente "precária e interessante".
À falta das “referencias” estáveis e dalguma forma perenes, leva a que nos orientemos cada vez mais por pequenos sinais.
O “momento” passa a concorrer com o “planeamento”.
Esta “gestão” das portas que se abrem e fecham é uma das ambiguidades do nosso tempo. Tempos em que se tem de equilibrar a unidade do ser com a oportunidade do estar. É assim que vamos pesando a importância das coisas.
Não queremos viver nem numa cela, nem numa contínua corrente de ar.
E estou de acordo com o serportuguês : quando vemos uma porta fechada temos mesmo é que a abrir. Como os miúdos. E quando vemos uma porta aberta temos é de espreitar. Como os graúdos.
Ah!...quantas portas abriríamos...se...
“ Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes “
de Sofia de Mello Breyner
Quando foi da ofensiva no Iraque, o comando militar americano informou a dado momento que as forças americanas já estavam capazes de atacar os “alvos de oportunidade”
Esta estratégia militar reflecte uma situação simultaneamente "precária e interessante".
À falta das “referencias” estáveis e dalguma forma perenes, leva a que nos orientemos cada vez mais por pequenos sinais.
O “momento” passa a concorrer com o “planeamento”.
Esta “gestão” das portas que se abrem e fecham é uma das ambiguidades do nosso tempo. Tempos em que se tem de equilibrar a unidade do ser com a oportunidade do estar. É assim que vamos pesando a importância das coisas.
Não queremos viver nem numa cela, nem numa contínua corrente de ar.
E estou de acordo com o serportuguês : quando vemos uma porta fechada temos mesmo é que a abrir. Como os miúdos. E quando vemos uma porta aberta temos é de espreitar. Como os graúdos.
Ah!...quantas portas abriríamos...se...
“ Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes “
de Sofia de Mello Breyner
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Todos nós temos o secreto desejo de que os tratados de moralidade se inspirem na nossa nobre alma. A política moderna resolve também esse problema, estando sempre com a mão na consciência. O novo dicionário não ilustrado seguiu esse processo ( entradas 199 a 207 )
Consciência tranquila – Estado de hibernação moral em que o grande sono do bem estar se sucede ao desconforto de uma vigília demasiado exigente.
Consciente da realidade – Estado extremamente perigoso, onde a excitação pode tomar o lugar geralmente ocupado pela estupidez. Só que a estupidez já estava bem acamada, pouco se mexia, e agora a consciência vai ter que, alvoroçadamente, fazer o ninho outra vez.
Consciência do dever cumprido – Momento de rara felicidade, geralmente vivido junto ao espelho, ou de rara micose no couro cabeludo sentado a uma secretária com uma folha de papel em branco.
Consciência Limpa – Estado asséptico e letárgico alcançado à base de purgas sucessivas, efectuadas à custa das consciências alheias que ficam conspurcadas sem saber como
Consciência pesada – Situação em que, por falta de válvula de escape apropriada, a compressão do juízo moral transforma um acto banal numa política social
Consciência do dever – Característica dalguns predestinados que lhes permite saber em qualquer momento, qual o buraco bem mobilado em que se podem meter, se a radioactividade da crise atingir o nível de “alerta vermelho”.
Consciência de classe – Tipo de consciência aparentemente caída em desuso, mas que tem vindo a ser recuperada face ao endividamento sufocante, ao sucesso dalguns na especulação imobiliária e às revistas de sociedade.
Inconsciência – Fatalidade que acomete certos actos da governação, desviando-os do nosso próprio e legítimo benefício, e que alargam a felicidade dos malandros que nos atrapalham o caminho
Agir em consciência – Acto falho. Quanto o garanhão da vontade própria renuncia perante o obstáculo do “dever por encomenda”.
Consciência tranquila – Estado de hibernação moral em que o grande sono do bem estar se sucede ao desconforto de uma vigília demasiado exigente.
Consciente da realidade – Estado extremamente perigoso, onde a excitação pode tomar o lugar geralmente ocupado pela estupidez. Só que a estupidez já estava bem acamada, pouco se mexia, e agora a consciência vai ter que, alvoroçadamente, fazer o ninho outra vez.
Consciência do dever cumprido – Momento de rara felicidade, geralmente vivido junto ao espelho, ou de rara micose no couro cabeludo sentado a uma secretária com uma folha de papel em branco.
Consciência Limpa – Estado asséptico e letárgico alcançado à base de purgas sucessivas, efectuadas à custa das consciências alheias que ficam conspurcadas sem saber como
Consciência pesada – Situação em que, por falta de válvula de escape apropriada, a compressão do juízo moral transforma um acto banal numa política social
Consciência do dever – Característica dalguns predestinados que lhes permite saber em qualquer momento, qual o buraco bem mobilado em que se podem meter, se a radioactividade da crise atingir o nível de “alerta vermelho”.
Consciência de classe – Tipo de consciência aparentemente caída em desuso, mas que tem vindo a ser recuperada face ao endividamento sufocante, ao sucesso dalguns na especulação imobiliária e às revistas de sociedade.
Inconsciência – Fatalidade que acomete certos actos da governação, desviando-os do nosso próprio e legítimo benefício, e que alargam a felicidade dos malandros que nos atrapalham o caminho
Agir em consciência – Acto falho. Quanto o garanhão da vontade própria renuncia perante o obstáculo do “dever por encomenda”.
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dicionário não ilustrado
Parecer ser para ser bem aparecido
A vida em sociedade, tal como assistimos e participamos, com mais ou menos comoção, mais ou menos exaltação e mais ou menos indiferença, assenta em “variáveis” muitas delas de insondável ponderação.
A condição do indivíduo perante o Estado, é uma delas e existe não só “in facto”, mas também ( essencialmente ? ) na percepção individual dessa condição.
Esta percepção é então por sua vez um elemento chave daquilo a que se poderá chamar a “coabitação saudável do indivíduo com um poder autoritário, discricionário, externo, legal e organizado”
Tem-se aceite que essa sã coabitação é nevrálgica para o chamado “aperfeiçoamento da sociedade”.
O principal atentado a essa percepção é a emissão voluntária ou involuntária de sinais que revelem a fragilidade ( real ou potencial ) do indivíduo perante esse poder. E pior, que mostrem que só "há é que aguentar".
Por mais que possa custar a quem julga ter os seus direitos bem defendidos, a quem pensa que o poder cai na rua, ou que se perde a eficiência, ou que seremos governados por tolos sérios, não vejo alternativa : O estado tem de parecer ser dos cidadãos. O direito por si só não resolve o "dilema" ( como bem se lia no teorias do céu “ o direito dificilmente reporá a protecção contra a intrusão arbitrária do soberano na escolha individual” )
E sejam bem aparecidos os que parecem bem. ( eu nem acredito que escrevi isto !...)
A mão invisível tomará conta do resto. E o novo dicionário afagará as minhas mágoas.
Ah ...esqueci-me, temos escolhas sim senhor ..aquele rapaz alemão de bigode pequenino...
A vida em sociedade, tal como assistimos e participamos, com mais ou menos comoção, mais ou menos exaltação e mais ou menos indiferença, assenta em “variáveis” muitas delas de insondável ponderação.
A condição do indivíduo perante o Estado, é uma delas e existe não só “in facto”, mas também ( essencialmente ? ) na percepção individual dessa condição.
Esta percepção é então por sua vez um elemento chave daquilo a que se poderá chamar a “coabitação saudável do indivíduo com um poder autoritário, discricionário, externo, legal e organizado”
Tem-se aceite que essa sã coabitação é nevrálgica para o chamado “aperfeiçoamento da sociedade”.
O principal atentado a essa percepção é a emissão voluntária ou involuntária de sinais que revelem a fragilidade ( real ou potencial ) do indivíduo perante esse poder. E pior, que mostrem que só "há é que aguentar".
Por mais que possa custar a quem julga ter os seus direitos bem defendidos, a quem pensa que o poder cai na rua, ou que se perde a eficiência, ou que seremos governados por tolos sérios, não vejo alternativa : O estado tem de parecer ser dos cidadãos. O direito por si só não resolve o "dilema" ( como bem se lia no teorias do céu “ o direito dificilmente reporá a protecção contra a intrusão arbitrária do soberano na escolha individual” )
E sejam bem aparecidos os que parecem bem. ( eu nem acredito que escrevi isto !...)
