Dostoievski é um daqueles escritores que todos temos direito a ter um próprio: ‘o nosso dostoievski’; mesmo que nem o tivéssemos lido (hoje existe uma forma consagrada de conhecimento que é o ‘ter ouvido falar de’) demos-lhe direito a entrar nos nossos melhores pesadelos. E os nossos piores pesadelos são os que aparecem num sono de tarde, de siesta: um homem levanta-se, motivado exclusivamente pelos desígnios dum inconsciente em formato bomba injectora, por sorte não dá de frente com nenhum ser humano com relações de sangue ou de registo civil e que tenha adquirido o direito de lhe pedir explicações sobre o seu estado psicomotor, e vai directo à prateleira sacar dos Irmãos Karamanzov, como se procurasse queijo manchego. É fodido ser movido em causa próxima pelos sonhos, pois nesses casos nem se distingue bem o papel impresso do leite fermentado. Felizmente o livro já estava muito sublinhado pela raiva adolescente, e Ivan dizia a Aliocha no início do ‘grande inquisidor’ que ‘estás tão mimado pelo realismo moderno que já não aturas nada que seja fantástico’. Suspiro – beliscão – copo d’água – mijadela – olhar para o espelho – sussurro de fodasse – chupar uma bola de neve, sempre por esta ordem, e volta-se ao normal; ou seja, volta-se ao estado em que já não se suporta o realismo; mesmo o clássico. Mas nunca esquecer o docinho da bola de neve.
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Luna Park
«Dostoievski interessou-me na adolescência. Os adolescentes adoram Dostoievski, por causa do fogo-de-artifício e das discussões, mas não penso que os livros sejam muito bem construídos.» de Robert Dessaix, em entrevista ao suplemento ‘Ypsilon’, ‘Público’, 23 de Março
«Dostoievski interessou-me na adolescência. Os adolescentes adoram Dostoievski, por causa do fogo-de-artifício e das discussões, mas não penso que os livros sejam muito bem construídos.» de Robert Dessaix, em entrevista ao suplemento ‘Ypsilon’, ‘Público’, 23 de Março
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Quaresma XXXI’
Isto sim...
«Em Dostoievski (...) quando as personagens desejam qualquer coisa, preferem ser repudiadas a ser exaltadas. (...) No desejo já gozam o prazer; no prazer sentem já o fastio; no acto saboreiam o arrependimento, e(..) no arrependimento sentem de novo a acção. (...) Mas o que é mais surpreendente é a análise do amor. (...) Para ele o amor não é um estado de felicidade, um acordo, mas uma luta sublimada. (...) Quando as personagens de Dostoievski se amam com um amor retribuído, não encontram a calma; nunca são tão agitadas pelas contradições do seu ser como no momento em que o amor corresponde ao amor. (...) O fenómeno do amor duplo, tão complicado nos outros romancistas, é banal, natural em Dostoievski»
... são amores para homens; como bem descreve Stefan Zweig no seu ‘Três mestres- Balzac-Dickens-Dostoievski’ (ed. Civilização, 1976, pg 209 e segs). E por isso desconfiem sempre das reais capacidades de um homem seguro num amor correspondido.
Isto sim...
«Em Dostoievski (...) quando as personagens desejam qualquer coisa, preferem ser repudiadas a ser exaltadas. (...) No desejo já gozam o prazer; no prazer sentem já o fastio; no acto saboreiam o arrependimento, e(..) no arrependimento sentem de novo a acção. (...) Mas o que é mais surpreendente é a análise do amor. (...) Para ele o amor não é um estado de felicidade, um acordo, mas uma luta sublimada. (...) Quando as personagens de Dostoievski se amam com um amor retribuído, não encontram a calma; nunca são tão agitadas pelas contradições do seu ser como no momento em que o amor corresponde ao amor. (...) O fenómeno do amor duplo, tão complicado nos outros romancistas, é banal, natural em Dostoievski»
... são amores para homens; como bem descreve Stefan Zweig no seu ‘Três mestres- Balzac-Dickens-Dostoievski’ (ed. Civilização, 1976, pg 209 e segs). E por isso desconfiem sempre das reais capacidades de um homem seguro num amor correspondido.
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Quaresma XXXI
E aparentemente sem pozinhos de cheiro...
«A desordem é geral. E geral também a inquietação. O que tortura esses seres não são a doença ou o temor do dia seguinte: é Deus. Por gentileza do seu autor, estão libertos das pequenas arrelias e preocupações quotidianas a fim de serem colocados, nus, em face do Mistério. A sua vida activa corresponde à nossa vida profunda.
