Fazer das tsipras coração


Angela M. – Ó Wolfgang, já viste esta coisa na Grécia?! E agora o que fazemos? Invadimos?

Wolfgang S. – Não, isso dá muita despesa, se calhar o melhor é matá-los à fome

Angela M. – Isso agora já não vai dar, acho que eles aumentaram às escondidas as reservas de iogurte e pistachio e aguentam-se uns 6 meses

Wolfgang S. – Então e se os deixarmos às escuras?

Angela M. – Isso também não vai dar muito efeito porque de dia continuam a ver

Wolfgang S. – Porra, e se oferecermos um Audi ao Tsipskas, ou Tresipas, ou Tskepsikas, ó lá como o gajo se chama, parece nome de comida estragada para gatos...

Angela M. – Bem, podias começar com um WV Polo e depois logo se via a reação

Wolfgang S. – Se calhar o gajo vai desconfiar que o estamos a tentar comprar… e ainda fica mais irritado

Angela M. – E se pedirmos aos turcos para os foderem por trás?...

Wolfgang S. – Credo, Angela, que bruta!, eles como estão já nem sentem nada… e isso era coisa para a Stasi,  já era! Nem os podemos enforcar nas gravatas

Angela M. – Estamos a ficar sem opções… e... envenenar-lhes a água?

Wolfgang S. – Esquece, eles agora fervem tudo e só comem arroz de syriza

Angela M. – É pá, assim não dá… se calhar temos de fazer um acordo secreto com os russos para repartir as ilhas

Wolfgang S. – Não sei…olha, e o que é aquilo ali à frente do Bundesbank?!

Angela M. – Parece um cavalo gigante…

Wolfgang S. – Aisssh…E parece que tem as tripas de fora…se calhar é do circo já para o carnaval

Angela M. – É pá, manda-os entrar para a arrecadação dos dracmas velhos que o cavalo já está a atrapalhar o trânsito na eurozona

Wolfgang S. – eu cá não arriscava… pode ter carne picada portuguesa

Angela M. – Não… os portugueses são bonzinhos: o Louçã dá sermões, a Drago faz ioga, a Amaral brinca aos podemos, a Catarina arregala os olhos, o Tavares junta-os aos molhos, a Mortágua entrevista banqueiros e, todos juntos: só casam paneleiros.

Terrorismo de expressão



Quando Saramago quis escandalizar com o anúncio de que a Biblia mostrava um Deus cruel, vingativo, no fundo, má pessoa, confesso que fiquei, vá, pensativo. Poderia alguma coisa me ter passado ao lado, ou até ter interpretado mal, ou até, levado por uma visão demasiado poética, ter andado bêbedo de tanta parábola. Felizmente apoquentado por outros afazeres não pude ficar a pensar muito e, seguindo uma regra básica de qualquer alma sã: caguei no assunto.

Noutro dia, tentando evitar que este blog anestesiasse demasiado, abri o blogger, escrevi e depois apaguei o seguinte post:

Desmaker Consulting Group
Procuram-se arruaceiros com boa apresentação e vacinas em dia para destruir redação de revista em quebra de tiragem. Fornecem-se fulminantes e bisnagas.


No fundo, sentia falta de Saramago, daquele ateísmo ingénuo e combativo que, sob uma capa ideológica e literária, insultava a crença aproximando os crentes de Deus. Podíamos gozar com ele, claro, mas seríamos incapazes de lhe dar sequer um par de estalos, e até o ajudaríamos a aturar a Pilar se ele nos pedisse ajuda.
No âmbito do direito canónico deveria então aprovar-se uma lei para a Blasfémia teologicamente assistida, algo assim que permitisse insultar Deus, insultar a fé e a moral, mas tudo dentro daquele ambiente ora lírico ora épico, ora belicoso ora pachorrento, ora torrencial ora secante, que a Antigo testamento tão bem explorou e que nem sequer deu origem a que Lutero tenha assaltado uma quermesse para amostra.
Todo o católico deveria ter o direito canonicamente estabelecido ao desabafo blasfemo, a desablasfemia, a bem dizer.

Declaração Universal dos Deleites Humanos


Considerando que o desconhecimento e o desprezo pelos deleites do homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade, proclamamos:

Qualquer ser humano tem direito a uma mediocridade digna. Todos são iguais perante o desprezo do Bem Comum pelo bem particular e ninguém deve ser arbitrariamente amado.

Todos têm o direito de ser abandonados por aqueles que amam, e todos os que foram acusados de fiéis e bananas se presumem de marialvas até que fique provada a sua estúpida fidelidade.

Toda a pessoa tem o direito de se considerar única e toda a pessoa tem o direito de se sentir apenas mais um. Toda a pessoa tem o direito de nada acrescentar ao mundo e de nada lhe poder ser reclamado em caso de juízo final imprevisto.

Todos têm o direito de não sentir remorsos por recusar dar uma esmola, todos têm o direito de se deleitar com talentos recebidos sem nada ter feito para a sua posse.

Todos têm o direito de ser enganados sem saber, e todos têm o direito de apenas se arrepender quando já estiverem esgotados todos os pecados ao seu alcance.

Todos têm o direito a uma ignorância atrevida ou a uma sabedoria discreta e ninguém pode ser acusado de apenas ser um atrevido discreto.

Todos têm o direito de desfrutar do desconhecimento da lei inclusivamente aqueles que a fizeram.

Ninguém pode ser acusado de abusar da paciência de Deus e todos podem se deleitar com a Sua improvável dúvida sobre o destino do homem.

Todos têm o direito de se deleitar por serem os maiores das respectivas ruas mesmo que vivam num beco sem saída

Ninguém pode ser acusado de lavar as mãos onde outros as sujam

Todos têm o direito de dizer que não há bem nem mal e que todo o mundo é um imenso assim-assim

Todos têm o direito de considerar sua propriedade aqueles que amam. Todos podem ser arbitrariamente privados da sua propriedade.

Todos têm direito, sem discriminação alguma, a prazer igual por sentimento igual.

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a que as pessoas pensem que têm deveres para com os outros e muito menos para consigo próprios.