Apesar de não se saber ao certo qual a verdadeira face e o papel do FMI na cena financeira internacional, Lagarde terá certamente vários pendentes para o ano que vem. Daí que seja importante analisar que tipo de brincos enquadrados nesta categoria ela utiliza. E então gera-se(-me) o pânico: Largarde abusa mais que a conta do brinco em pendente. Sabe-se desde tempos imemoriais que o brincos foram a maior falácia que se instalou no mundo do embelezamento feminino, trazendo consigo aquela ideia peregrina de dar uma luzinha à cara, de dar amplitude às feições, rasgos de personalidade e mais o caneco. O mundo está num virote e Cristina, podendo-se limitar a uma perolazita discreta apenas para fazer o gosto à parolice, não, de vez em quando brinda a já de si sensível comunidade internacional com um par de pendentes que descontrolariam qualquer tarado em fase de negação. O pendente lobular é um atentado ao bom gosto e um óbvio recuo no contributo que o feminino tem de dar à humanidade pós jardim das delícias. Façam-se experiências estéticas com girafas mas, por amor de Deus, preservemos a mulher senão qualquer dia teremos uma celine dion em cada esquina. Nunca será tempo perdido aquele que utilizarmos a denunciar este crime que lesa a beleza e o papel da face humana no desenvolvimento da espécie em geral e do carinha laroca em particular. Já vimos civilizações destruídas por muito menos que isto. Não sei se o sistema financeiro dominado pela especulação e a incerteza aguentará mais merdas penduradas desta forma. Disponham sempre.
treta à terça
Só há duas atitudes esteticamente decentes a tomar em relação àquilo que não se percebe: ou se idolatra ou se escorraça. Este ano o nobel da literatura foi entregue a um caramelo sensível portador dum veículo de comunicação chamado 'sueco', algo que se mostra tão incapaz tanto para fazer relatos de bola (o verdadeiro teste a uma língua) como para engatar miúdas (inclusivamente as suecas, que, como se sabe, adoram pretos subsarianos por causa das línguas que utilizam e semióticas afins). Para além dessa deficiência, um indivíduo que se dá a conhecer por um nome a roçar o desenho animado americano, decidiu introduzir-se nos meandros da indescritível arte de juntar palavras simulando pequenos partos sem dor e que nalgumas culturas peripatéticas se convencionou chamar de poesia. Dessa escolha para a vida resultaram pequenas obras de marcenaria sem madeira denominadas poemas e que foram bastante apreciadas inclusivamente por gente que tem de profissão apreciar, designadamente os apreciadores, de tal forma que o referido prémio foi dado por todos e mais alguns como muito bem entregue. Possuído por aquele sentido de cidadania responsável que me caracteriza fui em busca da expressão poética impressa do supracitado sueco, e convencido fiquei quase logo à primeira com uma tradução para a língua de cervantes & casillas que o apresentava dotado d' «um equilíbrio controlado entre o fantástico e o exacto, entre a liberdade e a consciência lógica» que me deixou palpitante, mesmo tomando comprimidos diários para controlar a palpitação, registe-se. Insuflado já com o figurão que aqui viria fazer com o último verso do ano percorri com dedicação aquela versejaria já devidamente traduzida, calculando que o difícil seria escolher, e vendo-me já a fazer de domingos a olhar para o luxuoso banco de suplentes dos lagartos. Infelizmente, não contando com a tirada em que «cada pessoa é uma porta entreaberta /que leva a uma sala para todos», não fui epifanizado pela sua escrita e isso reflecte-se num grande vazio interior que agora me atormenta, algo digno dum poeta, note-se, e inclusivamente sinto uma piquena vertigem, espero agora que «a suave pendência se vá acentuando/ e imperceptivelmente se transforme em abismo», pois dizem os especialistas que é esse abismo que separa os poetas dos vendedores de electrodomésticos, inclusivamente (aí vão dois) vou lançar uma empresa de excursões para poetas ali à boca do inferno; refeições não incluídas porque a fominha também faz parte, e hoje em dia vê-se muito poeta com a barriguinha em dia. Mas eu estou benzinho, não se tranströrmem comigo e continuação de boas festas, extensivo à Sinead O'Connor.
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verso à terça
Boas Festas
Acordo Monetário da Praia do Meco
artigo 1º
Face à inoperância do discurso da tanga, do pintelho e do marimba, e não se vislumbrando evolução favorável para o contexto internacional de desequilíbrio entre a riqueza produzida e a quantidade de activos monetários em circulação.
Face à inoperância do discurso da tanga, do pintelho e do marimba, e não se vislumbrando evolução favorável para o contexto internacional de desequilíbrio entre a riqueza produzida e a quantidade de activos monetários em circulação.
artigo 2º
Considerando que faliram os conceitos de moeda refúgio, moeda padrão, moeda símbolo, moeda valor e moeda gorjeta.
artigo 3º
Levando em conta que as várias dicotomias que dividiram os homens, e as utopias que os uniram, se mostram tão desactualizadas como actuais.
artigo 4º
Tentando recolocar Portugal novamente na linha da frente daquelas Nações que souberam fazer a diferença e inclusive a multiplicação e a soma.
artigo 5º
Decidiram os signatários promover a criação duma moeda com funções de símbolo-padrão, e que garantirá uma estrita convertibilidade nas condições que este acordo expressamente consagrará.
artigo 6º
Não ficarão revogados quaisquer dos acordos já firmados pela República Portuguesa, seja sob a forma de tratados inter-governamentais, seja sob a forma de lírica comunitária, pelo que não decorrerá daqui interferência directa com nenhum sistema monetário no qual o País esteja legalmente inserido, designadamente os do euro, o que venha a resultar de qualquer modelo de aglutinação pastosa de dívidas públicas, ou o da petinga frita.
artigo 7º
Fica desde já consagrado que a base real que suporta este acordo de natureza monetária é a existência inequívoca duma quantidade muito apreciável de reservas de areia fina nas praias da costa portuguesa.
artigo 8º
Associada a esta base real e comprovável é criada uma nova unidade monetária doravante denominada: O Meco.
artigo 9º
O Meco terá o seu valor com paridade a 1 (um) litro de areia de praia , limpa, com teor de humidade inferior a 50%, sem restrição de granulometria e portadora de uma cor entre os Pantone ® golden yellow 15-0953 TPX e o pastel yellow 11-0616 TPX, visualizado às 12 horas GMT do solstício de verão.
artigo 10º
O Meco, por ser constituído no seio dum país que faz já parte duma união monetária específica, iniciará o seu valor (paridade base) cambial 1,50 euros.
artigo 11º
O Banco Central do Meco, doravante aqui denominado por BECO, poderá emitir, até finais de 2012, quinhentos mil milhões de Mecos (500.000.000.000), o correspondente a 500 milhões de metros cúbicos de areia fina e a 750 mil milhões (750.000.000.000) de euros.
artigo 12º
A distribuição pelos diversos tomadores firmes institucionais da nova moeda-areia, doravante designados por 'Sandiners', far-se-á de molde a que, pelo rateio, nenhum possa residir em território nacional e nenhum possa individualmente possuir mais que 1 (um) por cento de todo o volume monetário em circulação, garantindo-se assim que nenhum Sandiner possa reclamar que é demasiada areia para a camioneta dele.
artigo 13º
Os Sandiners terão acesso privilegiado e sem restrições a toda a informação que esteja disponível no BECO, desde que provem ter rezado diariamente uma avé-maria em ambiente de terço , ou oração equivalente (conforme lista anexa), com os extractos virados para o Meco.
artigo 14º
O encaixe de setecentos e cinquenta mil milhões de euros, correspondente à emissão e colocação dos quinhentos mil milhões de Mecos que ocorrerá durante o ano de 2012, ficará à disposição do Banco de Portugal sob condição de que só poderão entrar nas suas instalações funcionários devidamente identificados e algemados.
artigo 14 A
O BECO designará uma quadriga para o acompanhamento da aplicação deste depósito, composta por: um nadador salvador, um professor emigrado, um ex-governador do banco de portugal e um vendedor de bolacha americana.
artigo 15º
A posse de Mecos produzirá um direito de space-sharing virtual: por cada lote de 100 mecos o seu detentor (Sandiner) poderá dizer que possui um naco de 1 (um) m2 de praia na costa vicentina.
artigo 16º
O controlo do volume de mecos em circulação será efectuado no último dia útil de cada mês e estará a cargo da comissão CALHAU (Contagem de Areia Livre de Humidade e com Ausência de Urina). Esta comissão será eleita anualmente pela Associação Nacional de Vendedores de Bolas de Berlim com Creme após consulta ao conselho de administração do Desmaker Consulting Group (D.C.G.).
artigo 17º
O índice Kmc, que reflecte o rácio entre o volume de Mecos em circulação e a quantidade de chapéus de sol importados da China nos meses de Abril a Agosto, deverá manter-se dentro do intervalo entre 70 a 80%.
artigo 18º
Sempre que se verifiquem valores fora deste intervalo, o BECO deverá emitir instruções de condicionamento à importação de chapéus de sol ou enviar brigadas de cães mijadores para a costa, consoante.
artigo 19º
Para evitar os riscos de confrontação cambial com outras moedas mais fracas, o mecanismo denominado 'Atirem-me Areia para os Olhos' poderá ser activado ao abrigo do presente acordo e permitirá ao BECO colocar Mecos no mercado até este se considerar satisfeito.
