Mais um esforço para afastar leitores imaginários

Nas primeiras palavras que os evangelistas referem de Jesus este dá muito poucas abébias ao auditório e diz a N. Senhora e a S. José que escusavam de passarinhar-se ali feitos paizinhos mimis atrás do filhinho que Ele tinha mais que fazer, assumindo assim quem era e ao que vinha, sem deixar espaço para dúvidas. Não foi uma entrada assim bonita, que não foi, há que dizê-lo com toda a frontalidade, tanto mais que eles tinham andado ali de Nazaré para Belém, de Belém pró Egipto e do Egipto para Nazaré, numa fona, como o barata tonta do Kiefer atrás das bolas do Federer (quero avisar que não gramo este gajo – refiro-me ao insuportavel do suíço), para tentar que não chegassem com a roupa ao pêlo do catraio judeu; o S. José então é que devia andar pouco em brasa devia, praticamente como eu fico quando o meu filho mais novo me atende o telefone e diz cheio de desplante «e o que é que foi desta vez», e o sacana nem é filho de Deus nem nada; que eu saiba. Jesus faz-se então rodear logo no início da sua aparição de algo misterioso, deixando claro que lá por ajudar o pai a fazer torneados em mesas de pé de galo, era Deus ( é aquela coisa da Stíssima Trindade mas agora não tenho mais moedas para me poder explanar), tinha uns servicinhos a tratar e mainada. E é neste ambiente que pouco tem de acolhedor e exegético que aparece uma das frases mais marcantes de toda a revelação ( têm de se usar umas expressões pomposas assim senão ninguém liga nenhuma) : «Não compreenderam, mas Maria guardava todas estas coisas no seu coração». Não perceber bem o que se passa mas contar com o coração como refúgio, é a melhor maneira de resolver os eternos problemas da boa e da má consciência. Deus nunca trabalha em top spin e por isso não deixa que nenhuma alma caia de repente, mesmo que já esteja a caminhar para fora da linha; ou já tenha batido na rede.

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