A melhor moeda da história é a mulher. Evitemos a indignação fornecida pela aparência escandalosa da afirmação e concentremo-nos na análise. Tudo pode ser mensurável naquilo que quisermos e, portanto: em mulheres; por outro lado todos sabemos que existem umas mulheres melhores que outras e inclusivamente a famosa lei de Gresham (também famosamente revisitada por Cavaco) pela qual a moeda má expulsa a moeda boa, ao contrário do que se supõe, nasceu da experiência dele com uma prima cozinheira que o mantinha refém à conta duma receita de entrecosto estofado com cominhos mas que acabou a coser meias para um orfanato depois de ter aparecido uma outra moça que colocava o seu entrecosto em zonas que Gresham nem supunha possuir.
Se no caso do decadente papel-moeda o seu valor sempre foi único, ou seja, uma unidade de moeda , qualquer que ela seja, vale tanto seja para comprar batatas seja para comprar fivelas para sapatos Valentino, no caso da mulher-moeda esta permite um salto verdadeiramente revolucionário na teoria monetarista pois deixaríamos de ter como únicas e incontornáveis variáveis a massa monetária, o juro e a inflação e introduziríamos uma sofisticação que facilmente se compreende quando, por exemplo, pomos lado a lado uma gaja boa com uma gaja que faça bem polvo à lagareiro, ou seja: cada mulher pode alimentar um sistema monetário inteiro. A mulher como objecto sexual puro (uma espécie de franco suíço se não quisermos perder ainda uma ténue referência ao actual sistema monetário) é uma bom índice para sintetizarmos a nossa análise. Dividamo-las em 3 tipos: a) a mulher-sexual-activa ( ou seja, uma mulher-moeda adaptada a tempos de excesso de austeridade) ; b) a mulher-sexual-enjoadinha ( a mulher-moeda que deve ser protegida em momentos de bolha especulativa) ; c) a mulher-sexual-tímida (tipicamente indicada para momento de excesso de liquidez). Será de fácil constatação que uma economia que se baseie num elemento de troca desta natureza tridimensional tem todas as condições para viver constantemente ajustada aos tenebrosos ciclos económicos, que mais não são que meras transferências epistemológicas do mais famoso ciclo da natureza que é o ciclo menstrual.
Serve este preambulatório para vos apresentar um economista hoje quase esquecido, Jaime Rodrigo de Alarcão, um venezuelano radicado em Lyon em meados do séc XVIII e que para além de ter sido um libertino conhecido da época ( eventualmente já poderão ter ouvido falar do 'apalpão à alarcão', um tipo de apalpão em que a mão rodeia e conforta a coxa deixando o polegar fazendo movimentos ora verticais ora circulares naquela zona em que o lombo foi justa e nalgamente promovido pelo criador) desenvolveu aprimoradamente várias teorias em torno do conceito de mulher-moeda e deixou para a posteridade aquilo que hoje é o seu maior contributo perdido: o Padrão Louro. Para Jaime Rodrigo a riqueza e base monetária duma nação, ou dum qualquer sistema economicamente homogéneo, residia no número e qualidade de mulheres que se dispusessem à gratificação da sociedade em geral e dos portadores de pénis ( dickholders) em particular. No entanto, Jaime sabia - até por experiência libertina própria (o libertino está para a mulher-moeda como o banqueiro para o papel-moeda) - que a proliferação em quantidade e a indestrinçabilidade da mulher seriam bastante nefastas para o sistema, ao introduzir muita insegurança e decorrentemente volatilidade na equação monetária.
Foi assim com algum brilhantismo que Jaime Rodrigo ao reparar que a mulher loira se tornara um refúgio para os homens com maiores carências, pois nela identificavam uma combinação ideal de malandrice com maternalismo que os deita irremediavelmente de beiços e por terra, considerou que o número de mulheres em circulação deveria estar estreitamente indexado ao número de mulheres loiras em reserva. Nasce dessa forma a sua Teoria do Padrão Louro. No seu primeiro opúsculo intitulado 'La force des blonde', recentemente descoberto na biblioteca municipal de Clermont Ferrand, Jaime d'Alarcão desenvolve um modelo já bastante completo e que , segundo ele, permitiria aos sistemas socio-hormonais manterem-se equilibrados, e que não surgissem nem pressões inflacionando certos elementos (como é a clássica e cíclica sobrevalorização dos tornozelos ou das portadoras de receitas de torta de laranja) , nem deprimindo excessivamente outros (já verificado também em casos relacionados com mamas pujantes, ou mesmo com mulheres especialmente dotadas para a piedade ou para as receitas de bolo de chocolate com ou sem cobertura). Este modelo tinha a virtude de ser claro e explicativo. Por exemplo por cada 10 loiras naturais em reserva (o seu palácio foi colocado como hipótese académica para banco central) poderiam estar em circulação: 25 loiras artificiais, 150 portadoras de rabo arrogante (hoje chamadas de jenniferlopez), 50 fazedoras de brincadeiras com a língua, 10 anãs, 15 estrábicas, 30 equilibristas, 150 morenas com tendência para recitar estrofes de dante enquanto as suas coxas simulavam os movimentos de reagrupamento de proas da armada invencível, 50 especialistas em sopa de cação e 30 cheesecakers. Na altura, as primeiras reacções vieram dum economista-libertino rival, o corso Victor Balestini, que considerava a ausência no sistema proposto de ruivas com jeito para pietás uma falha crítica e que iria potenciar o aparecimento das famosas madeixas que acabaram por inflacionar tanto o sexo pós-prandial, como distorceram as relações de toca com sistemas menos eficientes onde a mulher-moeda ainda era vista com desconfiança face por exemplo ao chocolate ou à sardinha.
São desconhecidas as razões que levaram à queda no esquecimento desta notável teoria do Padrão Louro em ambiente de mulher-moeda, e a viragem definitiva para sistemas de papel moeda (com o recurso ou não a padrões de reserva como o ouro ou o dólar) acabou por nunca conseguir produzir modelos consistentes, e inclusive promoveu desequilíbrios relacionados com as disparidades de produtividade - agora amplamente tromboneadas - que evidentemente a adopção da mulher-moeda nos deixaria isentos, face à enormíssima homogeneidade de valor que se atribui , por exemplo, a uma qualquer loira com o seu par de pernas em posição de elevação de rating, saiba ou não ela fazer arroz de tomate malandrinho.
2 comentários:
eu preferiria a expressão "rabo arrogante" à expressão "rabo empinado"
o barbatanas
também me parece muito mais bem conseguida, vou inclusive introduzí-la com a sua licença
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