artigo 20º
Considera-se que o mercado está satisfeito quando já se consegue construir uma réplica das mamas da Cicciolina na Praia da Arrifana durante a maré cheia.
artigo 20ºA
Para facer face aos ataques especulativos ou outros à moeda ora criada, fica desde já autorizada a criação dum Banco que permita a estabilização dos movimentos atípicos. Este banco, o BADAMECO (Banco de Apoio ao Desenvolvimento Autosustentado de Meco) actuará no mercados sob a forma de aquisição de Mecos, não podendo, no entanto, possuir mais de 25% de toda a quantidade de moeda, salvo em situações específicas de erosão da costa.
artigo 21º
O BECO e o D.C.G desejam a todos os depositantes, subscritores, reguladores, firmes tomadores, governadores, comissionistas, cambistas e demais banhistas, um Natal Feliz, recheado de rabanadas, e o máximo cuidado com as virilhas assadas.
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D.C.G.
verso à terça
Cedo ao rasto de restos que
me tenta até ti (...)Posso
disturbaro teu espaço? Entrar e ficar a ver?
(...) Procuro
com a precisão de poros a mulher dentro da pedra.
(...) Desenrolas (...) o
novelo que te veste (...)lavo-o até
ao teu cheiro até respirar de ti
o perfume verdadeiro.
[abandalhamento de: ]
João Luís Barreto Guimarães, no poema 'Imersão', em Rés-do-Chão
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verso à terça
- Romy, que pensas sobre esta merda?
- Não sei o que te diga, acho que saí no momento certo
- Mas acabaste por não me conhecer
- sim, foi pena, mas vejo-te agora daqui
- Mas aí há filtros, não me tocas
- Todos temos mais que uma dimensão
- Porra, isso é conversa, em cada momento só há uma dimensão
- O segredo está em não viver os momentos
- Aquele sifilítico maluco do bigode está aí ao pé de ti?
- Sim, passa por aqui de vez em quando para falar com a Lou
- Foda-se, essa gaja está aí contigo?
- Sim, mas fazia mais sucesso por aí...
- Não me digas...
- Por aqui já não resulta aquele esquema do finge que vai e não vai
- Pois é, isso aí para as mulheres é mais ingrato...
- Que queres dizer com isso, oh ajóta?
- Sabes bem, as mulheres são sinuosas por causa daquela coisa da serpente
- Olha, queres uma boa, noutro dia estive com ela!
- Com quem, com a serpente!?...
- Sim, e olha que nem me pareceu má rapariga
- Estás a brincar, a serpente era uma gaja?
- Sim, o Adão tinha mais que uma costela
- Mas isso abana todos os alicerces
- Não leves isso tão a peito
- Como assim?
- Olha, por aqui o pessoal anda calmo, noutro dia o Trostky até ofereceu um chá
- E convidou o...
- Não, estava lá a Bukharina e podia haver molho...
- Ena pá, Romy, isso era uma bronca...
- Mas aqui nós temos todos de assinar primeiro um termo de responsabilidade...
- Deus Nosso Senhor pensa em tudo, chiça...
- Sabes que aquela cena do Genesis foi mesmo verdade?
- Não me lixes, Romy...
- Estava só a ver se tu caías...
- Isso não é bonito, pá, a fé é uma coisa muito melindrosa
- Querido ajóta, tenho mesmo pena de não te ter conhecido na altura certa
- Não tens mais pena que eu
- Um dia, quem sabe
- Achas que vale a pena ter esperança?
- Uma pessoa depois de estar aqui uns tempos vê que tudo é possível
- Olha, querida Romy, então não é muito diferente daqui.
autobiografia instantânea
A bateria só tem 15 minutos, rasguei-me um pouco ao lado do picotado e saiu um pó esverdeado, típico duma soberba reprimida à base de cacetadas bem dadas de moralismo cirúrgico, mas persistente; apresento um cheiro adocicado quando virado para a luz, acre na sombra, deitei-me um pouco no pires, ao mais pequeno contacto com a humidade real começaram as bolhas de susceptibilidade, o metal da lâmina da faca foi acolhido primeiro com desconfiança, depois com crueldade e finalmente com resignação, sim faca, para me mexerem bem teve de ser com uma faca, ria-me quando vinham para mim às colheradas. Feito em montinho - já só tenho 10 minutos de bateria - pareço impreparável para o contacto com o leite e muito menos com o forno. A minha pasta inicial é repelente, sou desajustado para amores à primeira vista, quando chega o primeiro garfo cheio de proselitismos deixo-me ir, ponham mais leite que se lixe, serei tarte, serei torta, bolo, rolo, seria o que quisessem. Sete minutos. Encaixo-me na forma fingindo ser um espírito irrequieto, o melhor que consigo é ficar com um farrapo de fora, uma pila de robespierre, aceito todos os celsius que o forno me pôs à disposição e saio de lá com um interior duro e uma capa mole, não era o que estava previsto. Faltam 4 minutos. Desenformei fácil. A travessa em calha tinha um friso doirado que me parecia não merecer. Assentei despreocupadamente, irresponsavelmente afinal, já só sentia saudades do calorzinho do forno. Aguardava-me o refrigério. Numa prateleira do meio, entre melões e requeijão, invejando a puta da mostarda sempre a ir e a vir. Esperavam que saísse de lá rijinho; pode ser que sim, pelo menos já teria a cara de broche. Dois minutos apenas. Sou cheirado. Dei conta até duma curiosidade genuína, dois elogios forçados e três esguelhas. Vai acabar a bateria, adeus, talvez venha a combinar bem com gelado de baunilha, quem sabe, ou então ponham-me muito chantilly e chamem-me foda-d'anjo.