Eles são nós mesmos observados do interior. Graças a esse método de ‘tomada de vistas’, o que está mais perto do operador é o tormento mais inconsciente, o que dele está mais afastado é a carne, a roupa, a luz do dia. (...) E, quando nos mostram essa prova de nós mesmos, não nos reconhecemos melhor do que numa radiografia»
... é este o Dostoievski que H. Troyat descreve no capítulo da sua Biografia ( ed Lello & irmão, pg 377) dedicado aos ‘Irmãos Karamanzov’, no qual o escritor faria a tal conciliação dos inconciliáveis: «o fantástico e o real».
E aparentemente sem pozinhos de cheiro...
«A desordem é geral. E geral também a inquietação. O que tortura esses seres não são a doença ou o temor do dia seguinte: é Deus. Por gentileza do seu autor, estão libertos das pequenas arrelias e preocupações quotidianas a fim de serem colocados, nus, em face do Mistério. A sua vida activa corresponde à nossa vida profunda.
Eles são nós mesmos observados do interior. Graças a esse método de ‘tomada de vistas’, o que está mais perto do operador é o tormento mais inconsciente, o que dele está mais afastado é a carne, a roupa, a luz do dia. (...) E, quando nos mostram essa prova de nós mesmos, não nos reconhecemos melhor do que numa radiografia»
... é este o Dostoievski que H. Troyat descreve no capítulo da sua Biografia ( ed Lello & irmão, pg 377) dedicado aos ‘Irmãos Karamanzov’, no qual o escritor faria a tal conciliação dos inconciliáveis: «o fantástico e o real».
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Quaresma XVII
Vias sacras alternativas na correspondência de Dostoievski...
«Je ne sais pas écrire des lettres»
Il ne sait non plus terminer une lettre, multiplie les post-scriptum,(…) des vœux de santé et des embrassades, comme un paysan.
« Je ressens douloureusement et mieux qui quiconque mon vice littéraire : la prolixité, mais je ne parviens pas à m’en débarrasser»
A côté des négligences de syntaxe, d’emploi impropre de vocables, il s’est crée une ponctuation à lui où abondent les tirets, parfois doubles ou triples, combinés avec des points, et qu’il charge d’un sens particulier ; il abuse des parenthèses, il les inclus même dans autres parenthèses, il met une majuscule après les point virgule, mélange les chiffres romains et arabes»
.. descritas no prefácio do III vol da sua correspondência completa, traduzida por Nina Gourfinkel ( ed Calmann- Levy) e que se desculpam, pois como ele diz numa destas cartas: «pardonnez la négligence,(…) n’y voyez pas un manque d’égards». É isso, tudo se perdoa a quem não falta com um olhar, ou como explicam os seus heróis: transportamos os nossos limites e os nossos castigos, naquela tragédia que é o pensamento à nora com a paixão, a leis humanas e a moral.
Mas calma, isto passa-me, bastam duas conjugações maradas, um atropelamento de artigos, e meia dúzia de pronomes indefinidos postos à toa.
Vias sacras alternativas na correspondência de Dostoievski...
«Je ne sais pas écrire des lettres»
Il ne sait non plus terminer une lettre, multiplie les post-scriptum,(…) des vœux de santé et des embrassades, comme un paysan.
« Je ressens douloureusement et mieux qui quiconque mon vice littéraire : la prolixité, mais je ne parviens pas à m’en débarrasser»
A côté des négligences de syntaxe, d’emploi impropre de vocables, il s’est crée une ponctuation à lui où abondent les tirets, parfois doubles ou triples, combinés avec des points, et qu’il charge d’un sens particulier ; il abuse des parenthèses, il les inclus même dans autres parenthèses, il met une majuscule après les point virgule, mélange les chiffres romains et arabes»
.. descritas no prefácio do III vol da sua correspondência completa, traduzida por Nina Gourfinkel ( ed Calmann- Levy) e que se desculpam, pois como ele diz numa destas cartas: «pardonnez la négligence,(…) n’y voyez pas un manque d’égards». É isso, tudo se perdoa a quem não falta com um olhar, ou como explicam os seus heróis: transportamos os nossos limites e os nossos castigos, naquela tragédia que é o pensamento à nora com a paixão, a leis humanas e a moral.
Mas calma, isto passa-me, bastam duas conjugações maradas, um atropelamento de artigos, e meia dúzia de pronomes indefinidos postos à toa.
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Quaresma II
Armado em Kundera…
«Que deve fazer um romancista que apresenta aos seus leitores tipos inteiramente ‘vulgares’, para não dizer pouco interessantes? (…) Na nossa opinião, o autor deve esforçar-se por descobrir matizes interessantes e sugestivos, mesmo nas pessoas vulgares. Mas quando, por exemplo, a características dessas pessoas reside na sua sempiterna vulgaridade ou, melhor dizendo, quando, apesar de todos os seus esforços para sair da vulgaridade e da rotina, recaem nelas irremediavelmente, então adquirem certo valor típico; tornam-se representativos da mediocridade que não quer continuar como é e que visa a todo o custo à originalidade e à independência, sem dispor de meios para a conseguir.
