Uma das capacidades mentais que mais nos aproxima da perfeição é a generalização. Aquilo que poderia apresentar-se como um mero expediente para nos defendermos da ditadura do caso particular revela-se uma verdadeira varinha mágica para lidar com as arestas da realidade - uma máquina de fazer verdades. De forma quase elixírica a generalização é um local refrescante, onde a estupidez se encontra com o génio, ou até a lucidez com a demência. Serve para banalizar mas também serve para sofisticar, e tanto fornece estigmas como camuflagens. Apesar de serem mais famosas as generalizações de género e de carácter, as mais interessantes são as generalizações de circunstância, aquelas que conseguem quase parecer-se a deduções e que permitem o cérebro conviver pacificamente com mentiras, ilusões, e quaisquer outro tipos de enganos diversos. Alivia sempre. Pegar numa andorinha e fazer uma primavera é o maior dom depois dos que decorrem da graça de Deus. Hoje faça este exercício: pegue numa expectativa, junte-a a um receio, ponha em lume brando e quando ouvir um estalido metálico diga de si para si: nascemos para sofrer. Todos temos direito aos nossos subentendidos essenciais.
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1 comentário:
Apesar de estar muito familiarizada com o 'Nascemos para sofrer' vou seguir EMPIRICAMENTE creia-me pf o conselho receitual. Acredite-me! Se a coisa correr bem até o convido para experimentar. Creia-me pf
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