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sanatório
austeridade
Ela pediu-lhe para ele descrever uma cena com os dois de mão dada a ver o luar. Ele ficou relutante pois sentia que perdera momentaneamente o jeito para escrever com as emoções ao colo. Afinal de contas ele não era um escritor, um escritor tem de saber escrever em qualquer circunstância, tal como um canalizador tem de saber desentupir um cano mesmo que a mulher lhe tenha posto os cornos. Mas ele sentiu-se desafiado, qualquer coisa lhe mexeu no cordelinho da lírica competitiva e pôs a imaginação e as letras ao caminho. Pensou nos dois com as caras encostadas, entre o encosto suave do acaso e a tangente do desejo, primeiro a tentarem distinguir a tabela periódica dos cheiros e depois, já com um cheiro comum bem constituído, a avançarem para a Corte do céu. Dá muito trabalho construir um cheiro comum mas depois ele faz muito milagre por conta própria. Um céu estrelado a dois é uma moeda seguríssima, quem a possui pode considerá-la uma recordação de refúgio. Ele, entretanto, na história, segredara-lhe de repente qualquer coisa, poderia ser um simples amo-te tanto, ou um quero-te muito, ele gostava mais dos tantos do que dos muitos, ela impingira-lhe o clássico medo aos sempres, mas acabavam fatalmente naquele riso gramatical, nem a lua, em qualquer fase que fosse, lhes impedia de brincar com as palavras, tinham-lhes perdido o medo depois dum primeiro adeus mal parido e dum regresso bem sofrido. Na história já se beijavam, mas ainda os parágrafos se conheciam pelos nomes já ela o afastara por duas vezes porque queria ver melhor as estrelas, e ele já reclamara da sua curiosidade astronómica pois nenhum homem nasceu para ser acólito de telescópio, nem para ter que concorrer com uma lua armada em disco voador. Sob as estrelas o homem sabe que é o sexo fraco, prefere as grutas desde que não tragam nenhuma alegoria filosófica de brinde ou fava. Quando deram o primeiro beijo prolongado já a ursa maior parecia ter apanhado um jeito nas costas de tanto esperar. Quando o musgo recebeu o primeiro rolar de dorsos já se gemiam palavras sem significado definido, apenas decifradas por aquele desmontador de códigos que são dois lábios húmidos organizados em flor. Quando na história ele lhe mordeu um local sem designação científica autónoma, ela - feita critica literária - disse que o romantismo estava a ir pela ravina, ele corrigiu a passagem e pôs-lhe um novelo de falangetas por uma zona que não via planetas há bastantes anos, então ela sorriu, com um sorriso aberto, um sorriso de constelação, e umas pupilas em rotação, mas agora já não consigo distinguir se foi na história, se foi na imaginação, ou se foi mesmo uma manobra da sua mão.
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contos
verso à terça
É apenas que este calor e este movimento são como
o movimento e o calor de uma mulher.Não é que haja no ar alguma imagem,
Nem o fim nem o princípio de uma forma:Há o vazio. Mas uma mulher em oiro puro
Queima-nos com o roçar do seu vestidoE uma dispersa abundância de ser,
Mais definida por aquilo que ela é -Porque ela é desencarnada,
Transportando os cheiros dos campos estivais
Mostrando o taciturno e no entanto indiferente,
Invisivelmente nítido, o único amor.
