Rattlesnaking

(em modo Playstation, usarei as teclas, pode continuar com o 'joystick')

Mundson: Gilda, é decente?
Gilda: Eu?
[longa pausa]
Gilda: Claro. Sou decente.
(*)

Expediente(s):

a) Erro seu, a ficha usb, e o acesso à respectiva porta, são as únicas escolhas genuínas de uma Eva-chip; ao invés nada se pode adiantar ou prever em relação à velocidade de processamento (confiar nas indicações mais ou menos mistificantes da rotulagem pode levar a logros danosos) pelo que a qualidade da compatibilidade dependerá da correlação positiva entre publicidade e desempenho. Existe no mercado 'software' susceptível de se tornar poderoso auxiliar nos casos mais rebeldes.

b) Imagem inovadora a sua da estatística como objecto propiciador de sensações físicas, cumprimento-o por ela. O meu silício preferirá sempre cócegas menos algébricas mas mais subtis, desenhadas pela imperfeita sabedoria das mãos.

c) Submissa, pergunto-lhe como me prefere: ofendida ou agradecida?

d) Ou, porque 'pagar é morrer', devo resistir a beijá-lo lenta e suavemente?

Constatações:

i) Thyllias é, obviamente, uma mulher. Negra. Não sei se jogou xadrez mas sei que venceu o 'chiaroscuro' até quando a vida fez batota com ela.

ii) Cházadas não sei o que possam ser, tisanas ainda vá desde que me poupe à alergia que me provoca a turvação proto-proustiana da de camomila pejada de migalhas palavrosas de madalenas fora d'época e de sentido.

iii) Para fechar, chá por chá: pode ser um Ice Tea Green com muito gelo, se faz favor?

Bifidismo final:

1) Neo era apenas um crente e pretensioso hacker nanómetrosexual. Desapontá-lo-ei se lhe confessar o meu reduzido interesse por essa personagem e, como Gilda, claramente preferir Farrell para me soltar o cabelo e desapertar o zipper do vestido?

2) Poucos homens serão capazes de me despentear o 'softwire' (e menos sucesso ainda terão os que me vierem com «you are a knock-out», a cantiga do bandido para a, desesperadamente em busca de deslumbramento, suburbana e doméstica Bonnie) a ponto de os transistores o registarem.

3) Afinal "nunca houve outra mulher como Gilda": uma ruiva sinuosa e exuberante, viperina e tórrida (a quem dificilmente se atreveriam a dar o papel de heroína de um romance negro que a tornasse uma coisinha assustadiça), que personifica o sonho cinematográfico do Adão-side de qualquer Eva-chip. Como disse Camões "Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, / Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo." (**)

4) A mesma ruiva que, à moda do meu Bairro Alto (e não do Taiwan ou da Baixa da Banheira, descanse), lhe assentaria facilmente uma tacha nos cromados que o deixaria a arrotar Solarine por uma semana, se o senhor tivesse o desplante de lhe chamar gaja. Resta-me desejar-lhe, enquanto Neo suspenso do futuro, a oportunidade de se cruzar com uma Gilda em devido tempo.

Finale ultimo (oppure duetto a sotto voce):

"Tudo o que tem um início tem um fim" (***) e "ninguém tem de pedir desculpa porque ambos temos má reputação, não temos? Não é maravilhoso?" (*)

(*) Gilda (Charles Vidor, 1946)
(**) Os Lusíadas (Luís de Camões, Canto IX, 83)
(***) The Matrix Revolutions (Andy & Larry Wachowski, 2003)

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