Pela reabilitação da inveja
A inveja é um pecado demasiado mal amado.
E logo em simultâneo pela moral, pelos costumes, pelos imaginários. Só a policia ainda não lhe chega ( soprando para o balão não acusa...).
E como se tal não bastasse, ninguém lhe dá uma palavra amiga e todos arrepiam caminho a deslindar-lhe as mais funestas consequências e perversões.
Malandrices como a gula, a preguiça, a avareza e a vaidade até dão para pavonear, mas a desgraçada da inveja não se livra nem da letra do catecismo nem do verbete do intelectualismo acossado .
O próprio ciúme já foi reabilitado pela psiquiatria e pelo lirismo do jogo amoroso, mas a inveja permanece com estigma e sem ciência nem poesia que a alivie.
Só que no "intimo do nosso ser " o mecanismo da inveja é inelidível, e não é uma pulsão de morte, é antes uma força livre , que tem de ser orientada e acarinhada para que possa dar em virtude e bom caminho.
Primeiro toda a inveja é reveladora, abre as brechas do “para além de nós”, e estimula constantemente novas auto-avaliações .
Depois é genuína, dissimula-se mal, podemos orientá-la desde os primeiras ocorrências.
Para além disto desenvolve-nos um amor próprio muito especial , porque saberemos sempre que fomos atrás “do outro”, e, portanto, é mais fácil manter a soberba em níveis controláveis.
No fundo é uma questão de dose, de ingredientes bem escolhidos e de saber tirar do lume no momento certo.
« Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pelo mal do próximo, e o desgosto causado pela sua prosperidade “ diz S.Gregório Magno . Ficará bem estabelecer aqui umas balizas : Não roubar, não difamar, não obstruir. De acordo. Mas o que é isso do «mal do próximo»?...Como evitar certos «desgostos»!?... Não me parece que seja o determinante.
Determinante é a moderação, o uso de meios legítimos, ....ser regrado.
E fugir aos efeitos perversos : da tristeza, da cobiça desordenada, do apego irracional à futilidade.
Detecto ainda na inveja uma boa característica : ela é socialmente estabilizadora . Permite a evolução com equilíbrios, como entre as aranhas e as moscas. A teia invejosa apanha muitas vezes moscardos que só nos iam fazer borbulhas.
E como até ficamos de olhos arregalados com um invejoso de classe!!!
Invejar é purificador!!
Não é a simples e ensossa ambição, é ter energia e tentar não a desperdiçar com a mera luminosidade.
Não é um corriqueiro catalisador da motivação, mas sim uma intratável e persistente memória. Daí o seu perigo.
Sejamos económicos no seu uso, e no seu acuso.
But.. ..be sophisticated please !…
Espero nunca ser dos que "prolongam aqui a ignorância que se detecta nas «conversas de circunstância»" in Aviz.
Baldrocas de fino recorte
O incontornável inspirou-se num texto meu antigo que até gostei de escrever. E motiva-me a autocrítica, o que eu ainda mais aprecio e agradeço.
Por isso, escrevo de seguida umas banalidades inconsequentes e quasi-vexatórias para o meu blego :
Com o puro sarcasmo sinto-me numa espécie de orgasmo marado. Num marasmo.
Mas a ironia assemelha-se por vezes a um perpétuo esquecimento. É como estar repetidamente a pôr sal na sopa. Um salzeimer !
E as analogias ilimitadas... são o meu recuo à puberdade do riso. São pubalgias de esforço e de estorvo .
E fala-se agora muito na qualidade do nosso abjeccionismo. Tudo muito bem escrito, claro !... Só que agora não se me ocorre nenhum palavrão jeitoso ....bem... não tenho nenhuma abjecção a isso.
Ah! A sátira ... só que geralmente não gostamos muito quando s’atira a nós...
O incontornável inspirou-se num texto meu antigo que até gostei de escrever. E motiva-me a autocrítica, o que eu ainda mais aprecio e agradeço.
Por isso, escrevo de seguida umas banalidades inconsequentes e quasi-vexatórias para o meu blego :
Com o puro sarcasmo sinto-me numa espécie de orgasmo marado. Num marasmo.
Mas a ironia assemelha-se por vezes a um perpétuo esquecimento. É como estar repetidamente a pôr sal na sopa. Um salzeimer !
E as analogias ilimitadas... são o meu recuo à puberdade do riso. São pubalgias de esforço e de estorvo .
E fala-se agora muito na qualidade do nosso abjeccionismo. Tudo muito bem escrito, claro !... Só que agora não se me ocorre nenhum palavrão jeitoso ....bem... não tenho nenhuma abjecção a isso.
Ah! A sátira ... só que geralmente não gostamos muito quando s’atira a nós...
A busca obsessiva do transcendente pode desembocar no vazio. Com este mais ou menos vestido pelo desejo.
Mas deixarmo-nos levar pelo irónico distanciamento, pode-se transformar numa vertigem de subjectividade.
Há quem fale em ser construtivo, afrontar a realidade, seja ela o que fôr. Em vez de narrar...marrar.
Não sei.
Vamos andando e vendo no que isto vai dando.
É a vida no gerúndio.
E agora já com acentos
Mas deixarmo-nos levar pelo irónico distanciamento, pode-se transformar numa vertigem de subjectividade.
Há quem fale em ser construtivo, afrontar a realidade, seja ela o que fôr. Em vez de narrar...marrar.
Não sei.
Vamos andando e vendo no que isto vai dando.
É a vida no gerúndio.
E agora já com acentos
O Novo dicionário não ilustrado também tem memória. ( entradas 121 a 129 ). E não esquece o que já esqueceu.
Boa memória – Qualidade, geralmente auto- atribuída, que pretende servir de dissuasor, mas que normalmente acaba por dar suores frios , e em certos ambientes mais fechados até dá soares frios
Memória curta – Quando puxando o cobertor do discurso para tapar os factos que atrapalham, se deixam ao léu as partes impudicas dos factos que comprometem
Memória selectiva – Quando esquecer é uma arte e lembrar-nos uma tragédia com espectadores a fazer casa cheia.
Memória de elefante – Se os impreparados eleitores se lembrassem de tudo, os sofridos sufragados estariam permanentemente de trombas
Lapso de memória – Quando o esforçado sufragado já nem se lembra de quem votou nele; e mesmo depois de bem esfregado, nem assim o sufragado arrebita. Mas no final quem fica estragado não é o sufragado.
Em memória de – Expressão encontrada nas técnicas do discurso corrente e utilizada para consagrar um mártir e herói burguês, face ao evidente trauma provocado pela falta de prerrogativas eclesiásticas do fazedor das laudes
Não há memória – Expressão de fino escândalo que, retirada do universo empolgante das sacristias, foi aproveitada pelo cosmos fascinante do discurso político
Memória colectiva – A nossa história colocada na devida grelha neurótica só tem duas opções, ou servir mal passada ou deixar queimar. Em sangue nunca se deve comer. Dá-se aos cães.