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verso à terça
'Souverainirs'
A soberania é um tema relaxante. Seguindo a velha máxima de que só damos verdadeiro valor àquilo que perdemos, acho que devemos perdê-la um pouco. Essencialmente para: darmos uma boa causa aos nossos netos. Diz-se que só lhes vamos deixar dívidas, montes de velhos para mudar as fraldas, ideologias esclerosadas, auto-estradas para manter, lares e hospitais sem verbas para mudar fronhas, então para compensar temos de lhes deixar uma causa decente para eles voltarem a lutar por algo digno. Estou pois de acordo em perdermos um pedacito dessa coisa que se convencionou chamar soberania, uma espécie de domínio político sobre nós próprios, aquilo que no nosso corpo biológico chamamos de controlo da incontinência; sim, estou de acordo, por uns anos, só mijaremos quando, onde e como uma troika qualquer nos condescender, e a dita soberania passará a ser apenas un bom recuerdo, algo entre o cheiro da castanha assada e os brincos pendentes de filigrana. Renascerão assim os espíritos verdadeiramente exaltados, as almas livres virão à praça verter a sua energia, insultaremos com vigor os que nos acorrentam a vontade e então passaremos dignamente esse fervor aos nossos filhos. É, neste momento, a nossa melhor possibilidade para um legado decente: gerações de novos restauracionistas. Gente já instruída, gente que saberá insultar os nossos novos conquistadores usando várias línguas, citando inclusivamente os wagners que os pariram. Claro que é uma estratégia arriscada mas também o pior que nos poderá acontecer é tratarem-nos um poucachinho mal nos livros de história, o que diga-se, no quentinho do céu, mais ou menos purgado, será para o lado que dormiremos melhor, olhando cá para baixo, para as nossas proles a estrangularem bravamente um desses neuróticos middleuropeus esparramando-se à beira mar à espera que lhe sirvam um sacana dum besugo grelhado, ou então a fazerem-lhe uma colonoscopia com um galo de barcelos.
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casual lyric
the sense of a pending
Estamos rodeados de dívidas eternas que apenas podemos gerir: o nosso sócrates (tão nosso património como o fado) deu um exemplo que originou uma colecção outono-inverno de vestes rasgadas, mas tem obviamente toda a razão. À semelhança da dívida que um filho tem para com os pais, dum aluno com um professor, tal como o que se passa num amor não correspondido, ou com uma vacina dada no momento certo, já para não falar do maravilhoso mundo do religioso, toda a experiência humana está cheia de dívidas eternas que apenas administramos o melhor que a nossa precaridade galáctico-filosofica nos permite nesta economia mística de meios.
[Aliás, a dívida perpétua, saberão muitos, é um instrumento absolutamente normal, equilibrado, e que se pode e deve aplicar a situações às quais se adeqúe, como num banal empréstimo à habitação (os filhos e os netos e os bisnetos que vão pagando os juros pois podem lá continuar a viver) e é um instrumento financeiro recorrente. A dívida resulta dum excedente e se falarmos de um excedente perpétuo com uma boa remuneração já não escandalizaria tanto]. Sócrates poderá até ter na manga um novo choque, desta feita, o filosófico mas, uns porque sabem que ele tem razão apenas não fica bem dar-lha, outros porque nem sabem bem o que dizer tal a fragilidade em que estão enfiados, todos em conjunto reflectem na perfeição o estado da arte: a verdade está pendente. Quando menos se sabe o que a eternidade significa mais se deve apostar nela.
[Aliás, a dívida perpétua, saberão muitos, é um instrumento absolutamente normal, equilibrado, e que se pode e deve aplicar a situações às quais se adeqúe, como num banal empréstimo à habitação (os filhos e os netos e os bisnetos que vão pagando os juros pois podem lá continuar a viver) e é um instrumento financeiro recorrente. A dívida resulta dum excedente e se falarmos de um excedente perpétuo com uma boa remuneração já não escandalizaria tanto]. Sócrates poderá até ter na manga um novo choque, desta feita, o filosófico mas, uns porque sabem que ele tem razão apenas não fica bem dar-lha, outros porque nem sabem bem o que dizer tal a fragilidade em que estão enfiados, todos em conjunto reflectem na perfeição o estado da arte: a verdade está pendente. Quando menos se sabe o que a eternidade significa mais se deve apostar nela.
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La vie au Rachat
verso à terça
E muitas coisas
É preciso manter, como sobreOs ombros o peso
Da Lenha. Mas os atalhos são
Adversos. Pois dissociados,
Como cavalos, avançam os unidos
Elementos e as antigas
Leis da Terra. E há uma ânsia
que sempre impele para o desregramento. Porém muito
É preciso manter. E a fidelidade urge.
Porém nem para a frente nem para trás queremos
Olhar. Deixamo-nos embalar, como
O barco que no mar baloiça.
F. Hölderlin, in Hinos Tardios (Trad. de Mª Teresa Dias Furtado)
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verso à terça
O Destino das Espécies
O vocábulo de origem italiana (se bem que introduzido por cá via o francês ou espanhol charlatan) ciarlatano, eventualmente fusão dum vocábulo turco dzar-la (falar ruidosamente) com cerretanus (habitante de Cerreto, local na Úmbria onde terão aparecido na Idade média os primeiros vendedores ambulantes reconhecidos pela bela da lábia a vender remédios milagrosos), deu origem no muito nosso charlatão, conceito que deverá ser tratado com uma dignidade à prova de balas, tratados e moedas únicas. Antes de tudo eu defendo a tese de que existe uma alma charlatã, uma espécie de aperfeiçoamento dum transcendental aristotelo-kantiano, que impregna todo o conhecimento e todo o relacionamento, e introduz mais uma gloriosa inversão no maravilhoso mundo da realidade: é a ilusão que fundamenta a verdade. Como qualquer categoria de primeira ordem que se preze, o charlatão tem direito a uma caracterização rica e multifacetada e é a isso que o dicionário não ilustrado hoje se vai dedicar, dedicadamente. Mais interessante que a origem das espécies é o seu destino [entradas 1407 a 1413]
charlatão carente - é o tipo de charlatão que se introduz no coração alheio procurando as suas zonas por um lado mais vazias e mais debilmente ventiladas e por outro as mais ávidas de segregar compreensão e amparo. A carência afectiva está para o charlatão como o caldinho de carne está para as bactérias. Este charlatão deve radicalmente distinguir-se do vulgar engatatão, pois não está em causa a conquista erótica do objecto mas sim apenas levá-lo à adesão a um benefício previamente bem definido do charlatão. A gestão de carências é essencialmente um processo de preenchimento de espaços e este tipo de charlatão nesse ambiente é uma autêntica formiguinha laboriosa e insaciável num boião de açúcar.
charlatão subversivo - A utilização do método subversivo é geralmente atribuída ao clássico charlatão-revolucionário. No entanto a subversão é um composto charlatânico bastante mais vasto e engloba técnicas de surpresa, sedução e visionarismo que ultrapassam a mera proposta de alteração das normas vigentes. O mecanismo subversivo introduz-se na mente do objecto charlatanado pela via da sua debilidade conservadora, pois todo o nosso lado conservador, por mais intelectualmente aparelhado que esteja, deixa sempre de fora um complexo, o complexo do carro-vassoura: olharmos para a realidade de uma forma tão tão estática e distante que acabamos por confundir a perspectiva com a moldura.
charlatão iluminado - Pode abordar-se este tipo como uma autonomização da versão visionária do modelo subversivo. Só que neste processo dá-se a verdadeira geração duma nova categoria completamente consolidada: o charlatão que consegue ser percepcionado como aquele que vê, aquele que reflecte, aquele que refracta, aquele que atrai todas as luzes do universo e as jorra num quasar de certezas mirabolantes. Ganhar este estatuto no exigente ranking charlatânico geralmente consegue-se à custa duma tripla ganhadora: convicção, sorte e ciclo astral. Quer isto dizer que as duas primeiras têm de se conseguir juntar numa órbita que coincida com a fase basbaque do povo charlatanado, algo que, diga-se, acontece mais frequentemente que a maré vazia.
charlatão omnívoro - Este clássico do charlatanismo é um valor seguro da espécie. Trata-se do charlatão que já comeu de tudo e por isso pode falar com total propriedade do que provou. Desde gémeas virgens a espremedores com sucção turbo e filtro electrónico passando por desvalorizações cambiais progressivas tudo é passível de ser considerado experiência de consumação. O charlatão que já papou de tudo um pouco tem um efeito de força gravitacional impressionante pois a curiosidade humana é a maior fraqueza desde que nabucodonosor se deixou enrabar por causa da cor dos olhos dum gato angora.
charlatão de oportunidade - Se bem que a gestão da oportunidade tenha de estar presente em todas os representantes deste catálogo, existe um tipo muito específico que se define por estar sempre à espreita. Nalgumas correntes teóricas também é denominado de charlatão-caçador, no entanto optei pela presente denominação para afastar todos e quaisquer indícios equívocos de vocação predatória. Este charlatão de oportunidade é por definição um generalista e uma espécie de gestor de clareiras, ou seja, espreita espaços abertos mas devidamente circundados, sendo também um especialista em iscos e motivações reprimidas. Regra geral actua rápido e talvez seja aquele que faz a melhor combinação das duas performances básicas do comportamento humano (a que um dia voltaremos nesta sede do saber) a empática e a estratégica.
charlatão espiritual - Será bom deixar já aqui claro que não se trata de um charlatão especializado em temas religiosos, de forma alguma (o charlatanismo de pendor religioso pode ser exercido sob qualquer uma das técnicas aqui descritas). Este tipo de charlatão é antes de tudo alguém que parece flutuar sobre a realidade dando a sensação de tocar em realidades que o comum dos mortais apenas tem uma leve sugestão de que possam existir. Não é também um espiritismo clássico, nada disso, trata-se muito mais da utilização duma pose estética semi-etérea associada a um discurso semi-enigmático e devidamente acolitado por um ritmo de intervenção com aquela intermitência típica dos grandes sedutores: sempre ausentes - sempre presentes, sempre a dar uma resposta - sempre a deixar-nos na dúvida.
