Fazedor de rebanhos

Pega-se, para começar-se, em meia dúzia a fazer de vítima, mais uns três ou quatro, parecidos mas diferentes, a fazer de mártires, e nunca esquecer, nesta altura, de juntar logo outros quatro a fazer de perseguidos com um no meio a fazer de ingénuo; logo de seguida coloquem-se, bem juntos, os que fazem de irónicos e os incompreendidos, e acrescente-se uma dupla de crédulos a emparelhar com outra de incrédulos; é o momento certo de introduzir os fartos de boa experiências e os a quem abunda a capacidade de compreender os outros; para terminar, aconselha-se uma fila de aureolados pelo mistério entremeados com os suficientemente esclarecidos; pontilhar eventualmente aqui e acolá com engraçadinhos ou irónicos, sem nunca esquecer os de memória espevitada -seja de formato curto ou comprido - e os de imaginação arrebitada; se houver tempo será sempre preferível arranjar ainda dois ou três originais combinados com outros tantos dos que nunca se deixam enganar. A fechar mesmo eu cá metia um daqueles que diz que só gosta de olhar em frente. Um ou outro distraído também pode ser conveniente para ir entretendo os lobos.

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