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Máquina de fazer bettencourtes (VII)

«Os sócios, obviamente, não merecem o que se passou (...). A história do clube terá de voltar a ser grande como sempre foi», terá dito aquela abécula que assina e responde pelo nome de bettencout, e que em ambiente de epidural generalizada logrou abancar de camarote estofado e presidencializar-se na lagartada.

Ora passa-se o mesmo no que concerne aqui a este vosso humilde blog. Este blog é dos seus leitores, e eles não merecem o que aqui se passou. A história deste blog vai voltar a ser grande, como sempre foi, nem que seja preciso «forçar um pouco a mão» - como diria o nosso amigo lacão - numa clássica série de pívia-posts onde, por exemplo, poderia elucubrar sobre os clássicos russos e o efeito dos sonhos com Sónia Marmieladova na mente de um jovem adolescente. É preciso voltar a aproximar este blog dos seus leitores, dignificar o momento nobre que significa ocuparem-se da sua leitura, honrar as dioptrias que generosamente aqui derretem, nem que o lacrimejar provocado pela minha imensa sensibilidade vos espatife o rímel. Postador e leitor têm de estar unidos, doravante deixarão tudo em cada post, como se cada post fosse um fragmento de mimetismo, como se cada post fosse o último post . Voltaremos a ser grandes, devastaremos os todos com a beleza tensa dos detalhes, teremos os tecnoratis aos nossos pés, voltaremos a erguer os cachecóis no ar, nem que seja para linkar o jugular.
No entanto, antes de vos contar os meus sonhos com sónia marmieladova, gostaria de aproveitar esta oportunidade que me é concedida para dizer que se por acaso se lembrarem de colocar umas bandeirolas em brasa pelo cuzinho acima dos jogadores e restante pessoal técnico da lagartada, - massagistas, cabeleireiros e presidentes incluídos - contem comigo para dar um empurrãozinho, ou, se for caso, ir abanando para a brasa nunca apagar.

máquina de fazer crespos (VI)

Não sei se já vos tinha dito mas, noutro dia, a primeira-vampe Bárbara Guimarães, as vampes adjuntas Claudia Vieira e Soraia Chaves e uma executiva da FHM da República Checa encontraram-se à hora do lanche no cabeleireiro de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica duma conversa ouvida nos secadores de cabelo em redor e inclusivamente na zona da marquesa da pedicure Idalina que tem ouvidos de tísica. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como esteticamente débil por nunca lhes ter feito uma alusão cerimoniosa ou pelo menos posto uma fotografia delas neste blog; seria assim alguém que pouco mais mereceria do que ir para o twitter escrever anedotas de alentejanos ou comentar declarações do Roubini. Fui descrito como um bloggeur impreparado. Que injustiça. Eu que já escrevi posts sobre o Camus, Perec e Clara de Sousa. Definiram-me como um problema, teria de haver uma solução para que eu fosse definitivamente desterrado para o departamento dos blogues sem interesse nenhum, ou, no mínimo, nos blogues religiosos. É fidedigno. O arrumador é meu primo e fez um risco no carro da Soraia Chaves, que pode ser confirmado, ali ao pé da jante, com uma moeda de 50 cents que a Barbara Guimarães lhe tinha dado. Os blogs que não põem as vampes certas nas poses certas, e nem sequer falam do Passos Coelho, pelos vistos não são merecedores da antena mediática que o progresso tecnológico e a liberdade de expressão (vénia) lhes concede. É banal um bloggeeeurrrr sofisticado como este que aqui se esparrama e assina cair no desagrado do vamp system, mas sem essa dialéctica só haveria monólogos. Em sociedades saudáveis os contraditórios são essenciais, sem esse contraditório as vampes ficam sem saber o alcance real dos seus silicones, sem saber o efeito anabolizante das suas papadas ou o teor inebriante dos seus superavites de anca, e sem esse confronto só há lugar para yes-vamps cabeceando em redor das suas curvas mais ou menos photoshapadas. Já conseguiram afastar o blog do Pipi por causa do excesso de sarapitolas, já conseguiram afastar o blog do Pulido valente quando disse que a Ferreira Alves só tinha o 12º ano, já silenciaram o neo-calvinismo do Arroja, não tarda ainda censuram o blog do JPP porque ainda nenhuma delas foi fotografada no banco do jardim de Sto Amaro, e agora eu sou mais um problema que tem de ser solucionado.
Mas eu não sou pressionável. Isto está transformado numa comunidade insalubre, repleta de vampes decadentes, onde espíritos livres e esclarecidos como eu são considerados ofensas, máquinas de insensibilidade e falta de gosto. Que pervertido sentido de vamp. Uma perigosa palhaçada.

