Só há duas atitudes esteticamente decentes a tomar em relação àquilo que não se percebe: ou se idolatra ou se escorraça. Este ano o nobel da literatura foi entregue a um caramelo sensível portador dum veículo de comunicação chamado 'sueco', algo que se mostra tão incapaz tanto para fazer relatos de bola (o verdadeiro teste a uma língua) como para engatar miúdas (inclusivamente as suecas, que, como se sabe, adoram pretos subsarianos por causa das línguas que utilizam e semióticas afins). Para além dessa deficiência, um indivíduo que se dá a conhecer por um nome a roçar o desenho animado americano, decidiu introduzir-se nos meandros da indescritível arte de juntar palavras simulando pequenos partos sem dor e que nalgumas culturas peripatéticas se convencionou chamar de poesia. Dessa escolha para a vida resultaram pequenas obras de marcenaria sem madeira denominadas poemas e que foram bastante apreciadas inclusivamente por gente que tem de profissão apreciar, designadamente os apreciadores, de tal forma que o referido prémio foi dado por todos e mais alguns como muito bem entregue. Possuído por aquele sentido de cidadania responsável que me caracteriza fui em busca da expressão poética impressa do supracitado sueco, e convencido fiquei quase logo à primeira com uma tradução para a língua de cervantes & casillas que o apresentava dotado d' «um equilíbrio controlado entre o fantástico e o exacto, entre a liberdade e a consciência lógica» que me deixou palpitante, mesmo tomando comprimidos diários para controlar a palpitação, registe-se. Insuflado já com o figurão que aqui viria fazer com o último verso do ano percorri com dedicação aquela versejaria já devidamente traduzida, calculando que o difícil seria escolher, e vendo-me já a fazer de domingos a olhar para o luxuoso banco de suplentes dos lagartos. Infelizmente, não contando com a tirada em que «cada pessoa é uma porta entreaberta /que leva a uma sala para todos», não fui epifanizado pela sua escrita e isso reflecte-se num grande vazio interior que agora me atormenta, algo digno dum poeta, note-se, e inclusivamente sinto uma piquena vertigem, espero agora que «a suave pendência se vá acentuando/ e imperceptivelmente se transforme em abismo», pois dizem os especialistas que é esse abismo que separa os poetas dos vendedores de electrodomésticos, inclusivamente (aí vão dois) vou lançar uma empresa de excursões para poetas ali à boca do inferno; refeições não incluídas porque a fominha também faz parte, e hoje em dia vê-se muito poeta com a barriguinha em dia. Mas eu estou benzinho, não se tranströrmem comigo e continuação de boas festas, extensivo à Sinead O'Connor.
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14 comentários:
Um reparo APENAS! Que na verdade NÃO é um genuíno reparo se as suas 'semióticas afins' atribuídas às suecas não se referem àquilo que julgo que naturalmente deveriam: tendências/apetites vaginais. Se nÃO ... O que são exactamente as suas 'semióticas afins'? ... Olhe que os pretos subsarianos devem ser muito bem respeitadinhos, hã!!!
Gosto da tua maneira de escrever.
credo, Anónimo, iria eu lá faltar ao respeito a alguém!
Sophia, muito obrigado.
Muito Obrigada, Sophia!
ó Senhor Desfazedor| Ficou por responder a alguma coisa, não? ... já que fanar elogios alheios o senhor desfazedor parece doutorado ...
«fanar elogios alheios»!?...e a pergunta era mesmo?
que são exactamente as suas 'semióticas afins'?
sinais de fumo, tambores, assobio, piscares d'olho e abanões de anca.
Muito obrigada. Agora ... substancialmente mais esclarecida.
bjs à Sophia
Quanta emoção derramada nesta caixa de comentários, já a sentir-se o regresso dos bons tempos do «cabaret da coxa»! Trocou-se o «português alternativo» pela versão «eyes wide shut» mas o divertimento continua garantido, oh meu querido amigo ;)
Votos de um excelente 2012.
Uma certa e inesperada animaçãozita, sim...:)
um óptimo 2012 também para a minha querida amiga!
«...juntar palavras simulando pequenos partos sem dor e que nalgumas culturas peripatéticas se convencionou chamar de poesia. Dessa escolha para a vida resultaram pequenas obras de marcenaria sem madeira denominadas poemas.»
Isto sim, é verdadeira poesia merecedora de nobel reconhecimento.
Saúde, e Bom 2012.
Um bom 2012 também!
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