O restaurante é utilizado frequentemente para almoços de trabalho. As pessoas sentem-se confortáveis. Eu também lá estou em trabalho; obviamente. O meu ofício é vê-la. Aliás, não serei o único. Se calhar começo a habituar-me a não ser o único em nada. Naquele restaurante não se consegue perceber onde está a fronteira entre a gula e a luxúria. Numa mesa grande tinham encomendado arroz de pato e L estava a ser muito solicitada. Pedi também arroz de pato para testar. Arrisquei; perdi: já não havia e ela não se mostrou pesarosa. De raiva nem escolhi nada. Disse que tinha uma reunião e não podia perder tempo. Acabei por comer só uma sopa e saí. Pedi a Deus para ser atropelado. Deus foi razoável. Começou a chover. Voltei para trás e; e ela emprestou-me um chapéu-de-chuva. «Amanhã há pataniscas», disse-me, como quem nos dá o número de telefone. Se alguém me disser hoje que Deus não existe enfio-lhe com o chapéu-de-chuva pelo cu acima. Será que no céu há pataniscas?
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