Após a descoberta do pecado (Gen, 3, 6-7, por exemplo) rapidamente se formaram duas correntes: a fatalista e a oportunista; do pecado apenas poderiam então advir duas trágicas – e cómicas – consequências práticas: ou estávamos lixados porque ele nos transportava para uma condição de eternos condenados mendigando avulsamente perdão e remissão, ou lixados estávamos porque era na luta insana contra a tentação e a queda onde deveríamos encontrar a finalidade ad-hoc para a nossa vida; em comum a ambas: a distinta condição merdosa. Ora o homem ainda em estado primitivamente esclarecido e habituado às agruras da mãe natureza e respectivas pintelhices, ora inundação-ora seca, libertou-se deste espartilho criando regras criteriosamente definidas e ditadas no essencial pela fome, tesão e cagaço. Quando se deu conta de que apenas a primeira tinha uma solução duradoira e estável, doirou a pílula criando aquilo a que mais tarde se veio a chamar de cultura. Mas quando o pecado se viu rodeado por essa coisa enfarinhada, enrolou-se e tomou o caminho óbvio: frigideira. Ainda não saímos dessa fase: fritos; em panadinho.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
quinta-feira isto não terá remissão?
aparte o futuro (das quintas) este blogue é o mais anti-seca que se pode encontrar.
(não devia assim fornecer unto para me fritar. mas a prudência jamais será o meu forte)
mas não garanto estar sóbrio todas as quintas!
Enviar um comentário