(…)
Nada há de mais vexatório do que ser, por exemplo, rico, de boa família, de aspecto atraente, razoavelmente instruído, nada tolo, bom até, e, não obstante, não ter qualquer talento, nenhuma característica pessoal ou até qualquer singularidade, não pensar nada por si; enfim, ser positivamente ‘como toda a gente’.
(…)
Há, por este mundo, uma multidão de pessoas desta espécie, mais até do que se julga. Dividem-se como todos os homens, em duas categorias principais: os que são limitados e os que são ‘mais inteligentes’. Os primeiros são os mais felizes. Um homem ‘vulgar’ de espírito limitado pode muito facilmente julgar-se extraordinário e original, e comprazer-se sem modéstia nesse pensamento.
(…)
A segunda categoria é muito mais infeliz que a primeira. Isso deve-se ao facto de um homem ‘vulgar’, mas inteligente, mesmo se se julga por vezes (e até durante toda a vida) dotado de génio e originalidade, não deixar de albergar na alma o verme da dúvida que o rói a ponto de lançá-lo em complexo desespero. Se se resigna, permanece, no entanto, definitivamente intoxicado pelo sentimento de vaidade recalcada. De resto (…) o destino desta categoria inteligente de homens medíocres está longe de ser tão trágico; quanto muito, sucede-lhes sofrer pouco ou muito do fígado ao cabo de certo número de anos: a isto se reduz a sua infelicidade.»
… escreve isto Dostoievski no ‘Idiota’ ( ed. Arcádia, 1971, pags 518-20), mas já bastante depois da cena em que o Príncipe Mychkine – numa misoginia reprimida, ou envergonhada, certamente - confrontado com a questão:
«- Deixa-se atrair pelo sexo feminino, príncipe? Fale sem rodeios.»
Responde:
«- Eu? Bem…(…) devo dizer-lhe… nada sei de mulheres.»
Ao que Rogojine reage:
«- Ah! Sendo assim, príncipe, és um verdadeiro visionário; Deus gosta das pessoas como tu.»
Armado em Kundera…
«Que deve fazer um romancista que apresenta aos seus leitores tipos inteiramente ‘vulgares’, para não dizer pouco interessantes? (…) Na nossa opinião, o autor deve esforçar-se por descobrir matizes interessantes e sugestivos, mesmo nas pessoas vulgares. Mas quando, por exemplo, a características dessas pessoas reside na sua sempiterna vulgaridade ou, melhor dizendo, quando, apesar de todos os seus esforços para sair da vulgaridade e da rotina, recaem nelas irremediavelmente, então adquirem certo valor típico; tornam-se representativos da mediocridade que não quer continuar como é e que visa a todo o custo à originalidade e à independência, sem dispor de meios para a conseguir.
(…)
Nada há de mais vexatório do que ser, por exemplo, rico, de boa família, de aspecto atraente, razoavelmente instruído, nada tolo, bom até, e, não obstante, não ter qualquer talento, nenhuma característica pessoal ou até qualquer singularidade, não pensar nada por si; enfim, ser positivamente ‘como toda a gente’.
(…)
Há, por este mundo, uma multidão de pessoas desta espécie, mais até do que se julga. Dividem-se como todos os homens, em duas categorias principais: os que são limitados e os que são ‘mais inteligentes’. Os primeiros são os mais felizes. Um homem ‘vulgar’ de espírito limitado pode muito facilmente julgar-se extraordinário e original, e comprazer-se sem modéstia nesse pensamento.
(…)
A segunda categoria é muito mais infeliz que a primeira. Isso deve-se ao facto de um homem ‘vulgar’, mas inteligente, mesmo se se julga por vezes (e até durante toda a vida) dotado de génio e originalidade, não deixar de albergar na alma o verme da dúvida que o rói a ponto de lançá-lo em complexo desespero. Se se resigna, permanece, no entanto, definitivamente intoxicado pelo sentimento de vaidade recalcada. De resto (…) o destino desta categoria inteligente de homens medíocres está longe de ser tão trágico; quanto muito, sucede-lhes sofrer pouco ou muito do fígado ao cabo de certo número de anos: a isto se reduz a sua infelicidade.»
… escreve isto Dostoievski no ‘Idiota’ ( ed. Arcádia, 1971, pags 518-20), mas já bastante depois da cena em que o Príncipe Mychkine – numa misoginia reprimida, ou envergonhada, certamente - confrontado com a questão:
«- Deixa-se atrair pelo sexo feminino, príncipe? Fale sem rodeios.»
Responde:
«- Eu? Bem…(…) devo dizer-lhe… nada sei de mulheres.»
Ao que Rogojine reage:
«- Ah! Sendo assim, príncipe, és um verdadeiro visionário; Deus gosta das pessoas como tu.»
