A realidade é uma gaja dissimulada.

Anda com todos e não é de ninguém. ( há efectivamente outros nomes técnicos a que agora me abstenho de recorrer..)

Algumas luminárias quase bafientas acabam por divinizá-la; chegam a arvorar-se seus perscrutadores, arautos e até profetas. São eles , que nas suas liturgias de vão-de-escada, identificam e decifram os sinais à plebe cega e ignara.

O novo dicionário não ilustrado foi a uma das suas celebrações. ( entradas 80 a 99)



Sinais de mudança – Quando os jornais velhos são os do dia seguinte



Sinais de crise – Quando a fome acaba por não dar em fartura



Sinais de ruptura – Quando a bateria da populaça acaba por descarregar, ao fim de tanto disparate do poder que funciona sem o motor ligado



Sinais de esperança – Muitos esperam, poucos alcançam, mas a maioria , vá lá, espera sentado.



Sinais de fumo – Quando os especialistas políticos fazem primeiro o comentário e depois escolhem o partido



Sinais de grande dinamismo – Quando as sentenças são anteriores aos crimes.



Sinais de vitalidade – Quando o João Baião dança o Lago dos cisnes



Sinais de equilíbrio – Quando uns desdenham o que os outros gostam de comer



Sinais de força – Quando a realidade já espreme mesmo antes de ser apertada



Sinais de retoma – Quando as estatísticas surgem antes dos factos



Sinais positivos- Quando a cruz que carregamos está partida na base da haste



Sinais de optimismo – Quando um político português utilizando a ancestral técnica de enterrar a cabeça na areia, o faz com tanta veemência que ... os problemas começam a aparecer na Nova Zelândia.



Sinais contraditórios – Quando tudo será como dantes mas nada ficará na mesma, nem a lesma.



Sinais dos tempos – Quando o tempo ameaça que não volta para trás, só que as mudanças são automáticas.



Sinais de alarme – Quando o ventania do disparate passa pelas frestas da lei sem assobiar



Sinais de desorientação – Quando são os políticos são todos irmãos mas a mãe nem deu conta



Sinais preocupantes – Quando muitos prometem e depois quase todos ...comprometem



Sinais de sustentação – Quando a chávena, já desfeita em cacos, acaba por não transbordar o pires



Sinais de Fragilidade - Acontece



...acabei por ter de sair a meio da cerimónia

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