A mão invisível tomará conta do resto. E o novo dicionário afagará as minhas mágoas.
Ah ...esqueci-me, temos escolhas sim senhor ..aquele rapaz alemão de bigode pequenino...
Confissões monologadas de um futuro ex-ministro no “corredor da morte”
Eu acho que sou praticamente um homem bom.
Vivo embalado pela minha honestidade. A minha consciência está tão tranquila que só de pensar na maldade ( a dos outros claro ) me dá convulsões.
Angustia-me que se possam suspeitar de que eu tenha prejudicado alguém. Para mim todos os homens são iguais. Até as mulheres também são. Condescendo alguma diferença para os bichos. Mas trato-os como irmãos.
Nunca fugi das minhas humildes responsabilidades. Até já me pediram muitos favores. Mas eu não sou de favorecer ninguém. Fico com pânico de que outra alma indefesa possa ficar apeada dos seus direitos. Sou assim pronto. Até dizem que sou socialista.
Como eu gostava que todos pudessem ter acedido às oportunidades que eu tive. Se calhar é por isso que há pessoas tão revoltadas. Mas nada justifica a sermos vingativos. E às vezes dá no que dá. Desgraças.
É pena a sociedade não ser como eu. Até aprendi a amar as diferenças e ter com elas o encantamento do encontro. É isso a felicidade. E está ao alcance de todos os que têm boa vontade. E querer é poder como eu costumo dizer.
O meu sonho é ser entrevistado para a revista XIS; se uma daquelas jornalistas do glória fácil me perguntasse o que era amar, eu dizia-lhe que era ser eu próprio.
Nunca menti. Tenho a verdadeira obsessão da verdade, mesmo que não seja compreendido. Prefiro prejudicar-me a atraiçoar a verdade. Aqui sim, sou intransigente. Já sustive muitas vezes as lágrimas, para não fazer sofrer mais ninguém.
Só me dilacera que desconfiem de mim, porque eu sou de muita confiança. As pessoas conhecem-me, eu era incapaz de fazer mal a alguém.
Se calhar a recompensa que vou receber é virarem-me as costas. Mas nunca peço nada para mim.
Pode parecer falsidade, mas eu sou mesmo assim.
Se calhar foi da educação que tive, ou então é do bichinho do bem que eu tenho cá dentro.
Eu acho que sou praticamente um homem bom.
Vivo embalado pela minha honestidade. A minha consciência está tão tranquila que só de pensar na maldade ( a dos outros claro ) me dá convulsões.
Angustia-me que se possam suspeitar de que eu tenha prejudicado alguém. Para mim todos os homens são iguais. Até as mulheres também são. Condescendo alguma diferença para os bichos. Mas trato-os como irmãos.
Nunca fugi das minhas humildes responsabilidades. Até já me pediram muitos favores. Mas eu não sou de favorecer ninguém. Fico com pânico de que outra alma indefesa possa ficar apeada dos seus direitos. Sou assim pronto. Até dizem que sou socialista.
Como eu gostava que todos pudessem ter acedido às oportunidades que eu tive. Se calhar é por isso que há pessoas tão revoltadas. Mas nada justifica a sermos vingativos. E às vezes dá no que dá. Desgraças.
É pena a sociedade não ser como eu. Até aprendi a amar as diferenças e ter com elas o encantamento do encontro. É isso a felicidade. E está ao alcance de todos os que têm boa vontade. E querer é poder como eu costumo dizer.
O meu sonho é ser entrevistado para a revista XIS; se uma daquelas jornalistas do glória fácil me perguntasse o que era amar, eu dizia-lhe que era ser eu próprio.
Nunca menti. Tenho a verdadeira obsessão da verdade, mesmo que não seja compreendido. Prefiro prejudicar-me a atraiçoar a verdade. Aqui sim, sou intransigente. Já sustive muitas vezes as lágrimas, para não fazer sofrer mais ninguém.
