DSM VIII

A Perturbação de Excesso de Resistência foi uma patologia especialmente desenvolvida em Portugal no rescaldo da crise das dívidas soberanas no início da 2ª década do século XXI. Apesar de se associar inicialmente a focos localizados em torno de pacientes com o Síndrome de Auto-responsabilização, rapidamente alastrou para os mais debilitados pelas Perturbações de Privação de Subsidácios. No grupo mais exposto às Perturbações de É-Bem-Feito  a sintomatologia acabou por evoluir e juntamente com os que padeciam das Perturbações do Tem-Mesmo-de-Ser acabaram por apresentar de forma generalizada um historial de episódios intermitentes da compulsão resignativa de resistência associados a alta capacidade dissociativa, tendo sido inclusive encontrados casos de Compreensão Benigna dos Excessos de Poder, uma verdadeira antecâmara das perturbações esquizoafectivas. A prevalência aponta para índices acima dos 50% em espectadores dos canais de noticias por cabo com apresentadores de laço e 65% nos degustadores de mexilhão enlatado em vinagrete. Um subgrupo curioso acabou por se destacar e ficar conhecido como a Pananoia Orangette, assim designada por estar relacionada com comportamentos de base amarga mas socialmente adaptados de forma doce e responsável por forma a esconder a capacidade subversiva que inunda a alma humana desde que Abraão se dispôs a testar a sua fé com o pescoço de Isaac. A Perturbação de Excesso de Resistência acabou por evoluir para uma Anti-Cleptomania de segunda geração, quando o Estado aboliu todos os Impostos e instituiu a figura dos Repostos, ou seja, devolvendo-nos tudo com juros a partir do ano sagrado de 2278, provocando um surto de donativos aos partidos políticos e a todas as outras instituições de protecção da natureza, naquilo que ficou também conhecido como a Perturbação de Regresso à Fase Anal.

Sem comentários: