E agora era uns carapauzinhos de escabeche para a mesinha do fundo que é para seu Ruben se poder inspirar
Uma das panasquices literárias do momento, e crescente, é o pavoneamento adulador da literatura brasileira. Como que ignorando os seus tiques, as suas hip-hop-izações, os seus efeitos fáceis, os seus arco-iris sensuais, o seu estilo bricolage sentimental, tratando-a como se fosse uma teologia da libertação da língua e da alma portuguesa, ela é agora apresentada como se Eça de Queirós tivesse voltado, remodelado, mas com mais gajas nuas e diálogos de telenovela, elevando o samba falado a ululante deusa grega. A pura despadronização da existência, encapotada na sua mais pura pseudo-desmistificação, é o verdadeiro segredo de polichinelo da média literatura brasileira, pulverizada aqui e acolá com uma pretensa desamarrada forma de contar e exprimir, e lembram-me o Tarzan quando viu a Jane pela primeira vez: cona já tinha visto certamente nos chimpazés fêmeas, agora uma gaja nervosa e aos gritos é que era novidade. A alguma literatura brasileira ainda lhe falta um bocado para perder a imagem duma mulher aos pulos por ter visto uma barata, mesmo que pareça algumas vezes que nos está a ronronar torridamente aos ouvidos, e deixe de ser – corrompendo agora aqui uma imagem de Arnaldo Jabor – mero ‘formicida no guaraná’ a tentar substituir o estafado ‘cianeto no champanhe’. E para deixar reais marcas em quem a lê ainda vai precisando do colorido da Rede Globo.
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