Só me dilacera que desconfiem de mim, porque eu sou de muita confiança. As pessoas conhecem-me, eu era incapaz de fazer mal a alguém.
Se calhar a recompensa que vou receber é virarem-me as costas. Mas nunca peço nada para mim.
Pode parecer falsidade, mas eu sou mesmo assim.
Se calhar foi da educação que tive, ou então é do bichinho do bem que eu tenho cá dentro.
A geometria euclidiana não conseguiu descortinar que uma circunferência era uma figura geométrica com quatro lados. Foi a política que revolucionou, quando veio demonstrar que tal era possível se os lados fossem levemente arredondados.
Que lados eram esses foi o que o novo dicionário não ilustrado acabou por descobrir :( entradas 195 a 198 )
Influência – Tipo de vírus cuja propagação se faz muitas vezes com o gozoso consentimento do hospedeiro e o acolhedor carinho do infectado
Alternativa – Figura de estilo que mescla a tauromaquia com os mais finos bares de estrada espanhóis, e que permite, com tamanho enxerto, escolher a melhor farpa e, logo de seguida, a melhor cama.
Expectativa – Paródia com figurantes escolhidos a dedo, com ponto amestrado, e que bate os recordes de assistência na ante-estreia. O encenador é também o artista mor. O pano está sempre em baixo.
Imagem – Objecto de deleite, que frequentemente serve para abafar o mero dislate, e que muitas vezes apetece fazer delete
O mundo acaba por ser um “esferoide” à imagem e semelhança da geometria política, ou seja, ou mais ou menos empenado.
Que lados eram esses foi o que o novo dicionário não ilustrado acabou por descobrir :( entradas 195 a 198 )
Influência – Tipo de vírus cuja propagação se faz muitas vezes com o gozoso consentimento do hospedeiro e o acolhedor carinho do infectado
Alternativa – Figura de estilo que mescla a tauromaquia com os mais finos bares de estrada espanhóis, e que permite, com tamanho enxerto, escolher a melhor farpa e, logo de seguida, a melhor cama.
Expectativa – Paródia com figurantes escolhidos a dedo, com ponto amestrado, e que bate os recordes de assistência na ante-estreia. O encenador é também o artista mor. O pano está sempre em baixo.
Imagem – Objecto de deleite, que frequentemente serve para abafar o mero dislate, e que muitas vezes apetece fazer delete
O mundo acaba por ser um “esferoide” à imagem e semelhança da geometria política, ou seja, ou mais ou menos empenado.
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O espelho do reflexos deixa de dar sinais, mas eu fico com o “desassossego provocado pelo estranho nomadismo das (suas) imagens.”
Sacrifícios
“Não me venham pedir milagres “ disse hoje a nossa Nélinha Ferreira Leite.
Bem, ...
à moça, de facto...
já não a deixam brincar aos juros,
já não a deixam ir à tipografia fazer umas notas à maneira,
o saldanha sanches não a deixa inventar mais impostos,
e os ministros não têm nenhum corpinho de jeito...
por favor ! Arranjem-lhe uma azinheira rápido !
Depois, à Santa Nélinha da Ladeira do Déficit, para três pastorinhos...sugiro-lhe dos melhores apascentadores da pradaria :
F. Louçã; penitência : fazer uma via-sacra à casa branca e pedir ao bush para subir a renda das Lages.
P. Portas; penitência : nomear o Monteiro procurador-geral da república
M. Soares; penitência: estar calado e ir para voluntário da cruz vermelha
... O dinheiro havia de aparecer ! Era só tarifar em condições as indulgências....
“Não me venham pedir milagres “ disse hoje a nossa Nélinha Ferreira Leite.
Bem, ...
à moça, de facto...
já não a deixam brincar aos juros,
já não a deixam ir à tipografia fazer umas notas à maneira,
o saldanha sanches não a deixa inventar mais impostos,
e os ministros não têm nenhum corpinho de jeito...
por favor ! Arranjem-lhe uma azinheira rápido !