De boa memória – Situação em que alguém, devidamente arquivado, acaba por cair quando se estragam as argolas
Boa memória – Qualidade, geralmente auto- atribuída, que pretende servir de dissuasor, mas que normalmente acaba por dar suores frios , e em certos ambientes mais fechados até dá soares frios
Memória curta – Quando puxando o cobertor do discurso para tapar os factos que atrapalham, se deixam ao léu as partes impudicas dos factos que comprometem
Memória selectiva – Quando esquecer é uma arte e lembrar-nos uma tragédia com espectadores a fazer casa cheia.
Memória de elefante – Se os impreparados eleitores se lembrassem de tudo, os sofridos sufragados estariam permanentemente de trombas
Lapso de memória – Quando o esforçado sufragado já nem se lembra de quem votou nele; e mesmo depois de bem esfregado, nem assim o sufragado arrebita. Mas no final quem fica estragado não é o sufragado.
Em memória de – Expressão encontrada nas técnicas do discurso corrente e utilizada para consagrar um mártir e herói burguês, face ao evidente trauma provocado pela falta de prerrogativas eclesiásticas do fazedor das laudes
Não há memória – Expressão de fino escândalo que, retirada do universo empolgante das sacristias, foi aproveitada pelo cosmos fascinante do discurso político
Memória colectiva – A nossa história colocada na devida grelha neurótica só tem duas opções, ou servir mal passada ou deixar queimar. Em sangue nunca se deve comer. Dá-se aos cães.
De boa memória – Situação em que alguém, devidamente arquivado, acaba por cair quando se estragam as argolas
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dicionário não ilustrado
As cavernas eram pouco sofisticadas
Seguindo uma referência do aesquinadorio li um artigo sobre “What prehistoric art and artifacts can tell us about the emergence of modern human behavior”.
Este artigo, recorrendo bastante às ideias dum livro recente "Prehistoric Art: The Symbolic Journey of Humankind" de Randall White of New York University” afirma acertadamente que "We are still learning how to recognize symbolism in the archaeological record."
Mais à frente diz que “As much as they may touch us, wall paintings and figurines are not definitive proof of the presence of a modern human sensibility”.
Afastando-se de lirismos primitivistas, ainda remata logo a seguir que apenas devemos ir tentando “signpost our ancestors' progress along the path toward behavioral and cognitive sophistication.
Retenho aqui com bastante agrado a recusa da valorização excessiva e frenética do “cavernátivo” e a utilização da palavra sofhistication com um a propósito desconcertante. Uma palavra a explorar no nosso armário de rupestres preconceitos.
Seguindo uma referência do aesquinadorio li um artigo sobre “What prehistoric art and artifacts can tell us about the emergence of modern human behavior”.
Este artigo, recorrendo bastante às ideias dum livro recente "Prehistoric Art: The Symbolic Journey of Humankind" de Randall White of New York University” afirma acertadamente que "We are still learning how to recognize symbolism in the archaeological record."
Mais à frente diz que “As much as they may touch us, wall paintings and figurines are not definitive proof of the presence of a modern human sensibility”.
Afastando-se de lirismos primitivistas, ainda remata logo a seguir que apenas devemos ir tentando “signpost our ancestors' progress along the path toward behavioral and cognitive sophistication.
Retenho aqui com bastante agrado a recusa da valorização excessiva e frenética do “cavernátivo” e a utilização da palavra sofhistication com um a propósito desconcertante. Uma palavra a explorar no nosso armário de rupestres preconceitos.
A mola do olhar
A “revelação” de Arshile Gorky na blogosfera pelo Outro-Eu é um momento muito feliz. Sem querer enfrascar isto em detalhes biográficos apenas gostava de deixar escrito algumas notas:
A. Gorky não marca apenas a transição do surrealismo ( que nunca abraçou realmente de alma e coração) para o expressionismo abstracto; mais importante : é talvez a primeira chave da libertação da dependência americana em relação à pintura europeia.
Durante os primeiros anos apresenta - sem complexos - formas quase ostensivamente “imitacionistas” em relação a Picasso, o que o levou até a ser alvo de imensos comentários jocosos. Mas ora aí está alguém que, pressentindo o grilhão da originalidade, mas sabendo fugir à prisão da imitação, acabou por ser um verdadeiro inovador americano.
A sua ligação ao Surrealismo existe, claro, e é inclusive atribuída à amizade com Roberto Matta a origem da sua viragem criativa. Como muito distinta memória desta ligação fica um texto de André Breton a prefaciar o catálogo de uma das suas exposições em New York. É um dos textos mais felizes sobre arte que já li ( está reproduzido num catálogo da Gulbenkian) e do qual retenho que Gorky foi o primeiro pintor a quem foi revelado o segredo da “mola do olhar” e assim descortinar o fio condutor das coisas. Voltarei a este texto noutro dia , pois mesmo estando marcado pela idiossincrasia surrealista é um texto precioso.
Obrigado CVM. Por me ter espicaçado o olhar. Venham mais destes.
A “revelação” de Arshile Gorky na blogosfera pelo Outro-Eu é um momento muito feliz. Sem querer enfrascar isto em detalhes biográficos apenas gostava de deixar escrito algumas notas:
A. Gorky não marca apenas a transição do surrealismo ( que nunca abraçou realmente de alma e coração) para o expressionismo abstracto; mais importante : é talvez a primeira chave da libertação da dependência americana em relação à pintura europeia.
Durante os primeiros anos apresenta - sem complexos - formas quase ostensivamente “imitacionistas” em relação a Picasso, o que o levou até a ser alvo de imensos comentários jocosos. Mas ora aí está alguém que, pressentindo o grilhão da originalidade, mas sabendo fugir à prisão da imitação, acabou por ser um verdadeiro inovador americano.
A sua ligação ao Surrealismo existe, claro, e é inclusive atribuída à amizade com Roberto Matta a origem da sua viragem criativa. Como muito distinta memória desta ligação fica um texto de André Breton a prefaciar o catálogo de uma das suas exposições em New York. É um dos textos mais felizes sobre arte que já li ( está reproduzido num catálogo da Gulbenkian) e do qual retenho que Gorky foi o primeiro pintor a quem foi revelado o segredo da “mola do olhar” e assim descortinar o fio condutor das coisas. Voltarei a este texto noutro dia , pois mesmo estando marcado pela idiossincrasia surrealista é um texto precioso.
Obrigado CVM. Por me ter espicaçado o olhar. Venham mais destes.
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Arshile Gorky,
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O que é que a reality afinal shows
Hoje no Público, um dos seus crónicos cronistas ( Mário Mesquita ), desvela-se na análise da “ entrega do « momento interpretativo » aos políticos, com discreta mediação jornalística “. Boa frase.
Poderia ficar-me pela mera constatação de um tique corporativista bem embalado, e que aproveita até uma boa brecha que a actual sensibilidade geral abre nesse domínio .
Mas não fico.
Eu encontro aqui é o problema de quem olha para a realidade procurando adorná-la ao seu quadriculado. Mesmo a esta realidade comezinha da política de bisca lambida....