charlatão desprendido - De longe o tipo mais sofisticado de charlatão e o representante mais ambivalente , para não dizer melífluo, do charlatanismo. Poderemos defini-lo como aquele que suspende a intenção. Ou seja, nada é com ele, de nada pode aproveitar, nada lhe é exigível, nada exige, a fronteira entre a aparência e a realidade é um risco que apenas ele conhece o local e o desenho, mas nem sequer disso faz questão. A sua capacidade de convencimento brota-lhe duma noção perfeita da dependência do charlatanado: ele é o dono do fio que os liga, e o seu trabalho prévio é o de fiar essa ligação, e ficar a conhecer na perfeição a suas especificações de torção, resistência e elasticidade. Vai, no entanto, deixando sempre no ar que tudo acontece com independência da sua intervenção, mas como que a sua vontade fosse um graal que no dia em que realmente de dignar aparecer transforma toda a lesma mole em besoiro duro.
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O perigo do método
Se há coisa em que sou medianamente especialista é em escolher métodos perigosos. Aplicar a freudojunguice às situações que menos lhe fariam apelo é uma das minhas predilecções. Gosto adicional e designadamente de inventar expressões e de dizer que foram de freud (ou de churchill ou até mesmo de dostoievski, e uma ou outra de picasso, - não podem ser personagens inventados, nem sequer pouco conhecidos ou obscuros pois movo-me em ambientes onde a credibilidade é um valor essencial ) , e como é impossível desmentirem-me costumo ser absolutamente contundente & convincente, desde que seja também bom e barato o que leve no cabaz, obviamente. Claro que lido intermitentemente com a indiferença, a desconfiança, o leve desprezo, (nunca dei azo a desprezos de nível olímpico), a surdez táctica e , obviamente, a insinuação educada de pura charlatanice. De todas estas situações a que mais me gratifica é a de charlatanice, pois acaba por reconhecer um talento genuíno e, mais, existe uma charlatanice benigna que transmite uma certa empatia, a do: ah se é isto o piorzinho que me podes fazer então compro. Uma das principais lições da freudojunguice é a de que cada caso é uma teoria, ou seja, o processo de generalização faz-se do particular para o particular, sendo a própria teoria um elogio à excepção. Ora, se temos de convencer alguém e nesse processo temos de o conhecer primeiro, a melhor abordagem de entrada é a abordagem charlatã: mostrarmos como somos vulneravelmente óbvios mas deixando a portinhola aberta para o poderosíssimo «mas e se...». O perigo deste método é o maior de todos os perigos que podemos encontrar na vida: acreditarem em nós. Acabar um processo de convencimento com o estatuto de credível é como terminar uma foda com cara de preservativo. A nossa personalidade precisa como do pão para a boca que desconfiem um poucochinho que seja de nós, e mesmo que, ainda assim, venhamos a desiludir, podemos sempre quase-citar o bom do churchill pedindo que nos perdoem pois somos apenas o esperto suficiente para não parecer ignorantes.
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O Padrão Louro
A melhor moeda da história é a mulher. Evitemos a indignação fornecida pela aparência escandalosa da afirmação e concentremo-nos na análise. Tudo pode ser mensurável naquilo que quisermos e, portanto: em mulheres; por outro lado todos sabemos que existem umas mulheres melhores que outras e inclusivamente a famosa lei de Gresham (também famosamente revisitada por Cavaco) pela qual a moeda má expulsa a moeda boa, ao contrário do que se supõe, nasceu da experiência dele com uma prima cozinheira que o mantinha refém à conta duma receita de entrecosto estofado com cominhos mas que acabou a coser meias para um orfanato depois de ter aparecido uma outra moça que colocava o seu entrecosto em zonas que Gresham nem supunha possuir.
Se no caso do decadente papel-moeda o seu valor sempre foi único, ou seja, uma unidade de moeda , qualquer que ela seja, vale tanto seja para comprar batatas seja para comprar fivelas para sapatos Valentino, no caso da mulher-moeda esta permite um salto verdadeiramente revolucionário na teoria monetarista pois deixaríamos de ter como únicas e incontornáveis variáveis a massa monetária, o juro e a inflação e introduziríamos uma sofisticação que facilmente se compreende quando, por exemplo, pomos lado a lado uma gaja boa com uma gaja que faça bem polvo à lagareiro, ou seja: cada mulher pode alimentar um sistema monetário inteiro. A mulher como objecto sexual puro (uma espécie de franco suíço se não quisermos perder ainda uma ténue referência ao actual sistema monetário) é uma bom índice para sintetizarmos a nossa análise. Dividamo-las em 3 tipos: a) a mulher-sexual-activa ( ou seja, uma mulher-moeda adaptada a tempos de excesso de austeridade) ; b) a mulher-sexual-enjoadinha ( a mulher-moeda que deve ser protegida em momentos de bolha especulativa) ; c) a mulher-sexual-tímida (tipicamente indicada para momento de excesso de liquidez). Será de fácil constatação que uma economia que se baseie num elemento de troca desta natureza tridimensional tem todas as condições para viver constantemente ajustada aos tenebrosos ciclos económicos, que mais não são que meras transferências epistemológicas do mais famoso ciclo da natureza que é o ciclo menstrual.