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Contos de 1881
Dostoievski tinha acabado de entregar a alma ao criador e Picasso preparava-se para dar com o corpinho ao manifesto. Anastasia estava na flor da idade e hesitava entre ir ter com Fiodor, que agora talvez já lavasse a barba e não rezasse responsos por cada vez que fornicava, ou aguentar um bocado e ir fazer de terebentina no leito do desenhador de minotauros. Em qualquer dos casos ela já sabia que corria o risco de poder vir a ser a santinha, ou a bezerra sagrada, ou o floco de apontamentos ou o filamento de ráfia. Oscilava na escolha entre apascentar as vísceras que trabalhavam num subterrâneo de culpas, ou ser feno bem enfardado duma besta que suava às cores. Ela sabia que queria fugir do usucapião amoroso, mas também sabia que não lhe era digno deixá-los de calças na mão, sem sorte, nem arte. Entregar-se-ia ao russo ou ao espanhol? Era esse o seu dilema em 1881. Ela sabia que seria o testemunho, ela sabia que seria a mulher de charneira, pois estava nas suas mãos, calcule-se, o futuro do amor na humanidade. Doravante o amor duma mulher ou seria complexo, ou seria reflexo. Ou nobre ligação ou coisa sem nexo. Ou imolaria o corpo para aparar o vício do jogo de um, ou imolaria o corpo para aparar o vício de poder do outro. Com a alma ela não se preocupava, a alma feminina é sempre ou de Deus, tinha-lhe dito o russo, ou auto-suficiente-indiferente, esperava ouvir do espanhol, em qualquer caso nunca estaria dependente deles. ‘Cabrões os dois’ pensava ela nos momentos de queda, aqueles em que se confrontava com a sua cruel fêmealidade. Mas Anastasia era uma mulher jovem, Dostoievski estaria sempre no papo, mais persignado menos persignado, e como ela tinha feito o tirocínio romântico com a Cartuxa de Parma, Picasso babar-se-ia certamente em suites vollards, seria volúpia bem cozinhada, ou em forma de dor escrita, ou em forma de cor traçada. Sabia que tiraria o sono a ambos e era isso que lhe dava a segurança, quer fosse um sono de justos quer fosse um sono de guerreiros, era mesmo essa a sua segurança de domadora jovem, quer estivesse seduzindo ‘derrièrre un rideau’ de pureza, ou estivesse ao serviço do anarquismo moral do acto gratuito. Essa segurança de quem sabia que tinha o dom de deixar sempre um travo de primeira vez a quem a saboreasse, numa mistura de mulher-totem e de mulher-pecado.
Depois de Anastasia mais nenhuma mulher estaria disposta a derramar o seu bálsamo apenas a um Cristo, e todos os homens gostariam de ser centauros com a cabeça de Mushkine. Mas não procurem Anastasia na História, ela acabou por se desvanecer uns anos mais tarde num limbo Pessoano, perdida num desassossego meramente sonhado mas com a existência apalavrada como ‘cherry blossom girl’
Dostoievski tinha acabado de entregar a alma ao criador e Picasso preparava-se para dar com o corpinho ao manifesto. Anastasia estava na flor da idade e hesitava entre ir ter com Fiodor, que agora talvez já lavasse a barba e não rezasse responsos por cada vez que fornicava, ou aguentar um bocado e ir fazer de terebentina no leito do desenhador de minotauros. Em qualquer dos casos ela já sabia que corria o risco de poder vir a ser a santinha, ou a bezerra sagrada, ou o floco de apontamentos ou o filamento de ráfia. Oscilava na escolha entre apascentar as vísceras que trabalhavam num subterrâneo de culpas, ou ser feno bem enfardado duma besta que suava às cores. Ela sabia que queria fugir do usucapião amoroso, mas também sabia que não lhe era digno deixá-los de calças na mão, sem sorte, nem arte. Entregar-se-ia ao russo ou ao espanhol? Era esse o seu dilema em 1881. Ela sabia que seria o testemunho, ela sabia que seria a mulher de charneira, pois estava nas suas mãos, calcule-se, o futuro do amor na humanidade. Doravante o amor duma mulher ou seria complexo, ou seria reflexo. Ou nobre ligação ou coisa sem nexo. Ou imolaria o corpo para aparar o vício do jogo de um, ou imolaria o corpo para aparar o vício de poder do outro. Com a alma ela não se preocupava, a alma feminina é sempre ou de Deus, tinha-lhe dito o russo, ou auto-suficiente-indiferente, esperava ouvir do espanhol, em qualquer caso nunca estaria dependente deles. ‘Cabrões os dois’ pensava ela nos momentos de queda, aqueles em que se confrontava com a sua cruel fêmealidade. Mas Anastasia era uma mulher jovem, Dostoievski estaria sempre no papo, mais persignado menos persignado, e como ela tinha feito o tirocínio romântico com a Cartuxa de Parma, Picasso babar-se-ia certamente em suites vollards, seria volúpia bem cozinhada, ou em forma de dor escrita, ou em forma de cor traçada. Sabia que tiraria o sono a ambos e era isso que lhe dava a segurança, quer fosse um sono de justos quer fosse um sono de guerreiros, era mesmo essa a sua segurança de domadora jovem, quer estivesse seduzindo ‘derrièrre un rideau’ de pureza, ou estivesse ao serviço do anarquismo moral do acto gratuito. Essa segurança de quem sabia que tinha o dom de deixar sempre um travo de primeira vez a quem a saboreasse, numa mistura de mulher-totem e de mulher-pecado.
