Sai mais um traumatismo craniano prá mesa daquele senhor gordinho faxavor
‘Nós não temos 9 lesionados, nós temos sim 6 lesões traumáticas mais 3 lesões musculares’
de Peseiro , ontem na conferência de imprensa.
Agora, Deus, claro.
Hoje as notícias da tarde vinham ‘recheadas’ duma desgraçada morte de 6 pessoas num bairro de barracas ( bairro do fim do mundo). Dei há muitos anos, e durante alguns anos, catequese em zonas muito degradadas as cidade de Lisboa e por isso convivi de perto com alguns dos sinais mais extremos da miséria da nossa condição que acabavam por ser vividos pelos próprios das mais diversas maneiras. Desde a revolta à resignação, passando pelo comodismo e pela sincera luta em mudar, e muitas, muitas vezes, tal como nos é próprio: tudo isto misturado.
Esta ocorrência ‘jornalística’ – achei entretanto interessante que o repórter da TSF para saber pormenores sobre aquelas pessoas tivesse entrevistado um ‘freira salesiana’: pelos vistos «quem realmente conhecia aquelas pessoas e aqueles lugares», mas de republicanos, socialistas e laicos, nicles, por isso se elegerem algum para a presidência ainda vou aos cornos a alguém – fez-me lembrar e ir reler que « o sofrimento do oprimido tornou-se (...) o lugar hermenêutico donde nasce o conhecimento da verdade » escrito pelo então Cardeal Ratzinguer no início da década de 90 no seu livro ‘A Igreja e a nova Europa’.
Neste mesmo livro é relevado que «a teoria dos direitos do homem se fundamenta na convicção da ‘criaturalidade’ do Homem, feito à imagem e semelhança de Deus» e que desta deriva a metafísica ocidental. E de facto eu ‘daqui’ não consigo sair quando olho para a brutalidade dos factos quando estes nos são mais próximos e que, se forem apenas avaliados à luz dois valores da civilidade e dos direitos acabam por se esfumar no mesmo tipo de profundidade que possuem todos os existencialismos.
Tornou-se interessante reparar que ainda no referido livro – por lá fui ‘ficando’ enquanto o Polga e o Paíto e o Nelson vão dando uns brindes a uns cabrões duns louros – encontro, numas páginas antes, que muitas vezes somos levados a «substituir a verdade pelos “valores”, procurando chegar, sobre eles, a um acordo ao menos parcial.». E eis aqui o refúgio «analgésico» dos nosso tempos: os tais valores; no fundo muitas vezes apenas filhos do «cepticismo e da desilusão acerca das possibilidades do conhecimento» a fazer as figuras de bailarinas numa cenografia talhada para o uso de saltos altos.
Apetecia-me dizer que prefiro mil vezes uma fé imberbe e tosca, mas ‘rebocável’ pela presença de Deus, a uma arquitectura sofisticada de valores em contínua crise de acessibilidades. Olha, disse.
E vamos a prolongamento. Foda-se, claro.
Hoje as notícias da tarde vinham ‘recheadas’ duma desgraçada morte de 6 pessoas num bairro de barracas ( bairro do fim do mundo). Dei há muitos anos, e durante alguns anos, catequese em zonas muito degradadas as cidade de Lisboa e por isso convivi de perto com alguns dos sinais mais extremos da miséria da nossa condição que acabavam por ser vividos pelos próprios das mais diversas maneiras. Desde a revolta à resignação, passando pelo comodismo e pela sincera luta em mudar, e muitas, muitas vezes, tal como nos é próprio: tudo isto misturado.
Esta ocorrência ‘jornalística’ – achei entretanto interessante que o repórter da TSF para saber pormenores sobre aquelas pessoas tivesse entrevistado um ‘freira salesiana’: pelos vistos «quem realmente conhecia aquelas pessoas e aqueles lugares», mas de republicanos, socialistas e laicos, nicles, por isso se elegerem algum para a presidência ainda vou aos cornos a alguém – fez-me lembrar e ir reler que « o sofrimento do oprimido tornou-se (...) o lugar hermenêutico donde nasce o conhecimento da verdade » escrito pelo então Cardeal Ratzinguer no início da década de 90 no seu livro ‘A Igreja e a nova Europa’.
Neste mesmo livro é relevado que «a teoria dos direitos do homem se fundamenta na convicção da ‘criaturalidade’ do Homem, feito à imagem e semelhança de Deus» e que desta deriva a metafísica ocidental. E de facto eu ‘daqui’ não consigo sair quando olho para a brutalidade dos factos quando estes nos são mais próximos e que, se forem apenas avaliados à luz dois valores da civilidade e dos direitos acabam por se esfumar no mesmo tipo de profundidade que possuem todos os existencialismos.
Tornou-se interessante reparar que ainda no referido livro – por lá fui ‘ficando’ enquanto o Polga e o Paíto e o Nelson vão dando uns brindes a uns cabrões duns louros – encontro, numas páginas antes, que muitas vezes somos levados a «substituir a verdade pelos “valores”, procurando chegar, sobre eles, a um acordo ao menos parcial.». E eis aqui o refúgio «analgésico» dos nosso tempos: os tais valores; no fundo muitas vezes apenas filhos do «cepticismo e da desilusão acerca das possibilidades do conhecimento» a fazer as figuras de bailarinas numa cenografia talhada para o uso de saltos altos.
Apetecia-me dizer que prefiro mil vezes uma fé imberbe e tosca, mas ‘rebocável’ pela presença de Deus, a uma arquitectura sofisticada de valores em contínua crise de acessibilidades. Olha, disse.
E vamos a prolongamento. Foda-se, claro.
‘Darling’, you must stay with me. Please.
Ora; vamos então lá a isto. Vivemos fechados sobre nós próprios numa espécie de platonismo kirkegaardiano da 3ª geração. Isto é mau e alguém devia começar a arrepiar caminho na inversão desta tendência. Temos que começar a ser uns para os outros, a abrir as portas do coração de par em par e, por exemplo, da mesma maneira que algumas pessoas doam os seus órgãos para a ciência, o Carrilho devia deixar-se de coisas, ir treinar o ósculo da paz, e entregar a sua Bárbara à Câmara, o CDS, que já ofereceu a sua Cardona para secretária do Armando Vara, devia por seu turno imolar a Mizé Nogueira Pinto e entregá-la à nação para fazer de primeira dama de Cavaco, o PS deveria dispensar o seu praticamente santo G. Oliveira Martins para purificar a candidatura popular de Fátinha, e não queria deixar de registar e reconhecer o bom e empenhado espírito filantropo de Louçã ao disponibilizar a sua Joana a dias para fazer uns pensos na clínica geriatrica das presidenciais e por aí a fora que isto de exemplificar em excesso é sinal de deficit de conceptualização e eu não quero dar essa medíocre imagem de mim próprio. Para tal já bastou a vertigem de destemperado vernáculo de que fui em devida hora advertido. Mas falho ficaria nesta exposição se também não realçasse o reduzido espírito de colaboração que se vive na blogosfera lusa, que por pura falta de iniciativa se vê privada de enlaces criativos que produziriam certamente uma reviravolta na consciência da nação. O Abrupto por exemplo arrasta-se penosamente sem Santana e está na cara que uma fusão com a bomba inteligente lhe traria a vitalidade do tango ou mesmo um acordar mais vistoso, o Pedro Mexia que não pára de abrir e fechar quiosques eternamente insatisfeito com as notícias do dia, está-se mesmo a ver que iria ganhar outras cores se começasse a escrever com a Rititi, e até talvez viesse a dar à roupa intima feminina e ao período menstrual uma dignidade poética que no fundo esta também merece, o JMF devia deixar-se de merdas e abrir finalmente um blog a meias com a Condoleza (que até talvez levasse esta a pôr em definitivo o aparelho nos dentes – um dos inequívocos impasses para a paz mundial), ao almocreve a coisa já me parece mais fácil, pois com umas musiquitas da moody swing aquilo arejava em três tempos, já aquele rapaz incompreendido da natureza do mal se fosse tomar de vez em quando umas meias de leite com a miss pearls desaparecia-lhe de certeza a azia epistemológica e até lhe daria um outro cheirinho ao evolucionismo, e nem que a propósito, a menina diotima se fosse dar uma mãozinha ao FJV com umas daquelas suas descrições das idas ao restaurante talvez até o aliviasse do trauma do mensalão; animem-se pá, comam qualquer coisinha doce, dêem as mãos, organizem-se, sejam uns prós outros, arrebitem, custa-me ver-vos assim. Quanto aos blogs mais politico-dependentes, em vos falhando a metadona, não vejo outra hipótese senão a Voz do Deserto ir lá de vez em quando aplicar a técnica do sudoku às epistolas do S. Paulo, e contigo Bruno, a coisa parece-me mais grave, mas macacos me mordam se não te arranjo o telefone da Laeticia até ao natal. Alexandra, tu, tu estás bem assim.
Ora; vamos então lá a isto. Vivemos fechados sobre nós próprios numa espécie de platonismo kirkegaardiano da 3ª geração. Isto é mau e alguém devia começar a arrepiar caminho na inversão desta tendência. Temos que começar a ser uns para os outros, a abrir as portas do coração de par em par e, por exemplo, da mesma maneira que algumas pessoas doam os seus órgãos para a ciência, o Carrilho devia deixar-se de coisas, ir treinar o ósculo da paz, e entregar a sua Bárbara à Câmara, o CDS, que já ofereceu a sua Cardona para secretária do Armando Vara, devia por seu turno imolar a Mizé Nogueira Pinto e entregá-la à nação para fazer de primeira dama de Cavaco, o PS deveria dispensar o seu praticamente santo G. Oliveira Martins para purificar a candidatura popular de Fátinha, e não queria deixar de registar e reconhecer o bom e empenhado espírito filantropo de Louçã ao disponibilizar a sua Joana a dias para fazer uns pensos na clínica geriatrica das presidenciais e por aí a fora que isto de exemplificar em excesso é sinal de deficit de conceptualização e eu não quero dar essa medíocre imagem de mim próprio. Para tal já bastou a vertigem de destemperado vernáculo de que fui em devida hora advertido. Mas falho ficaria nesta exposição se também não realçasse o reduzido espírito de colaboração que se vive na blogosfera lusa, que por pura falta de iniciativa se vê privada de enlaces criativos que produziriam certamente uma reviravolta na consciência da nação. O Abrupto por exemplo arrasta-se penosamente sem Santana e está na cara que uma fusão com a bomba inteligente lhe traria a vitalidade do tango ou mesmo um acordar mais vistoso, o Pedro Mexia que não pára de abrir e fechar quiosques eternamente insatisfeito com as notícias do dia, está-se mesmo a ver que iria ganhar outras cores se começasse a escrever com a Rititi, e até talvez viesse a dar à roupa intima feminina e ao período menstrual uma dignidade poética que no fundo esta também merece, o JMF devia deixar-se de merdas e abrir finalmente um blog a meias com a Condoleza (que até talvez levasse esta a pôr em definitivo o aparelho nos dentes – um dos inequívocos impasses para a paz mundial), ao almocreve a coisa já me parece mais fácil, pois com umas musiquitas da moody swing aquilo arejava em três tempos, já aquele rapaz incompreendido da natureza do mal se fosse tomar de vez em quando umas meias de leite com a miss pearls desaparecia-lhe de certeza a azia epistemológica e até lhe daria um outro cheirinho ao evolucionismo, e nem que a propósito, a menina diotima se fosse dar uma mãozinha ao FJV com umas daquelas suas descrições das idas ao restaurante talvez até o aliviasse do trauma do mensalão; animem-se pá, comam qualquer coisinha doce, dêem as mãos, organizem-se, sejam uns prós outros, arrebitem, custa-me ver-vos assim. Quanto aos blogs mais politico-dependentes, em vos falhando a metadona, não vejo outra hipótese senão a Voz do Deserto ir lá de vez em quando aplicar a técnica do sudoku às epistolas do S. Paulo, e contigo Bruno, a coisa parece-me mais grave, mas macacos me mordam se não te arranjo o telefone da Laeticia até ao natal. Alexandra, tu, tu estás bem assim.
