Novamente casa cheia. Mas desta vez um alvoroço diferente. Principalmente junto de uma mesa em particular. Finjo que não me interessa e sento-me com um ar distante; mas forçado. Uma actriz estrangeira era o centro das atenções. L. não conseguia passar alheia e deu-me um sorriso corrido no meio daquele gesto que costuma significar ‘confusão’. Era um dia bom para lhe apreciar o passo, a desenvoltura, não o aspecto frágil, mas aquele lado organizado, e dominador, que têm as mulheres inteligentes quando se sabem desejadas; saberá mesmo? Mandou uma outra empregada vir-me servir. Não era a primeira vez; registe-se que não era a primeira vez. De vez em quando faziam uns linguadinhos fritos que eram muito apreciados; comi disso com o desinteresse habitual. E bebi vinho. Só muito raramente bebo vinho, mas o vinho ajuda-me a apreciar os ambientes sem me envolver neles. Dá-me distância, sem anular – numa primeira fase – a percepção. Alivia-me dos detalhes. E o essencial era ela. L. . Não comi sobremesa; bebi o café rapidamente e fui-me embora. Penso que ela podia perfeitamente ter-me dado uma palavrinha para além dos dois ou três sorrisos fugazes. Se calhar amanhã não vou lá. Preciso de saber se ela sente a minha falta. Será que um amor comprovado depois sabe melhor?
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