Hoje escolhi uma japonesice que aparecia no menu. Um rolos
de salmão a envolver uns pedaços de peixe manteiga misturados com um queijo
que, não duvidando que proviesse duma vaca, já não ponho as minhas mãos sobre
aquilo que a dita pastaria ou pastará. Não sei onde é que a L. desencantou
aquelas ideias, mas revelou-se bastante bom. O restaurante estava à pinha, tive
inclusivamente de esperar por uma mesa vaga, o que aconteceu pela primeira vez
desde que lá voltei. Numa das mesas estava um antigo amigo da L. e , como seria
de esperar, ela ia-se desmanchando em solicitude. De vez em quando fazia-me umas
caretas, daquelas que podem dizer tudo mas que na realidade não dizem nada e nos
deixam à solta numa equação de biorritmos. Chamei a rapariga dos molhos com o
intuito de me meter com ela mas, como seria previsível, sou bastante melhor no
improviso e saiu-me uma piada qualquer meio desconchavada que já nem me lembro
bem. Certamente por educação riu-se e, hélas, passou-me (tecnicamente pode-se
mesmo dizer que pousou) a mão pelo ombro. Um tipo quando se torna uma flor de
estufa sentimental, quer por fragilidade quer por mera tática, desenvolve um
potencial sensorial digno dum programa da national geographic, aliás um ser
enamorado só não caça moscas com a língua porque a preserva para outras coisas.
Ainda pensei em flirtar um bocadinho a rapariga só para ver a reacção da L. mas
não quis correr o risco de descobrir que lhe era indiferente, ou, até pior, que
tinha sido ela a indicar-lhe para se vir meter comigo, como quem pratica um
desporto novo. E assim perdi uma hora de almoço com estes pensamentos elevados
que só não fazem girar o mundo porque este está perro e totalmente dependente
dum monte de gazes que convencionámos chamar sol.
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