O Novo dicionário não ilustrado também tem memória. ( entradas 121 a 129 ). E não esquece o que já esqueceu.



Boa memória – Qualidade, geralmente auto- atribuída, que pretende servir de dissuasor, mas que normalmente acaba por dar suores frios , e em certos ambientes mais fechados até dá soares frios



Memória curta – Quando puxando o cobertor do discurso para tapar os factos que atrapalham, se deixam ao léu as partes impudicas dos factos que comprometem



Memória selectiva – Quando esquecer é uma arte e lembrar-nos uma tragédia com espectadores a fazer casa cheia.



Memória de elefante – Se os impreparados eleitores se lembrassem de tudo, os sofridos sufragados estariam permanentemente de trombas



Lapso de memória – Quando o esforçado sufragado já nem se lembra de quem votou nele; e mesmo depois de bem esfregado, nem assim o sufragado arrebita. Mas no final quem fica estragado não é o sufragado.



Em memória de – Expressão encontrada nas técnicas do discurso corrente e utilizada para consagrar um mártir e herói burguês, face ao evidente trauma provocado pela falta de prerrogativas eclesiásticas do fazedor das laudes



Não há memória – Expressão de fino escândalo que, retirada do universo empolgante das sacristias, foi aproveitada pelo cosmos fascinante do discurso político



Memória colectiva – A nossa história colocada na devida grelha neurótica só tem duas opções, ou servir mal passada ou deixar queimar. Em sangue nunca se deve comer. Dá-se aos cães.



De boa memória – Situação em que alguém, devidamente arquivado, acaba por cair quando se estragam as argolas

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