Crises... venham elas



Está criada a ideia de que o pais não beneficia com estas crises políticas : falso ! Pode beneficiar, sim senhor !



Aqueles a que nós convencionámos chamar “ os portugueses” continuam excessivamente resignados a ser considerados os bombos da festa.



Mantemos colado na nossa débil “consciência colectiva” que só quem tem poder , dinheiro e amigalhaços é que tem direito a rir-se com o palhaço rico.



No circo da justiça, da saúde, da segurança, da educação, dos impostos, o cidadão comum sente que há trapezistas com redes mais fortes e outros com redes mais frágeis. Este sentimento generalizado é o claro sinal do nosso “atraso de cidadania”. Mas firmemente baseado nos factos e nos seus esgares.



Estas crises, e a sua “manipulação”, constituiriam uma das boas oportunidades para quem está no poder de demonstrar que não será assim.



Para ver se as pessoas começam a ter condições para pensar que:...

A D. Idalina que continua a sair de Massamá às 6.00, e continua a pôr a filha no infantário na Buraca, e continua apanhar o comboio para ir conferir facturas no escritório de uma multinacional de cornflakes, e...

Muito bem,...ela até nunca irá comprar as malas na Louis Vuitton, nem irá passar férias aos molhos em Cancun, mas ...ela irá sabendo que :

quando estiver na bicha da caixa nenhuma filha de nenhum cabo de esquadra lhe passará à frente, e..



quando estiver a ser inspeccionada pelo IRS, a chateiam tanto por causa da factura do creme para as verrugas que ela endrominou, como chateiam o enteado do chefe de gabinete por causa das mais valias que não declarou



quando a filha estiver para ir para o liceu, pode não ir para o liceu Francês, mas na escola dela os professores ensinam bem e não estão de baixa a dar explicações por fora




E “arrisco” mais ainda, a pequena sensação de vingança que pode assolar a Idalina, por ver que um ministro também foi apanhado na curva, também é boa! Ela cresce no “são orgulho” de que, no tal “estado-nação” onde ela está enfronhada, os privilégios são só os que vêm na lei.



E quem pensa: ela quer lá saber disso, ela se puder ir almoçar fora todos os fins de semana, suporta bem os ministros corruptos...quem pensa assim... merece ir viver para Massamá



E ainda acrescento – à borla - quem é vítima não é o ministro que vai para casa, nem sequer a filha, a vítima é a “alma” da Idalina, que podia ter visto quem “mexe os cordelinhos” actuar imediatamente, sem hesitações, e sem falsificar companheirismos e “sentidos de estado”.



Fica até a dúvida .... se o Pedroso tivesse sido libertado ontem de manhã, será que Martins da Cunha se teria demitido ? Ou ainda o aguentavam mais um bocadinho a ver como paravam as modas das notícias...





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