paAgora é que são mesmo só parvoíces.

- Agora ?



O C. Pavese era um daqueles "artistas" que gostava que me passassem ao lado. Não me interessam os homens que não sabem gerir as incompreensões do amor ( sempre a fazer fretes à decadência da alma), nem os que se matam com comprimidos ( sempre a fazer fretes às farmacêuticas) , nem os que alimentam ou aspiram por um repetitivo renascimento ( sempre a fazer fretes ao fazedores de calendários). Mas houve sempre uma coisa que me seduziu ( às vezes dolorosamente - «coitadinho»): ler aqueles de que não gosto “às primeiras”. Fui fazendo isso com este italiano angustiosamente chanfrado. E não é que até com alguma- comedida, pronto – delícia interior! O gajo escreve-me isto assim nos “diários”, e sem pedir licença : “ É incrível que a mulher adorada chegue ao ponto de dizer que os seus dias são de um vazio torturante, mas que não quer ouvir falar de nós”. Não, não é o que estão a pensar ( mas porque é que eu acho que estariam a pensar alguma coisa?), o que se passa é que o equilíbrio entre a alma cheia e a alma vazia é um must dos nossos tempos ( para não estar sempre a dizer “da nossa condição”). Só que eu também julgo que este é um desequilíbrio típico do Feminino. O cheio e o vazio estão muito próximos. Nunca estão sossegadas com o ralo ( é pá, se calhar não devia ter dito isto) e vivem num constante tormento de preenchimento. C. Pavese olhando para a sua dor acabou por pressentir a dor delas. E acabou por me mostrar que afinal não há almas complicadas, existem é almas que são formulários chatos de preencher, e nós andamos sempre atrás dos prazos. A salvação está na Burocracia.

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