Associada à nossa capacidade de generalização está outra das pérolas da nossa psique: a capacidade de criar excepções. Poderá mesmo dizer-se, sem causar estranheza certamente, que quem melhor generaliza é quem melhor excepcionaliza. Criar uma excepção, seja tirar alguém de uma norma, seja desviar um pressuposto para uma conclusão diferente, seja fazer um pinheiro membro de pleno direito dum eucaliptal, estamos sempre ao nível do compromisso psicológico. Se generalizar é um acto de liberdade plena, algo que surge da força telúrica do livre arbítrio, a excepção resulta sempre duma necessidade secundária, duma elaboração de prós e contras. Excepcionalizar é quase sempre conferir uma vantagem, é o grande padrinho do polvo das discriminações mentais. O primeiro acto de excepcionalização foi da serpente quando escolheu Eva e a maçã para tentar Adão, até aí tudo era a mesma coisa, até a falta da costela neste já não se distinguia no resto do esqueleto, até a maçã era uma manga mais empapelada e menos fibrosa, até a serpente era um lagarto maneta maneta. Esse momento nobre da mente em que esta cria excepções é chamado o momento da fuga e a maior glória é quando nós próprios somos o objecto da excepção. Quando puder façam este exercício: Pegue numa generalização que lhe desagrade, force a entrada de alguém que lhe desagrade, ponha a marinar, quando o sabor a amargo se sobrepuser ao salgado diga de si para si: eu não sou como eles. Is there a lie always underlying.
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