«Como perceberá o leitor, ao deparar neste livro com algumas das páginas mais devastadoramente belas da ficção portuguesa recente» jms, em bibliotecário de babel e expresso
O belo que aprecio mais é o devastadoramente belo. Existe o belo apenas arrasador, mas não se compara ao devastador, o devastador como que se nos interpela pelas entranhas e já vi um ou outro belo a devastar-nos até ao pâncreas, inclusive fazem ecografias a pâncreas devastados pelo belo, se bem que a médis não comparticipa em zonas acima da bexiga. A última vez que tinha ficado indeciso no que concerne a um belo, sem saber se era devastador ou apenas arrasador, foi quando li aquele livro de uma fera na selva do henry james por recomendação da inês pedrosa, que como sabemos é uma pessoa completamente refém do belo, esteja ele no formato devastador ou apenas circunscrito ao modelo arrasador. Se no caso do belo literário a pendularidade entre devastação ou arrasamento pode ser determinante para a caracterização da obra em análise (apesar de poder parecer de mau gosto nos dias que correm, os críticos poderiam estabelecer uma escala para o tipo de desgaste que o belo pode provocar no território simbólico do belo do leitor) noutros tipos de belos já a classificativa peri-telúrica poderá ser ela própria devastadora. Se analisarmos o peculiar fenómeno da beleza anatómica feminina, a título de exemplo, já vejo com piores expectativas a sua utilização, seja pelo alarme rodoviário que provocaria um devastadoramente belo par de mamas, seja pelo inusitado risco hipnótico dum devastadoramente belo par de pestanas. Mas, sem querer tornar este meu testemunho devastadoramente aborrecido, coisa que nem sempre consigo, o que me deixa, isso sim, deveras arrasado (não chega a devastar) é escrever sempre desvastador em vez de devastador - ó mãe, quão miserável me sinto por não descobrir na minha sublime interioridade o meu lado de valter hugo, perdido certamente nas mais recônditas, inóspitas e devastadas zonas da minha aborrecida, mas bela, helás, psique.
O belo que aprecio mais é o devastadoramente belo. Existe o belo apenas arrasador, mas não se compara ao devastador, o devastador como que se nos interpela pelas entranhas e já vi um ou outro belo a devastar-nos até ao pâncreas, inclusive fazem ecografias a pâncreas devastados pelo belo, se bem que a médis não comparticipa em zonas acima da bexiga. A última vez que tinha ficado indeciso no que concerne a um belo, sem saber se era devastador ou apenas arrasador, foi quando li aquele livro de uma fera na selva do henry james por recomendação da inês pedrosa, que como sabemos é uma pessoa completamente refém do belo, esteja ele no formato devastador ou apenas circunscrito ao modelo arrasador. Se no caso do belo literário a pendularidade entre devastação ou arrasamento pode ser determinante para a caracterização da obra em análise (apesar de poder parecer de mau gosto nos dias que correm, os críticos poderiam estabelecer uma escala para o tipo de desgaste que o belo pode provocar no território simbólico do belo do leitor) noutros tipos de belos já a classificativa peri-telúrica poderá ser ela própria devastadora. Se analisarmos o peculiar fenómeno da beleza anatómica feminina, a título de exemplo, já vejo com piores expectativas a sua utilização, seja pelo alarme rodoviário que provocaria um devastadoramente belo par de mamas, seja pelo inusitado risco hipnótico dum devastadoramente belo par de pestanas. Mas, sem querer tornar este meu testemunho devastadoramente aborrecido, coisa que nem sempre consigo, o que me deixa, isso sim, deveras arrasado (não chega a devastar) é escrever sempre desvastador em vez de devastador - ó mãe, quão miserável me sinto por não descobrir na minha sublime interioridade o meu lado de valter hugo, perdido certamente nas mais recônditas, inóspitas e devastadas zonas da minha aborrecida, mas bela, helás, psique.
1 comentário:
fui ver, era o mãe. Desvastador!
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