Depois de Anastasia mais nenhuma mulher estaria disposta a derramar o seu bálsamo apenas a um Cristo, e todos os homens gostariam de ser centauros com a cabeça de Mushkine. Mas não procurem Anastasia na História, ela acabou por se desvanecer uns anos mais tarde num limbo Pessoano, perdida num desassossego meramente sonhado mas com a existência apalavrada como ‘cherry blossom girl’
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O nojo dos dias. A saga continua
Das minhas coisinhas
Portugal vive hoje claramente um dos momentos de maior decadência como Estado político independente e soberano da sua história recente.
Uns quantos políticos com caderneta profissional devidamente carimbada e que passeiam os seus chocalhos amestrados por essa Europa fora, lembraram-se de destapar a tampa da conveniência e das devidas aparências que, pelos vistos caridosamente, nos preservavam da imagem pública de povo irrelevante, e disseram ao rapazito que lá aparecia de vez em quando aos almoços, apresentando-se como primeiro-ministro, que gostariam muito de o ver a fazer de mordomo no pavilhão de caça. O seu entusiamo juvenil era tanto, que seria impossível recusar face à miragem duma dispensa cheia de tulicreme, comparada com as tísicas prateleiras do seu humilde apartamento que pouco mais mostravam que umas escanzeladas ferreirinhas com leite.
O rapazola recém-casado e deslumbrado com uma amante supostamente mais experiente, deixa “mulher grávida” e “ala que se faz tarde”. (como já vi alguns, mas esses se fossem a sufrágio eu enfiava-lhes com o boletim de voto bem enroladinho pelo cu acima)
Raramente o poder político doméstico desceu tão baixo. Raramente o desprezo – olímpico ou não – pelo poder político foi uma opção tão válida. Quase apetece dizer: abençoados os corruptos, abençoados os que trocam votos por frigoríficos, abençoados os demagogos de feira.
E não me lixem: Eu quero lá ser ouvido! Eu quero é que não se macem comigo. Eu exijo é, isso sim, reforma antecipada já!
E para espanto meu ainda sou obrigado a ouvir na televisão que o tal de rapazola foi a Belém pôr condições para aceitar. Não! Eu devo mesmo ter ouvido mal. Mas sendo verdade, podes voltar Ramalho Eanes, podes voltar Guterres, sei lá, podes voltar Américo Tomás com a Gertrudes e tudo, estão todos perdoados.
Arrastava-me eu neste estado na hesitação entre desprezar liminarmente estes cabrões e nem escrever este texto, ou então começar a mover-lhes uma marcação tão cerrada que eles haveriam de me desejar a morte, mas foi quando olhei para os meus filhos e decidi ir arejar a mona.
Devia estar em tão bom estado, que para arejar a tola fui buscar a correspondência do Dostoievski (enquanto o mais novo andava de bicicleta, topem! E cada curva, cada malho, para ajudar). Pensei naqueles anos em que o russo andava a fugir das dívidas rodopiando “também” de lugar em lugar pela Europa. O tipo andava a acabar “O Idiota” e reparei que escrevia isto desde Florença numa carta a Apolon N. Maikov (poeta lírico) em 23 de Dezembro de 1868: «Se “O Idiota” tiver leitores, eles ficarão certamente estupefactos com o fim; mas depois de alguma reflexão eles compreenderão que era necessário terminar assim» (1) Ora pois, nós compreendemos, DBarroso, tu talvez também tivesses mesmo de “terminar” assim, mostrando o que eras desta forma, mostrando de forma inequivoca o que valem alguns políticos. É então que, qual reflexo condicionado, dirigido por um neurónio invisível, vou ler o que Robert Walser escreve n' "A Rosa" a propósito deste romance, e recolho: «Não tenho absolutamente nada de idiota, sou pelo contrário, sensível a tudo o que seja racional; lamento não ser herói de um romance.» É o meu lamento também. Só que sobre não ser idiota, tenho pena de não poder dizer o mesmo. E sobre uns gajos andarem a fazer de nós idiotas: estamos conversados.