Como os miúdos :
antónios para um lado, franciscos para outro; ....
...flores para um lado, espinhos para outro;
...bonitos para um lado, feios para outro;
...cuecas sujas para um lado, colarinhos engomados para outro;
...ideias boas para um lado, gajos estúpidos para outro; etc, etc
Não é assim. Nem nos sonhos mais académicos. Se eu fosse físico e psicanalista até levaria isto para o campo dos traumas entrópicos. Mas não sou.
Apenas leviano bloguista, vejo que só o pensamento pede abcissas e coordenadas, a realidade é viscosa e promíscua. E o húmus da comunicação escorre inexoravelmente .
Eu encantava-me era se alguém perdesse mais tempo a analisar, com a profundidade possível, o “efeito do comentativo” no -aparentemente- “cidadão comum à toa “. Do efeito malévolo dos reality show, desse disseram-nos logo...
Estamos destinados a ser crianças. Quem olha para nós pensa que queremos ver sempre o mesmo filme :
ou porque tínhamos a segurança de já saber o que ia acontecer...
ou porque temos a ingenuidade de pensar que o fim ainda pode ser outro...
O rangel de dentes estará sempre presente, mas então..., deixem comentar quem quer, ouve quer, paga quem quer, e depois vota-se... em quem há, ...ou não se vota , pronto. E emigra-se! Para a....Coreia do Norte, ou... Libéria...ou...é pá ! a Albânia ainda existe ?...isto também não está fácil...
Bem ...cada um tem de defender as suas ideias....também é verdade!...se eu fosse dono da Coca-cola também não gostava que na caixa registadora estivessem os funcionários da Pepsi...
E vá lá, vá lá..., não mandei piadolas com potenciais “ duplas de comentadores” até porque os das Produções Fictícias é que fazem disso o ganha pão. E eu não quero problemas de consciência.
Já me basta o que a reality afinal shows.
e...dedico este texto de miúdo ao portugal dos pequeninos que : para além de merecer /até tem muito a ver.
Hoje no Público, um dos seus crónicos cronistas ( Mário Mesquita ), desvela-se na análise da “ entrega do « momento interpretativo » aos políticos, com discreta mediação jornalística “. Boa frase.
Poderia ficar-me pela mera constatação de um tique corporativista bem embalado, e que aproveita até uma boa brecha que a actual sensibilidade geral abre nesse domínio .
Mas não fico.
Eu encontro aqui é o problema de quem olha para a realidade procurando adorná-la ao seu quadriculado. Mesmo a esta realidade comezinha da política de bisca lambida....
Como os miúdos :
antónios para um lado, franciscos para outro; ....
...flores para um lado, espinhos para outro;
...bonitos para um lado, feios para outro;
...cuecas sujas para um lado, colarinhos engomados para outro;
...ideias boas para um lado, gajos estúpidos para outro; etc, etc
Não é assim. Nem nos sonhos mais académicos. Se eu fosse físico e psicanalista até levaria isto para o campo dos traumas entrópicos. Mas não sou.
Apenas leviano bloguista, vejo que só o pensamento pede abcissas e coordenadas, a realidade é viscosa e promíscua. E o húmus da comunicação escorre inexoravelmente .
Eu encantava-me era se alguém perdesse mais tempo a analisar, com a profundidade possível, o “efeito do comentativo” no -aparentemente- “cidadão comum à toa “. Do efeito malévolo dos reality show, desse disseram-nos logo...
Estamos destinados a ser crianças. Quem olha para nós pensa que queremos ver sempre o mesmo filme :
ou porque tínhamos a segurança de já saber o que ia acontecer...
ou porque temos a ingenuidade de pensar que o fim ainda pode ser outro...
O rangel de dentes estará sempre presente, mas então..., deixem comentar quem quer, ouve quer, paga quem quer, e depois vota-se... em quem há, ...ou não se vota , pronto. E emigra-se! Para a....Coreia do Norte, ou... Libéria...ou...é pá ! a Albânia ainda existe ?...isto também não está fácil...
Bem ...cada um tem de defender as suas ideias....também é verdade!...se eu fosse dono da Coca-cola também não gostava que na caixa registadora estivessem os funcionários da Pepsi...
E vá lá, vá lá..., não mandei piadolas com potenciais “ duplas de comentadores” até porque os das Produções Fictícias é que fazem disso o ganha pão. E eu não quero problemas de consciência.
Já me basta o que a reality afinal shows.
e...dedico este texto de miúdo ao portugal dos pequeninos que : para além de merecer /até tem muito a ver.
Realidade rabiscada.
Os factos, o chamado "real", as coisas que acontecem, as merdas da vida..... gostaria que o dicionário não ilustrado lhes fizesse uma entrada do género: Factos – Metabolismo estragado dos sonhos. ( ficaria como 1ª entrada apócrifa... )
Mas não consigo.
Lembro-me sempre da frase que associo a Einstein: “Reality is merely an illusion, albeit a very persistent one :
Por isso defendo-me.
Quando vejo aqueles pensamentos bem estruturados, alicerçados na leitura sábia da história, com todas as contas a dar resto zero, com os quais até apetece concordar.. nunca me dá para os subscrever ...
apetece-me sim: sobrescrevê-los .
Mas serão sempre gatafunhos de criança.
Os factos, o chamado "real", as coisas que acontecem, as merdas da vida..... gostaria que o dicionário não ilustrado lhes fizesse uma entrada do género: Factos – Metabolismo estragado dos sonhos. ( ficaria como 1ª entrada apócrifa... )
Mas não consigo.
Lembro-me sempre da frase que associo a Einstein: “Reality is merely an illusion, albeit a very persistent one :
Por isso defendo-me.
Quando vejo aqueles pensamentos bem estruturados, alicerçados na leitura sábia da história, com todas as contas a dar resto zero, com os quais até apetece concordar.. nunca me dá para os subscrever ...
apetece-me sim: sobrescrevê-los .
Mas serão sempre gatafunhos de criança.
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Einstein
A mim, infelizmente só me dá nostalgia de miudezas. Nunca são nostalgias de primeira, não senhora. Não deixam o estimado Outro-eu a pensar nem vida, nem na morte. Talvez lá iremos um dia, se Deus quiser.
Hoje, o novo dicionário não ilustrado enredou-se numa teia nostálgica de “boas questões”. Coisas de verão. Verão :
Questão de confiança – Quando se dá confiança a mais à populaça ficam-se com estas questões. Geralmente resolvem-se com sondagens pagas à cabeça.
Falsa Questão – Terminologia devedora da “ Sacudidela da água do capote”. Utilizada geralmente pelos espíritos mais encabidados em ideias feitas.
Questão menor - Uma espécie de hemorroidal do discurso político. Não o deixa andar à vontade, descansar um pouco sentado também é um tormento. Fazer merda custa que se farta.
Questão de princípios – Utilizada como derradeira arma de arremesso; pode provocar suspiros a velhinhas, principalmente às que não passaram a noite na bicha da caixa.
