Viúva-alegre #7

Um dos momentos chave no alegramento de viúvas é aquele em que o encarnado entra na toillete. É uma espécie de facada na viuvez, e só é comparável com a primeira ida às putas depois da missa do galo. Escolheu uma saia relativamente travada, presa à sua cintura ainda adolescente (o defunto não era bailarino) por um cinto negro de pele de roedor desconhecido. O teste foi feito durante o almoço num dos restaurantes habituais e aparentemente não provocara nenhum olhar embaraçante. O jantar já estava marcado com um antigo sócio do marido. Um homem que já teria sido motivo para algumas cenas de ciúmes do defunto no passado e que por isso representava também um passo importante na sua emancipação e, por maioria de razão, alegramento. Curiosamente este homem já tinha sido alvo dum processo de envenenamento que nunca ficara bem explicado, se bem que ele alegava ‘coisas de negócios’, parecendo dominar a situação. Ela gostava de homens falsos-seguros. O seu marido era um falso-inseguro, raça absolutamente perigosa, se bem que irritante. Depois do jantar ele levou-a a casa, e disse-lhe que poderia contar sempre com ele, que ele estaria ali para o que desse e viesse, mas não precisas de te vir já, respondeu-lhe ela; na brincadeira.

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