Máquina de fazer Rogérios e Evelinos (V)

Há tempos tinha perdido umas preciosas horas a debulhar uma maçaroca inconsequente chamada 'Corpos Vis' de Evelyn Waugh, mas esse acto-falho de leitura podia estar já perfeita e decentemente resolvido no meu contentor de asneiras (onde teria vasta e óptima companhia), não fora dar de caras com esta hemodiálise crítica no Expresso:

« a narrativa de "Corpos Vis" é fragmentária não porque Waugh viu a realidade como fragmentária mas porque detectou na fragmentação deliberada o melhor transporte formal para as suas intenções miméticas» escrita pela vedeta blógsmica aparentemente pseudonomizada como Rogério Casanova.

[fulminado por uma vertigem incontrolável de morbidez antropológica agarro no despojo de posts em livro do mesmo autor - não se preocupem, eu estou habituado a ser por momentos extraordinariamente volúvel - e constato (na contracapa) que podemos estar perante uma «escrita rara em portugal, culta, atrevida, solta, comovida e cheia de ironia»

Se bem que o triângulo atrevido-solto-comovido esteja destinado a transformar trapézios de pálida banalidade em vistosas pirâmides de rara e culta ironia, como entretanto não happenizou nada de entusiasmante na minha vida nos transactos 30 minutos, forcei a minha débil memória a redebruçar-se sobre a última vez que contactei com uma realidade que trouxesse subjacente esse supracitado tripé de devastadora originalidade, e ela ( a memória) encontrou Noémia, uma moça que nos passados anos 80 distribuía prazeres avulsos na zona do Conde Redondo ao preço de um 'Pastoral Portuguesa' por cada, digamos, acto de fellatiedade atrevida-solta-comovida - ao câmbio da data, não que eu tenha pago pois era praticamente eunuco e treinava para muitos anos depois me tornar um romântico tardio.]

Voltando à drenagem crítica de Casanova, Rogério, reparo imediatamente que poderíamos deleitosamente aplicar a mesma receita à fórmula de jogo dos lagartos nos últimos 20 anos, o que daria algo do género: a forma de jogar do sporting é fragmentária como o caralho, não porque os treinadores tenham visto o jogo como fragmentário como o caralho, mas porque detectaram na fragmentação deliberada como o caralho, o melhor transporte formal para as suas intenções miméticas do caralho. (eu tentei sem o caralho, mas resulta pior, acreditem, e desculpem se estiver ao vosso alcance). Ora a principal conclusão que retiro é esta: a partir de hoje todos as minhas intenções miméticas vão ser transportadas formalmente através dum fragmentarismo deliberado.

Refiro desde já, e antes que me venha a esquecer, que a minha última intenção mimética foi quando sorri como o robert redford - já tinha tentado o jude law - para a minha vizinha de cima (que não sei se já vos tinha dito ela é igual à Sharapova) e efectivamente ela me respondeu de forma fragmentária com um enigmático 'boa-tarde', e eu digo enigmático pois como sabemos boa tarde assim dito de forma deliberadamente fragmentária pode significar muita coisa, desde apenas um simples e pachola boa tarde até a um devastadoramente atrevido, solto & comovido boa tarde.

Queria, no entanto, chamar a vossa especial atenção - que a têm generosa, eu sei - para o facto de que: o fragmentarismo deliberado é usado em espectro largo na arte e ciência há bastante tempo, desde o bacalhau à brás até ao tracejado a separar as folhas de papel higiénico ou as faixas de rodagem, e também aqui não apareceu porque o bacalhau fosse uma realidade fragmentária, mas sim porque um cozinheiro sem escrúpulos se lembrou desse processo para o transportar formal e materialmente pela nossa goela abaixo mimetizando mais delicadamente enzimas e bactérias pelos vários apeadeiros.

Sendo verdade que o Evelyn tentou 'etnografar humoristicamente o exotismo das tribos' britânicas no entre-guerras, não é menos verdade que outros autores abordaram um não menos interessante exotismo, mas no entre-pernas e, seja de forma fragmentária seja por atacado, foram logrando transportes formais bastante mais interessantes, provocando vagas de minetismo, perdão mimetismo, que não mereceram tão boa crítica, nem conseguiram ser apelidados de comédia de costumes pelos rogérios em waugha.