Questão de pormenor – Algo que se “guincha” quando ainda se tem o dedinho inchado e a sangrar à beira da ratoeira dos factos. ( a figura do fecho- eclair já foi desperdiçada, infelizmente...)
Questão de números – Alternativa de guincho quando a parte afectada pela ratoeira foi o calcanhar.
Questão pertinente – Treta em estado cristalino. É invocada quanto se pretende dar manteiga ao jornalista de turno.
Questão de se fazer as contas – Um drama de algumas pessoas. Facilmente ultrapassado por engenheiros trovadores que se dedicam a embalar o povo.
Faço questão de desmentir/corrigir – Quando se encontra uma “verdade à maneira” podemos geralmente, mas com boas maneiras, limpar o rabo com outra verdade descartável
Questão em aberto - Quando os traumas freudianos tomam conta da vida política, geralmente ficam muitos buracos destapados, e uma vontade desmedida de que... eles assim se mantenham...
Mera questão formal – Questão tipo borbulha furúnculosa que todos gostariam de despejar num frasco de formol. Geralmente o formol derrama-se e surgem pústulas legais espalhadas por todo o lado
Muito mais isto daria, só que de "boas questões" está o inferno cheio. Quem não acredita no inferno pode pensar que o que está cheio é ...a Feira de Carcavelos.
Hoje, o novo dicionário não ilustrado enredou-se numa teia nostálgica de “boas questões”. Coisas de verão. Verão :
Questão de confiança – Quando se dá confiança a mais à populaça ficam-se com estas questões. Geralmente resolvem-se com sondagens pagas à cabeça.
Falsa Questão – Terminologia devedora da “ Sacudidela da água do capote”. Utilizada geralmente pelos espíritos mais encabidados em ideias feitas.
Questão menor - Uma espécie de hemorroidal do discurso político. Não o deixa andar à vontade, descansar um pouco sentado também é um tormento. Fazer merda custa que se farta.
Questão de princípios – Utilizada como derradeira arma de arremesso; pode provocar suspiros a velhinhas, principalmente às que não passaram a noite na bicha da caixa.
Questão de pormenor – Algo que se “guincha” quando ainda se tem o dedinho inchado e a sangrar à beira da ratoeira dos factos. ( a figura do fecho- eclair já foi desperdiçada, infelizmente...)
Questão de números – Alternativa de guincho quando a parte afectada pela ratoeira foi o calcanhar.
Questão pertinente – Treta em estado cristalino. É invocada quanto se pretende dar manteiga ao jornalista de turno.
Questão de se fazer as contas – Um drama de algumas pessoas. Facilmente ultrapassado por engenheiros trovadores que se dedicam a embalar o povo.
Faço questão de desmentir/corrigir – Quando se encontra uma “verdade à maneira” podemos geralmente, mas com boas maneiras, limpar o rabo com outra verdade descartável
Questão em aberto - Quando os traumas freudianos tomam conta da vida política, geralmente ficam muitos buracos destapados, e uma vontade desmedida de que... eles assim se mantenham...
Mera questão formal – Questão tipo borbulha furúnculosa que todos gostariam de despejar num frasco de formol. Geralmente o formol derrama-se e surgem pústulas legais espalhadas por todo o lado
Muito mais isto daria, só que de "boas questões" está o inferno cheio. Quem não acredita no inferno pode pensar que o que está cheio é ...a Feira de Carcavelos.
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dicionário não ilustrado
Tentativa de criar um novo imaginário nacional pela via da inseminação artificial
Pegamos em esperma do género “ Dar novos mundos ao mundo”, associamo-lo a uns ovários do género “Jardim à beira mar plantado” , misturamos bem, e enviamos por “Mares nunca dantes navegados”. Obteremos uma ovulação de primeira.
O “Génio empreendedor e aventureiro” deverá ser introduzido logo na primeira papa, só que a “Auto–comiseração” aparece servida com as sopas de legumes....
A “incompreensão dos outros” é recomendada logo pelo pediatra, mas uma senhora disse que se devia juntar com o “Somos muito bons a desenrascar”.
O boletim de vacinas é que ainda é dos antigos...exige uma bateria com três doses de “ Gostamos de viver a vida” , “Isto não pode ser só trabalhar”, “ Os outros é que não sabem fazer mais nada”. Estou a ficar temeroso...
O “ Lá fora somos dos melhores” dizem que só deve ser administrado em casos de risco , mas funciona muito bem.
Nos primeiros anos de vida o ortopedista recomenda o uso de ideias para corrigir o andamento : “Fomos donos daquilo e não aproveitámos” e depois “Os outros souberam ficar lá, agente entregou aquilo tudo” . Ao fim de um ano está – em princípio – apto para o uso de “ Temos uma grande capacidade de adaptação”...mas pode-se ficar coxo.
A escolaridade obrigatória inicia-se com “ Os nossos políticos raramente tiveram visão e génio” ( manual da praxe ) e ao fim do primeiro ano já se consegue “ Somos é um país de poetas”.
Alguma formação extra-escolar de almanaque faz desembocar no “ Podíamos ter um papel importante no mundo” e estudos mais elaborados transportam-nos irremediavelmente para “ Se não nos subjugámos aos espanhóis é porque temos uma grandeza específica”.
Passam os anitos rápido...e quando as terapêuticas de pré-adolescência parecia que iam safar isto... acabam por fixar a marca do “Somos muito invejosos” .
O fedelho vai-se manter muitos anos neste estado imberbe. Nem está a lidar bem com a coabitação da “Resignação” com a “Euforia”...
Porra. Não estou a conseguir.
Não é fácil criar um imaginário nacional, nem partindo da proveta.
Pegamos em esperma do género “ Dar novos mundos ao mundo”, associamo-lo a uns ovários do género “Jardim à beira mar plantado” , misturamos bem, e enviamos por “Mares nunca dantes navegados”. Obteremos uma ovulação de primeira.
O “Génio empreendedor e aventureiro” deverá ser introduzido logo na primeira papa, só que a “Auto–comiseração” aparece servida com as sopas de legumes....
A “incompreensão dos outros” é recomendada logo pelo pediatra, mas uma senhora disse que se devia juntar com o “Somos muito bons a desenrascar”.
O boletim de vacinas é que ainda é dos antigos...exige uma bateria com três doses de “ Gostamos de viver a vida” , “Isto não pode ser só trabalhar”, “ Os outros é que não sabem fazer mais nada”. Estou a ficar temeroso...
O “ Lá fora somos dos melhores” dizem que só deve ser administrado em casos de risco , mas funciona muito bem.
Nos primeiros anos de vida o ortopedista recomenda o uso de ideias para corrigir o andamento : “Fomos donos daquilo e não aproveitámos” e depois “Os outros souberam ficar lá, agente entregou aquilo tudo” . Ao fim de um ano está – em princípio – apto para o uso de “ Temos uma grande capacidade de adaptação”...mas pode-se ficar coxo.
A escolaridade obrigatória inicia-se com “ Os nossos políticos raramente tiveram visão e génio” ( manual da praxe ) e ao fim do primeiro ano já se consegue “ Somos é um país de poetas”.
Alguma formação extra-escolar de almanaque faz desembocar no “ Podíamos ter um papel importante no mundo” e estudos mais elaborados transportam-nos irremediavelmente para “ Se não nos subjugámos aos espanhóis é porque temos uma grandeza específica”.
Passam os anitos rápido...e quando as terapêuticas de pré-adolescência parecia que iam safar isto... acabam por fixar a marca do “Somos muito invejosos” .
O fedelho vai-se manter muitos anos neste estado imberbe. Nem está a lidar bem com a coabitação da “Resignação” com a “Euforia”...
Porra. Não estou a conseguir.
Não é fácil criar um imaginário nacional, nem partindo da proveta.
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sanatório
Há males que vêm por ...mal
O sincretismo maniqueísta está muito mal visto e geralmente por razões aceitáveis. Na sua origem estão esquemas filosófico-religiosos que agora nem interessam. No entanto, o esquema rotulante que essa “heresia” inspira tem de ser usado a espaços.
Mesmo que não se descortine o correspondente Bem oposto, deve ser reconhecido um Mal “absoluto”.
E tratado em conformidade.
O sincretismo maniqueísta está muito mal visto e geralmente por razões aceitáveis. Na sua origem estão esquemas filosófico-religiosos que agora nem interessam. No entanto, o esquema rotulante que essa “heresia” inspira tem de ser usado a espaços.
Mesmo que não se descortine o correspondente Bem oposto, deve ser reconhecido um Mal “absoluto”.
E tratado em conformidade.
A provisoriedade da nossa condição é da ordem do paradigma.
No entanto, o pensamento/discurso corrente incorpora-a de forma ridícula. O novo dicionário não ilustrado rastejou até alguma dessa re-terminologia da feira política
Reconhecer os erros - Processo mental que resulta duma disfunção do fecho-éclair da braguilha que acaba por se entalar no chafariz da vida
Repor a verdade – Processo marxista que consiste em injectar pela segunda vez o “ópio” que se tenha mais à mão, no povo que estiver mais a jeito
Reavaliar a situação – Registo mental de natureza contabilística que visa transformar um de mundo pautado pela “incausalidade” num outro quadriculado pela incerteza
Retomar o processo - Sonho de registo antropológico que nos coloca com um pauzinho na mão a esfregar num monte de folhas secas
Redefinir os conceitos – Proto-mito(?) Freudiano falhado(?), e ainda por cima mal assimilado pelos indigentes da mudança, que os faz descortinar complexos onde estão meros falhos de nexos.
Recolocar a questão – Movimento próximo da dança do ventre que ginga em torno de dúvidas inoportunas e pretende transformá-las em orações jaculatórias.
Repensar toda a legislação – Momento empolgante em que o neurónio do legislador, afagado pela mão da banal realidade, pode dar origem a uma nova ejaculação precoce
Rever procedimentos – Destino inglório de uma sequência de poker político que é obtida no meio de um jogo da bisca eleitoral
Reinventar a democracia – Sonho do mamífero ocidental que não desgruda do seio materno, mas que anseia por bife com ovo-a-cavalo
No entanto, o pensamento/discurso corrente incorpora-a de forma ridícula. O novo dicionário não ilustrado rastejou até alguma dessa re-terminologia da feira política
Reconhecer os erros - Processo mental que resulta duma disfunção do fecho-éclair da braguilha que acaba por se entalar no chafariz da vida
Repor a verdade – Processo marxista que consiste em injectar pela segunda vez o “ópio” que se tenha mais à mão, no povo que estiver mais a jeito
Reavaliar a situação – Registo mental de natureza contabilística que visa transformar um de mundo pautado pela “incausalidade” num outro quadriculado pela incerteza
Retomar o processo - Sonho de registo antropológico que nos coloca com um pauzinho na mão a esfregar num monte de folhas secas
Redefinir os conceitos – Proto-mito(?) Freudiano falhado(?), e ainda por cima mal assimilado pelos indigentes da mudança, que os faz descortinar complexos onde estão meros falhos de nexos.
Recolocar a questão – Movimento próximo da dança do ventre que ginga em torno de dúvidas inoportunas e pretende transformá-las em orações jaculatórias.
Repensar toda a legislação – Momento empolgante em que o neurónio do legislador, afagado pela mão da banal realidade, pode dar origem a uma nova ejaculação precoce
Rever procedimentos – Destino inglório de uma sequência de poker político que é obtida no meio de um jogo da bisca eleitoral
Reinventar a democracia – Sonho do mamífero ocidental que não desgruda do seio materno, mas que anseia por bife com ovo-a-cavalo
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O passado também não está numa bola de cristal
Apanhei uma citação ( no Público ) do praticamente inefável N. Rogeiro que diz : “ ... temos tido muitos príncipes poetas, mas pouquíssimos semeadores de visão e génio ...“
Eu acrescentaria : e demasiados comentadores, que nem rimam, nem sabem de agricultura.
Vês, estimado socioblogue, o que faz ler muitos livros de história...
Apanhei uma citação ( no Público ) do praticamente inefável N. Rogeiro que diz : “ ... temos tido muitos príncipes poetas, mas pouquíssimos semeadores de visão e génio ...“
Eu acrescentaria : e demasiados comentadores, que nem rimam, nem sabem de agricultura.
Vês, estimado socioblogue, o que faz ler muitos livros de história...
Face às circunstâncias do texto anterior merecia fazer uma entrada especial no novo Dicionário ( entrada 99 , ou 98 ?, ou 101 ? ..bem arredondemos para 100...) arredondar sempre fez parte do nosso ...
Imaginário nacional – Figura da doméstica mitologia pindérica, geralmente representada por um pré-adolescente obeso, alimentado com bolinhos das tias solteironas , mas tendo sempre por perto um tio barbudo a dizer : deixem o miúdo comer o quer ele quiser.
Imaginário nacional – Figura da doméstica mitologia pindérica, geralmente representada por um pré-adolescente obeso, alimentado com bolinhos das tias solteironas , mas tendo sempre por perto um tio barbudo a dizer : deixem o miúdo comer o quer ele quiser.
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O Imaginário nacional - FFF (3)
É uma flor de estufa este imaginário nacional. Sempre a pedir ama seca.
E não aguenta grandes safanões, nem crises de crescimento
Se calhar todos os imaginários nacionais são assim.
E para lhe dar de comer ... Um sacrifício. Não sabe alimentar-se sozinho.
Mas é engraçado, todos gostam de lhe dar de comer.....até estando ele sempre com pequenos caprichos.