Depois, à Santa Nélinha da Ladeira do Déficit, para três pastorinhos...sugiro-lhe dos melhores apascentadores da pradaria :
F. Louçã; penitência : fazer uma via-sacra à casa branca e pedir ao bush para subir a renda das Lages.
P. Portas; penitência : nomear o Monteiro procurador-geral da república
M. Soares; penitência: estar calado e ir para voluntário da cruz vermelha
... O dinheiro havia de aparecer ! Era só tarifar em condições as indulgências....
Como eu invejo um bom ritual
No “post” anterior referi-me à centrifugação. Mal ficaria que não desse nota dum blog com esse nome, que eu descobri recentemente e que gosto de ler. Ainda há pouco tempo aí se lia :
“Este ritual arrasta-se até eu ter comichão na cabeça ou noutra parte qualquer e decidir que são horas de banho com lavagem de cabelo”
Gosto.
No “post” anterior referi-me à centrifugação. Mal ficaria que não desse nota dum blog com esse nome, que eu descobri recentemente e que gosto de ler. Ainda há pouco tempo aí se lia :
“Este ritual arrasta-se até eu ter comichão na cabeça ou noutra parte qualquer e decidir que são horas de banho com lavagem de cabelo”
Gosto.
Centrifugações
Andei com as "roupinhas do menino Jesus" nos braços.
Nem sabia bem o que lhes fazer. Mas não podia ficar com elas assim...eram paninhos de gente boa...
.
do Cruzes
"o Novo Testamento não é fruto directo e acabado dos ensinamentos de Jesus, mas antes fruto de uma teologia ou tradição cristã. Teologia essa que, como outras da altura, procurava responder satisfatoriamente todos os paradoxos e questões irrespondidas que a persona Jesus de Nazaré lhes havia legado. "
do Avatares
"Mas também não é necessário chegar ao Jesus histórico, ele mesmo. Muitos dos que o conheceram em directo, não só não creram nele, como até o mataram!"
do Miniscente
"Trata-se de entender que o período da chamada revelação cristã é ocorre num período em que a literatura apocalíptica judaica dominava imagética e retoricamente. "
"Embora a simbólica da redenção remeta para um avènement do novo reino, este só se viria a cumprir no mistério e constituir-se-ia, portanto, como objecto de revelação contínua."
ainda do Cruzes
"O conceito de escrever e venerar as histórias e princípios religiosos não era considerado fundamental, pois as religiões eram quase sempre locais e específicas"
"Entre a tradição e o texto, certamente a tradição lhes pareceria mais fiável."
"O que isto implica é que os primeiros cristão teriam uma grande tolerância para com inconsistências, disparidades e contradições entre os vários evangelhos e não sentiriam a necessidade que eles fossem rigorosamente iguais."
da Voz
"A Escritura não aplaca as dúvidas. Nem tem "bons acabamentos". Por isso creio que é a Revelação. Pois sobrevive a uma natural fragmentação redactorial que não se preocupou em fabricar uma imagem cuidada."
do Reflexos
"A época da imagem foi aquela, teológica, onde a imagem de Deus organizava todas as outras, mas também todas as coisas, e que, secretamente, nos dizia que o «existente» na sua insana profusão era sempre o mesmo, uma pálida imagem de algo mais essencial, a salvação, para que tudo remetia, e de que dava testemunho"
Compactar e enfardar estava fora de questão.
Lembrei-me de misturar tudo. E depois centrifuguei. Foram-se separando os inseparáveis e juntado os incompatíveis. Passei a ferro e engomei , para dar aspecto de novo:
.As “Escrituras” não surgiram para aplacar dúvidas. São fruto de muitas coisas dentre as quais a teologia e a tradição cristãs.
Os princípios religiosos “nesses tempos”, como se calhar agora, não eram fundamentais, e os primeiros destinatários também não se apoquentavam, felizmente, com tantas inconsistências. A tradição mantinha-lhes o fogo acesso, pois a imagem de Deus organizava-lhes todas as simbolizações.
A revelação é assim um acto histórico, que convive a par de um acto íntimo.
A nossa “apocalíptica interior” será sempre dominada pela imagem da salvação, para a qual todo o “processo religioso” remete.
....
