«O ranho corria-lhe agora sem cerimónias e quando, por fim,
recolheu o sal de duas lágrimas que ainda deslizavam como que perdidas, já nem
estranhou a falta da saliva, que entretanto ficara retida na represa de entre-lábios,
secos, tão secos eles estavam de não ver boca alheia ia para mais de vinte
horas, incluindo as duas do sonho que Sofia levava. Quando Bartolomeu chegou,
inclinou-se, e perante aquele panorama hídrico encolheu os ombros, virou-se
para uma mulher de olhos brilhantes que o controlava em espera técnica, abraçou-lhe
a cintura vindo de estibordo e levou-a para a proa. Já o sol nascera e Indira
vencera.»
in Mangericão e Coco, de Vasco Dias, edições Adamastor, 2014
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