O que não lhe pode faltar em qualquer refeição é um pratinho de cultura. Muitas vezes tem de vir disfarçada... ele é com a televisão, ele é com a rádio...ele é com um jornalito, às vezes vai um relato do Jorge Baptista ( para ver se tira o sono ao Avatares...) , ele é com um Eduardinho adormecido às portas duma livraria fechada...; bem... e quando se põe muita crónica social é que o imagináriozinho social se baba todo! Mas tem mesmo que comer disto senão apanha as doenças todas.
Eu até já quis que ele viesse passar um tempo a minha casa. Preparava-lhe uns petiscos jeitosos. Adormecia-o ao colo. Aquilo é que se ia fazer um imaginário nacional bem crescido. À minha maneira.
Mas não, parece que não cumpro os requisitos legais para família de adopção. Para se adoptar um imaginário nacional temos de ir a votos ou de fazer uma OPA. ( o Abrupto até já tinha avisado eu é que não liguei...)
Se bem que há pessoas que são felizes sem ter nenhum. Ficam para tios e vão tratando dos imaginários nacionais dos outros. E até acabam por ter muita influência: levam-no ao cinema, fazem uma viagem fora do comum, mostram-lhe umas miúdas giras. Agora é que eu estou a ver... este imaginário nacional até é um tipo com sorte...
Hum.. ele vai-me ficar um mimado. E as tias solteiras vão enchê-lo de pinderiquices....
Vamos é lançá-lo à vida para ver como ele se desenrasca !!! Pô-lo com outros imaginários nacionais a dar e a levar também. Tem de saber discernir o bem e o mal sozinho ! Os "paizinhos" não podem estar sempre ao pé dele...
Mas é tempo perdido... O imaginário nacional será sempre uma criança. E haverá sempre alguém a querer cuidar dela... e a mandar palpites sobre a sua educação.
Com qualquer TSF, com qualquer Acontece, com qualquer Caras, com submarinos com Portas ou sem Portas , com os Soares mais gagás ou menos gagás, com Coelhos a passear nos Prados, com Carrilhos a sonharem ser Soares, com a direita a saber que existe porque a esquerda lhe disse, e com a esquerda a murchar se a direita não a regasse de vez em quanto.
Bem... isto com o Sporting campeão talvez melhorasse...
...e com jeito o nosso imaginário nacional até se transformava numa multinacional do sonho
A minha aterragem na Fatal Futilidade dos Factos não foi grande coisa , mas pelos menos -julgo- ainda fiquei dentro da pista.
É uma flor de estufa este imaginário nacional. Sempre a pedir ama seca.
E não aguenta grandes safanões, nem crises de crescimento
Se calhar todos os imaginários nacionais são assim.
E para lhe dar de comer ... Um sacrifício. Não sabe alimentar-se sozinho.
Mas é engraçado, todos gostam de lhe dar de comer.....até estando ele sempre com pequenos caprichos.
O que não lhe pode faltar em qualquer refeição é um pratinho de cultura. Muitas vezes tem de vir disfarçada... ele é com a televisão, ele é com a rádio...ele é com um jornalito, às vezes vai um relato do Jorge Baptista ( para ver se tira o sono ao Avatares...) , ele é com um Eduardinho adormecido às portas duma livraria fechada...; bem... e quando se põe muita crónica social é que o imagináriozinho social se baba todo! Mas tem mesmo que comer disto senão apanha as doenças todas.
Eu até já quis que ele viesse passar um tempo a minha casa. Preparava-lhe uns petiscos jeitosos. Adormecia-o ao colo. Aquilo é que se ia fazer um imaginário nacional bem crescido. À minha maneira.
Mas não, parece que não cumpro os requisitos legais para família de adopção. Para se adoptar um imaginário nacional temos de ir a votos ou de fazer uma OPA. ( o Abrupto até já tinha avisado eu é que não liguei...)
Se bem que há pessoas que são felizes sem ter nenhum. Ficam para tios e vão tratando dos imaginários nacionais dos outros. E até acabam por ter muita influência: levam-no ao cinema, fazem uma viagem fora do comum, mostram-lhe umas miúdas giras. Agora é que eu estou a ver... este imaginário nacional até é um tipo com sorte...
Hum.. ele vai-me ficar um mimado. E as tias solteiras vão enchê-lo de pinderiquices....
Vamos é lançá-lo à vida para ver como ele se desenrasca !!! Pô-lo com outros imaginários nacionais a dar e a levar também. Tem de saber discernir o bem e o mal sozinho ! Os "paizinhos" não podem estar sempre ao pé dele...
Mas é tempo perdido... O imaginário nacional será sempre uma criança. E haverá sempre alguém a querer cuidar dela... e a mandar palpites sobre a sua educação.
Com qualquer TSF, com qualquer Acontece, com qualquer Caras, com submarinos com Portas ou sem Portas , com os Soares mais gagás ou menos gagás, com Coelhos a passear nos Prados, com Carrilhos a sonharem ser Soares, com a direita a saber que existe porque a esquerda lhe disse, e com a esquerda a murchar se a direita não a regasse de vez em quanto.
Bem... isto com o Sporting campeão talvez melhorasse...
...e com jeito o nosso imaginário nacional até se transformava numa multinacional do sonho
A minha aterragem na Fatal Futilidade dos Factos não foi grande coisa , mas pelos menos -julgo- ainda fiquei dentro da pista.
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sanatório
A realidade é uma gaja dissimulada.
Anda com todos e não é de ninguém. ( há efectivamente outros nomes técnicos a que agora me abstenho de recorrer..)
Algumas luminárias quase bafientas acabam por divinizá-la; chegam a arvorar-se seus perscrutadores, arautos e até profetas. São eles , que nas suas liturgias de vão-de-escada, identificam e decifram os sinais à plebe cega e ignara.
O novo dicionário não ilustrado foi a uma das suas celebrações. ( entradas 80 a 99)
Sinais de mudança – Quando os jornais velhos são os do dia seguinte
Sinais de crise – Quando a fome acaba por não dar em fartura
Sinais de ruptura – Quando a bateria da populaça acaba por descarregar, ao fim de tanto disparate do poder que funciona sem o motor ligado
Sinais de esperança – Muitos esperam, poucos alcançam, mas a maioria , vá lá, espera sentado.
Sinais de fumo – Quando os especialistas políticos fazem primeiro o comentário e depois escolhem o partido
Sinais de grande dinamismo – Quando as sentenças são anteriores aos crimes.
Sinais de vitalidade – Quando o João Baião dança o Lago dos cisnes
Sinais de equilíbrio – Quando uns desdenham o que os outros gostam de comer
Sinais de força – Quando a realidade já espreme mesmo antes de ser apertada
Sinais de retoma – Quando as estatísticas surgem antes dos factos
Sinais positivos- Quando a cruz que carregamos está partida na base da haste
Sinais de optimismo – Quando um político português utilizando a ancestral técnica de enterrar a cabeça na areia, o faz com tanta veemência que ... os problemas começam a aparecer na Nova Zelândia.
Sinais contraditórios – Quando tudo será como dantes mas nada ficará na mesma, nem a lesma.
Sinais dos tempos – Quando o tempo ameaça que não volta para trás, só que as mudanças são automáticas.
