"on the muffins" ou "entre linhas"
Dizia Deleuze que um contrato pressupõe, em princípio, o livre consentimento das partes contratantes e determina entre eles um sistema de direitos e de deveres recíprocos, não podendo afectar uma terceira parte e sendo válido por um período limitado (*). Depreende-se daqui ser a sua assinatura condição bastante para a ligação biunívoca entre os personagens de uma história (no caso, se não fosse o Baudelaire talvez a coisa se resolvesse pelo Redon porque pelo Poussin nem com a madalena lá iríamos) e que a sua validade caduca quando a trajectória do masoquista evoluir no sentido da sua transformação em sádico.
Ora, acontece que não se tem consciência, à partida, da dúplice possibilidade deste processo e, das duas uma: ou se agarra nos 'inlines' e se despacha a 'esplanada' de enfiada, com tombos e tudo se fôr necessário, ou se veste um avental e ala para a cozinha fazer 'muffins'. Enfim tudo perfeito como nos desenhos da Hatherly desde que não se misture prazer com dor, ou seja, desde que se tenha a sabedoria e a paciência para temperar como coentrada uma alhada em vez de, simplesmente, enfiar o cação no forno e ficar à espera das luvas de protecção.
(*) acho que era lá para a página 77 de «“Coldness and Cruelty” in Masochism», uma obra ainda não editada pela Colecção Dois Mundos mas que, em 1991, se podia encontrar nos Zone Books de New York
Dizia Deleuze que um contrato pressupõe, em princípio, o livre consentimento das partes contratantes e determina entre eles um sistema de direitos e de deveres recíprocos, não podendo afectar uma terceira parte e sendo válido por um período limitado (*). Depreende-se daqui ser a sua assinatura condição bastante para a ligação biunívoca entre os personagens de uma história (no caso, se não fosse o Baudelaire talvez a coisa se resolvesse pelo Redon porque pelo Poussin nem com a madalena lá iríamos) e que a sua validade caduca quando a trajectória do masoquista evoluir no sentido da sua transformação em sádico.
Ora, acontece que não se tem consciência, à partida, da dúplice possibilidade deste processo e, das duas uma: ou se agarra nos 'inlines' e se despacha a 'esplanada' de enfiada, com tombos e tudo se fôr necessário, ou se veste um avental e ala para a cozinha fazer 'muffins'. Enfim tudo perfeito como nos desenhos da Hatherly desde que não se misture prazer com dor, ou seja, desde que se tenha a sabedoria e a paciência para temperar como coentrada uma alhada em vez de, simplesmente, enfiar o cação no forno e ficar à espera das luvas de protecção.
(*) acho que era lá para a página 77 de «“Coldness and Cruelty” in Masochism», uma obra ainda não editada pela Colecção Dois Mundos mas que, em 1991, se podia encontrar nos Zone Books de New York
Sem comentários:
Enviar um comentário