e descansem pois ainda não viram os meus desenhos no ibrushes

Considerando que a análise política e a análise económica estão destinadas ao fiasco, sobram apenas duas análises decentes ao homem moderno, e inclusivamente ao clássico: a análise literária e a análise religiosa. Repare-se antes de mais nos termos, não se tratam de 'comentários', nem 'críticas', são mesmo 'análises', ou seja, para melhor compreensão do vasto auditório: a análise é uma crítica mas já com as devidas e desproporcionadas ambições dialécticas de síntese, de, se quisermos ir mais longe (e , meu Deus, quem não quer ir mais longe) de sublimação, de - mais longe ainda - criação; e, Santíssima, (Deus já tinha sido invocado há pouco e praticamente em vão) quem não quer ser criador, nem que seja de galinhas!

Hoje tratarei de analisar em conjunto os fenómenos 'Gonçalo M Tavares' e 'preservativo', ou melhor, expondo-os em conjunto, designaria esta análise por: 'Santo António perdeu o emprego'. Reformulo apenas para efeitos didácticos: Gonçalo M Tavares (do qual o seu último livro premiado à francesa é bom exemplo) está para o soit disant «fenómeno da literatura em português» como o preservativo está para a não menos soit disant «ética sexual católica». Poderia dizer-se que é uma análise sem futuro pois só lê quem quer e só fode quem quer; falso. Irão compreender-me, prometo.

Experimentem acompanhar-me. Ao lermos GMT estamos a entrar num universo misterioso que deveria ser preservado: o universo da impotência literária, ou seja, entramos num grande ovário de paredes polidas onde apenas chocalha um liquido amniótico chamado 'vocês-nunca-poderão-acompanhar-este-paleio-porque-o-meu-espermatozoide-era-turbo'. O universo literário de GMT funciona assim como uma grande menopausa, não precisamos de nos prevenir de nada; diria até mais, basta ler utilizando o método-das-temperaturas: se estivermos com febre aquilo desliza muito melhor. Por outro lado, a tendência processual (ou o processo tendente, como se queira) para a reformulação moral ( 'reformulação' é o termo canónico para relativização, sublinhe-se) do uso de um método anti-concepcional artificial (está em curso a criação da Alta Autoridade para a definição de naturalidades e artificialidades) equiparando-o a uma mera abstinência (e não há nada mais artificial que uma abstinência técnica, alerto para o facto) é efectivamente também o método literário específico utilizado por GMT: quando se pensa que uma razoável ideia ficcional, poética, lírica, está pronta para germinar naturalmente, choca repentinamente com uma barreira aborrachada de nonsense que a deixa ali a chapinhar com outras produzindo um conjunto leitoso de nhanha literóide que se transformará, se for devidamente acondicionada, em direitos de autor alguns meses depois. É, então, um processo que merece ser acarinhado, até mesmo subsidiado, se bem que isso agora já não seria tão bem visto, depois da interrupção voluntária do cheque-bébé.

Permita-se-me então rapidamente a síntese: A melhor forma que a ética cristã tem de abordar o grande mistério da concepção é fazer ver aos seus fieis que sto antónio pode ter o emprego em perigo quando foder se tornar um mero acontecimento meta-literário.

4 comentários:

maria disse...

Ripipila muito bem...esperemos que a ética cristâmente faça a sua parte...porque a tal coisa da criação ainda é para ser a dois, não?

bjs

aj disse...

'criação a dois' ? então isso não era o tango!?... :)

bjs

Anónimo disse...

E já que se fala em tango... em Zagarol ou em Paris?

aj disse...

Zagarol parece nome de produto para bochechar, aposto mais em paris