Casa fraca e ambiente estranho. O prato do dia nada disso indicaria, o bacalhau à Brás é uma receita alegre e muito procurada. L. traz um olhar vago, distante; desfocado. Circula entre as poucas mesas com clientes como se fossem obstáculos. A primeira vez que passou por mim fez um daqueles gestos com a mão que podem querer dizer qualquer coisa. Ora qualquer coisa é igual a nada. E nada, na minha condição, é igual a tudo. Não me consigo concentrar na minha missão e apenas como. Tenho uma certa pena de não gostar de comer. Ter fome irrita-me até. Penso que se L. fosse florista eu teria de ir todos os dias ao cemitério. Certamente haveria de arranjar um morto de estimação. A minha cabeça é salva nesse momento pela clássica mousse. De Chocolate. Detesto chocolate. Mas não acho bom que ela saiba; poderia reagir mal. Será mesmo verdade que somos mais o que escondemos do que aquilo que revelamos?
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