Logo quando Louçã se apresentou orgulhosamente sem gravata e
ninguém lhe deu uma maioria absoluta por esse arrojo que deveríamos ter
desconfiado que os deuses (já) não estavam a olhar por portugal.
Entretanto a miséria foi-se naturalmente instalando,
confirmando o ostracismo: os americanos já não querem os açores para nada, a
galinha angolana deixou de chocar poços de ouro negro e passou apenas a debicar
o fundo do mar sacando um liquido viscoso e negro que custa menos que o óleo fula,
o Lobo Antunes acho que já nem para decorar prateleiras serve, os espanhóis já
nem gastam vaselina a enrabar-nos (no tempo de Mário Conde ainda nos besuntaram
com o roquette durante algum tempo), os chineses estão a trocar restaurantes
por electricidade em pó, as finas flores da finança já nem rendem como naturezas
mortas, e os brazucas, que já não nos ligam pevide há carradas de anos, agora até
se dão ao luxo de nos impingir comediantes pois aparentemente já nem as
próprias piadas sabemos fazer.
Guterres troca belém por um campo de refugiados e nós nem sequer
pensamos que, se calhar, Herodes vai atacar de novo.
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