Las Civias [nota breve e final]

O mosteiro foi destruído no Verão de 2008 e não restam vestígios da sua passagem pela paisagem lunar da antiga zona mineira de Rio Tinto na Andaluzia.

Por curiosidade possuo um dos primeiros esquiços do projecto de arquitectura do edifício, um documento sem qualquer valor artístico ou técnico - tratava-se certamente dum mero e embrionário esboço impressionista, mas , isso sim, com vários detalhes de enigmático interesse.

O arquitecto era, foi, um Espanhol de origem basca, Jaime Olazabal, que se radicara em Portugal na zona de Azeitão nos anos 70 e que chegou a este projecto por ser primo dum dos alfaiates do bispo de Sevilha.

O desenho a que tive acesso - e não hesitei na sua aquisição - apresenta várias singularidades, para além da sua péssima reprodução aqui

A mais relevante deixarei para o fim, mas desde logo a par de algumas incongruências de perspectiva e mesmo de equilíbrio de planos, são evidentes: a ideia de duas plantas (?) separadas (P. A e P. B), desconheço se já resultado dalguma indicação dada pelo eclesiástico dono da obra, e sem forma de comunicação evidente (mas tal poderia dever-se ao facto de estarmos ainda na presença dum esboço rudimentar) , e a existência de vastas zonas envidraçadas , (assim entendo os sombreados) o que se por um lado revela uma certa simbologia de transparência ou abertura, não deixa de arrepiar pelo efeito de estufa a que imediatamente nos faz associar.

No entanto, é impossível não fazer também a associação ao que terá sido certamente a principal fonte de inspiração de Olazabal para o mosteiro de Las Cívias.

Trata-se dum quadro de Picasso do ano de 46, denominado 'Desnudo Echado sobre cama azul', uma obra que podemos encaixar facilmente num ambiente hedonista e de busca de alegria de viver, e com um pouco mais de dificuldade, mas não impossibilidade, num mosteiro. È evidente a ligação entre o projecto arquitectónico de Las Civias e este quadro de Picasso e não sei de todo a razão; nem sequer se essa ligação não esteve apenas na cabeça de Olazabal e agora na minha. Preserve-se a cabeça de VExas, claro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Conheci perfeitamente o Jaime em Azeitão. Ainda era desenhador projectista. Como gostava de moscatel. Mas desconhecia todos estes seus projectos. O que o tempo faz às personagens...

aj disse...

constou-me inclusive q foi ele q desenhou as pipas do josé maria da fonseca