Há tempos tinha perdido umas preciosas horas a debulhar uma maçaroca inconsequente chamada 'Corpos Vis' de Evelyn Waugh, mas esse acto-falho de leitura podia estar já perfeita e decentemente resolvido no meu contentor de asneiras (onde teria vasta e óptima companhia), não fora dar de caras com esta hemodiálise crítica no Expresso:
« a narrativa de "Corpos Vis" é fragmentária não porque Waugh viu a realidade como fragmentária mas porque detectou na fragmentação deliberada o melhor transporte formal para as suas intenções miméticas» escrita pela vedeta blógsmica aparentemente pseudonomizada como Rogério Casanova.
[fulminado por uma vertigem incontrolável de morbidez antropológica agarro no despojo de posts em livro do mesmo autor - não se preocupem, eu estou habituado a ser por momentos extraordinariamente volúvel - e constato (na contracapa) que podemos estar perante uma «escrita rara em portugal, culta, atrevida, solta, comovida e cheia de ironia»
Se bem que o triângulo atrevido-solto-comovido esteja destinado a transformar trapézios de pálida banalidade em vistosas pirâmides de rara e culta ironia, como entretanto não happenizou nada de entusiasmante na minha vida nos transactos 30 minutos, forcei a minha débil memória a redebruçar-se sobre a última vez que contactei com uma realidade que trouxesse subjacente esse supracitado tripé de devastadora originalidade, e ela ( a memória) encontrou Noémia, uma moça que nos passados anos 80 distribuía prazeres avulsos na zona do Conde Redondo ao preço de um 'Pastoral Portuguesa' por cada, digamos, acto de fellatiedade atrevida-solta-comovida - ao câmbio da data, não que eu tenha pago pois era praticamente eunuco e treinava para muitos anos depois me tornar um romântico tardio.]
Voltando à drenagem crítica de Casanova, Rogério, reparo imediatamente que poderíamos deleitosamente aplicar a mesma receita à fórmula de jogo dos lagartos nos últimos 20 anos, o que daria algo do género: a forma de jogar do sporting é fragmentária como o caralho, não porque os treinadores tenham visto o jogo como fragmentário como o caralho, mas porque detectaram na fragmentação deliberada como o caralho, o melhor transporte formal para as suas intenções miméticas do caralho. (eu tentei sem o caralho, mas resulta pior, acreditem, e desculpem se estiver ao vosso alcance). Ora a principal conclusão que retiro é esta: a partir de hoje todos as minhas intenções miméticas vão ser transportadas formalmente através dum fragmentarismo deliberado.
Refiro desde já, e antes que me venha a esquecer, que a minha última intenção mimética foi quando sorri como o robert redford - já tinha tentado o jude law - para a minha vizinha de cima (que não sei se já vos tinha dito ela é igual à Sharapova) e efectivamente ela me respondeu de forma fragmentária com um enigmático 'boa-tarde', e eu digo enigmático pois como sabemos boa tarde assim dito de forma deliberadamente fragmentária pode significar muita coisa, desde apenas um simples e pachola boa tarde até a um devastadoramente atrevido, solto & comovido boa tarde.
Queria, no entanto, chamar a vossa especial atenção - que a têm generosa, eu sei - para o facto de que: o fragmentarismo deliberado é usado em espectro largo na arte e ciência há bastante tempo, desde o bacalhau à brás até ao tracejado a separar as folhas de papel higiénico ou as faixas de rodagem, e também aqui não apareceu porque o bacalhau fosse uma realidade fragmentária, mas sim porque um cozinheiro sem escrúpulos se lembrou desse processo para o transportar formal e materialmente pela nossa goela abaixo mimetizando mais delicadamente enzimas e bactérias pelos vários apeadeiros.
Sendo verdade que o Evelyn tentou 'etnografar humoristicamente o exotismo das tribos' britânicas no entre-guerras, não é menos verdade que outros autores abordaram um não menos interessante exotismo, mas no entre-pernas e, seja de forma fragmentária seja por atacado, foram logrando transportes formais bastante mais interessantes, provocando vagas de minetismo, perdão mimetismo, que não mereceram tão boa crítica, nem conseguiram ser apelidados de comédia de costumes pelos rogérios em waugha.
Peço especial compreensão para o caso de poder ter andado a fragmentar em demasia, mas o transporte formal do meu mimetismo associado à clareza tensional dos meus detalhes está a revoltar-me duma forma toda ela devastadoramente bela. Bem Hajas, leitor ausente, pela invisível, mas dedicada, companhia.
« a narrativa de "Corpos Vis" é fragmentária não porque Waugh viu a realidade como fragmentária mas porque detectou na fragmentação deliberada o melhor transporte formal para as suas intenções miméticas» escrita pela vedeta blógsmica aparentemente pseudonomizada como Rogério Casanova.
[fulminado por uma vertigem incontrolável de morbidez antropológica agarro no despojo de posts em livro do mesmo autor - não se preocupem, eu estou habituado a ser por momentos extraordinariamente volúvel - e constato (na contracapa) que podemos estar perante uma «escrita rara em portugal, culta, atrevida, solta, comovida e cheia de ironia»
Se bem que o triângulo atrevido-solto-comovido esteja destinado a transformar trapézios de pálida banalidade em vistosas pirâmides de rara e culta ironia, como entretanto não happenizou nada de entusiasmante na minha vida nos transactos 30 minutos, forcei a minha débil memória a redebruçar-se sobre a última vez que contactei com uma realidade que trouxesse subjacente esse supracitado tripé de devastadora originalidade, e ela ( a memória) encontrou Noémia, uma moça que nos passados anos 80 distribuía prazeres avulsos na zona do Conde Redondo ao preço de um 'Pastoral Portuguesa' por cada, digamos, acto de fellatiedade atrevida-solta-comovida - ao câmbio da data, não que eu tenha pago pois era praticamente eunuco e treinava para muitos anos depois me tornar um romântico tardio.]
Voltando à drenagem crítica de Casanova, Rogério, reparo imediatamente que poderíamos deleitosamente aplicar a mesma receita à fórmula de jogo dos lagartos nos últimos 20 anos, o que daria algo do género: a forma de jogar do sporting é fragmentária como o caralho, não porque os treinadores tenham visto o jogo como fragmentário como o caralho, mas porque detectaram na fragmentação deliberada como o caralho, o melhor transporte formal para as suas intenções miméticas do caralho. (eu tentei sem o caralho, mas resulta pior, acreditem, e desculpem se estiver ao vosso alcance). Ora a principal conclusão que retiro é esta: a partir de hoje todos as minhas intenções miméticas vão ser transportadas formalmente através dum fragmentarismo deliberado.
Refiro desde já, e antes que me venha a esquecer, que a minha última intenção mimética foi quando sorri como o robert redford - já tinha tentado o jude law - para a minha vizinha de cima (que não sei se já vos tinha dito ela é igual à Sharapova) e efectivamente ela me respondeu de forma fragmentária com um enigmático 'boa-tarde', e eu digo enigmático pois como sabemos boa tarde assim dito de forma deliberadamente fragmentária pode significar muita coisa, desde apenas um simples e pachola boa tarde até a um devastadoramente atrevido, solto & comovido boa tarde.
Queria, no entanto, chamar a vossa especial atenção - que a têm generosa, eu sei - para o facto de que: o fragmentarismo deliberado é usado em espectro largo na arte e ciência há bastante tempo, desde o bacalhau à brás até ao tracejado a separar as folhas de papel higiénico ou as faixas de rodagem, e também aqui não apareceu porque o bacalhau fosse uma realidade fragmentária, mas sim porque um cozinheiro sem escrúpulos se lembrou desse processo para o transportar formal e materialmente pela nossa goela abaixo mimetizando mais delicadamente enzimas e bactérias pelos vários apeadeiros.
Sendo verdade que o Evelyn tentou 'etnografar humoristicamente o exotismo das tribos' britânicas no entre-guerras, não é menos verdade que outros autores abordaram um não menos interessante exotismo, mas no entre-pernas e, seja de forma fragmentária seja por atacado, foram logrando transportes formais bastante mais interessantes, provocando vagas de minetismo, perdão mimetismo, que não mereceram tão boa crítica, nem conseguiram ser apelidados de comédia de costumes pelos rogérios em waugha.
Peço especial compreensão para o caso de poder ter andado a fragmentar em demasia, mas o transporte formal do meu mimetismo associado à clareza tensional dos meus detalhes está a revoltar-me duma forma toda ela devastadoramente bela. Bem Hajas, leitor ausente, pela invisível, mas dedicada, companhia.
1 comentário:
Esta série está fabulosa!
C.
Enviar um comentário