A imagem da palavra
Os tempos são de eufemismos irónicos; poderíamos usar antes hipérboles
exasperantes, mas temos as consciências mais treinadas para o sarcasmo do que
para a exaustão. Se geralmente o eufemismo expõe uma capacidade para a ambiguidade,
a hipérbole acaba por expor uma inabilidade para a ironia. Ambas são
sinaléticas dos tempos. A hipérbole vai ficar como reserva de valor para os carismáticos
enquanto o eufemismo fica como o recurso dos pobres de carisma.
Mas tem graça que hoje a acusação de eufemismo tem mais uso
do que a acusação de exagero. No fundo, o eufemismo é a hipérbole dos novos
tempos. Tempos de controlo de danos. Saudade dos tempos danosos.
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