Procurando fugir deste enredo a que me forçam, fui ler uns blogs. Escolhi só blogs de mulheres ( acho que não digo mais "gajas" até ao Natal), fazendo jus à análise do Bruno, e reparei na desassosegada (o seu a seu dono) que a exposição do Richter terminava hoje. Eu por acaso acho que ele é um homem que não lida bem com a cor, mas nos dias que correm, isso é uma questão de ridícula importância. (mas o que é que fazem aqueles lilases nos quadros abstractos, ó pázinho). Bem, para meu espanto consegui mesmo ir ver.
O meu estado de déficit bucólico deveria ser tão grande que passei minutos sem fim – caso raríssimo - a olhar para o quadro “ Casal de namorados na floresta” de 1966 (se bem me lembro). Mas o inconsciente amestrado funcionou e deu-me um beliscão mental. Ainda fui a tempo de ver um bocado do documentário que estava a passar (costumam ser uma seca insuportável, mas eu estava muito sensível, e nessas alturas papa-se de tudo), e apanhei a parte em que ele falava dos seus “problemas” com a nitidez. O sacanita usa aquela técnica de passar a trincha seca por cima do quadro enquanto está húmido e faz-lhe aquele efeito de desfocado.
Aí estava a solução. Vou aproveitar. Passo a trincha seca sobre esta merda toda enquanto está húmida, e pode ser que estes políticos para lá de manhosos ainda me pareçam príncipes da Renascença. E que se foda. A opção é mesmo o desprezo.
Agora há que ir ver mas é bola. Felizmente não perdi a noção da hierarquia das coisas da vida. Eu ando a escrever cada coisa, caraças.
(1) versão livre de “Correspondence de Dostoievski“ – Vol III, tradução para francês de Nina Gourfinkel para ed. Calmann-Lévy em 1960, pag. 280
Das minhas coisinhas
Portugal vive hoje claramente um dos momentos de maior decadência como Estado político independente e soberano da sua história recente.
Uns quantos políticos com caderneta profissional devidamente carimbada e que passeiam os seus chocalhos amestrados por essa Europa fora, lembraram-se de destapar a tampa da conveniência e das devidas aparências que, pelos vistos caridosamente, nos preservavam da imagem pública de povo irrelevante, e disseram ao rapazito que lá aparecia de vez em quando aos almoços, apresentando-se como primeiro-ministro, que gostariam muito de o ver a fazer de mordomo no pavilhão de caça. O seu entusiamo juvenil era tanto, que seria impossível recusar face à miragem duma dispensa cheia de tulicreme, comparada com as tísicas prateleiras do seu humilde apartamento que pouco mais mostravam que umas escanzeladas ferreirinhas com leite.
O rapazola recém-casado e deslumbrado com uma amante supostamente mais experiente, deixa “mulher grávida” e “ala que se faz tarde”. (como já vi alguns, mas esses se fossem a sufrágio eu enfiava-lhes com o boletim de voto bem enroladinho pelo cu acima)
Raramente o poder político doméstico desceu tão baixo. Raramente o desprezo – olímpico ou não – pelo poder político foi uma opção tão válida. Quase apetece dizer: abençoados os corruptos, abençoados os que trocam votos por frigoríficos, abençoados os demagogos de feira.
E não me lixem: Eu quero lá ser ouvido! Eu quero é que não se macem comigo. Eu exijo é, isso sim, reforma antecipada já!
E para espanto meu ainda sou obrigado a ouvir na televisão que o tal de rapazola foi a Belém pôr condições para aceitar. Não! Eu devo mesmo ter ouvido mal. Mas sendo verdade, podes voltar Ramalho Eanes, podes voltar Guterres, sei lá, podes voltar Américo Tomás com a Gertrudes e tudo, estão todos perdoados.
Arrastava-me eu neste estado na hesitação entre desprezar liminarmente estes cabrões e nem escrever este texto, ou então começar a mover-lhes uma marcação tão cerrada que eles haveriam de me desejar a morte, mas foi quando olhei para os meus filhos e decidi ir arejar a mona.
Devia estar em tão bom estado, que para arejar a tola fui buscar a correspondência do Dostoievski (enquanto o mais novo andava de bicicleta, topem! E cada curva, cada malho, para ajudar). Pensei naqueles anos em que o russo andava a fugir das dívidas rodopiando “também” de lugar em lugar pela Europa. O tipo andava a acabar “O Idiota” e reparei que escrevia isto desde Florença numa carta a Apolon N. Maikov (poeta lírico) em 23 de Dezembro de 1868: «Se “O Idiota” tiver leitores, eles ficarão certamente estupefactos com o fim; mas depois de alguma reflexão eles compreenderão que era necessário terminar assim» (1) Ora pois, nós compreendemos, DBarroso, tu talvez também tivesses mesmo de “terminar” assim, mostrando o que eras desta forma, mostrando de forma inequivoca o que valem alguns políticos. É então que, qual reflexo condicionado, dirigido por um neurónio invisível, vou ler o que Robert Walser escreve n' "A Rosa" a propósito deste romance, e recolho: «Não tenho absolutamente nada de idiota, sou pelo contrário, sensível a tudo o que seja racional; lamento não ser herói de um romance.» É o meu lamento também. Só que sobre não ser idiota, tenho pena de não poder dizer o mesmo. E sobre uns gajos andarem a fazer de nós idiotas: estamos conversados.
