Apesar do forte valor conceptual dos, já citados, casos de políticos atormentados pelas grandes decisões, as almas que forneciam maior riqueza e diversidade terapêutico/penitencial eram os políticos em busca de remorso. O remorso politico é da mesma natureza que o remorso do carteirista: é tão genuíno quanto genuíno é o saldo bancário. Ou seja, raramente se observa melhor remorso do que no politico que sente que governou reflexivamente. Nestes registos, o perdão é recebido com um alívio que em geral proporciona terapias de tranquilidade muito gratificantes. O dr. Betonilha denominou-os então de ‘psicoratas’, verdadeiros roedores da psique que, após tomarem consciência dos buracos que fizeram no queijo comum, se prestam a doar tostas largas até morrer. São as clássicas terapias de compensação que, na sua combinação em regime de argamassa, resultam em verdadeiras indulgências da psique.
A comunidade eclesiástica de s. Sebastião da Pedreira (liderada pelo padre Farinha) acompanhava então a evolução do penitente rebanho com alegria e esperança, o dr Betonilha facturava 200 euros por cada sessão de laqueamento de culpas, e Miriam, de busto empolgado, espojava-se nas revistas de sociedade. Agostinho e Sigmund, respectivamente, santo africano e judeu amante de charutos, ufanavam-se do dever cumprido junto de outros vultos esquecidos da humanidade. Por cada alma limpinha, mas ainda em riscos de sofrimento, apresentada pela equipa confessional de D. Farinha, o consultório do dr Betonilha transformava-se numa verdadeira ETAR para inconscientes ainda com rotinas chantagistas: depois de filtrado o remorso nas areias (passo o trocadilho) da sublimação, era devidamente atacado pelos agentes biológicos da neurose de transferência e finalmente as lamas do sintoma de culpa eram despejadas na caixa de esmolas, ou num livro de memórias apresentado e aspergido por qualquer Rebelo de Sousa de turno. Num caso ou outro mais renitente Miriam poderia fazer de bacia de retenção. De desabafos apócrifos, entenda-se.
[nota técnica: espero bem que não haja nenhum padre Farinha na igreja de s. sebastião da pedreira]
A comunidade eclesiástica de s. Sebastião da Pedreira (liderada pelo padre Farinha) acompanhava então a evolução do penitente rebanho com alegria e esperança, o dr Betonilha facturava 200 euros por cada sessão de laqueamento de culpas, e Miriam, de busto empolgado, espojava-se nas revistas de sociedade. Agostinho e Sigmund, respectivamente, santo africano e judeu amante de charutos, ufanavam-se do dever cumprido junto de outros vultos esquecidos da humanidade. Por cada alma limpinha, mas ainda em riscos de sofrimento, apresentada pela equipa confessional de D. Farinha, o consultório do dr Betonilha transformava-se numa verdadeira ETAR para inconscientes ainda com rotinas chantagistas: depois de filtrado o remorso nas areias (passo o trocadilho) da sublimação, era devidamente atacado pelos agentes biológicos da neurose de transferência e finalmente as lamas do sintoma de culpa eram despejadas na caixa de esmolas, ou num livro de memórias apresentado e aspergido por qualquer Rebelo de Sousa de turno. Num caso ou outro mais renitente Miriam poderia fazer de bacia de retenção. De desabafos apócrifos, entenda-se.
[nota técnica: espero bem que não haja nenhum padre Farinha na igreja de s. sebastião da pedreira]
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