Dust beated but not brushed

Eu tenho de confessar que já em tempos usei umas dessas calças Lévinas de que a senhora fala, no entanto as pessoas diziam que eu até parecia outra pessoa com aquilo; cheguei a elucubrar um pouco com essa inesperada constatação de alteridade explícita, poderia ser do corte justinho ou da falta das pinças reconheço, mas o que é um facto é que as noites já me custavam mais a passar e até me socorri in extremis desses inevitáveis comprimidinhos de Valery, só que se calhar porque ia para a cama muito cedo e empanturrado duns Guattaris de massa folhada, passava as noites numa tal baralhação que era como se me tivessem enfiado um Musil pela cabeça adentro ( peço desculpa por este estilo de alguma coloquialidade mas mais uma vez estão-se-me a acabar as moedas). Cheguei então a este estado, com as paredes da alma sem estóico já praticamente nenhum e com a alvenaria da lei do menor esforço toda à vista; sem conseguir criar uma esfera de interesses decente e estável e a pagar taxas de ecoponto proibitivas acabo por viver eternamente na berlinda mesmo sem ter desses fotoperíodos, quer sejam outonais quer meta-clorofílicos, pois já me chegam os filha da puta dos afrontamentos que têm dado a umas tais de poliolefinas que me fodem o juízo ( já sei, não precisava de ser tão coloquial assim). Valem-me de facto a ‘mobilidade do campo especulativo’ e os ‘instrumentos da vã superioridade'. Mas realmente não sei se isso será suficiente. Poderá ser necessária uma massada de seriedade, sim, mas aux champignons, claro. No fundo, ‘we are the champignons’ já dizia a canção: estamos talhados para ser amaciados, ou grelhados, ou disfarçados em molho.

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