Sinais de alarme – Quando o ventania do disparate passa pelas frestas da lei sem assobiar
Sinais de desorientação – Quando são os políticos são todos irmãos mas a mãe nem deu conta
Sinais preocupantes – Quando muitos prometem e depois quase todos ...comprometem
Sinais de sustentação – Quando a chávena, já desfeita em cacos, acaba por não transbordar o pires
Sinais de Fragilidade - Acontece
...acabei por ter de sair a meio da cerimónia
Anda com todos e não é de ninguém. ( há efectivamente outros nomes técnicos a que agora me abstenho de recorrer..)
Algumas luminárias quase bafientas acabam por divinizá-la; chegam a arvorar-se seus perscrutadores, arautos e até profetas. São eles , que nas suas liturgias de vão-de-escada, identificam e decifram os sinais à plebe cega e ignara.
O novo dicionário não ilustrado foi a uma das suas celebrações. ( entradas 80 a 99)
Sinais de mudança – Quando os jornais velhos são os do dia seguinte
Sinais de crise – Quando a fome acaba por não dar em fartura
Sinais de ruptura – Quando a bateria da populaça acaba por descarregar, ao fim de tanto disparate do poder que funciona sem o motor ligado
Sinais de esperança – Muitos esperam, poucos alcançam, mas a maioria , vá lá, espera sentado.
Sinais de fumo – Quando os especialistas políticos fazem primeiro o comentário e depois escolhem o partido
Sinais de grande dinamismo – Quando as sentenças são anteriores aos crimes.
Sinais de vitalidade – Quando o João Baião dança o Lago dos cisnes
Sinais de equilíbrio – Quando uns desdenham o que os outros gostam de comer
Sinais de força – Quando a realidade já espreme mesmo antes de ser apertada
Sinais de retoma – Quando as estatísticas surgem antes dos factos
Sinais positivos- Quando a cruz que carregamos está partida na base da haste
Sinais de optimismo – Quando um político português utilizando a ancestral técnica de enterrar a cabeça na areia, o faz com tanta veemência que ... os problemas começam a aparecer na Nova Zelândia.
Sinais contraditórios – Quando tudo será como dantes mas nada ficará na mesma, nem a lesma.
Sinais dos tempos – Quando o tempo ameaça que não volta para trás, só que as mudanças são automáticas.
Sinais de alarme – Quando o ventania do disparate passa pelas frestas da lei sem assobiar
Sinais de desorientação – Quando são os políticos são todos irmãos mas a mãe nem deu conta
Sinais preocupantes – Quando muitos prometem e depois quase todos ...comprometem
Sinais de sustentação – Quando a chávena, já desfeita em cacos, acaba por não transbordar o pires
Sinais de Fragilidade - Acontece
...acabei por ter de sair a meio da cerimónia
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Fazer blogging à beira mar ( ida e volta )
Não tenho que dar doutas opiniões
Não tenho que dar alpista ao canário
Não tenho artigos decisivos para escrever
Não tenho que aparar a relva
Não tenho que demitir ministros
Não tenho de satisfazer ilusões de seguidores fiéis
Não tenho que levar o cão a mijar
Não tenho musicas para compor
Não tenho que subir montanhas com mochilas de marca
Não tenho teorias para defender
Não tenho de dar a voz a ninguém
Não tenho que dar comida aos peixes
Não tenho de estar sempre presente
Não tenho de inventar piadas para humoristas pagos ao minuto
Não tenho de ser coerente
Não tenho de vender jogadores
Não tenho que dizer mal de ninguém
Não tenho que dizer bem de ninguém
Não tenho de fazer discursos
Não tenho de pôr bacalhau de molho
Não tenho que fazer rimas
Não tenho causas nobres
Nem tenho que desfazer rebanhos
Mas gosto de alimentar o meu blog.
Não tenho que dar doutas opiniões
Não tenho que dar alpista ao canário
Não tenho artigos decisivos para escrever
Não tenho que aparar a relva
Não tenho que demitir ministros
Não tenho de satisfazer ilusões de seguidores fiéis
Não tenho que levar o cão a mijar
Não tenho musicas para compor
Não tenho que subir montanhas com mochilas de marca
Não tenho teorias para defender
Não tenho de dar a voz a ninguém
Não tenho que dar comida aos peixes
Não tenho de estar sempre presente
Não tenho de inventar piadas para humoristas pagos ao minuto
Não tenho de ser coerente
Não tenho de vender jogadores
Não tenho que dizer mal de ninguém
Não tenho que dizer bem de ninguém
Não tenho de fazer discursos
Não tenho de pôr bacalhau de molho
Não tenho que fazer rimas
Não tenho causas nobres
Nem tenho que desfazer rebanhos
Mas gosto de alimentar o meu blog.
Em momento de nostalgias da moda o Dicionário não ilustrado deixou-se levar pela nostalgia do trânsito (70 a 79)
Constrangimentos orçamentais – Metáfora utilizada nas modernas finanças públicas que pretende realçar a zona púbica dum país em tanga
Assuntos bem encaminhados – Etapa de uma procissão antes de entrar no adro.
Prioridades absolutas – Expressão para designar os problemas que devem ser esquecidos em primeiro lugar
Desbloquear verbas – Técnica da moderna cirurgia orçamental que substitui a vaselina no tratamento das fricções sociais.
Investir na prevenção – Tipo de política pública que utiliza laxantes para combater os coleiformes fecais
Mudar o rumo dos acontecimentos – Libertação definitiva do desejo recalcado de qualquer político em ter sido polícia sinaleiro
Condicionar o poder – Má resolução de um recalcamento comum entre os militares por não terem sido guardas fiscais
Rota de colisão – Trajecto comum das forças políticas organizadas, que na sua forte coerência entram em contramão com a realidade, que já de si não é muito certa.
Pisar o risco – Momento empolgante da vida política em que um ministro abre a alma (?) sem se lhe ter fechado a boca.
Constrangimentos orçamentais – Metáfora utilizada nas modernas finanças públicas que pretende realçar a zona púbica dum país em tanga
Assuntos bem encaminhados – Etapa de uma procissão antes de entrar no adro.
Prioridades absolutas – Expressão para designar os problemas que devem ser esquecidos em primeiro lugar
Desbloquear verbas – Técnica da moderna cirurgia orçamental que substitui a vaselina no tratamento das fricções sociais.
Investir na prevenção – Tipo de política pública que utiliza laxantes para combater os coleiformes fecais
Mudar o rumo dos acontecimentos – Libertação definitiva do desejo recalcado de qualquer político em ter sido polícia sinaleiro
Condicionar o poder – Má resolução de um recalcamento comum entre os militares por não terem sido guardas fiscais
Rota de colisão – Trajecto comum das forças políticas organizadas, que na sua forte coerência entram em contramão com a realidade, que já de si não é muito certa.
Pisar o risco – Momento empolgante da vida política em que um ministro abre a alma (?) sem se lhe ter fechado a boca.