Procurando fugir deste enredo a que me forçam, fui ler uns blogs. Escolhi só blogs de mulheres ( acho que não digo mais "gajas" até ao Natal), fazendo jus à análise do Bruno, e reparei na desassosegada (o seu a seu dono) que a exposição do Richter terminava hoje. Eu por acaso acho que ele é um homem que não lida bem com a cor, mas nos dias que correm, isso é uma questão de ridícula importância. (mas o que é que fazem aqueles lilases nos quadros abstractos, ó pázinho). Bem, para meu espanto consegui mesmo ir ver.
O meu estado de déficit bucólico deveria ser tão grande que passei minutos sem fim – caso raríssimo - a olhar para o quadro “ Casal de namorados na floresta” de 1966 (se bem me lembro). Mas o inconsciente amestrado funcionou e deu-me um beliscão mental. Ainda fui a tempo de ver um bocado do documentário que estava a passar (costumam ser uma seca insuportável, mas eu estava muito sensível, e nessas alturas papa-se de tudo), e apanhei a parte em que ele falava dos seus “problemas” com a nitidez. O sacanita usa aquela técnica de passar a trincha seca por cima do quadro enquanto está húmido e faz-lhe aquele efeito de desfocado.
Aí estava a solução. Vou aproveitar. Passo a trincha seca sobre esta merda toda enquanto está húmida, e pode ser que estes políticos para lá de manhosos ainda me pareçam príncipes da Renascença. E que se foda. A opção é mesmo o desprezo.
Agora há que ir ver mas é bola. Felizmente não perdi a noção da hierarquia das coisas da vida. Eu ando a escrever cada coisa, caraças.
(1) versão livre de “Correspondence de Dostoievski“ – Vol III, tradução para francês de Nina Gourfinkel para ed. Calmann-Lévy em 1960, pag. 280
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R. Walser
Fantasia para dois sargentos e um tanque da roupa
Passaram já umas boas semanas sobre a onda laudatória em relação a uma “livro/literatura” que pretensamente seria uma lufada de ar fresco resgatadora da épica ironia nacional.
Ele era descobridor de caracteres, decifrador de tiques, desenganador de frágeis e ocos mitos, esparramando as debilidades do burgo.
Ele era revolucionário no discurso, rasgador da narrativa convencional, destilada na ordem dos novos “paradigmas romanescos”.
Ele era palavras recuperadas ao ritmo da formiga trabalhadora, verbo sempre fracturante e inimagináveis rotinas semânticas.
Desavergonhada e orgulhosa dos subsídios recebidos, tornou-se até a escrita funcionária mais chique. E a que melhor era lambida pela corte.
Frágil e passageiro consolo o que se baseia no artificialismo das meras técnicas de discurso diferentes, que são tão criativas como um molho de grelos num cocktail de camarão.
Frágil e passageiro consolo o que se baseia num passeio de palavras, como quem leva o caniche a mijar numa esquina diferente todos os dias e pensa que está a descobrir o mundo.
Frágil e passageiro consolo o que não vê que a mera ironia, mesmo atascada de sátira envernizada, não passa dum berbequim descartável refém das buchas de turno.
Quando as personagens trocam piropos com o leitor, ou se entretêm a prometer fama ao escritor, o livro passa a ser um bacanal “apanascado”.
Se um livro deu muito trabalho a fazer, tanto pior para quem o escreveu.
O trabalho não é para ser respeitado. É para ser explorado, pago e eventualmente repetido.
Mas não, não escrevi este texto só para dizer mal à toa, e encher de inúteis bits o servidor da blogger. Escrevi isto porque acho pena que nos deixemos ( todos ) levar pela ilusão do artifício laborioso e imaginativo que nos desfoca da intimidade do mundo e da nobreza da alma humana, trocando-os por um pires de tremoços armado em salmão fumado do Petrossian.
«Para vocês os Gogol nascem como cogumelos» como dizia Bielinsky a Nekrassov, quando este lhe apresentou o primeiro livro de Dostoievski ( “O pobre homem”). Só que aqui a história era outra.
Ah...e também quem não sabe aguentar uma piadita, na Torre de Babel punham-no a dormir no quarto dos fundos, e na arca de Noé só não lhe fariam parelha com o papa-formigas porque o estômago não aguentaria muito ácido.
Pronto, já passou. Siga a marinha. Até porque o número de leitores destas peçonhentas águas-mal-furtadas irá reduzir drasticamente a partir d’agora. Se é que isso ainda é algebricamente possível.
