Anatemizados os despotismos, desprezadas as anarquias, e
negligenciada a moeda-ao-ar, valorizamos agora os compromissos (designação
moralmente superior de negócio)
O Dicionário não ilustrado apresenta agora as técnicas de
negociação indispensáveis em qualquer processo, estejamos nós do lado do
parthenon ou do lado de neuschwanstein.
Tabu – tática que introduz uma forte componente de suspense
nas negociações, deixando o antagonista sempre a meio caminho entre a irritação
e a hesitação
Ultimato – tipo de mecanismo que consegue juntar o orgulho e
a humildade a comerem do mesmo prato e a deixarem-se regar pelo mesmo vinagrete
Fita – tipo de palhaçada adaptada ao circo dos compromissos;
o que geralmente lhe falta de colorido sobeja de malabarismo
Bluff – tática que consiste em insinuar que o purgatório é a
melhor hipótese de fugir ao inferno sem correr o risco de meter os pé pelas
mãos na conversa com o céu.
Chantagem – mecanismo que se autonomizou do ultimato e que
visa essencialmente transformar o ligeiro cagaço em puro medo dando sempre uma
porta de saída para este último voltar a ser cagaço outra vez
Promessa – tipo de técnica que visa criar uma sensação de bem-estar
nas partes baixas do oponente sem precisar de lhes pôr a mão.
Fantasia – tipo de técnica que visa criar uma sensação de
bem-estar nas partes baixas do oponente fazendo-o pensar que se tratam afinal
de partes altas descaídas.
Batota – rainha das técnicas na qual, em regime de fita, se
produz um ultimato na base de uma promessa remunerada em forma de tabu.
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