Serve este preambulatório para vos apresentar um economista hoje quase esquecido, Jaime Rodrigo de Alarcão, um venezuelano radicado em Lyon em meados do séc XVIII e que para além de ter sido um libertino conhecido da época ( eventualmente já poderão ter ouvido falar do 'apalpão à alarcão', um tipo de apalpão em que a mão rodeia e conforta a coxa deixando o polegar fazendo movimentos ora verticais ora circulares naquela zona em que o lombo foi justa e nalgamente promovido pelo criador) desenvolveu aprimoradamente várias teorias em torno do conceito de mulher-moeda e deixou para a posteridade aquilo que hoje é o seu maior contributo perdido: o Padrão Louro. Para Jaime Rodrigo a riqueza e base monetária duma nação, ou dum qualquer sistema economicamente homogéneo, residia no número e qualidade de mulheres que se dispusessem à gratificação da sociedade em geral e dos portadores de pénis ( dickholders) em particular. No entanto, Jaime sabia - até por experiência libertina própria (o libertino está para a mulher-moeda como o banqueiro para o papel-moeda) - que a proliferação em quantidade e a indestrinçabilidade da mulher seriam bastante nefastas para o sistema, ao introduzir muita insegurança e decorrentemente volatilidade na equação monetária.
Foi assim com algum brilhantismo que Jaime Rodrigo ao reparar que a mulher loira se tornara um refúgio para os homens com maiores carências, pois nela identificavam uma combinação ideal de malandrice com maternalismo que os deita irremediavelmente de beiços e por terra, considerou que o número de mulheres em circulação deveria estar estreitamente indexado ao número de mulheres loiras em reserva. Nasce dessa forma a sua Teoria do Padrão Louro. No seu primeiro opúsculo intitulado 'La force des blonde', recentemente descoberto na biblioteca municipal de Clermont Ferrand, Jaime d'Alarcão desenvolve um modelo já bastante completo e que , segundo ele, permitiria aos sistemas socio-hormonais manterem-se equilibrados, e que não surgissem nem pressões inflacionando certos elementos (como é a clássica e cíclica sobrevalorização dos tornozelos ou das portadoras de receitas de torta de laranja) , nem deprimindo excessivamente outros (já verificado também em casos relacionados com mamas pujantes, ou mesmo com mulheres especialmente dotadas para a piedade ou para as receitas de bolo de chocolate com ou sem cobertura). Este modelo tinha a virtude de ser claro e explicativo. Por exemplo por cada 10 loiras naturais em reserva (o seu palácio foi colocado como hipótese académica para banco central) poderiam estar em circulação: 25 loiras artificiais, 150 portadoras de rabo arrogante (hoje chamadas de jenniferlopez), 50 fazedoras de brincadeiras com a língua, 10 anãs, 15 estrábicas, 30 equilibristas, 150 morenas com tendência para recitar estrofes de dante enquanto as suas coxas simulavam os movimentos de reagrupamento de proas da armada invencível, 50 especialistas em sopa de cação e 30 cheesecakers. Na altura, as primeiras reacções vieram dum economista-libertino rival, o corso Victor Balestini, que considerava a ausência no sistema proposto de ruivas com jeito para pietás uma falha crítica e que iria potenciar o aparecimento das famosas madeixas que acabaram por inflacionar tanto o sexo pós-prandial, como distorceram as relações de toca com sistemas menos eficientes onde a mulher-moeda ainda era vista com desconfiança face por exemplo ao chocolate ou à sardinha.
São desconhecidas as razões que levaram à queda no esquecimento desta notável teoria do Padrão Louro em ambiente de mulher-moeda, e a viragem definitiva para sistemas de papel moeda (com o recurso ou não a padrões de reserva como o ouro ou o dólar) acabou por nunca conseguir produzir modelos consistentes, e inclusive promoveu desequilíbrios relacionados com as disparidades de produtividade - agora amplamente tromboneadas - que evidentemente a adopção da mulher-moeda nos deixaria isentos, face à enormíssima homogeneidade de valor que se atribui , por exemplo, a uma qualquer loira com o seu par de pernas em posição de elevação de rating, saiba ou não ela fazer arroz de tomate malandrinho.
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