Juntos Fodemos


Atrelado ao espanhol Podemos parece estar a nascer cá na paróquia um Juntos Podemos. Tive esperança que a similitude com o fodemos já tivesse sido devidamente explorada e pesquisei tendo confirmado a inexistência das devidas analogias.

(nota doméstica interna: se for descoberto no Google um histórico de pesquisas em ‘juntos fodemos’ dever-se-á a esta curiosidade sociológica e não a qualquer tentativa de encontrar parceira disponível para descobrir os insondáveis e húmidos mistérios da esquerda moderna)

Retomando então aquilo a que optimisticamente se poderá chamar de raciocínio. A ideia de juntos fodemos baseia-se na capacidade natural do homem de fazer amizades. Parece-me mais fecundo e elevado fodermos em conjunto do que podermos em conjunto. Reparemos que se para poder basta querer, já para foder o querer não é suficiente o que indica, assim, algo mais elevado, algo mais construído e, portanto, humano, por assim dizer.

A esquerda não se deve pois contentar em poder junto mas antes foder em conjunto. Os ideais de esquerda fundamentam-se num acesso ao ideal de igualdade que apenas conseguem enunciar e jamais praticar, daí que o podemos soe imediatamente a falso, soe novamente a uma espécie de bastilha elástica (é trocadilho sim) mascada à exaustão e sem ter já a mais pequena amostra de açúcar. Ao invés, o foder conjunto mantém o mesmo viço primordial, desde os tempos antropológicos do incesto olímpico ou dos maravilhosos tempos do amor livre, que apenas uma vertigem civilizacional bolorenta se encarregou de pôr para debaixo da alcatifas da conveniência ou dos tabus.

Passado este preâmbulo, que espero tenha sido elucidativo, concentremo-nos agora no fodemos propriamente dito. Foder é algo que a blogaria trata desde os seus primeiros tempos com maior ou menor fulgor, principalmente por aqueles – antes apelidados – ‘blogues de gajas’ (que entretanto foram desaparecendo ou sendo substituídos por blogues feitos para vender chinelas ou biquinis) que viram neste meio a fantástica oportunidade para escrever ‘foder’ pela primeira vez e assim formalmente se emanciparem pela via erudita. Sendo que foder já teve o seu Ipiranga literário temos de reconhecer que ainda não teve realmente direito a um lugar digno no grande altar da política.

Reparem que não falo de causas banais como a liberalização da prostituição, nem da paneleirice-com-papel-passado, nem sequer do amor livre: falo de foder mesmo, foder sem cláusulas de salvaguarda, sem coeficientes conjugais, um foder sem austeridade, sem rating, nem sequer me refiro a um foder new wave para libertar energias e entrar em novas dimensões, falo mesmo de foder como a grande causa da esquerda, mais próxima de Noé do que de Lenine.

A esquerda está presa à agenda conservadora dos costumes, das pequeninas liberalizações e apenas foder a pode libertar. Reparem em exemplos práticos: substituir o iva da restauração pelo sexo na restauração, substituir a reestruturação da dívida por foder mesmo as contas publicas todas, substituir as parcerias publico-privadas por uma grande foda geral que não discrimine quem ajoelha e quem abana o rabo.

Onde está a  extremosa esquerda quando precisamos mesmo dela? A juntar pilinhas?

2 comentários:

maria disse...

está demais! :)

aj disse...

Juntos... Podemos :)