Peço especial compreensão para o caso de poder ter andado a fragmentar em demasia, mas o transporte formal do meu mimetismo associado à clareza tensional dos meus detalhes está a revoltar-me duma forma toda ela devastadoramente bela. Bem Hajas, leitor ausente, pela invisível, mas dedicada, companhia.

máquina de fazer gainsbourgues (IV)

'Beck fê-la sentir-se mais confiante com a sua voz também. «éramos só nós dois em estúdio, com um engenheiro de som, e isso facilitou a intimidade e a entrega» diz-nos Belanciano, - o victor e não o arroz, - no Ipsilon, num especial gainsbourguer charlotte, menu big-beck, com molho picante e orgasmos faciais.

eu bem me parecia que devia ter ido para engenheiro de som; uma profissão, diz-nos agora a nossa charlotte, que em certas condições de temperatura e humidade: pode «facilitar a intimidade e a entrega». Esqueçam a capacidade afrodisíaca dos perfumes, esqueçam o paleio marialva, esqueçam as carícias anestesiantes, esqueçam as massagens, esqueçam os banhos de chocolate quente, esqueçam as cenas de ciúmes, esqueçam tudo o que vos lavou o cérebro: apenas a perspectiva dum som mágico e patrocinado pela ordem dos engenheiros facilitadores será suficiente para obtermos o elixir que nos soltará a existência deste devastado e penitencial degredo terrestre: intimidade & entrega . A partir de agora também só escreverei posts em ambientes que facilitem a intimidade e a entrega (incluindo de pizzas), mas que de preferência também propiciem pés quentes, pois sinto uma forte incapacidade em me entregar a quem quer que seja apresentando problemas de irrigação nas extremidades. Informo por isso que neste momento, e na impossibilidade moral de ter comigo uma engenheira de som que conheci na pizzaria em frente (deduzo isso porque exercitava sustenidos com wonderbras) estou a utilizar o computador já em ipad style, pois a covinha que de há uns mesitos para cá faz a minha zona diafragmal ali no quarteirão do dorso a tal mo permite, e cada um pratica a intimidade e a entrega com o que pode e tem mais à mão. Não sei se me sentem também mais confiante, eu diria que sim, mas só desde que enfiei mais um par de meias de lã e introduzi o meu hemisfério sul dentro dum déficit de parede denominado lareira. Apesar de ainda não ter ouvido as músicas, estou de acordo com o Beck, entre um engenheiro de som e a charlotte também teria praticado a intimidade e a entrega com esta última, deixando o primeiro a tratar dos arranjos e da problemática do trifásico. Aguardo assim um disco na sua essência ciclópico: devastador na beleza das misturas, de tensões inteligentemente resolvidas na clareza dos detalhes, e que me permita continuar a minha fase de revolta interior onde pontificam, aqui e acolá, momentos de grande intimidade e entrega.

Máquina de fazer salingueres (III)

Como sabemos, corre de badajoz para cá um concurso de construções na areia para o melhor busto com elogio fúnebre a salinger (a par de outro para acertar no rating da república em 2010 mas sem busto). Dada a circunstância do pessoal poder perfeitamente despachar o serviço de panegiretas dizendo que, ao defunto - que Deus tenha - lhe bastou escrever apenas um livro conhecido, mais a cena macaca do bananafish, tem sido um concurso monótono, tal como se fossemos ao casino e estivesse toda a gente a apostar no 23. No entanto, há sempre um adamastor que se destaca nos intervalos do musgo e desta vez encontrei um brinde no FJViegas, que reza assim:

«Salinger, ao contrário dos políticos, sabia que as revoluções não se fazem com revolucionários (geralmente profissionais) mas com revoltados. É esse o segredo dos autores que mudaram a vida de milhões de leitores»

Queria afirmar, com a solenidade que me permite a situação de estar a sentir uma apertada necessidade de passar a usar calças nº 46, que, a partir de hoje: sou oficialmente um revoltado - e não um revoltado qualquer, mas sim um revoltado profissional. Preparem-se, milhões aí desse lado: vou mudar a vossa vida até agora despovoada de verdadeiras emoções, e duma forma que nem a escova de dentes irá reconhecer a vossa gengiva. Devastar-vos-ei com a clareza tensa do meu discurso, numa epidurálica simbiose de beleza e intensidade que fará qualquer tocador de pífaro passar directamente para a tuba sem passar pelo trombone. Penso que inclusive já deveis estar a sentir, se fordes pessoas sensíveis, qualquer coisita pela espinha acima (ou abaixo, dependerá da hormona que esteja de plantão). Infelizmente o meu segredo foi descoberto - estava preparado para me revoltar apenas quando fizesse as próximas análises à próstata - e assim não posso adiar mais para soltar a revolta que transporto encarcerada no meu buliçoso e cada vez mais roliço ser. Geralmente eu quando revolto assim muito de repente - o homem morreu sem avisar e o fjviegas não soube guardar um segredo - dá-me sede e por isso tenho de fazer umas pausas para dar uma golfada, não estranhem e dêem um desconto pois costumo não ser tão presciente a escrever quando gargarejo - eu nunca engulo, registe-se. Ia então dizendo-vos que a minha revolta poderá abrir-vos horizontes que antes nem suspeitáveis, ainda há pouco, e nem estava completamente revoltado, a minha vizinha de baixo - que é parecida com uma moça que vaporiza revoltosos caracóis nuns anúncios de shampoo - me convidou para um chá verde com gengibre, julgo mesmo que foi assim que o mao começou a grande caminhada, nunca se esqueçam que o acto mais revolucionário é a amizade, sobretudo se vier acompanhada de bastante clareza nos detalhes. Sinto que já estou a mudar a vossa vida e ainda nem fiz uma opa à cimpor. Mas é preciso revoltar em grande para que tudo não revolte ao mesmo.

máquina de fazer beethovenes com gardineres (II)

«é antes através da clareza dos detalhes e da inteligente gestão das tensões do discurso que a grandeza do seu génio mais se revela» diz-nos Cristina Fernandes hoje no Público a propósito de gardiner e a sinfónica de londres à volta dum beethoven.

tenho de confessar que só conheço esse tal de beethoven de ouvir falar e dum presente que recebi no último Natal. No entanto, se tivesse sabido há mais tempo dessa hipótese de juntar 'clareza de detalhes' com 'inteligente gestão de tensões', hoje seria um homem muito mais completo e com fortes possibilidades de transbordar felicidade. Até ao presente para mim 'detalhe' é sinónimo de confusão e 'tensão' sinónimo de fertilizante para a estupidez. Assim, esta receita de beethoven avec gardiner fazia-me o pleno na resolução do maior problema que assola a declinação do meu actual frágil existir: 'tensão nos detalhes'. Ou seja, a vida por grosso afigura-se-me até apresentável e calma, mas se descermos ao retalhado patamar dos detalhes pouco se aproveita: entramos no maravilhoso mundo da devastadora tensão. Como tenho resolvido a coisa? (sem a milagrosa mistura de gardiner com beethoven, claro): tecendo minuciosos rodriguinhos de merda no seu estado psicoólico. Ora fodendo o juízo de quem teve o infortúnio ou mau cálculo de tropeçar comigo no caminho (Deus também cochicha um pouco), ora descobrindo escombros haitianos onde estão apenas douradas areias dominicanas. Estou numa fase devastadoramente bela para quem me queira como inspiração para escrever uma saga de psicopatas com jeito para desenhar cornucópias. Não me compreendem, não, não me compreendem, mas se me compreendessem ainda seria pior.

a máquina de fazer valter hugos mães (I)

«Como perceberá o leitor, ao deparar neste livro com algumas das páginas mais devastadoramente belas da ficção portuguesa recente» jms, em bibliotecário de babel e expresso


O belo que aprecio mais é o devastadoramente belo. Existe o belo apenas arrasador, mas não se compara ao devastador, o devastador como que se nos interpela pelas entranhas e já vi um ou outro belo a devastar-nos até ao pâncreas, inclusive fazem ecografias a pâncreas devastados pelo belo, se bem que a médis não comparticipa em zonas acima da bexiga. A última vez que tinha ficado indeciso no que concerne a um belo, sem saber se era devastador ou apenas arrasador, foi quando li aquele livro de uma fera na selva do henry james por recomendação da inês pedrosa, que como sabemos é uma pessoa completamente refém do belo, esteja ele no formato devastador ou apenas circunscrito ao modelo arrasador. Se no caso do belo literário a pendularidade entre devastação ou arrasamento pode ser determinante para a caracterização da obra em análise (apesar de poder parecer de mau gosto nos dias que correm, os críticos poderiam estabelecer uma escala para o tipo de desgaste que o belo pode provocar no território simbólico do belo do leitor) noutros tipos de belos já a classificativa peri-telúrica poderá ser ela própria devastadora. Se analisarmos o peculiar fenómeno da beleza anatómica feminina, a título de exemplo, já vejo com piores expectativas a sua utilização, seja pelo alarme rodoviário que provocaria um devastadoramente belo par de mamas, seja pelo inusitado risco hipnótico dum devastadoramente belo par de pestanas. Mas, sem querer tornar este meu testemunho devastadoramente aborrecido, coisa que nem sempre consigo, o que me deixa, isso sim, deveras arrasado (não chega a devastar) é escrever sempre desvastador em vez de devastador - ó mãe, quão miserável me sinto por não descobrir na minha sublime interioridade o meu lado de valter hugo, perdido certamente nas mais recônditas, inóspitas e devastadas zonas da minha aborrecida, mas bela, helás, psique.