No girls, no gods, no drugs, no rules, just music

Isto estava a parecer-me difícil falar sobre a crítica musical desta semana, e já me estava ver a ter de comprar o ‘mil folhas’ outra vez e depois a ter de escondê-lo em casa para manter a reputação de ‘gajo que sabe muito bem do que gosta e que não precisa que venham outros a dizer-lhe’, só que eu tenho uma fraqueza, uma gaita duma fraqueza: eu adoro rótulos; adoro rotular pessoas, políticos, situações, gajas, recalcamentos, blogues, religiões, frases-feitas, negócios, aperitivos, sentimentos, trocadilhos, adereços femininos, tudo! Gosto até mais de rotular do que de rimar, vejam ao ponto a que um homem, praticamente um homem de cultura, pode chegar. E foi então como uma autêntica revelação orgásmica quando me deparei com a crítica no Público ao novo disco do Jamie Lidell – que ainda não ouvi (é só uma pequenina mentira) com manda a regra – denominado ‘Multiply’. (e espere aí que eu já falo das prostitutas gregas reformadas, já ) Este gajo, que pelos vistos fez a sua vidinha nas ‘electrónicas abstractas’ e nas ‘performances impossíveis’, certamente não me iria falhar com os seus ‘ângulos instrumentais inusitados’ (cheguei a pensar que isso era um termo sofisticado para ‘voz fanhosa’ mas um especialista disse-me que nesse caso seriam ‘ângulos sinusitados’- um homem está sempre a aprender) . E é que o tipo não é mesmo para brincadeiras pois ‘tem uma mente extravagante e uma voz flexível’ e apetecia-lhe «articular coisas para o exterior», e não é o facto de já ter encontrado tipos assim com as mesmas características ali nos sinais da av. do Brasil com a av. de Roma que me vai impedir de dar o devido valor (e espere aí que eu já falo das prostitutas gregas reformadas, já) a um rapaz que não é para modas e faz só isto tudo - vou até alinhavar umas alíneas, no fundo alienavar ( que se trata dum trocadilho de índole fusionária):
a) ‘toque celebratório das Motown dos 60’s’
b) ‘R&B seco e intenso à Otis Redding’
c) ‘Sentido melódico à Stevie wonder ou Marvin Gay dos 70’s’
d) ‘Funk sintético dos Cameo dos 80’s’
e) ‘Funk trepidante à James Brown’
f) 'Falsete e minimalismo à Prince’
g) ‘Saturação pós punk’
Sinto aqui talvez a falta à referência do reggae psicadélico do kid Criolo e talvez o folk arrastado dos Pogues mas não lhe levo a mal este esquecimento tanto mais que o Jamie acaba por ‘revolver as entranhas do soul encarnando-os de forma desmesurada’ e o rapaz podia perfeitamente já não ter verba para tudo. Temos assim uma espécie de funkalhada em registo tipo enciclopédia britânica, mas que se poderia perfeitamente resumir de forma económica por um gajo muita maluco com um talento do caraças para a música e para fazer a barba a dançar mas que não aparece no cartão dos pontos do galp frota nem passa nas juke boxes dos lares de idosos para meretrizes gregas. E já quase me esquecia dos amantes de posts minimalistas – como também parece ser a ilustre convidada deste estaminé – e por isso ainda vos direi, ao jeito de bónus track-post: antes a moral duma prostituta arrependida que os joelhos duma beata em ferida; mas nem sei.

(e a responsabilidade toda deste post deve ser acometida ao mulherio cá de casa que está a ver dvd’s do ‘serviço de urgência’ ininterruptamente há coisa de 4 horas)

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