Tsunicómio III


A lagartada afunda-se e nós andamos preocupados com a merda do país como virgens néscias. O afundamento leonino é algo que nos devia pôr todos a pensar: há na realidade algo que está por dentro e tudo mina. Não pode ser só incompetência, não pode ser apenas cancro, não pode ser apenas aldrabice, não pode ser apenas azar. Mas também seria abusivo dizer que o Sporting encarna o grande mistério da Impenetrabilidade do Ser, ou seja, meia dúzia de caralhos que não conseguem - há anos! - pôr a jogar outra meia dúzia de caralhos (não se escandalizem com tanto caralho e pensem como as boas gentes do norte que dizem que caralho é virgula) não é o suficiente para definir um problema metafísico. No entanto, algo estará quanticamente no interior daquele cabrão de sistema chamado sporting club de portugal e que compete com o misticismo judeu, a cabeleireira da judite de sousa e até aqueles modelos empíricos do gaspar devidamente benzidos por borges & macedos. Temos excesso de interioridade e excesso de litoral, somos demasiado densos, muita uva e pouca parra, concentramos demasiada energia e precisamos de escapismos seleccionados, mas desgraçadamente as balizas adversárias não têm estado no caminho dos nossos escapes, tal como não foi na praia do bom senso que desembarcaram as derivadas de gaspar. Pensemos estar a ensaiar mais um método de interrupção involuntária da sensatez, e que algo eternamente adiado pode afinal ser apenas um embrião embriagado.

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