(chiça, que estou há meia hora a pôr linques)
Should I stay or should I go? (*)
Em momentos de empenhado lirismo (e épica produtividade vernacular, há que dizê-lo sem receio) como o que deve ter gerado o post anterior é difícil resistir à perguntinha "Should I cool it or should I blow?" Não faço ideia quem seja o homem a que o lado masculino aqui do blog dedica tanto interesse e atenção, quiçá carinho (há que reconhecê-lo também, ao carinho claro) mas começa a interessar-me como, aliás, parece acontecer a um jovem aloirado que aparece na televisão e tem nome de imperador romano - mas com mais es e esses - que também parece gostar muito do que o tal rapaz faz.
No átrio de qualquer gineceu (e nos balneários um pouco mais, quer-me parecer) aprende-se desde tenra idade (adoro esta expressão, lembra-me talho ou retalho mas não sei precisar) que se alguém nos dedica atenção é porque lhe merecemos interesse (merecer também é um bom verbo embora com muito vento se perca o efeito) e há a quem isso baste para arredondar mais o ego que o ventilador fez ao vestido branco da loira oxigenada daquele filme muito antigo. Assim, o interesse define-se como a mais demonstrável das formas de amor (por empirismo atávico mas num blog destes é bom de ver que ninguém se vai pôr a conjecturar sobre racionalidade e conhecimento científico).
Jamais questionar se o interesse é negativo ou positivo é a primeira das regras de sobrevivência a aprender (o Padre António Vieira já dizia mais ou menos isto quando falava das vozes dos inimigos e das trombetas da fama mas agora não me lembro da citação integral) por quem quer singrar. Depois é só deixar que a imaginação seja a tal forma de memória de que falava Nabokov (e isto é uma opinião forte, claro que é) e se construa à custa de bem ou mal-entendidos (frangos para fora e foras de jogo, haja fé) uma reputação paga a medalhas de cuspe e ovos podres (fora os assaltos à decência e integridade do bilhete de identidade) e a peso de ouro.
Resultados? Ora, no fim do combate, obviamente. É tudo uma questão de inabalavelmente rochosa fé leonina!
[And now, 'darling you gotta let me know: should I stay or should I go'?]
(*) Clash, album "Combat Rock", 1982
Em momentos de empenhado lirismo (e épica produtividade vernacular, há que dizê-lo sem receio) como o que deve ter gerado o post anterior é difícil resistir à perguntinha "Should I cool it or should I blow?" Não faço ideia quem seja o homem a que o lado masculino aqui do blog dedica tanto interesse e atenção, quiçá carinho (há que reconhecê-lo também, ao carinho claro) mas começa a interessar-me como, aliás, parece acontecer a um jovem aloirado que aparece na televisão e tem nome de imperador romano - mas com mais es e esses - que também parece gostar muito do que o tal rapaz faz.
No átrio de qualquer gineceu (e nos balneários um pouco mais, quer-me parecer) aprende-se desde tenra idade (adoro esta expressão, lembra-me talho ou retalho mas não sei precisar) que se alguém nos dedica atenção é porque lhe merecemos interesse (merecer também é um bom verbo embora com muito vento se perca o efeito) e há a quem isso baste para arredondar mais o ego que o ventilador fez ao vestido branco da loira oxigenada daquele filme muito antigo. Assim, o interesse define-se como a mais demonstrável das formas de amor (por empirismo atávico mas num blog destes é bom de ver que ninguém se vai pôr a conjecturar sobre racionalidade e conhecimento científico).
Jamais questionar se o interesse é negativo ou positivo é a primeira das regras de sobrevivência a aprender (o Padre António Vieira já dizia mais ou menos isto quando falava das vozes dos inimigos e das trombetas da fama mas agora não me lembro da citação integral) por quem quer singrar. Depois é só deixar que a imaginação seja a tal forma de memória de que falava Nabokov (e isto é uma opinião forte, claro que é) e se construa à custa de bem ou mal-entendidos (frangos para fora e foras de jogo, haja fé) uma reputação paga a medalhas de cuspe e ovos podres (fora os assaltos à decência e integridade do bilhete de identidade) e a peso de ouro.
Resultados? Ora, no fim do combate, obviamente. É tudo uma questão de inabalavelmente rochosa fé leonina!
[And now, 'darling you gotta let me know: should I stay or should I go'?]
(*) Clash, album "Combat Rock", 1982
Contos do interior dum gajo ajuizado
Ele tinha um problema; sempre que pensava no peseiro sobrevinha-se-lhe uma grande vontade de o mandar para o caralho. Não era um pensamento nobre, não era, tentou ainda aliviar com um singelo ‘palhaço’ mas a alma não se amainou e nem mandar tello para os entrefolhos do gineceu lhe recolocou o equilíbrio emocional. Estava numa certa instabilidade, reconheceu-o, e foi sussurrando um ternurento e arrastado ‘grandessíssimos cabrões’ enquanto compensava em registo calórico-freudiano com três embalagens de queijadas de sintra. ‘Foderem-me o juizo é que não fodem’ foi um sinal, foi o primeiro indício que estariam a voltar os momentos de lucidez, que alguma racionalidade estaria a despertar naquele corpo ainda ligeiramente adormecido pelos espasmos neurológicos de peseiro. Um inesperado ‘vão mas é para a puta que os pariu’ ainda se assomou naquela antecâmara que são os instintos maternais que todos transportamos, mas ele já se mostrava irreversível na sua recuperação, sentia-se já como uma Jocasta a dar a mão a um Édipo desesperado; o problema parecia agora superado, fez um riso amarelado, foi buscar o vídeo dos sete-a-um, guilhotinou um montecristo, mas nem o fumou; e para ali ficou. Quando acordou ainda lhe chegou a sair um engasgado ‘cona da minha prima’, mas era a demonstração cabal do regurgito ergo sum e um novo ânimo já o levava a caminho dos abençoados prazeres da cozinha, pensou na beleza que é darmos todos as mãos, convidou um vizinho e foram todos comer uns camarões de espinho. Havia lacunas claro, mas era importante dar estabilidade e força ao grupo de trabalho, e isto sim já era um sentimento nobre, caralho.
Ele tinha um problema; sempre que pensava no peseiro sobrevinha-se-lhe uma grande vontade de o mandar para o caralho. Não era um pensamento nobre, não era, tentou ainda aliviar com um singelo ‘palhaço’ mas a alma não se amainou e nem mandar tello para os entrefolhos do gineceu lhe recolocou o equilíbrio emocional. Estava numa certa instabilidade, reconheceu-o, e foi sussurrando um ternurento e arrastado ‘grandessíssimos cabrões’ enquanto compensava em registo calórico-freudiano com três embalagens de queijadas de sintra. ‘Foderem-me o juizo é que não fodem’ foi um sinal, foi o primeiro indício que estariam a voltar os momentos de lucidez, que alguma racionalidade estaria a despertar naquele corpo ainda ligeiramente adormecido pelos espasmos neurológicos de peseiro. Um inesperado ‘vão mas é para a puta que os pariu’ ainda se assomou naquela antecâmara que são os instintos maternais que todos transportamos, mas ele já se mostrava irreversível na sua recuperação, sentia-se já como uma Jocasta a dar a mão a um Édipo desesperado; o problema parecia agora superado, fez um riso amarelado, foi buscar o vídeo dos sete-a-um, guilhotinou um montecristo, mas nem o fumou; e para ali ficou. Quando acordou ainda lhe chegou a sair um engasgado ‘cona da minha prima’, mas era a demonstração cabal do regurgito ergo sum e um novo ânimo já o levava a caminho dos abençoados prazeres da cozinha, pensou na beleza que é darmos todos as mãos, convidou um vizinho e foram todos comer uns camarões de espinho. Havia lacunas claro, mas era importante dar estabilidade e força ao grupo de trabalho, e isto sim já era um sentimento nobre, caralho.
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contos
Andando por aí, até porque somos cada vez mais apenas um sítio . «Estou a fazer o que posso com os factos» :o dicionário não ilustrado nas entradas 1092 a 1104
Presunção de inocência – Tipo de inocência que previamente salgada e fumada e depois finamente fatiada combina muito bem com o queijinho da serra
Mandato suspenso – Técnica do estendal, que apesar de alguma inspiração circense, se baseia de facto na velha prática da exposição ao sol depois duma boa saponaria. É a imagem de marca da aldeia da roupa branca que nos está no sangue.
Separação de poderes – Fenómeno que ocorre após a centrifugação de alguma roupa suja que foi lavada no detergente recomendado pelas principais marcas de máquinas partidárias
Candidaturas presidenciais - Momento interessante da actividade política em que qualquer ‘revista do coração’ fica a parecer uma tese de mestrado
Autarca modelo – Aquele que prefira os favores da ‘Sonae’ aos da ‘Jerónimo Martins’
Abuso de poder – Espécime menos mediática do abuso de menores
Corrupção passiva – Movimento da conta bancária em que o saldo credor olha para o outro lado e só vê grandes estornos.
Eleições autárquicas – Espécie de passeio folclórico pelos antros elíseos e que termina com o arguido do triunfo.
Direitos dos militares – Andarem fardados e ninguém se rir deles
Vontade política – Maravilha do sub-aparelho intestinal dos eleitos sufragados que se revela essencialmente por estes gostarem mais de andar nas mãos com os votos dos outros do que com as próprias calças.
Regime político – Tipo de dieta que a sociedade adopta quando se começam todos a querer comer uns aos outros indiscriminadamente. As crises neste regime geralmente levam a que ninguém se queira ver ao espelho.
Sistema jurídico - Sofisticado tricotado de espermatozoides amestrados que muitas vezes escolhe o ovário errado e a sociedade passa a emprenhar de esguelha
Debate político – Tipo de fábula em que o perdigoto faz de moral e a baba faz de história.
Presunção de inocência – Tipo de inocência que previamente salgada e fumada e depois finamente fatiada combina muito bem com o queijinho da serra
Mandato suspenso – Técnica do estendal, que apesar de alguma inspiração circense, se baseia de facto na velha prática da exposição ao sol depois duma boa saponaria. É a imagem de marca da aldeia da roupa branca que nos está no sangue.
Separação de poderes – Fenómeno que ocorre após a centrifugação de alguma roupa suja que foi lavada no detergente recomendado pelas principais marcas de máquinas partidárias
Candidaturas presidenciais - Momento interessante da actividade política em que qualquer ‘revista do coração’ fica a parecer uma tese de mestrado
Autarca modelo – Aquele que prefira os favores da ‘Sonae’ aos da ‘Jerónimo Martins’
Abuso de poder – Espécime menos mediática do abuso de menores
Corrupção passiva – Movimento da conta bancária em que o saldo credor olha para o outro lado e só vê grandes estornos.
Eleições autárquicas – Espécie de passeio folclórico pelos antros elíseos e que termina com o arguido do triunfo.
Direitos dos militares – Andarem fardados e ninguém se rir deles
Vontade política – Maravilha do sub-aparelho intestinal dos eleitos sufragados que se revela essencialmente por estes gostarem mais de andar nas mãos com os votos dos outros do que com as próprias calças.
Regime político – Tipo de dieta que a sociedade adopta quando se começam todos a querer comer uns aos outros indiscriminadamente. As crises neste regime geralmente levam a que ninguém se queira ver ao espelho.
Sistema jurídico - Sofisticado tricotado de espermatozoides amestrados que muitas vezes escolhe o ovário errado e a sociedade passa a emprenhar de esguelha
Debate político – Tipo de fábula em que o perdigoto faz de moral e a baba faz de história.