Passaram já umas boas semanas sobre a onda laudatória em relação a uma “livro/literatura” que pretensamente seria uma lufada de ar fresco resgatadora da épica ironia nacional.
Ele era descobridor de caracteres, decifrador de tiques, desenganador de frágeis e ocos mitos, esparramando as debilidades do burgo.
Ele era revolucionário no discurso, rasgador da narrativa convencional, destilada na ordem dos novos “paradigmas romanescos”.
Ele era palavras recuperadas ao ritmo da formiga trabalhadora, verbo sempre fracturante e inimagináveis rotinas semânticas.
Desavergonhada e orgulhosa dos subsídios recebidos, tornou-se até a escrita funcionária mais chique. E a que melhor era lambida pela corte.
Frágil e passageiro consolo o que se baseia no artificialismo das meras técnicas de discurso diferentes, que são tão criativas como um molho de grelos num cocktail de camarão.
Frágil e passageiro consolo o que se baseia num passeio de palavras, como quem leva o caniche a mijar numa esquina diferente todos os dias e pensa que está a descobrir o mundo.
Frágil e passageiro consolo o que não vê que a mera ironia, mesmo atascada de sátira envernizada, não passa dum berbequim descartável refém das buchas de turno.
Quando as personagens trocam piropos com o leitor, ou se entretêm a prometer fama ao escritor, o livro passa a ser um bacanal “apanascado”.
Se um livro deu muito trabalho a fazer, tanto pior para quem o escreveu.
O trabalho não é para ser respeitado. É para ser explorado, pago e eventualmente repetido.
Mas não, não escrevi este texto só para dizer mal à toa, e encher de inúteis bits o servidor da blogger. Escrevi isto porque acho pena que nos deixemos ( todos ) levar pela ilusão do artifício laborioso e imaginativo que nos desfoca da intimidade do mundo e da nobreza da alma humana, trocando-os por um pires de tremoços armado em salmão fumado do Petrossian.
«Para vocês os Gogol nascem como cogumelos» como dizia Bielinsky a Nekrassov, quando este lhe apresentou o primeiro livro de Dostoievski ( “O pobre homem”). Só que aqui a história era outra.
Ah...e também quem não sabe aguentar uma piadita, na Torre de Babel punham-no a dormir no quarto dos fundos, e na arca de Noé só não lhe fariam parelha com o papa-formigas porque o estômago não aguentaria muito ácido.
Pronto, já passou. Siga a marinha. Até porque o número de leitores destas peçonhentas águas-mal-furtadas irá reduzir drasticamente a partir d’agora. Se é que isso ainda é algebricamente possível.
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Russos traduzidos
Tenho três traduções de " Almas Mortas ". A segunda nem a li toda. Parecem livros diferentes.
Estou ansioso de ler uma versão traduzida do russo a sério da "Ana Karenina". ou será Anna Karennina... Decidam-se tradutores. E um Oblomov recente, e novo "Pais e Filhos" do Turgueniev ! Já nem falo de Lermontov e de Saltikov Chtchedrine. Pelo menos as biografias do Troyat, que ele escreveu em francês! ( há para aí umas duas traduzidas...) Eu não sou do meio mas... Abrupto e Aviz exerçam as vossas influências ...se é que estão interessados... Eu estou a falar de traduçóes novas, bem feitas, até apanhando esta nova "onda" e seguindo algum bom trabalho recente feito com Dostoievski e Tchekov. E adorava uma tradução para português do "Le Roman Russe " de E.-M de Vogué. O original francês confesso já me custaria a ler outra vez.
Termino : Griboiedov ! Como eu gostaria que houvesse uma tradução!!!
Já desabafei. Pode ser que alguém leia isto.
Tenho três traduções de " Almas Mortas ". A segunda nem a li toda. Parecem livros diferentes.
Estou ansioso de ler uma versão traduzida do russo a sério da "Ana Karenina". ou será Anna Karennina... Decidam-se tradutores. E um Oblomov recente, e novo "Pais e Filhos" do Turgueniev ! Já nem falo de Lermontov e de Saltikov Chtchedrine. Pelo menos as biografias do Troyat, que ele escreveu em francês! ( há para aí umas duas traduzidas...) Eu não sou do meio mas... Abrupto e Aviz exerçam as vossas influências ...se é que estão interessados... Eu estou a falar de traduçóes novas, bem feitas, até apanhando esta nova "onda" e seguindo algum bom trabalho recente feito com Dostoievski e Tchekov. E adorava uma tradução para português do "Le Roman Russe " de E.-M de Vogué. O original francês confesso já me custaria a ler outra vez.
Termino : Griboiedov ! Como eu gostaria que houvesse uma tradução!!!
Já desabafei. Pode ser que alguém leia isto.
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