Notas Soltas. Mas não ao léu, nem mal sustenidas.





Li esta citação do C. Pavese no blog mymoleskine

«Nada se acrescenta ao que ficou para trás, ao passado. Recomeçamos sempre

Falso. É uma velha falsidade. Nós somos é meros acrescentadores. «Recomeçar sempre» é uma pura ilusão da nossa condição. Gira, enternecedora, empolgante até, mas – resumidamente – uma bela treta. Compra-se em promoção nas feiras da felicidade. Mas, vai-se a ver, nunca traz garantia.

A única coisa que até hoje vi renascer das cinzas foi o cinzeiro. E só se não tivéssemos feito muita força a apagar a beata. Nem devemos abusar muito dos comprimidos, como fez o outro.





A troca da “Casa Pia” pelas “Sevícias da Pide” parece-me uma evolução interessante. E agora para desenjoar dos “abusos aos presos iraquianos” proporia o “sado-masoquismo na Cruz Vermelha”, e de sobremesa a “sodomia na Misericórdia”. Se calhar a “ lavagem das partes baixas da democracia no bidé dum convento de carmelitas descalças “ já seria pedir demais. Volta “Big Brother”, estás perdoado.



Mi

Todos já dissemos, ou ouvimos dizer, que a fronteira entre a vida e a morte é ténue. Que a fronteira entre a vida dita normal e a anormalidade é ténue também. Que a fronteira entre uma vida decente e uma vida indecente é um fiozinho d’água.

Hoje eu verifico que, de facto, o pior que nos pode acontecer é ter de viver como guardas fronteiriços.

E já não sei se quero acreditar no que escrevi em “dó”.





Quando comecei isto apetecia-me dizer mal do último disco do Morrissey, mas agora já não me apetece. O facto fica registado como mais uma prova científica de que a coisa mais estável que existe é a instabilidade. Coisa dos sistemas. Dos rebanhos, no fundo.



Sol

"Relembrei" hoje a alguém uma “apropriação” da mensagem dum episódio supostamente passado durante as campanhas de Alexandre o grande: nós pedimos a Deus consoante a nossa condição, e Deus concede consoante a sua. Só assim se pode – ou melhor, posso - enquadrar muita da consciência da nossa – ou melhor, minha - fragilidade





Volto ao tema da discussão sobre a situação nas prisões iraquianas. Adoro aquelas análises que desembocam – mais ou menos explicitamente – num “ora já se sabia que”.

São estas conclusões que me fazem gostar mais duma anedota de alentejanos, do que duma boa argumentação.



E...viver com uma escala incompleta também faz parte da nossa condição.

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