O Divã Disto Tudo IV

A imagem da revolução

No fim de semana, semi ofuscado pela nuvem da notícia, o mestre de oratória Louçã, disse, qual trostski do quelhas: «não basta pedalar, pedalar é passear, é preciso derrubar os muros», e depois, João Semedo, na mesma linha, disse que «não havia atalhos para o confronto»

A vida é um manual de convivência entre a conservação e a revolução. Vivendo e alimentando-se uma da outra, amam-se sem poder assumi-lo, qual amantes reprimidos e até secretos.

Mas, por regra, a demagogia encaixa mais na mensagem revolucionária, e esta não a enjeita, cavalgando mesmo nela com prazer. O que seria o homem se não gostasse de enganar, enganar-se, e ser enganado.

O pior das forças revolucionárias está quando perdem a força da demogogia, quando evitam o espírito de coup d’etat. Para que nos serve um revolucionário sem táticas cínicas, sem contradições viscerais e sem manipulação de almas?


Esperava mais das gémeas mortáguas. 

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