A Fé vai parecendo fiável. Avança-se. A revelação também avança, sem especial empenho nos acabamentos.
O novo reino será sempre objecto de revelação continua.
Onde ? Numa conversa, numa brisa, numa asneira, numa gaja, num susto, num nada, numa mãe, num cabo telefónico, numa tese de doutoramento, numa porra...
Mas temos de estar sempre com um olho em nós e outro no etcetera.
É que o discurso científico desagua sempre no "mistério" da probabilidade.
E Deus é tão omnipresente que até está nos evangelhos.
A sua benção é que passou completamente ao lado deste post...
Andei com as "roupinhas do menino Jesus" nos braços.
Nem sabia bem o que lhes fazer. Mas não podia ficar com elas assim...eram paninhos de gente boa...
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do Cruzes
"o Novo Testamento não é fruto directo e acabado dos ensinamentos de Jesus, mas antes fruto de uma teologia ou tradição cristã. Teologia essa que, como outras da altura, procurava responder satisfatoriamente todos os paradoxos e questões irrespondidas que a persona Jesus de Nazaré lhes havia legado. "
do Avatares
"Mas também não é necessário chegar ao Jesus histórico, ele mesmo. Muitos dos que o conheceram em directo, não só não creram nele, como até o mataram!"
do Miniscente
"Trata-se de entender que o período da chamada revelação cristã é ocorre num período em que a literatura apocalíptica judaica dominava imagética e retoricamente. "
"Embora a simbólica da redenção remeta para um avènement do novo reino, este só se viria a cumprir no mistério e constituir-se-ia, portanto, como objecto de revelação contínua."
ainda do Cruzes
"O conceito de escrever e venerar as histórias e princípios religiosos não era considerado fundamental, pois as religiões eram quase sempre locais e específicas"
"Entre a tradição e o texto, certamente a tradição lhes pareceria mais fiável."
"O que isto implica é que os primeiros cristão teriam uma grande tolerância para com inconsistências, disparidades e contradições entre os vários evangelhos e não sentiriam a necessidade que eles fossem rigorosamente iguais."
da Voz
"A Escritura não aplaca as dúvidas. Nem tem "bons acabamentos". Por isso creio que é a Revelação. Pois sobrevive a uma natural fragmentação redactorial que não se preocupou em fabricar uma imagem cuidada."
do Reflexos
"A época da imagem foi aquela, teológica, onde a imagem de Deus organizava todas as outras, mas também todas as coisas, e que, secretamente, nos dizia que o «existente» na sua insana profusão era sempre o mesmo, uma pálida imagem de algo mais essencial, a salvação, para que tudo remetia, e de que dava testemunho"
Compactar e enfardar estava fora de questão.
Lembrei-me de misturar tudo. E depois centrifuguei. Foram-se separando os inseparáveis e juntado os incompatíveis. Passei a ferro e engomei , para dar aspecto de novo:
.As “Escrituras” não surgiram para aplacar dúvidas. São fruto de muitas coisas dentre as quais a teologia e a tradição cristãs.
Os princípios religiosos “nesses tempos”, como se calhar agora, não eram fundamentais, e os primeiros destinatários também não se apoquentavam, felizmente, com tantas inconsistências. A tradição mantinha-lhes o fogo acesso, pois a imagem de Deus organizava-lhes todas as simbolizações.
A revelação é assim um acto histórico, que convive a par de um acto íntimo.
A nossa “apocalíptica interior” será sempre dominada pela imagem da salvação, para a qual todo o “processo religioso” remete.
....
A Fé vai parecendo fiável. Avança-se. A revelação também avança, sem especial empenho nos acabamentos.
O novo reino será sempre objecto de revelação continua.
Onde ? Numa conversa, numa brisa, numa asneira, numa gaja, num susto, num nada, numa mãe, num cabo telefónico, numa tese de doutoramento, numa porra...
Mas temos de estar sempre com um olho em nós e outro no etcetera.
É que o discurso científico desagua sempre no "mistério" da probabilidade.
E Deus é tão omnipresente que até está nos evangelhos.
A sua benção é que passou completamente ao lado deste post...
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