O cálice da vitória



Mourinho reflecte cada vez mais um tique muito especial. O tique do sucesso mal assimilado, do sucesso mal resolvido, do sucesso mal relativizado.

No FCPorto encontramos um fenómeno muito próprio do alcoolismo: quem sofre deste “vício” basta-lhe uma pinguita para ficar bêbedo; aos do FCPorto basta-lhes também uma pequena contrariedade para assumirem uma posição absoluta, extremada e patética de valorização do seu sucesso. Encapotada da nobre estratégia de “ fingir perseguido para melhor prosseguir “.

Os “meus” lagartos, por exemplo, andaram uma carrada de anos à míngua, e acabaram por ganhar um campeonato sem estar à espera, lá fizeram a sua festarola e pronto: Partiram para outra - disparate claro, mas não ficaram a “remoer” na vitória. Depois ganharam outra vez, disseram-lhes que foi o Jardel que ganhou sozinho, mas olha ...gozaram a vitória, repetiram a festarola e partiram para outra – disparate claro, mas sem dramas, sem nostalgias folclóricas, sem bacocas psicologias de galvanização.

Esta vertigem “tripeira” do sucesso, comummente associada ao afã-desmedido-de-vencer-próprio-dos-grandes-campeões-dos-quais-rezará-a-história, mais me parece agora o exibicionismo de um falso complexo de superioridade, que procura esconder o tal profundo e envergonhado complexo de inferioridade. O eros e thanatos do bulhão.

A competência não é sinónima de bem-estar, nem de estar-bem. Competência é apenas competência. Um purgatório, não um paraíso.

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