Caminho sobre brasas. Estava uma casa composta e ainda não tinha esgotado nada da ementa. Muita escolha para quem não se interessa por comer acaba por ser desconfortável. Hoje usei um «o que é me que recomenda hoje?»; é raro fazê-lo, e muito menos com um ‘me’. Não gosto que me recomendem a comida, e muito menos ela, e muito menos hoje; depois sinto-me obrigado a gostar e, como não gosto de nada, a probabilidade de ter de mentir é grande. Eu geralmente nunca preciso de mentir, posso mandar mentir por mim. É uma hipocrisia dupla. Felizmente L. não sabe isso. Bem, em rigor não faço ideia do que ela sabe ou não sabe; em maior rigor ainda nem sei sequer se ela se interessa em saber o que quer que seja. No fundo, de que precisa ela de saber de mim para me servir comida à lista. Sabe que olho para ela; sim, isso ela sabe. E sabe também que me alimenta. Já não me lembro do que comi hoje. Seremos nós mais aquilo que comemos ou aquilo que vemos?
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