A secção de gaffes do think tank de Sócrates reune de emergência este fim de semana a fim de discutir a política de gaffes para o exigente período eleitoral que se aproxima. Tendo perdido Pinho, o principal fornecedor de material de primeira, com o crescente apagamento de Lino e face à entrega da alma ao criador de Candal, o PS terá de encontrar sangue novo para renovar o seu capital de gaffes, não podendo deixar todo o orçamento entregue a José Lello e Ana Gomes. A gaffe assume crescentemente na política uma posição de relevo, e todos sabemos que muito do futuro se pode jogar numa gaffe certeira. O PS sabe o quão arriscado poderá ser deixar gaffes nas mãos de arrivistas, amadores, ou de meros curiosos em lapsos, ou mesmo biscateiros de calinadas.
A fim de precisar os conceitos, hoje o dicionário não ilustrado, nas suas entradas nºs 1311 a 1314, dá um primeiro passo, que, sendo um pequeno passo para este blog, será um grande passo para todos vós.
Gaffe – É o instrumento mais nobre da actividade política. Reflecte um estado de espírito total, e consegue condensar numa sofisticada mistura de simbologias um pensamento global sobre a realidade. Articulando o inesperado com o inadequado, nas porções certas, permitem ao político fazer da sua mensagem uma autêntica lufada de ar fresco no monolitismo ideológico dos tempos que correm, e transportam-no para o patamar dos grandes arquitectos de imaginários colectivos, que num toque de midas podem transformar o que poderia não passar duma mera atitude polémica numa verdadeira catedral de catalizadores patrióticos.
Lapso – Aqui estamos perante o clássico jogo entre o consciente previsível e o inconsciente aleatório. Deste encontro podem surgir alegorias de valor incomensurável que permitem revelar muito mais que uma mera história de recalcamentos de poder ou submissão. O imaginário nacional constrói-se precisamente destas pérolas do deslize, e podemos mesmo dizer que são o adereço que dá o brilho a um país que possa viver em estado de tanga há muitos anos. É sempre no enfiligranamento de uma cadeia histórica de lapsos que se projecta a imagem do verdadeiro homem novo, aquele que se alimenta apenas da imagem que quer para si próprio - o cidadão do futuro. O lapso será sempre a pedra de toque do político, para demonstrar que pode ter um pé no seu jacuzzi, mas as suas preocupações estão sempre no bem estar diário de todas e todos, incluindo coçarem-lhe as costas.
Fífia – É nesta categoria dos instrumentos de intervenção cívica encontramos muitas vezes aqueles pequenos toques que podem fazer toda a diferença. Este tipo de escorregadelas cirúrgicas deve ser utilizado nos momentos em que a atenção popular é levada a concentrar-se em fenómenos que a apoquentariam, e a função aliviadora de todo e qualquer politico muito lhes deve. O poder da fífia joga-se essencialmente nos momentos que se lhe seguem e pode assistir-se perfeitamente ao seu esvaziamento se não lhe for imediatamente atribuída uma semiótica autónoma. Nenhuma fífia vive apenas por si e precisa de toda uma máquina de suporte por detrás para que se possa tornar num instrumento eficaz de mobilização, sensibilização e, se necessário for, inebriamento colectivo. No entanto, o encadeamento de fífias, ao constituir-se como fio condutor de qualquer politica estruturante, nunca poderá ser encarada como uma sucessão de acasos, e deverá sempre garantir-se que é percepcionada como um elemento de voluntarismo e entrega ao bem comum.
Calinada – Todo o sistema organizado de elaboração de imaginários colectivos necessita de algumas manifestações mais pirotécnicas de significados coloridos, da mesma forma que um empirista precisa duma aberração, ou um idealista precisa duma contradição. Muitas vezes a calinada é a antecâmara duma politica de fífias mais elaborada, e abre o caminho para a eficácia destas. Tida muitas vezes como o parente pobre da gaffística, a calinada tem uma energia que vai muito para além do mero desequilíbrio da plausibilidade e constitui-se muitas vezes como elemento estruturante na personalidade do homo-politicus, e essencial para a sua correcta assimilação pela comunidade. Não existiria verdade sem o conceito de calinada, tal como não existiria Sumol sem o conceito de laranjada.
A fim de precisar os conceitos, hoje o dicionário não ilustrado, nas suas entradas nºs 1311 a 1314, dá um primeiro passo, que, sendo um pequeno passo para este blog, será um grande passo para todos vós.
Gaffe – É o instrumento mais nobre da actividade política. Reflecte um estado de espírito total, e consegue condensar numa sofisticada mistura de simbologias um pensamento global sobre a realidade. Articulando o inesperado com o inadequado, nas porções certas, permitem ao político fazer da sua mensagem uma autêntica lufada de ar fresco no monolitismo ideológico dos tempos que correm, e transportam-no para o patamar dos grandes arquitectos de imaginários colectivos, que num toque de midas podem transformar o que poderia não passar duma mera atitude polémica numa verdadeira catedral de catalizadores patrióticos.
Lapso – Aqui estamos perante o clássico jogo entre o consciente previsível e o inconsciente aleatório. Deste encontro podem surgir alegorias de valor incomensurável que permitem revelar muito mais que uma mera história de recalcamentos de poder ou submissão. O imaginário nacional constrói-se precisamente destas pérolas do deslize, e podemos mesmo dizer que são o adereço que dá o brilho a um país que possa viver em estado de tanga há muitos anos. É sempre no enfiligranamento de uma cadeia histórica de lapsos que se projecta a imagem do verdadeiro homem novo, aquele que se alimenta apenas da imagem que quer para si próprio - o cidadão do futuro. O lapso será sempre a pedra de toque do político, para demonstrar que pode ter um pé no seu jacuzzi, mas as suas preocupações estão sempre no bem estar diário de todas e todos, incluindo coçarem-lhe as costas.
Fífia – É nesta categoria dos instrumentos de intervenção cívica encontramos muitas vezes aqueles pequenos toques que podem fazer toda a diferença. Este tipo de escorregadelas cirúrgicas deve ser utilizado nos momentos em que a atenção popular é levada a concentrar-se em fenómenos que a apoquentariam, e a função aliviadora de todo e qualquer politico muito lhes deve. O poder da fífia joga-se essencialmente nos momentos que se lhe seguem e pode assistir-se perfeitamente ao seu esvaziamento se não lhe for imediatamente atribuída uma semiótica autónoma. Nenhuma fífia vive apenas por si e precisa de toda uma máquina de suporte por detrás para que se possa tornar num instrumento eficaz de mobilização, sensibilização e, se necessário for, inebriamento colectivo. No entanto, o encadeamento de fífias, ao constituir-se como fio condutor de qualquer politica estruturante, nunca poderá ser encarada como uma sucessão de acasos, e deverá sempre garantir-se que é percepcionada como um elemento de voluntarismo e entrega ao bem comum.
Calinada – Todo o sistema organizado de elaboração de imaginários colectivos necessita de algumas manifestações mais pirotécnicas de significados coloridos, da mesma forma que um empirista precisa duma aberração, ou um idealista precisa duma contradição. Muitas vezes a calinada é a antecâmara duma politica de fífias mais elaborada, e abre o caminho para a eficácia destas. Tida muitas vezes como o parente pobre da gaffística, a calinada tem uma energia que vai muito para além do mero desequilíbrio da plausibilidade e constitui-se muitas vezes como elemento estruturante na personalidade do homo-politicus, e essencial para a sua correcta assimilação pela comunidade. Não existiria verdade sem o conceito de calinada, tal como não existiria Sumol sem o conceito de laranjada.
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