máquina de fazer beethovenes com gardineres (II)

«é antes através da clareza dos detalhes e da inteligente gestão das tensões do discurso que a grandeza do seu génio mais se revela» diz-nos Cristina Fernandes hoje no Público a propósito de gardiner e a sinfónica de londres à volta dum beethoven.

tenho de confessar que só conheço esse tal de beethoven de ouvir falar e dum presente que recebi no último Natal. No entanto, se tivesse sabido há mais tempo dessa hipótese de juntar 'clareza de detalhes' com 'inteligente gestão de tensões', hoje seria um homem muito mais completo e com fortes possibilidades de transbordar felicidade. Até ao presente para mim 'detalhe' é sinónimo de confusão e 'tensão' sinónimo de fertilizante para a estupidez. Assim, esta receita de beethoven avec gardiner fazia-me o pleno na resolução do maior problema que assola a declinação do meu actual frágil existir: 'tensão nos detalhes'. Ou seja, a vida por grosso afigura-se-me até apresentável e calma, mas se descermos ao retalhado patamar dos detalhes pouco se aproveita: entramos no maravilhoso mundo da devastadora tensão. Como tenho resolvido a coisa? (sem a milagrosa mistura de gardiner com beethoven, claro): tecendo minuciosos rodriguinhos de merda no seu estado psicoólico. Ora fodendo o juízo de quem teve o infortúnio ou mau cálculo de tropeçar comigo no caminho (Deus também cochicha um pouco), ora descobrindo escombros haitianos onde estão apenas douradas areias dominicanas. Estou numa fase devastadoramente bela para quem me queira como inspiração para escrever uma saga de psicopatas com jeito para desenhar cornucópias. Não me compreendem, não, não me compreendem, mas se me compreendessem ainda seria pior.

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