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dicionário não ilustrado
Estou a levar barato à hora por umas tranças ou por um parecer fiscal
A combinação da chamada ‘democracia’ com a chamada ‘natureza humana’ deixará a primeira sempre a baloiçar entre a ditadura da popularidade (representada por exemplo pela aparente fugitiva da justiça Fátinha – que encaixa numa lógica de direito de defesa da consciência do cidadão ao jugo das instituições e da moda coiffureniana) e a ditadura das instituições (representada por exemplo pelo comovente abraço à justiça feito por G. Oliveira Martins – que encaixa numa lógica de direito de defesa do poder sufragado ao jugo da arbitrariedade dos interesses)
‘Fodidos’ is our middle name. Volta Kafka, e aproveita que ainda ganhas uns cobres.
A combinação da chamada ‘democracia’ com a chamada ‘natureza humana’ deixará a primeira sempre a baloiçar entre a ditadura da popularidade (representada por exemplo pela aparente fugitiva da justiça Fátinha – que encaixa numa lógica de direito de defesa da consciência do cidadão ao jugo das instituições e da moda coiffureniana) e a ditadura das instituições (representada por exemplo pelo comovente abraço à justiça feito por G. Oliveira Martins – que encaixa numa lógica de direito de defesa do poder sufragado ao jugo da arbitrariedade dos interesses)
‘Fodidos’ is our middle name. Volta Kafka, e aproveita que ainda ganhas uns cobres.
Dust beated but not brushed
Eu tenho de confessar que já em tempos usei umas dessas calças Lévinas de que a senhora fala, no entanto as pessoas diziam que eu até parecia outra pessoa com aquilo; cheguei a elucubrar um pouco com essa inesperada constatação de alteridade explícita, poderia ser do corte justinho ou da falta das pinças reconheço, mas o que é um facto é que as noites já me custavam mais a passar e até me socorri in extremis desses inevitáveis comprimidinhos de Valery, só que se calhar porque ia para a cama muito cedo e empanturrado duns Guattaris de massa folhada, passava as noites numa tal baralhação que era como se me tivessem enfiado um Musil pela cabeça adentro ( peço desculpa por este estilo de alguma coloquialidade mas mais uma vez estão-se-me a acabar as moedas). Cheguei então a este estado, com as paredes da alma sem estóico já praticamente nenhum e com a alvenaria da lei do menor esforço toda à vista; sem conseguir criar uma esfera de interesses decente e estável e a pagar taxas de ecoponto proibitivas acabo por viver eternamente na berlinda mesmo sem ter desses fotoperíodos, quer sejam outonais quer meta-clorofílicos, pois já me chegam os filha da puta dos afrontamentos que têm dado a umas tais de poliolefinas que me fodem o juízo ( já sei, não precisava de ser tão coloquial assim). Valem-me de facto a ‘mobilidade do campo especulativo’ e os ‘instrumentos da vã superioridade'. Mas realmente não sei se isso será suficiente. Poderá ser necessária uma massada de seriedade, sim, mas aux champignons, claro. No fundo, ‘we are the champignons’ já dizia a canção: estamos talhados para ser amaciados, ou grelhados, ou disfarçados em molho.
Eu tenho de confessar que já em tempos usei umas dessas calças Lévinas de que a senhora fala, no entanto as pessoas diziam que eu até parecia outra pessoa com aquilo; cheguei a elucubrar um pouco com essa inesperada constatação de alteridade explícita, poderia ser do corte justinho ou da falta das pinças reconheço, mas o que é um facto é que as noites já me custavam mais a passar e até me socorri in extremis desses inevitáveis comprimidinhos de Valery, só que se calhar porque ia para a cama muito cedo e empanturrado duns Guattaris de massa folhada, passava as noites numa tal baralhação que era como se me tivessem enfiado um Musil pela cabeça adentro ( peço desculpa por este estilo de alguma coloquialidade mas mais uma vez estão-se-me a acabar as moedas). Cheguei então a este estado, com as paredes da alma sem estóico já praticamente nenhum e com a alvenaria da lei do menor esforço toda à vista; sem conseguir criar uma esfera de interesses decente e estável e a pagar taxas de ecoponto proibitivas acabo por viver eternamente na berlinda mesmo sem ter desses fotoperíodos, quer sejam outonais quer meta-clorofílicos, pois já me chegam os filha da puta dos afrontamentos que têm dado a umas tais de poliolefinas que me fodem o juízo ( já sei, não precisava de ser tão coloquial assim). Valem-me de facto a ‘mobilidade do campo especulativo’ e os ‘instrumentos da vã superioridade'. Mas realmente não sei se isso será suficiente. Poderá ser necessária uma massada de seriedade, sim, mas aux champignons, claro. No fundo, ‘we are the champignons’ já dizia a canção: estamos talhados para ser amaciados, ou grelhados, ou disfarçados em molho.
rolling conditions
"Nada, num sentido, é mais incómodo que o próximo. Este desejado não é o próprio indesejável?"
Este sóbrio conjunto afirmação-pergunta, feito um dia por Lévinas, o homem que como poucos terá definido o valor da alteridade, vinha-me à ideia sempre que abria esta página e via a imagem de um berlinde a rolar, sem que pudesse adivinhar se um tanto à toa ou se, numa hipótese mais preocupante, tendo como destino o abandono. Como...
[Ah, como já sei que alguém me vai chamar 'speeded-não-sei-quantos' aproveito para afirmar que também acho serem os intelectuais, e particularmente os universitários, "coca-bichinhos" das ideias". Tenho dito e segue o berlinde.]
... na raridade do momento de uma grande alegria, efémera porque incapaz de permanecer pela fuga dos instantes, a dar lugar ao desgosto. Ou, porque me lembrei de palavras de um Musil ainda jovem, como quanto experimentado por inquestionado se pode tornar incompreensível na apropriação que dele faz a restrição a que o pensamento o sujeita ou simples se torna, ao ritmo dos dias o que, inicialmente pelas palavras, convive com estranheza.
[E já por contra-ataque acrescento reconhecer no real a soma de paradoxos e contradições que encerram a afirmação e a negação, o branco e o negro - azul, verde, amarelo, etc, vermelho é que não, faxavor -, ou seja, o conjunto das instâncias múltiplas e contraditórias que fazem o humano.]
E se a estranheza tiver origem na falsa rotação de um presumível berlinde? E se toda a sua beleza se não constituir senão da aparência gerada pela ilusão com que um programa de computador lhe foi capaz de dar o que não tem? E se fôr tão só uma sedutora impostura, bela e contraditória na sua unilateralidade de mentira construída a partir da verdade incontestável que não deixa de ser a sua existência enquanto imagem? Nada tem a ver com o real e, no entanto, é móbil de um campo especulativo que se torna fim em si e utensílio de vã superioridade. À semelhança da paixão triste, e por isso mesmo compulsivamente repetitiva como qualquer ludopatia, que pode ser a esperança.
[E aqui chegando constato ser o internamento compulsivo uma boa solução quando me voltar a dar para escrever tretas destas. Bom, atendendendo ao post anterior do gestor desta residência, pior só se me tivesse detido a pensar se estas coisas da poesia têm mais a ver com o espírito ou com o coração e aterrar na definição de poema de Paul Valéry: "uma hesitação entre o som e o sentido". E isso...]
E se me fosse permitido escolher para o berlinde um destino? Entre um percurso recto e um sinuoso, o coração preferiria sempre o último por permitir que me sentisse perder sem que tal chegasse a acontecer, enveredar por um caminho sem saber onde vai ter. A razão, essa formidável inimiga do romance e traidora do amor, escolheria o abrigo de sinais de trânsito e regras de códigos polvilhados a moral como argumento contra. E eu, porque escrever será sempre inferior a viver, escolho o presente de continuar a ter vontade de mergulhar na espuma arejada - e salvadora do espírito - que são a superficialidade e a frivolidade, subterfúgio ou truque de provas dadas na vida contra a imensa maçada que são a inteligência e a seriedade.
[... não faço porque até na minha ingratidão sou capaz de pensar na que será, afinal, a maior lição dos estóicos: para não termos de recriminar o mundo por ser o que é - de repente lembrei-me de Fátima, não a da Iria mas a outra -, torna-se necessário tratar de fazermos as pazes connosco próprios e trabalhar para adquirir o único conhecimento que verdadeiramente o merece: o saber viver. Sem moderação, claro.]
Mas sobre irrelevâncias deste calibre - que devem ter a ver com a diminuição outonal do fotoperíodo - já Pessoa disse "Se a vida fosse suficiente, não haveria literatura". E se calhar, ó bênção acrescida para o Ecoponto vizinho!, nem jornais de fim de semana.
"Nada, num sentido, é mais incómodo que o próximo. Este desejado não é o próprio indesejável?"
Este sóbrio conjunto afirmação-pergunta, feito um dia por Lévinas, o homem que como poucos terá definido o valor da alteridade, vinha-me à ideia sempre que abria esta página e via a imagem de um berlinde a rolar, sem que pudesse adivinhar se um tanto à toa ou se, numa hipótese mais preocupante, tendo como destino o abandono. Como...
[Ah, como já sei que alguém me vai chamar 'speeded-não-sei-quantos' aproveito para afirmar que também acho serem os intelectuais, e particularmente os universitários, "coca-bichinhos" das ideias". Tenho dito e segue o berlinde.]
... na raridade do momento de uma grande alegria, efémera porque incapaz de permanecer pela fuga dos instantes, a dar lugar ao desgosto. Ou, porque me lembrei de palavras de um Musil ainda jovem, como quanto experimentado por inquestionado se pode tornar incompreensível na apropriação que dele faz a restrição a que o pensamento o sujeita ou simples se torna, ao ritmo dos dias o que, inicialmente pelas palavras, convive com estranheza.
[E já por contra-ataque acrescento reconhecer no real a soma de paradoxos e contradições que encerram a afirmação e a negação, o branco e o negro - azul, verde, amarelo, etc, vermelho é que não, faxavor -, ou seja, o conjunto das instâncias múltiplas e contraditórias que fazem o humano.]
E se a estranheza tiver origem na falsa rotação de um presumível berlinde? E se toda a sua beleza se não constituir senão da aparência gerada pela ilusão com que um programa de computador lhe foi capaz de dar o que não tem? E se fôr tão só uma sedutora impostura, bela e contraditória na sua unilateralidade de mentira construída a partir da verdade incontestável que não deixa de ser a sua existência enquanto imagem? Nada tem a ver com o real e, no entanto, é móbil de um campo especulativo que se torna fim em si e utensílio de vã superioridade. À semelhança da paixão triste, e por isso mesmo compulsivamente repetitiva como qualquer ludopatia, que pode ser a esperança.
[E aqui chegando constato ser o internamento compulsivo uma boa solução quando me voltar a dar para escrever tretas destas. Bom, atendendendo ao post anterior do gestor desta residência, pior só se me tivesse detido a pensar se estas coisas da poesia têm mais a ver com o espírito ou com o coração e aterrar na definição de poema de Paul Valéry: "uma hesitação entre o som e o sentido". E isso...]
E se me fosse permitido escolher para o berlinde um destino? Entre um percurso recto e um sinuoso, o coração preferiria sempre o último por permitir que me sentisse perder sem que tal chegasse a acontecer, enveredar por um caminho sem saber onde vai ter. A razão, essa formidável inimiga do romance e traidora do amor, escolheria o abrigo de sinais de trânsito e regras de códigos polvilhados a moral como argumento contra. E eu, porque escrever será sempre inferior a viver, escolho o presente de continuar a ter vontade de mergulhar na espuma arejada - e salvadora do espírito - que são a superficialidade e a frivolidade, subterfúgio ou truque de provas dadas na vida contra a imensa maçada que são a inteligência e a seriedade.
[... não faço porque até na minha ingratidão sou capaz de pensar na que será, afinal, a maior lição dos estóicos: para não termos de recriminar o mundo por ser o que é - de repente lembrei-me de Fátima, não a da Iria mas a outra -, torna-se necessário tratar de fazermos as pazes connosco próprios e trabalhar para adquirir o único conhecimento que verdadeiramente o merece: o saber viver. Sem moderação, claro.]
Mas sobre irrelevâncias deste calibre - que devem ter a ver com a diminuição outonal do fotoperíodo - já Pessoa disse "Se a vida fosse suficiente, não haveria literatura". E se calhar, ó bênção acrescida para o Ecoponto vizinho!, nem jornais de fim de semana.
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fernando pessoa
À desgarrada para melhor segurar
Ele :
«Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal »(1)
Ela :
«Chegas ébrio de sonho, ó estranho amigo
E eu não sei se por mim és anjo ou louco.
Esquivo-me: o teu sonho mais instigo
Fujo-te: a tua chama mais provoco» (2)
Ele :
«Quem sou eu entre o solo e o sonho
Danço sozinho ao rumor da folhagem
Conheço a solidão das coisas e enlaço-a
À do meu pensamento e sou aéreo.» (3)
Ela :
«Passas como passa
O riso do vento
Mas na tua graça
Não há pensamento.
Porém, sem teu riso,
Que seria a graça
Do meu pensamento» (4)
(1) Cesário Verde in ‘deslumbramentos’ - ed. Ulisseia
(2) Natália Correia in ‘a alma’ ( com ligeiros ressaltos) - ed. O Jornal
(3) António Ramos Rosa in ‘Voz do solo’ ( com ligeiras mudanças de género) - ed. Quetzal
(4) Pedro Homem de Melo in ‘sopro’ ( não foi preciso mudar género...) - ed. Campo da comunicação
Ele :
«Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal »(1)
Ela :
«Chegas ébrio de sonho, ó estranho amigo
E eu não sei se por mim és anjo ou louco.
Esquivo-me: o teu sonho mais instigo
Fujo-te: a tua chama mais provoco» (2)
Ele :
«Quem sou eu entre o solo e o sonho
Danço sozinho ao rumor da folhagem
Conheço a solidão das coisas e enlaço-a
À do meu pensamento e sou aéreo.» (3)
Ela :
«Passas como passa
O riso do vento
Mas na tua graça
Não há pensamento.
Porém, sem teu riso,
Que seria a graça
Do meu pensamento» (4)
(1) Cesário Verde in ‘deslumbramentos’ - ed. Ulisseia
(2) Natália Correia in ‘a alma’ ( com ligeiros ressaltos) - ed. O Jornal
(3) António Ramos Rosa in ‘Voz do solo’ ( com ligeiras mudanças de género) - ed. Quetzal
(4) Pedro Homem de Melo in ‘sopro’ ( não foi preciso mudar género...) - ed. Campo da comunicação
A construção dum ser humano equilibrado, mesmo que ligeiramente apertadinho para os lados, mas livre dos excessivos constrangimentos da psique e das aculturações artificiais do meio envolvente e diluente, é uma tarefa a que todos nos devemos dedicar desinteressadamente e que não podemos deixar na mão de oportunistas amadores que, sob a capa científica, nos avinagram a mioleira que mais fica a parecer uma promoção do cartão galp frota; é pois nesta base séria e criteriosa que hoje o dicionário não ilustrado – e após ter vista recusada a publicação destas entradas pela inexcedível ‘xis’ que as preteriu a favor dum estudo comparativo do efeito perverso do hemorroidal e do frúnculo na virilha na auto-estima do adolescente obeso e disléxico – se vai dedicar à meia dúzia de condições absolutamente essenciais para todo o indivíduo que queira ser modelo de civilidade e bom senso : (entradas 1086 a 1091)
Padrão comportamental estável – Característica fundadora de qualquer carácter tipo ‘família de acolhimento’ com a papelada em dia, e que está para virtude como o de Belém para os descobrimentos: celebra sempre um bom ponto de partida e dá para levar a passear as crianças ao fim de semana.
Esfera de interesses – Maravilha de registo euclideano encontrada em estado puro apenas em cérebros de fusão, e que se caracteriza por um novelo intersticial de neurónios mielinados em curiosidade, e postos a marinar pelo criador em cusquice elucubrativa previamente amaciada em leite de dromedário. É essencial para qualquer espírito inquieto mas deve ser mantida longe duma vida às três pancadas.
Respeito por si próprio - Crustáceo psicológico da família das auto-estimas, que serve muito bem de canapé nas personalidades fracas, e de recheio pomposo e condimentado naquelas mais elaboradas. Dá muito boa serventia em personalidades cocktail que precisem assim dum coloridozinho e às quais já se tenha acabado o ketchup da imagem pré-fabricada
Panóplia de valores fundamentais – Verdadeiro cristal da ética com pernas, mostra-se imprescindível para corridas de longo curso mas também se consegue aguentar muito bem nos sprints da depravação, bem oleada claro está com o arrependimento contrito e rápido.
Círculo de amizades sólidas – Tipo de correnteza em formato de respiração boca-a-boca social, que é a garantia de nunca termos demasiado água choca no pulmão nem os pezinhos a enregelar desde que as mantinhas da conveniência e da pachorra cheguem para todos.
Abertura de espírito – Espécie de ralo ontológico por onde devemos escoar regularmente as perturbantes contradições do quotidiano, por forma a não se verem as desagradáveis manchas amareladas na cerâmica vidrada do nosso bem estar, e muito menos as pilosidades resultantes do escanhoamento precipitado do inconsciente. Mas como não há válvula que tudo escape poderemos capitalizar os estrangulamentos em imersões espumadas de convicções fortes e cheirosas.
Padrão comportamental estável – Característica fundadora de qualquer carácter tipo ‘família de acolhimento’ com a papelada em dia, e que está para virtude como o de Belém para os descobrimentos: celebra sempre um bom ponto de partida e dá para levar a passear as crianças ao fim de semana.
Esfera de interesses – Maravilha de registo euclideano encontrada em estado puro apenas em cérebros de fusão, e que se caracteriza por um novelo intersticial de neurónios mielinados em curiosidade, e postos a marinar pelo criador em cusquice elucubrativa previamente amaciada em leite de dromedário. É essencial para qualquer espírito inquieto mas deve ser mantida longe duma vida às três pancadas.
Respeito por si próprio - Crustáceo psicológico da família das auto-estimas, que serve muito bem de canapé nas personalidades fracas, e de recheio pomposo e condimentado naquelas mais elaboradas. Dá muito boa serventia em personalidades cocktail que precisem assim dum coloridozinho e às quais já se tenha acabado o ketchup da imagem pré-fabricada
Panóplia de valores fundamentais – Verdadeiro cristal da ética com pernas, mostra-se imprescindível para corridas de longo curso mas também se consegue aguentar muito bem nos sprints da depravação, bem oleada claro está com o arrependimento contrito e rápido.
Círculo de amizades sólidas – Tipo de correnteza em formato de respiração boca-a-boca social, que é a garantia de nunca termos demasiado água choca no pulmão nem os pezinhos a enregelar desde que as mantinhas da conveniência e da pachorra cheguem para todos.
Abertura de espírito – Espécie de ralo ontológico por onde devemos escoar regularmente as perturbantes contradições do quotidiano, por forma a não se verem as desagradáveis manchas amareladas na cerâmica vidrada do nosso bem estar, e muito menos as pilosidades resultantes do escanhoamento precipitado do inconsciente. Mas como não há válvula que tudo escape poderemos capitalizar os estrangulamentos em imersões espumadas de convicções fortes e cheirosas.
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dicionário não ilustrado
'Um mundo que cabe numa cova de Iria'
(aliás, reunião de 'palheta' dos 3 pastorinhos, aliás, ternura do círculo)
Convocada pela Lúcia que, apesar de ser mais 'maçarica' nessas coisas do paraíso, ao ser a mais velha assumiu-se e tomou logo a palavra:
Lucia - Miúdos, aquilo lá em baixo já não vai só com terços, acabou de mo dizer a N. Senhora depois de ter catrapiscado na agenda que a previsão é o Soares só cá aparecer aí pelo ano 2027.
Francisco - Foda-se, agora é que dizes isso quando acabei de me lixar todo nos joelhos ali à beira do terraço...
Jacinta - Estavas era a ver a Dementieva à sucapa ó puto, e tento na língua, palpita-me é que vem aí via-sacra da grossa por isso acho bom que treines a calosidade no joelhito.
L - Mas reparem, a situação é tão grave que até já ouvi o rapaz d'Aquino dizer que ia estudar melhor aquela teoria das Fatwas lá dos tipos marados do deserto, e a insinuar também que se avançarmos com uma inkizissão, mas destavez com 'k' e outra terminação, talvez ninguém dê conta da coincidência e sempre se aproveitavam os fogos.
F - E depois eu é que sou brincalhão, se esse gajo é santo eu vou ali e já venho.
J -Eu tenho muita pena é que a Condolezza e a Hillary não tenham homens à altura porque senão fazia-se um grande bloco central no feminino a governar o mundo.
[Só pra que conste: já lá dizia S. F. Assis "Começa por fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estarás a fazer o impossível"]
F - Uma espécie de centralina, não? Tu estás-te a passar ó Jacintinha! Lá porque já viste o sol aos pulos agora pensas que és astrónoma como o Pacheco Pereira, não?
L - É feio falar de pessoas que não se podem defender senão com versos esquisitos! E a situação é tão grave que aquele rapaz simpático do Terras do Nunca qualquer dia só põe músicas da Joan Baez no blog enquanto os outros se distraem a falar dumas tais de eleições atávicas ó que é.
F - Pois é é, noutro dia até ouvi o Moisés dizer que se fosse agora nem conseguia chegar à terra prometida porque no momento das águas se afastarem ainda aparecia um tal de Sá Fernandes a pôr primeiro uma providência cautelar e lixava o esquema todo.
J - Eu acho que nós aqui devíamos era fazer figas para ganhar a Mizé N. Pinto e depois um dia até chegava a presidenta como aconteceu com aquele cenourinha e ela é contra o desperdício e tudo e assim.
L - 'Fazer figas'! ó menina que paganice é essa!? E que linguagem é essa que vocês têm agora!!!
J - Então havias de ver o que dizia o S. João da Cruz quando chegou lá acima ao monte Carmelo e lhe começaram a rebentar as bolhas dos pés! A linguagem é uma constelação de símbolos, são prisões, eu noutro dia até estive a falar com um querubim protector das sms e ...
F - Miúda, estás a passar-te ó quê!? Tu és pastora pá, escusas de te andar a armar em Catarina de Sena, ó se calhar ainda queres um tacho no tribunal de contas ali prás alturas do juízo final, não?
L - Vocês estão a ficar contaminados com o que se passa lá em baixo, desde que veio para cá aquela moça da Stein isto nunca mais teve sossego, ao que me dizem por causa duma tal de fenomenologia.
F - Eu por acaso acho que já apanhei uma coisa dessas nas costas quando foi de rezar pelo primeiro campeonato dos lagartos depois do grande jejum.
J - Nós aqui a bulirmos, a rezar que nem ucranianas a passar a ferro no '5 à sec' e este puto a pensar na bola! E depois isto está no que está, esse Pacheco Pereira é que tem razão.
L - Se calhar vou propor o nome dele para um dos anéis de Saturno, e outro pró Tavares, e outro pró Valente, outro pró Magno e outro pró Coutinho ...
L - Calma, calma... aquilo é um sistema solar ó é uma nuvem de poeira!? Cheira-me que se escolhem estes para novos pastorinhos a Azinheira vem abaixo.
(aliás, reunião de 'palheta' dos 3 pastorinhos, aliás, ternura do círculo)
Convocada pela Lúcia que, apesar de ser mais 'maçarica' nessas coisas do paraíso, ao ser a mais velha assumiu-se e tomou logo a palavra:
Lucia - Miúdos, aquilo lá em baixo já não vai só com terços, acabou de mo dizer a N. Senhora depois de ter catrapiscado na agenda que a previsão é o Soares só cá aparecer aí pelo ano 2027.
Francisco - Foda-se, agora é que dizes isso quando acabei de me lixar todo nos joelhos ali à beira do terraço...
Jacinta - Estavas era a ver a Dementieva à sucapa ó puto, e tento na língua, palpita-me é que vem aí via-sacra da grossa por isso acho bom que treines a calosidade no joelhito.
L - Mas reparem, a situação é tão grave que até já ouvi o rapaz d'Aquino dizer que ia estudar melhor aquela teoria das Fatwas lá dos tipos marados do deserto, e a insinuar também que se avançarmos com uma inkizissão, mas destavez com 'k' e outra terminação, talvez ninguém dê conta da coincidência e sempre se aproveitavam os fogos.
F - E depois eu é que sou brincalhão, se esse gajo é santo eu vou ali e já venho.
J -Eu tenho muita pena é que a Condolezza e a Hillary não tenham homens à altura porque senão fazia-se um grande bloco central no feminino a governar o mundo.
[Só pra que conste: já lá dizia S. F. Assis "Começa por fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estarás a fazer o impossível"]
F - Uma espécie de centralina, não? Tu estás-te a passar ó Jacintinha! Lá porque já viste o sol aos pulos agora pensas que és astrónoma como o Pacheco Pereira, não?
L - É feio falar de pessoas que não se podem defender senão com versos esquisitos! E a situação é tão grave que aquele rapaz simpático do Terras do Nunca qualquer dia só põe músicas da Joan Baez no blog enquanto os outros se distraem a falar dumas tais de eleições atávicas ó que é.
F - Pois é é, noutro dia até ouvi o Moisés dizer que se fosse agora nem conseguia chegar à terra prometida porque no momento das águas se afastarem ainda aparecia um tal de Sá Fernandes a pôr primeiro uma providência cautelar e lixava o esquema todo.
J - Eu acho que nós aqui devíamos era fazer figas para ganhar a Mizé N. Pinto e depois um dia até chegava a presidenta como aconteceu com aquele cenourinha e ela é contra o desperdício e tudo e assim.
L - 'Fazer figas'! ó menina que paganice é essa!? E que linguagem é essa que vocês têm agora!!!
J - Então havias de ver o que dizia o S. João da Cruz quando chegou lá acima ao monte Carmelo e lhe começaram a rebentar as bolhas dos pés! A linguagem é uma constelação de símbolos, são prisões, eu noutro dia até estive a falar com um querubim protector das sms e ...
F - Miúda, estás a passar-te ó quê!? Tu és pastora pá, escusas de te andar a armar em Catarina de Sena, ó se calhar ainda queres um tacho no tribunal de contas ali prás alturas do juízo final, não?
L - Vocês estão a ficar contaminados com o que se passa lá em baixo, desde que veio para cá aquela moça da Stein isto nunca mais teve sossego, ao que me dizem por causa duma tal de fenomenologia.
F - Eu por acaso acho que já apanhei uma coisa dessas nas costas quando foi de rezar pelo primeiro campeonato dos lagartos depois do grande jejum.
J - Nós aqui a bulirmos, a rezar que nem ucranianas a passar a ferro no '5 à sec' e este puto a pensar na bola! E depois isto está no que está, esse Pacheco Pereira é que tem razão.
L - Se calhar vou propor o nome dele para um dos anéis de Saturno, e outro pró Tavares, e outro pró Valente, outro pró Magno e outro pró Coutinho ...
L - Calma, calma... aquilo é um sistema solar ó é uma nuvem de poeira!? Cheira-me que se escolhem estes para novos pastorinhos a Azinheira vem abaixo.
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diálogos da praceta mole
Crónicas do deserto
O danado do eslavo-catalão que me emprestou o palmtop ainda agora deve estar a convalescer, pelo menos psicologicamente, da queda do grande camelo, por acaso uma fêmea irritadiça com um muito vago ar reflexivo projectando um sombra de remoto interesse sobre a franja. Não por falta de avisos, todos lhe tínhamos dito que meter-se no whisky canadiano, mesmo com o nome ínclito de Old Overholt (e em letras pequeninas, por baixo, um nada tranquilizador 'straight rye'), não daria bom resultado ainda que em passeio à trela pela espessura das dunas. Que nada, que ali na areia a perder de vista, e a torrar ao sol, é um álcool assim vegetarianizado e superficial a única coisa que não faria mal beber. Que o 'cereal' não lhe fez bem é um facto e as oscilações deviam ajudar a pô-lo zonzo porque lá ia sarrazinando meio mundo com a história da invenção das bebidas destiladas pelos alquimistas islâmicos, etc etc. Um perfeito disparate, como é evidente, português algum iria acreditar naquela treta! Voltámos a pensar o pior quando, na descida abrupta de uma pequena lunar, começou a discorrer sobre o equilíbrio da anatomia das figuras humanas dos frescos de uma capela italiana quando toda a gente sabe que confusões há muitas (e se não sabe pode consultar a internet e fica a parecer que sabe, basta atirar com a ignorância para trás das costas largas do Google porque, em alguns países, se se considerasse o exibicionismo provinciano matéria colectável rapidamente haveria recursos para reforçar o orçamento de estado, por exemplo na educação). Ondeou na sela quando se meteu no conceito de 'máquina' de Guattari: afinal só teria sido criado porque era necessário explicar o direito que todos temos a discordar, ainda que de Kant, a propósito do conceito de originalidade em arte - não se pode pedir a um eslavo que compreenda de imediato, mesmo adaptando-o às especificidades locais, o aforismo português 'a camelo dado não se olha o dente' mas para um catalão era claro que quando se paga por um camelo com defeito se adquire não apenas o direito mas também o dever de questionar o valor do animal. E foi quando (agora não sei precisar se por causa ou efeito, estes problemas da metonímia dão-me cabo do tempo para estas coisas e ainda tenho de aproveitar o tempo de gprs para actualizar o meu blog) desatou a perorar sobre a persistência e a perniciosidade da busca da originalidade enquanto legado incontornável, a um tempo ideológico e metodológico, do modernismo, que ocorreu o tombo. Para encerrar ainda sussurrou qualquer coisa que soou a cultura pop e efeito social da arte mas já tinha a boca cheia de areia e, como é normal acontecer nas crónicas modernas e presumidamente originais, não se percebeu nada.
O danado do eslavo-catalão que me emprestou o palmtop ainda agora deve estar a convalescer, pelo menos psicologicamente, da queda do grande camelo, por acaso uma fêmea irritadiça com um muito vago ar reflexivo projectando um sombra de remoto interesse sobre a franja. Não por falta de avisos, todos lhe tínhamos dito que meter-se no whisky canadiano, mesmo com o nome ínclito de Old Overholt (e em letras pequeninas, por baixo, um nada tranquilizador 'straight rye'), não daria bom resultado ainda que em passeio à trela pela espessura das dunas. Que nada, que ali na areia a perder de vista, e a torrar ao sol, é um álcool assim vegetarianizado e superficial a única coisa que não faria mal beber. Que o 'cereal' não lhe fez bem é um facto e as oscilações deviam ajudar a pô-lo zonzo porque lá ia sarrazinando meio mundo com a história da invenção das bebidas destiladas pelos alquimistas islâmicos, etc etc. Um perfeito disparate, como é evidente, português algum iria acreditar naquela treta! Voltámos a pensar o pior quando, na descida abrupta de uma pequena lunar, começou a discorrer sobre o equilíbrio da anatomia das figuras humanas dos frescos de uma capela italiana quando toda a gente sabe que confusões há muitas (e se não sabe pode consultar a internet e fica a parecer que sabe, basta atirar com a ignorância para trás das costas largas do Google porque, em alguns países, se se considerasse o exibicionismo provinciano matéria colectável rapidamente haveria recursos para reforçar o orçamento de estado, por exemplo na educação). Ondeou na sela quando se meteu no conceito de 'máquina' de Guattari: afinal só teria sido criado porque era necessário explicar o direito que todos temos a discordar, ainda que de Kant, a propósito do conceito de originalidade em arte - não se pode pedir a um eslavo que compreenda de imediato, mesmo adaptando-o às especificidades locais, o aforismo português 'a camelo dado não se olha o dente' mas para um catalão era claro que quando se paga por um camelo com defeito se adquire não apenas o direito mas também o dever de questionar o valor do animal. E foi quando (agora não sei precisar se por causa ou efeito, estes problemas da metonímia dão-me cabo do tempo para estas coisas e ainda tenho de aproveitar o tempo de gprs para actualizar o meu blog) desatou a perorar sobre a persistência e a perniciosidade da busca da originalidade enquanto legado incontornável, a um tempo ideológico e metodológico, do modernismo, que ocorreu o tombo. Para encerrar ainda sussurrou qualquer coisa que soou a cultura pop e efeito social da arte mas já tinha a boca cheia de areia e, como é normal acontecer nas crónicas modernas e presumidamente originais, não se percebeu nada.
‘Belos e Malditos’
Prosas amaricanas
Faço um breve exercício de ociosidade não merecida, e leio, e copio meticulosa, infantil e inutilmente
«Um político que assistia a uma sessão da Câmara de Comercio pediu a palavra, mas viu a sua pretensão negada com base na alegação de nada a ver com o comércio.
-Senhor Presidente – disse um Membro Idoso, levantando-se: considero a objecção infundada. Este cavalheiro tem uma estreita e íntima relação com o comércio: ele próprio é uma mercadoria»
escrito por Ambrose Bierce (o do ‘dicionário do diabo’) nas suas fábulas, ainda no sec. XIX, ( traduzido pela Antígona ) e a pedir que fosse buscar agora o Mencken falando da adulação e da deferência servil dos políticos (americanos) perante as massas, mas a verdade é que me doem as costas, e não preciso de criar vícios de cronista da moda, e por isso viro-me para o excerto duma nova tradução recente e badalada, procurando outra América
«Assim de repente, não consigo lembrar-me de mais do que três raparigas na minha vida que me tenham impressionado logo à primeira vista por serem indescritivelmente bonitas. Uma foi uma rapariga magra num fato de banho preto que estava com grandes problemas para conseguir abrir um guarda sol laranja em Jones Beach, por volta de 1936. A segunda foi numa rapariga a bordo de um cruzeiro em 1939, que atirou o isqueiro a um golfinho. E a terceira foi a namorada do chefe, Mary Hudson»
uma américa mais cinematográfica no meio dum dos contos de Salinger ( O homem-gargalhada), e que me fez ir buscar aqueles textos pequeninos e um bocadinho doentios
«O meu nome atravessou sete gerações de homens com o mesmo nome. Cada um desses homens pôs o nome do pai ao primeiro filho. Porém, as mães tratavam os filhos pelos diminutivos, para que não houvesse confusões quando fosse preciso chamar pais e filhos, que trabalhavam lado a lado, nos campos, com trigo pela cintura.
Os filhos, contudo acabavam por acreditar que os seus verdadeiros nomes eram os diminutivos (…). Não faziam a mínima ideia de que o seu nome verdadeiro e legal estava adormecido, à sua espera num qualquer papel, em Chicago, que seria esse nome que teriam de acrescentar a «Mr» e que seria com esse nome que, um dia, haveriam de morrer»
do Sam Shepard e a deixar-me felizmente sem genica para ir buscar um tipo que até se impunha mas de quem nem gosto sequer , o sobrevalorizado Carver, e vou então refugiar-me naquele que dá o titulo ao post e que termina o seu 'grande gatsby' escrevendo que «so we beat on, boats against the current, borne back ceaselessly into the past»
não me fazendo ter vontade de mais nada senão de dormir. E aí talvez consiga um sonho em que volte a ter nove anos, encontre Mary Hudson e me mandem pôr a fralda da camisa para dentro. Sem políticos mercadoria.
[acho que não acertei no nome de nenhum escritor à primeira ....ah 'pera aí acho que acertei no Carver]
Prosas amaricanas
Faço um breve exercício de ociosidade não merecida, e leio, e copio meticulosa, infantil e inutilmente
«Um político que assistia a uma sessão da Câmara de Comercio pediu a palavra, mas viu a sua pretensão negada com base na alegação de nada a ver com o comércio.
-Senhor Presidente – disse um Membro Idoso, levantando-se: considero a objecção infundada. Este cavalheiro tem uma estreita e íntima relação com o comércio: ele próprio é uma mercadoria»
escrito por Ambrose Bierce (o do ‘dicionário do diabo’) nas suas fábulas, ainda no sec. XIX, ( traduzido pela Antígona ) e a pedir que fosse buscar agora o Mencken falando da adulação e da deferência servil dos políticos (americanos) perante as massas, mas a verdade é que me doem as costas, e não preciso de criar vícios de cronista da moda, e por isso viro-me para o excerto duma nova tradução recente e badalada, procurando outra América
«Assim de repente, não consigo lembrar-me de mais do que três raparigas na minha vida que me tenham impressionado logo à primeira vista por serem indescritivelmente bonitas. Uma foi uma rapariga magra num fato de banho preto que estava com grandes problemas para conseguir abrir um guarda sol laranja em Jones Beach, por volta de 1936. A segunda foi numa rapariga a bordo de um cruzeiro em 1939, que atirou o isqueiro a um golfinho. E a terceira foi a namorada do chefe, Mary Hudson»
uma américa mais cinematográfica no meio dum dos contos de Salinger ( O homem-gargalhada), e que me fez ir buscar aqueles textos pequeninos e um bocadinho doentios
«O meu nome atravessou sete gerações de homens com o mesmo nome. Cada um desses homens pôs o nome do pai ao primeiro filho. Porém, as mães tratavam os filhos pelos diminutivos, para que não houvesse confusões quando fosse preciso chamar pais e filhos, que trabalhavam lado a lado, nos campos, com trigo pela cintura.
Os filhos, contudo acabavam por acreditar que os seus verdadeiros nomes eram os diminutivos (…). Não faziam a mínima ideia de que o seu nome verdadeiro e legal estava adormecido, à sua espera num qualquer papel, em Chicago, que seria esse nome que teriam de acrescentar a «Mr» e que seria com esse nome que, um dia, haveriam de morrer»
do Sam Shepard e a deixar-me felizmente sem genica para ir buscar um tipo que até se impunha mas de quem nem gosto sequer , o sobrevalorizado Carver, e vou então refugiar-me naquele que dá o titulo ao post e que termina o seu 'grande gatsby' escrevendo que «so we beat on, boats against the current, borne back ceaselessly into the past»
não me fazendo ter vontade de mais nada senão de dormir. E aí talvez consiga um sonho em que volte a ter nove anos, encontre Mary Hudson e me mandem pôr a fralda da camisa para dentro. Sem políticos mercadoria.
[acho que não acertei no nome de nenhum escritor à primeira ....ah 'pera aí acho que acertei no Carver]
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Agassi
Sim, Agassi
Agassi, pois; independentemente ( vou tentar não usar muitos advérbios de modo porque vi noutro dia esplanado por aí que é proibido) do resultado que tenha amanhã com aquele chip suiço de fitinha amarela, e de nem ter feito hoje um jogo de cinco estrelas, é bom que se diga já que Agassi é o maior jogador de ténis de todos os tempos ( estes superlativos são a razão de existir do desporto). Se não mesmo desportista. Apesar de conhecer as pancadas que os adversários vão fazer antes deles próprios saberem, apesar de dar aquela ideia que ainda tem tempo de fazer um su doku antes de bater cada bola, apesar de ter andado uns sets a fazer amortis com a Brooke Shields, ainda chegam a dizer que por vezes ele se excede um pouco em jogo táctico, do género de quem diz que Deus foi um bocado pirrónico com aquela coisa da lei da gravidade. Sem nunca ter dado para aquelas paneleirices dos aproaches em slice, desprezando como um estoico aquelas esquerdas duma só mãozinha, bem puxadinhas atrás e em chapa, como se os jogadores de ténis fossem girafas a tomar balanço para bater punhetas [(esta agora relida pareceu-me 'forte') daqui a bocado pareço o rubem fonseca em crise de carreira], e escolhendo o jogo de rede apenas na altura de cumprimentar os tipos que acabou de ensinar a jogar, esta criatura que Deus desenhou para jogador de ténis ( logo a seguir deve ter desenhado o Peseiro e esqueceu-se de afiar o lápis no entretanto) é o único jogador do ‘ténis moderno’ que ganhou os quatros torneios do grand slam (isto é um blog que dispensa - no sentido de 'distribui' -informação séria, atenção), e chega aos 35 anos dando a sensação ( isto foram duas ou três palavras com terminação em ‘ão’ muito seguidas, se calhar perco o emprego) que foi o gajo que inventou mesmo aquilo e que de vez em quando deixou uns stallones servir como quem desbasta a floresta amazónica em folhas de papel cavalinho e até ganharem uns jogos. Qualquer comparação com outros jogadores só se poderá fazer porque senão os manuais de estatística deixavam de ter razão de existir e, claro, há rapazolas que em não podendo ser bailarinos por imposição genética acabam por ir batendo umas bolas com força e nos melhores dias acertam nuns half volleys.
Sim, Agassi
Agassi, pois; independentemente ( vou tentar não usar muitos advérbios de modo porque vi noutro dia esplanado por aí que é proibido) do resultado que tenha amanhã com aquele chip suiço de fitinha amarela, e de nem ter feito hoje um jogo de cinco estrelas, é bom que se diga já que Agassi é o maior jogador de ténis de todos os tempos ( estes superlativos são a razão de existir do desporto). Se não mesmo desportista. Apesar de conhecer as pancadas que os adversários vão fazer antes deles próprios saberem, apesar de dar aquela ideia que ainda tem tempo de fazer um su doku antes de bater cada bola, apesar de ter andado uns sets a fazer amortis com a Brooke Shields, ainda chegam a dizer que por vezes ele se excede um pouco em jogo táctico, do género de quem diz que Deus foi um bocado pirrónico com aquela coisa da lei da gravidade. Sem nunca ter dado para aquelas paneleirices dos aproaches em slice, desprezando como um estoico aquelas esquerdas duma só mãozinha, bem puxadinhas atrás e em chapa, como se os jogadores de ténis fossem girafas a tomar balanço para bater punhetas [(esta agora relida pareceu-me 'forte') daqui a bocado pareço o rubem fonseca em crise de carreira], e escolhendo o jogo de rede apenas na altura de cumprimentar os tipos que acabou de ensinar a jogar, esta criatura que Deus desenhou para jogador de ténis ( logo a seguir deve ter desenhado o Peseiro e esqueceu-se de afiar o lápis no entretanto) é o único jogador do ‘ténis moderno’ que ganhou os quatros torneios do grand slam (isto é um blog que dispensa - no sentido de 'distribui' -informação séria, atenção), e chega aos 35 anos dando a sensação ( isto foram duas ou três palavras com terminação em ‘ão’ muito seguidas, se calhar perco o emprego) que foi o gajo que inventou mesmo aquilo e que de vez em quando deixou uns stallones servir como quem desbasta a floresta amazónica em folhas de papel cavalinho e até ganharem uns jogos. Qualquer comparação com outros jogadores só se poderá fazer porque senão os manuais de estatística deixavam de ter razão de existir e, claro, há rapazolas que em não podendo ser bailarinos por imposição genética acabam por ir batendo umas bolas com força e nos melhores dias acertam nuns half volleys.
Porque deixou de me fazer sentido escrever sobre politica doméstica
( não, nenhum leitor imaginário me perguntou)
Porque eu julgava sinceramente que com Guterres se tinha chegado ao piorzinho, porque com o episódio (para utilizar uma palavra que venha no dicionário) de Barroso eu fiquei estupefacto mas ainda consegui dizer qualquer coisinha, esboçar um esgar de espírito crítico, porque ainda achei natural a novela de Lopes&Portas e todos até sabíamos mais ou menos que ela se iria desvanecer e ainda registávamos umas piadas e uns gags tentando convencer-nos que era a nossa alma revisteira a aliviar um pouco da pressão, porque já calculava – como qualquer gajo normal com um mínimo de memória e dois dedos de testa o devia fazer - que a vinda do PS para o poder estaria sempre rodeada de anedotas falantes e irrelevantes, job-boyzadas e despesismos, mas, meu Deus, agora vejo Sócrates agarrado a uma cassete que eu já pensava estar rebobinada e calcinada, incapaz de entusiasmar um preso agarrado a uma pin up, vejo Carrilho candidato na Câmara, vejo Soares a fazer de jangada de pedra e a querer voltar, vejo Varas armandados a cada esquina, vejo os inenarráveis cartazes das autárquicas com gente a querer dar a cara por nós quando nós queremos é que dêem o corpinho todo, cu incluído, vejo os estrangeiros que nem acreditam nós sermos possíveis, e inexplicavelmente já começo a conseguir ouvir os Sousa Tavares, os Rogeiros e a ficar com o olhar fixo nas notícias mas no fundo pensando na minha mãezinha, nos seus problemas com joelho esquerdo, e começo a ter saudades do Eládio Climaco, da Teresa Guilherme, do Paço Bandeira, pena dos aleijados, até já me vieram saudades do Portugalzinho parolo e isolado, sonhador, inconsciente, rezador e penitente, e marialva, e não tarda ainda me apanho a ouvir o Perez Metello e a ler a Rosa Lobato Faria ou a Inês Pedrosa e isto não é nada saudável. Bom, bom mesmo, era ser apanhado num daqueles inquéritos de rua, porque graças a Deus nem sequer já sei o nome dos ministros. Esta coisa da política afinal pode mexer connosco.
( não, nenhum leitor imaginário me perguntou)
Porque eu julgava sinceramente que com Guterres se tinha chegado ao piorzinho, porque com o episódio (para utilizar uma palavra que venha no dicionário) de Barroso eu fiquei estupefacto mas ainda consegui dizer qualquer coisinha, esboçar um esgar de espírito crítico, porque ainda achei natural a novela de Lopes&Portas e todos até sabíamos mais ou menos que ela se iria desvanecer e ainda registávamos umas piadas e uns gags tentando convencer-nos que era a nossa alma revisteira a aliviar um pouco da pressão, porque já calculava – como qualquer gajo normal com um mínimo de memória e dois dedos de testa o devia fazer - que a vinda do PS para o poder estaria sempre rodeada de anedotas falantes e irrelevantes, job-boyzadas e despesismos, mas, meu Deus, agora vejo Sócrates agarrado a uma cassete que eu já pensava estar rebobinada e calcinada, incapaz de entusiasmar um preso agarrado a uma pin up, vejo Carrilho candidato na Câmara, vejo Soares a fazer de jangada de pedra e a querer voltar, vejo Varas armandados a cada esquina, vejo os inenarráveis cartazes das autárquicas com gente a querer dar a cara por nós quando nós queremos é que dêem o corpinho todo, cu incluído, vejo os estrangeiros que nem acreditam nós sermos possíveis, e inexplicavelmente já começo a conseguir ouvir os Sousa Tavares, os Rogeiros e a ficar com o olhar fixo nas notícias mas no fundo pensando na minha mãezinha, nos seus problemas com joelho esquerdo, e começo a ter saudades do Eládio Climaco, da Teresa Guilherme, do Paço Bandeira, pena dos aleijados, até já me vieram saudades do Portugalzinho parolo e isolado, sonhador, inconsciente, rezador e penitente, e marialva, e não tarda ainda me apanho a ouvir o Perez Metello e a ler a Rosa Lobato Faria ou a Inês Pedrosa e isto não é nada saudável. Bom, bom mesmo, era ser apanhado num daqueles inquéritos de rua, porque graças a Deus nem sequer já sei o nome dos ministros. Esta coisa da política afinal pode mexer connosco.
