Não sei se terei feito bem. Uma amiga tinha combinado almoçar comigo e acabei por ir lá com ela. Podia ter evitado, mas; mas; mas; mas. Eu sei que quis testar a reacção de L. Foi uma decisão muito arriscada. Depois não teria condições, nem pretextos para explicar, para atenuar, para enquadrar, para nada. O restaurante estava com pouca gente, quase só dos habituais, e eu passei o almoço que nem um restaurador de quadros à procura do mais pequeno sinal de ciúmes na cara de L. Os seus ciúmes seriam o meu troféu. O seu desinteresse o meu cadafalso. Tanta tragédia num mero restaurante, cheguei a pensar. Pedi salada russa, mas cada garfada parecia um rodar da roleta. Sim, havia tensão no olhar de L.. Posso garantir que sim; cheguei a rezar para o bingo: L., transtornada, deixaria cair um tabuleiro a rebolar estridentemente pelo chão; mas os deuses não me permitiram essa prova incontestável. Ainda a testei no café, mas a mulher ciumenta às vezes refugia-se no zelo, eu sei. L. serviu-me o final da refeição como uma profissional.
Mas a vertigem faz parte do jogo da sedução, da insegurança e, coisa que nunca tinha feito, antes de me ir embora fui perguntar a L. qual seria a ementa do dia seguinte; «línguas de gato»; disse-o com os lábios a fazer um triângulo que poria Pitágoras a cuspir sangue. Será que quem não arrisca não petisca mesmo?
Mas a vertigem faz parte do jogo da sedução, da insegurança e, coisa que nunca tinha feito, antes de me ir embora fui perguntar a L. qual seria a ementa do dia seguinte; «línguas de gato»; disse-o com os lábios a fazer um triângulo que poria Pitágoras a cuspir sangue. Será que quem não arrisca não petisca mesmo?
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