Eu, um itinerário

Eu gosto da palavra transcendência. É um dos tais conceitos que permitem ao discurso não se deixar contaminar pelos acontecimentos. O Rubem Fonseca dizia que ela devia ser proibida porque já a tinha visto ser usada para descrever um bóbó de camarão. Só que ela está-se a borrifar para isso.

Aquela ideia protestante de que as palavras nos livram do “folclore” simbólico-imagético acabou – infelizmente – por vingar nalguns subconscientes e diluiu-nos por vezes num território exegético-real.
Com as suas obsessões etimológico-oníricas ( e viciantes... ) JLBorges também se esticou um bocado e não está isento de culpas: Deixou-nos ainda mais atados ao labirinto facto-discurso-facto-discurso.

Ou seja : “Para lá de” é onde eu quero estar, longe das palavras, longe dos factos, longe dos significados, na mera circunstância, na mera “superstição topográfica”. Onde a facilidade simbólica é a “narrativa dominante”.
Em blogspot.com. A minha sala de chuto assistido.

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