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La vie au Tanga
Dedico então à convidada deste blog (que usa aquela letra miudinha e com rococós e que poderá eventualmente elucidar-me quem será esse tal de Guattari pois – tal como diria Pais do Amaral da TVI – os homens de negócios não sabem essas coisas) um conjuntinho de entradas do dicionário não ilustrado, subordinado ao tema: actividades que podem degradar aquilo que Deus nosso senhor estipulou para a natureza free & clean dum homem, e que inclusive lhe podem provocar formigueiro nas pernas, de tal forma que deveriam estar dispensadas – se não mesmo vedadas - ao sexo forte.(entradas 1086 a 1093)
A dança – Inusitado serpentear do corpo que será sempre uma humilhante capitulação do homem perante aquela que fez pandan com Eva e com a maçã.
A política – Actividade de carácter ridicularizante que foi desdenhada pela mulher por exigir muito esforço às unhas, pouca valorização ao conteúdo do decote, e muito apelo às aparas da madeira provocadas pelo serrote.
A crítica musical – Actividade apenas de recurso face à maior dificuldade das mulheres em descobrirem o encanto dum falsete e de se safarem mal a mijar de pé, e que só a sua existência in extremis poderia tornar possível o Antony (com ou sem Jonhsons) ganhar os prémios Mercury.
A poesia – Nobre tarefa mas que apenas deveria ser efectuada por mulheres pois a maior permanência no cabeleireiro permite-lhes o mais fácil acesso à industriosa técnica das nuances
O Jornalismo – Actividade flagrantemente destinada ao género feminino pois este, face à sua absoluta dispensa da abstracção, à sua hipervalorização dos pormenores e do instinto materno-predador, consegue dar à notícia o estatuto de verdade sem precisar da maçada dum raciocínio.
A Culinária – Empolgante actividade da qual, tendo em conta a maior capacidade da mulher em descobrir fetiches por detrás duma forma ou duma espátula de barrar, o homem se deveria abster sob o risco de apenas se lhe aproveitar o efeito da parte de trás do avental, ou as lágrimas a descascar as cebolas.
A Bricolage – Actividade praticamente charneira que coloca o homem a meio caminho entre uma bucha e uma esquadria mas que permite à mulher apreciar um pé direito em todo o seu explendor – com ‘x’ obviamente – ao ver um tipo todo esticadinho que nem uma disfunção eréctil (peço desculpa mas adoro esta expressão) tratada por um ‘enlargement pill’.
A dança – Inusitado serpentear do corpo que será sempre uma humilhante capitulação do homem perante aquela que fez pandan com Eva e com a maçã.
A política – Actividade de carácter ridicularizante que foi desdenhada pela mulher por exigir muito esforço às unhas, pouca valorização ao conteúdo do decote, e muito apelo às aparas da madeira provocadas pelo serrote.
A crítica musical – Actividade apenas de recurso face à maior dificuldade das mulheres em descobrirem o encanto dum falsete e de se safarem mal a mijar de pé, e que só a sua existência in extremis poderia tornar possível o Antony (com ou sem Jonhsons) ganhar os prémios Mercury.
A poesia – Nobre tarefa mas que apenas deveria ser efectuada por mulheres pois a maior permanência no cabeleireiro permite-lhes o mais fácil acesso à industriosa técnica das nuances
O Jornalismo – Actividade flagrantemente destinada ao género feminino pois este, face à sua absoluta dispensa da abstracção, à sua hipervalorização dos pormenores e do instinto materno-predador, consegue dar à notícia o estatuto de verdade sem precisar da maçada dum raciocínio.
A Culinária – Empolgante actividade da qual, tendo em conta a maior capacidade da mulher em descobrir fetiches por detrás duma forma ou duma espátula de barrar, o homem se deveria abster sob o risco de apenas se lhe aproveitar o efeito da parte de trás do avental, ou as lágrimas a descascar as cebolas.
A Bricolage – Actividade praticamente charneira que coloca o homem a meio caminho entre uma bucha e uma esquadria mas que permite à mulher apreciar um pé direito em todo o seu explendor – com ‘x’ obviamente – ao ver um tipo todo esticadinho que nem uma disfunção eréctil (peço desculpa mas adoro esta expressão) tratada por um ‘enlargement pill’.
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dicionário não ilustrado
(des)cartesianismos e (in)comodismos
Prometo, para não intelectualizar 'o monumento à poesia do quotidiano' que é este belogue, não fazer qualquer referência às conceptualizações de Poe, Barthes e Deleuze e Guattari em torno dos conceitos de 'mineur' e 'majeur' no que à literatura se refere mas... será que mais ninguém se terá lembrado, ao ler a rigorosa e inspirada análise do post anterior, daquela musiquinha de James Brown (*) "I got ants in my pants (And I want to dance)" e que acabava assim: "Now, I can't dance, / You can't dance? / I got ants in my pants, / Ha, ha! / Now, I can't dance, / Now, you can't dance, / I got ants in my pants! / Ants in your pants!"?
Oh boy, "Please please please"...
(*) num 45 rpm do tempo do vinyl, aí por volta de 1973
Prometo, para não intelectualizar 'o monumento à poesia do quotidiano' que é este belogue, não fazer qualquer referência às conceptualizações de Poe, Barthes e Deleuze e Guattari em torno dos conceitos de 'mineur' e 'majeur' no que à literatura se refere mas... será que mais ninguém se terá lembrado, ao ler a rigorosa e inspirada análise do post anterior, daquela musiquinha de James Brown (*) "I got ants in my pants (And I want to dance)" e que acabava assim: "Now, I can't dance, / You can't dance? / I got ants in my pants, / Ha, ha! / Now, I can't dance, / Now, you can't dance, / I got ants in my pants! / Ants in your pants!"?
Oh boy, "Please please please"...
(*) num 45 rpm do tempo do vinyl, aí por volta de 1973
E agora era uns carapauzinhos de escabeche para a mesinha do fundo que é para seu Ruben se poder inspirar
Uma das panasquices literárias do momento, e crescente, é o pavoneamento adulador da literatura brasileira. Como que ignorando os seus tiques, as suas hip-hop-izações, os seus efeitos fáceis, os seus arco-iris sensuais, o seu estilo bricolage sentimental, tratando-a como se fosse uma teologia da libertação da língua e da alma portuguesa, ela é agora apresentada como se Eça de Queirós tivesse voltado, remodelado, mas com mais gajas nuas e diálogos de telenovela, elevando o samba falado a ululante deusa grega. A pura despadronização da existência, encapotada na sua mais pura pseudo-desmistificação, é o verdadeiro segredo de polichinelo da média literatura brasileira, pulverizada aqui e acolá com uma pretensa desamarrada forma de contar e exprimir, e lembram-me o Tarzan quando viu a Jane pela primeira vez: cona já tinha visto certamente nos chimpazés fêmeas, agora uma gaja nervosa e aos gritos é que era novidade. A alguma literatura brasileira ainda lhe falta um bocado para perder a imagem duma mulher aos pulos por ter visto uma barata, mesmo que pareça algumas vezes que nos está a ronronar torridamente aos ouvidos, e deixe de ser – corrompendo agora aqui uma imagem de Arnaldo Jabor – mero ‘formicida no guaraná’ a tentar substituir o estafado ‘cianeto no champanhe’. E para deixar reais marcas em quem a lê ainda vai precisando do colorido da Rede Globo.
Uma das panasquices literárias do momento, e crescente, é o pavoneamento adulador da literatura brasileira. Como que ignorando os seus tiques, as suas hip-hop-izações, os seus efeitos fáceis, os seus arco-iris sensuais, o seu estilo bricolage sentimental, tratando-a como se fosse uma teologia da libertação da língua e da alma portuguesa, ela é agora apresentada como se Eça de Queirós tivesse voltado, remodelado, mas com mais gajas nuas e diálogos de telenovela, elevando o samba falado a ululante deusa grega. A pura despadronização da existência, encapotada na sua mais pura pseudo-desmistificação, é o verdadeiro segredo de polichinelo da média literatura brasileira, pulverizada aqui e acolá com uma pretensa desamarrada forma de contar e exprimir, e lembram-me o Tarzan quando viu a Jane pela primeira vez: cona já tinha visto certamente nos chimpazés fêmeas, agora uma gaja nervosa e aos gritos é que era novidade. A alguma literatura brasileira ainda lhe falta um bocado para perder a imagem duma mulher aos pulos por ter visto uma barata, mesmo que pareça algumas vezes que nos está a ronronar torridamente aos ouvidos, e deixe de ser – corrompendo agora aqui uma imagem de Arnaldo Jabor – mero ‘formicida no guaraná’ a tentar substituir o estafado ‘cianeto no champanhe’. E para deixar reais marcas em quem a lê ainda vai precisando do colorido da Rede Globo.
Mais um esforço para afastar leitores imaginários
Nas primeiras palavras que os evangelistas referem de Jesus este dá muito poucas abébias ao auditório e diz a N. Senhora e a S. José que escusavam de passarinhar-se ali feitos paizinhos mimis atrás do filhinho que Ele tinha mais que fazer, assumindo assim quem era e ao que vinha, sem deixar espaço para dúvidas. Não foi uma entrada assim bonita, que não foi, há que dizê-lo com toda a frontalidade, tanto mais que eles tinham andado ali de Nazaré para Belém, de Belém pró Egipto e do Egipto para Nazaré, numa fona, como o barata tonta do Kiefer atrás das bolas do Federer (quero avisar que não gramo este gajo – refiro-me ao insuportavel do suíço), para tentar que não chegassem com a roupa ao pêlo do catraio judeu; o S. José então é que devia andar pouco em brasa devia, praticamente como eu fico quando o meu filho mais novo me atende o telefone e diz cheio de desplante «e o que é que foi desta vez», e o sacana nem é filho de Deus nem nada; que eu saiba. Jesus faz-se então rodear logo no início da sua aparição de algo misterioso, deixando claro que lá por ajudar o pai a fazer torneados em mesas de pé de galo, era Deus ( é aquela coisa da Stíssima Trindade mas agora não tenho mais moedas para me poder explanar), tinha uns servicinhos a tratar e mainada. E é neste ambiente que pouco tem de acolhedor e exegético que aparece uma das frases mais marcantes de toda a revelação ( têm de se usar umas expressões pomposas assim senão ninguém liga nenhuma) : «Não compreenderam, mas Maria guardava todas estas coisas no seu coração». Não perceber bem o que se passa mas contar com o coração como refúgio, é a melhor maneira de resolver os eternos problemas da boa e da má consciência. Deus nunca trabalha em top spin e por isso não deixa que nenhuma alma caia de repente, mesmo que já esteja a caminhar para fora da linha; ou já tenha batido na rede.
Nas primeiras palavras que os evangelistas referem de Jesus este dá muito poucas abébias ao auditório e diz a N. Senhora e a S. José que escusavam de passarinhar-se ali feitos paizinhos mimis atrás do filhinho que Ele tinha mais que fazer, assumindo assim quem era e ao que vinha, sem deixar espaço para dúvidas. Não foi uma entrada assim bonita, que não foi, há que dizê-lo com toda a frontalidade, tanto mais que eles tinham andado ali de Nazaré para Belém, de Belém pró Egipto e do Egipto para Nazaré, numa fona, como o barata tonta do Kiefer atrás das bolas do Federer (quero avisar que não gramo este gajo – refiro-me ao insuportavel do suíço), para tentar que não chegassem com a roupa ao pêlo do catraio judeu; o S. José então é que devia andar pouco em brasa devia, praticamente como eu fico quando o meu filho mais novo me atende o telefone e diz cheio de desplante «e o que é que foi desta vez», e o sacana nem é filho de Deus nem nada; que eu saiba. Jesus faz-se então rodear logo no início da sua aparição de algo misterioso, deixando claro que lá por ajudar o pai a fazer torneados em mesas de pé de galo, era Deus ( é aquela coisa da Stíssima Trindade mas agora não tenho mais moedas para me poder explanar), tinha uns servicinhos a tratar e mainada. E é neste ambiente que pouco tem de acolhedor e exegético que aparece uma das frases mais marcantes de toda a revelação ( têm de se usar umas expressões pomposas assim senão ninguém liga nenhuma) : «Não compreenderam, mas Maria guardava todas estas coisas no seu coração». Não perceber bem o que se passa mas contar com o coração como refúgio, é a melhor maneira de resolver os eternos problemas da boa e da má consciência. Deus nunca trabalha em top spin e por isso não deixa que nenhuma alma caia de repente, mesmo que já esteja a caminhar para fora da linha; ou já tenha batido na rede.
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As Broncas de Caná
‘Ergo zoom’
um post praticamente vegetariano
Aqueles vergões em forma de ‘Y’ que apresentam as coxas da ‘Afrodite Agachada’ aqui de baixo, devidamente acolitados pela michelinização da sua zona abdominal fazem-me crer que os excessos da carne são absolutamente a evitar tanto mais que todas as perplexidades da nossa condição se podem resolver com dois dedos de conversa. O ser é essencialmente vegetativo, a dialéctica um embuste e a metafísica uma ilusão de óptica.
um post praticamente vegetariano
Aqueles vergões em forma de ‘Y’ que apresentam as coxas da ‘Afrodite Agachada’ aqui de baixo, devidamente acolitados pela michelinização da sua zona abdominal fazem-me crer que os excessos da carne são absolutamente a evitar tanto mais que todas as perplexidades da nossa condição se podem resolver com dois dedos de conversa. O ser é essencialmente vegetativo, a dialéctica um embuste e a metafísica uma ilusão de óptica.
As leitoras imaginárias não param de me escrever. E alto lá com elas.
Mas eu nunca deixei ninguém apeado no meio do tablado.
Kristeva,
filha, não leves tão a peito o que eu escrevo, não vês que é como aquela coisa que tu dizias do contínuo processo de significação, uma espécie de fusão entre o ‘divã’ e o ‘eterno retorno’, e uma moça como tu não devia desleixar tanto das lides da casa para me ler, porque depois vai-se a ver é o que fica duma mulher, essa boa consciência do dever cumprido, ora vê lá eu, só me arrasto por aqui porque não tenho jeito para o bricolage, e por isso meia volta estou sempre a ouvir que «as larachas parvas e as ideias mirabolantes não seguram candeeiros, nem desentopem autoclismos», mas pronto deixo-me levar se calhar por aquela coisa do ‘prazer do texto’ como dizia aquele pachola do teu amigo Barthes, e que no fundo deve ser a mesma coisa que sente a cozinheira quando lhe vão aos queques enquanto eles ainda estão quentinhos; Júlia, minha santa, tu um dia ainda devias experimentar, pegavas nessa coisa da semiótica, e com um pãozinho daquele em forno de lenha fazias uma sopinha de cebola gratinada que os teus amigos do 'tel quel' até te chamavam fada búlgara. E assim ainda te libertavas dos fantasmas que carregas por causa do teu nome de fusão entre Cristo e Eva, e em vez da psicanálise e dessa perseguição que sentes ao género feminino, acompanhavas com uma jeropiga e dançavas um cancan. Uma mulher quer-se estruturalista, filha, senão depois já se sabe, cada um põe-se a escolher a sua ementa e é ver-se azedar a comida toda no frigorífico e depois tu é que ficas como a desgovernada, e vai daí ó te agarras outra vez aos símbolos do costume ou então dá em merda porque a livre associação está sempre à espreita. Pois daquele que te aprecia e estima, e já sabes se te doer a cabecinha experimenta uma aspirina.
Mas eu nunca deixei ninguém apeado no meio do tablado.
Kristeva,
filha, não leves tão a peito o que eu escrevo, não vês que é como aquela coisa que tu dizias do contínuo processo de significação, uma espécie de fusão entre o ‘divã’ e o ‘eterno retorno’, e uma moça como tu não devia desleixar tanto das lides da casa para me ler, porque depois vai-se a ver é o que fica duma mulher, essa boa consciência do dever cumprido, ora vê lá eu, só me arrasto por aqui porque não tenho jeito para o bricolage, e por isso meia volta estou sempre a ouvir que «as larachas parvas e as ideias mirabolantes não seguram candeeiros, nem desentopem autoclismos», mas pronto deixo-me levar se calhar por aquela coisa do ‘prazer do texto’ como dizia aquele pachola do teu amigo Barthes, e que no fundo deve ser a mesma coisa que sente a cozinheira quando lhe vão aos queques enquanto eles ainda estão quentinhos; Júlia, minha santa, tu um dia ainda devias experimentar, pegavas nessa coisa da semiótica, e com um pãozinho daquele em forno de lenha fazias uma sopinha de cebola gratinada que os teus amigos do 'tel quel' até te chamavam fada búlgara. E assim ainda te libertavas dos fantasmas que carregas por causa do teu nome de fusão entre Cristo e Eva, e em vez da psicanálise e dessa perseguição que sentes ao género feminino, acompanhavas com uma jeropiga e dançavas um cancan. Uma mulher quer-se estruturalista, filha, senão depois já se sabe, cada um põe-se a escolher a sua ementa e é ver-se azedar a comida toda no frigorífico e depois tu é que ficas como a desgovernada, e vai daí ó te agarras outra vez aos símbolos do costume ou então dá em merda porque a livre associação está sempre à espreita. Pois daquele que te aprecia e estima, e já sabes se te doer a cabecinha experimenta uma aspirina.
"on the muffins" ou "entre linhas"
Dizia Deleuze que um contrato pressupõe, em princípio, o livre consentimento das partes contratantes e determina entre eles um sistema de direitos e de deveres recíprocos, não podendo afectar uma terceira parte e sendo válido por um período limitado (*). Depreende-se daqui ser a sua assinatura condição bastante para a ligação biunívoca entre os personagens de uma história (no caso, se não fosse o Baudelaire talvez a coisa se resolvesse pelo Redon porque pelo Poussin nem com a madalena lá iríamos) e que a sua validade caduca quando a trajectória do masoquista evoluir no sentido da sua transformação em sádico.
Ora, acontece que não se tem consciência, à partida, da dúplice possibilidade deste processo e, das duas uma: ou se agarra nos 'inlines' e se despacha a 'esplanada' de enfiada, com tombos e tudo se fôr necessário, ou se veste um avental e ala para a cozinha fazer 'muffins'. Enfim tudo perfeito como nos desenhos da Hatherly desde que não se misture prazer com dor, ou seja, desde que se tenha a sabedoria e a paciência para temperar como coentrada uma alhada em vez de, simplesmente, enfiar o cação no forno e ficar à espera das luvas de protecção.
(*) acho que era lá para a página 77 de «“Coldness and Cruelty” in Masochism», uma obra ainda não editada pela Colecção Dois Mundos mas que, em 1991, se podia encontrar nos Zone Books de New York
Dizia Deleuze que um contrato pressupõe, em princípio, o livre consentimento das partes contratantes e determina entre eles um sistema de direitos e de deveres recíprocos, não podendo afectar uma terceira parte e sendo válido por um período limitado (*). Depreende-se daqui ser a sua assinatura condição bastante para a ligação biunívoca entre os personagens de uma história (no caso, se não fosse o Baudelaire talvez a coisa se resolvesse pelo Redon porque pelo Poussin nem com a madalena lá iríamos) e que a sua validade caduca quando a trajectória do masoquista evoluir no sentido da sua transformação em sádico.
Ora, acontece que não se tem consciência, à partida, da dúplice possibilidade deste processo e, das duas uma: ou se agarra nos 'inlines' e se despacha a 'esplanada' de enfiada, com tombos e tudo se fôr necessário, ou se veste um avental e ala para a cozinha fazer 'muffins'. Enfim tudo perfeito como nos desenhos da Hatherly desde que não se misture prazer com dor, ou seja, desde que se tenha a sabedoria e a paciência para temperar como coentrada uma alhada em vez de, simplesmente, enfiar o cação no forno e ficar à espera das luvas de protecção.
(*) acho que era lá para a página 77 de «“Coldness and Cruelty” in Masochism», uma obra ainda não editada pela Colecção Dois Mundos mas que, em 1991, se podia encontrar nos Zone Books de New York
Momento ‘cada um faz o que pode’
S. Beckett disse numa entrevista/discurso que hoje já não é possível saber tudo, deixou de haver o elo entre o ‘eu’ e as coisas… Há que criar um mundo próprio para conhecer as necessidades, compreender e satisfazer as necessidades por ordem.
Eu cá até me apetecia dizer qualquer coisa engraçada, florear o tal meu ‘mundo próprio’, mas optei por ir dar agora um pulinho a Fátima rezar por esta merda toda. Estou a colocar as necessidades por ordem.
S. Beckett disse numa entrevista/discurso que hoje já não é possível saber tudo, deixou de haver o elo entre o ‘eu’ e as coisas… Há que criar um mundo próprio para conhecer as necessidades, compreender e satisfazer as necessidades por ordem.
Eu cá até me apetecia dizer qualquer coisa engraçada, florear o tal meu ‘mundo próprio’, mas optei por ir dar agora um pulinho a Fátima rezar por esta merda toda. Estou a colocar as necessidades por ordem.
Rentrée na feira de carcavelos
Hoje está demonstrado que trotskis & che guevaras pouco mais deixaram de jeito que uma moda de óculos e umas t-shirts desbotadas, no entanto este facto também revela que a esquerda sempre se conseguiu franchisar com mais sucesso que a direita (senão experimentemos passar uma noite com uns boxers estampados com a margaret teatcher e veremos que a noite será sequinha como um carapau frito dum dia para o outro)
Esta melhor franchisação dos ideais e dos ícones da esquerda, leva a que mais facilmente se aguentem os seus produtos na banca do comércio eleitoral e sejam mais elásticos ao fenómeno da moda.
O reaparecimento de Soares para além de revelar os básicos: ps à rasca, país à rasca, regime à rasca, estado à rasca, revela igualmente uma baixíssima capacidade da direita de abafar esta tremenda capacidade de ‘iconologicar’ da esquerda que, quando o folclore é a única salvação, é imbatível.
Hoje está demonstrado que trotskis & che guevaras pouco mais deixaram de jeito que uma moda de óculos e umas t-shirts desbotadas, no entanto este facto também revela que a esquerda sempre se conseguiu franchisar com mais sucesso que a direita (senão experimentemos passar uma noite com uns boxers estampados com a margaret teatcher e veremos que a noite será sequinha como um carapau frito dum dia para o outro)
Esta melhor franchisação dos ideais e dos ícones da esquerda, leva a que mais facilmente se aguentem os seus produtos na banca do comércio eleitoral e sejam mais elásticos ao fenómeno da moda.
O reaparecimento de Soares para além de revelar os básicos: ps à rasca, país à rasca, regime à rasca, estado à rasca, revela igualmente uma baixíssima capacidade da direita de abafar esta tremenda capacidade de ‘iconologicar’ da esquerda que, quando o folclore é a única salvação, é imbatível.
A Esquerda ganhará sempre todos os concursos de ‘país t-shirt molhada’ porque é a que consegue produzir mais e melhor silicone e colorido estampado ao mesmo tempo.
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