Revolução CUECA (IV)

 

O tempo da supremacia (palavra entretanto proibida) dos Fleumáticos chegou ao fim e os Histéricos tiveram a sua oportunidade de voltar ao poder. A Lei da Hipocrisia agora servia-lhes como uma luva e com a virada de casaca de Bela Calhau tudo confluía para um domínio sem precedentes. O pronto-a-vestir nunca teve tanto negócio com o rasgar de vestes constante nem o nome de Deus foi tão invocado em vão. 

Os Cínicos pela primeira vez sentiam-se encurralados e tentaram a aliança clássica de sobrevivência com os Quessefodistas, para quem, no fundo, estava sempre tudo bem desde que nada se resolvesse definitivamente.

Bela Calhau sentia-se como peixe na água junto dos Histéricos. Em pequena sonhara mesmo ser sirene dos bombeiros e agora tinha o poder de alarmar uma nação inteira em letra de lei.  

Uma das medidas mais icónicas deste período foram os ‘vouchers do cagaço’. À conta desta lei cada cidadão que provasse ter provocado nas redes sociais uma trend de alarme e consternação teria direito à devolução do iva das manicures. Após uma inaudita manifestação das pedicures promovida pelos fleumáticos a medida foi alargada a pés e mãos. Os cínicos chegaram a apelar à sublevação dos manetas mas já tinha esgotado a quota prevista na Lei da Hipocrisia. 

O sistema aproximava-se assim da perfeição. Era a Revolução Com Urbanidade Evoluindo Calmamente para A.

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