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Antes de desligar esta coisa do GPRS tive o afortunado tempo de ler - entre outros - o Reflexos - onde tive a boa sensação de ler que o "mito é a origem da multiplicidade"
Ora aí está alguém que não cede na tentação daquele pecado original.
Ora aí está alguém que não cede na tentação daquele pecado original.
A originalidade das espécies
Quando vejo um narrador a discutir com as personagens sobre o seu destino e ainda para mais interpela o leitor sobre as suas escolhas, confronto-me com um dos meus mais perenes preconceitos artísticos : a originalidade é uma prisão.
Quando se escolhe um formato exclusivo em aparentes ambiguidades e em originalidade fica-se atado a ele e não se pode fugir para um plano «criativo» mais fecundo. Aprofecundemos então :
Não querer ser como os outros, abandonarmo-nos à vertigem de ter de ser diferentes, é na grande maioria dos casos um pecado original.
Esse pecado da originalidade é uma perturbação do espírito criativo que leva o desgraçado do prevaricador a não mais ser livre e a ter de entregar o seu destino às mãos duma fatalidade artística (?).
A originalidade faz-nos ficar condicionados pela forma , faz a expectativa ser mais importante que o espectáculo; é o verdadeiro «passepartout» da imaginação criativa.
Sermos banhados pela normalidade é quase uma peste nos dias que correm, e enunciar o bacoco «direito à diferença» torna-se inevitável.
“Ser original”. “Não ser igual”. Um verdadeiro rendimento mínimo garantido para os pobres de espírito. Um albergue para os sem-ideias. A água fresca no fundo de um poço sem fundo.
É no entanto uma tentação recorrente. Como um falso profeta, um dissimulado. Promete muito, mas compromete muito mais. Enleia-nos numa força enganadora que geralmente termina num estéril turbilhão. Ser original, por si só, é ser escravo. A nossa espécie não é original, é livre.
A nossa originalidade não é mais que a nossa vaginalidade.
Foi um des-abafo num dia de bafos quentes.
Quando vejo um narrador a discutir com as personagens sobre o seu destino e ainda para mais interpela o leitor sobre as suas escolhas, confronto-me com um dos meus mais perenes preconceitos artísticos : a originalidade é uma prisão.
Quando se escolhe um formato exclusivo em aparentes ambiguidades e em originalidade fica-se atado a ele e não se pode fugir para um plano «criativo» mais fecundo. Aprofecundemos então :
Não querer ser como os outros, abandonarmo-nos à vertigem de ter de ser diferentes, é na grande maioria dos casos um pecado original.
Esse pecado da originalidade é uma perturbação do espírito criativo que leva o desgraçado do prevaricador a não mais ser livre e a ter de entregar o seu destino às mãos duma fatalidade artística (?).
A originalidade faz-nos ficar condicionados pela forma , faz a expectativa ser mais importante que o espectáculo; é o verdadeiro «passepartout» da imaginação criativa.
Sermos banhados pela normalidade é quase uma peste nos dias que correm, e enunciar o bacoco «direito à diferença» torna-se inevitável.
“Ser original”. “Não ser igual”. Um verdadeiro rendimento mínimo garantido para os pobres de espírito. Um albergue para os sem-ideias. A água fresca no fundo de um poço sem fundo.
É no entanto uma tentação recorrente. Como um falso profeta, um dissimulado. Promete muito, mas compromete muito mais. Enleia-nos numa força enganadora que geralmente termina num estéril turbilhão. Ser original, por si só, é ser escravo. A nossa espécie não é original, é livre.
A nossa originalidade não é mais que a nossa vaginalidade.
Foi um des-abafo num dia de bafos quentes.
O Antonio Lobo Antunes dizia que se tinha tornado escritor porque o pai, quando ele estava constipado, em vez de lhe dar aspirinas recitava-lhe sonetos.
O meu pai fazia-me rir. Par ele isto:
Férias com hífen
Fé-rias
Não te rias disto
Homem de pouca fé
Fé-rias
Estou com uma fezada que o sporting vai ser campeão
Não te rias estúpido
Fé-rias
Acredito piamente nas boas intenções do...
Deixa-me acabar, porra, não te rias
Fé-rias
Creio que a verdade virá ao de cima
Deixa-me rir...
Férias
Quando a fé move as montanhas
quem se ri enfia-se num buraco
Fé-rias
Tenho muita fé neste governo
Não me ria tanto desde o governo do...guterres
Fé-rias
Estou em crer que isto dos blogues não vai acabar tão cedo
O E.P.C. é que não vai achar piada nenhuma
Fé-rias
Tenho fé que alguém se ria disto
Fé-rias
Quem tem fé que se aguente à bronca, eu fico na plateia a rir
Ri-te. Ri-te...
Fé-rias
Na fé fortaleço
No riso também
E já agora ...
Diz Marx a Boaventura SS:
- Não tenho nenhuma fé em que isto dê certo...
Responde Boaventura SS:
- E há gajos que ainda se vão ficar a rir..
Interpela-os Freud:
- Tudo se resume a fé-rias mal resolvidas
O meu pai fazia-me rir. Par ele isto:
Férias com hífen
Fé-rias
Não te rias disto
Homem de pouca fé
Fé-rias
Estou com uma fezada que o sporting vai ser campeão
Não te rias estúpido
Fé-rias
Acredito piamente nas boas intenções do...
Deixa-me acabar, porra, não te rias
Fé-rias
Creio que a verdade virá ao de cima
Deixa-me rir...
Férias
Quando a fé move as montanhas
quem se ri enfia-se num buraco
Fé-rias
Tenho muita fé neste governo
Não me ria tanto desde o governo do...guterres
Fé-rias
Estou em crer que isto dos blogues não vai acabar tão cedo
O E.P.C. é que não vai achar piada nenhuma
Fé-rias
Tenho fé que alguém se ria disto
Fé-rias
Quem tem fé que se aguente à bronca, eu fico na plateia a rir
Ri-te. Ri-te...
Fé-rias
Na fé fortaleço
No riso também
E já agora ...
Diz Marx a Boaventura SS:
- Não tenho nenhuma fé em que isto dê certo...
Responde Boaventura SS:
- E há gajos que ainda se vão ficar a rir..
Interpela-os Freud:
- Tudo se resume a fé-rias mal resolvidas
Ode aos blogues vadios
( não autorizados por E.P.C.)
Hoje estou um bocado eduardo...
Passeio num prado
Mal amanhado
Onde saltita um coelho
que mais parece um fedelho.
Mas nem tenho tempo
para pôr a cabeça ao vento!
quanto mais para ler
blogues que não valem três vinténs
Ai trovoada a valer!...
Valha-me sta Bárbara ( guimarães )
( não autorizados por E.P.C.)
Hoje estou um bocado eduardo...
Passeio num prado
Mal amanhado
Onde saltita um coelho
que mais parece um fedelho.
Mas nem tenho tempo
para pôr a cabeça ao vento!
quanto mais para ler
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Ai trovoada a valer!...
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