Uma questão de dimensão

Devia ter desconfiado logo que tive o primeiro encontro: aquilo não eram propriamente serpentes, eram mais minhocas, e por conseguinte não teria por muito tempo o privilégio de viver na pele de uma mulher. Mas a ideia que tinha de cópula de serpentes também era um pedacito mais enroscada e não exactamente o que os meus olhinhos viram ontem. A propósito de florestas e de árvores até me lembrei de ter uma vez ouvido dizer "a verdade, venha de onde vier, vem sempre do Espírito Santo" (julgo que foi S Tomás Aquino... ou seria a LPN?). E deve ter sido por isso que quando me indispus com a Maria dos Prazeres (senti-me obrigado, por mera solidariedade masculina, claro!, a concordar com o Lino) comecei a vislumbrar um futuro passado ao guichet, de óculos na ponta do nariz, em que, animado das mais puras e límpidas intenções, tentaria adivinhar os pensamentos lúbricos das Circes, perdão hospedeiras, que entravam e saíam da pastelaria em frente. Nos tempos livres, por desfastio entre dois pézinhos de dança com a Zu, riscaria - a traço grosso - florzitas repetitivas e lombrigas proto-esotéricas no Canson.

Sem comentários: